Experimentamos a primeira rota para “carros voadores” da Embraer no Brasil
Experimentamos a primeira rota para “carros voadores” da Embraer no Brasil
Já imaginou poder atravessar grandes cidades como São Paulo ou Rio de Janeiro em poucos minutos sem precisar se preocupar com o trânsito? A chegada dos veículos elétricos de pouso e decolagem vertical, os eVTOLS – carinhosamente apelidados de “carros voadores” – promete revolucionar a mobilidade urbana nos próximos anos, possibilitando deslocamentos muito mais rápidos e acessíveis pelo céu.
A primeira rota área urbana do Brasil já está em teste no Rio de Janeiro, umas das cidades com mais congestionamento do país. O Eve Experience simula a experiência que os passeiros terão quando o serviço estiver disponível, num futuro bem próximo.
Claro que ainda não dá pra sair por aí em um carro voador igual num filme de ficção, mas muito em breve essa tecnologia vai sim fazer parte da nossa realidade. A Embraer, através da sua startup Eve Urban Air Mobility, já está bem adiantada no projeto do seu veículo voador elétrico e fez voos de teste com um protótipo em tamanho reduzido.
Basicamente o eVTOL é uma aeronave que lembra um helicóptero. O veículo da Eve será totalmente elétrico e foi projetado com foco nos usuários, para proporcionar um transporte eficiente e confortável, com baixo ruído e zero emissões de carbono. A previsão é de que essa tecnologia esteja disponível a partir de 2026.
Mas se ainda não existe um “carro voador”, como é possível testar uma rota que vai ser feita por esse tipo de veículo?
Na simulação são usados helicópteros convencionais, e o objetivo é justamente antecipar e coletar dados sobre como será a operação, o funcionamento do serviço, a experiência dos passageiros, preços das viagens, tempo de deslocamento, controle do trafego aéreo entre outros. Os voos são realizados em helicóptero Bell 505 da Helisul Aviação.
A simulação também conta com a colaboração de outros parceiros de negócios da Eve, como Skyports, especializada em design, construção e operação de vertiportos; da EDP, uma das maiores empresas do setor de energia, além do Beacon, plataforma da EmbraerX responsável por sistemas de controle de tráfego aéreo do Grupo Embraer.
Para sentir o gostinho de como será usar esse novo modal de transporte urbano fizemos o trajeto entre a Barra da Tijuca e o Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro. Confira os detalhes a seguir:
Compra da Passagem
Qualquer pessoa interessada pode participar da simulação de Mobilidade Aérea Urbana e ter uma ideia do que esperar desse tipo de serviço. Os voos estarão disponíveis até 6 de dezembro de 2021.
A passagem custa a partir de R$ 99,00 e pode ser adquirida pelo site ou aplicativo da Flapper, que é uma plataforma de voos executivos sob demanda (uma espécie de “Uber” dos aviões e helicópteros).
De acordo com Luiz Mauad, vice-presidente de serviços e operações de frota da Eve, o valor da passagem na simulação custa uma fração de um voo normal de helicóptero justamente para se aproximar do preço que será praticado quando o eVTOL estiver em plena operação. “O objetivo é democratizar a mobilidade aérea urbana de forma segura, econômica e acessível”, destaca.
São 3 horários disponíveis, por dia, em cada uma das direções:
Rota | Horários | ||
Barra da Tijuca > Galeão | 7:00 | 12:20 | 16:00 |
Galeão > Barra da Tijuca | 8:10 | 13:30 | 17:20 |
O percurso entre a Barra da Tijuca e o Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão) leva em torno de uma hora para ser percorrido de carro, isso se o trânsito colaborar. Pelo ar são menos de 15 minutos.
Embarque e voo
Na Barra da Tijuca o ponto de embarque/desembarque fica no Centro Empresarial Mario Henrique Simonsen. Já no aeroporto Galeão o embarque/desembarque é no terminal 2.
Cheguei ao meeting point da Eve na Barra meia hora antes da partida. Apresentei um documento com foto e a atendente confirmou meu nome na lista de passageiros. No futuro essa identificação será feita por reconhecimento facial, conforme simulação disponível no estande.
Em seguida, foi feita uma breve apresentação do projeto e de como será o “carro voador” desenvolvido pela Eve; através de realidade aumentada.
Antes do embarque ainda foi feito um rápida orientação de segurança. O helicóptero tem capacidade para 4 passageiros (mesma capacidade que terá o “carro voador”da Eve), e nesse dia estava com a lotação máxima. Um passageiro vai na frente, ao lado do piloto, e os outros três no banco de trás.
As posições nos assentos são definidas pelo próprio comandante, seguindo alguns critérios de balanceamento para segurança. O voo que foi conduzido pela comandante Patrícia Massotti, muito gentil e atenciosa.
Uma coisa importante é que não dá pra levar muita bagagem no helicóptero, só uma mochila ou mala de mão.
Para quem não está costumado a viajar de helicóptero (como eu) a experiência da decolagem vertical é bem diferente. Durante a viagem, os passageiros usam headsets (fones com microfone) que ajudam a bloquear o ruído do motor e permitem a comunicação a bordo. Os viajantes também ouvem a comunicação do piloto com o controle de tráfego aéreo, o que é bem legal para quem curte aviação.
A viagem foi bem tranquila, com algum balanço leve. No total, foram 13 minutos de voo.
Essa rota área foi pensada para ser rápida, então ele faz o caminho mais curto entre os dois pontos. Não é um voo panorâmico, por isso não espere ver pontos turísticos como o Cristo Redentor ou o Pão de Açúcar no trajeto.
Chegando ao Galeão, os passageiros seguem de van até o terminal e passam pelo raio-x antes de acessar a área de embarque. Se o viajante tiver um voo com alguma companhia aérea (e já tiver feito check-in on-line), pode seguir direto para o portão de embarque.
Uma curiosidade é que os voos Eve aparecem no painel do aeroporto, entre os voos domésticos.
Já quem vai embarcar no Galeão rumo à Barra da Tijuca recebe um cartão de embarque, passa pelo raio-x e acessa o terminal normalmente como se fosse fazer um voo de avião.
Os passageiros se reúnem no meeting point, que fica no acesso aos portões de embarque, e depois são conduzidos para o embarque remoto com a van.
Mesmo sem o “carro voador” achei a experiência com o helicóptero bastante positiva. É uma forma rápida bastante prática de se deslocar pela cidade. Deu para ter uma boa ideia do impacto que o Eve vai ter na forma como nos deslocamos, e confesso que fiquei bem empolgado e ansioso para que essa nova era da mobilidade urbana chegue logo!
O que achou da novidade? Ficou com vontade participar da simulação? Acha que os “carros voadores” vão mesmo virar realidade? Compartilhe nos comentários.