Adeus, TAM! Latam conclui pintura de aeronaves e marca deixará de existir

Nove anos após a fusão, a Latam concluiu nesta semana a pintura das aeronaves de sua frota doméstica, o que vai eliminar de vez a marca TAM de seus aviões. Ao todo, 109 jatos Airbus A319, A320 e A321 foram pintados no Centro de Manutenção da Latam (MRO) em São Carlos, no interior de São Paulo.

A TAM fez história no Brasil, com forte crescimento entre 1990 e 2010. Trouxe inovações e um atendimento diferenciado. Conheça um pouco da história da companhia e como foi o processo de substituição da antiga marca nas aeronaves.

Processo de pintura

O processo teve que ser paralisado durante a pandemia. Em outubro de 2020, a Latam optou pela pintura parcial das aeronaves, com a aplicação de removedor de tinta na cauda da aeronave para retirar a antiga logo e o lixamento para retirar as cores da fuselagem e da asa.

Após essas etapas, a pintura da nova marca é desenhada no avião, seguida da aplicação de um verniz para garantir brilho, durabilidade e evitar atrito do ar.

De acordo com a empresa, 48 profissionais trabalharam por mais de 1.500 horas cada um para concluir a pintura da frota.

A companhia também aproveitou para incluir a pintura da marca Latam na “barriga” das aeronaves.

Apesar da conclusão do projeto, ainda será possível ver algumas poucas aeronaves com a antiga pintura da TAM em operação nos aeroportos brasileiros. Isso porque os aviões que serão devolvidos nos próximos meses não serão pintados. Já algumas poucas aeronaves de fuselagem larga que também estão com a pintura antiga, como os Boeing 767, serão convertidos em cargueiros.

TAM fez história no Brasil

A TAM surgiu em 1961, como Táxi Aéreo Marília. Uma década depois, um dos pilotos da empresa, o comandante Rolim Amaro, virou sócio e adquiriu o controle da companhia. Em 1976, a empresa passou a se chamar apenas TAM, direcionando seu atendimento para o interior de São Paulo, Paraná e do Mato Grosso.

A empresa fez sucesso com um atendimento de excelência. Tapete vermelho na entrada e na saída dos voos, serviço de bordo caprichado e a paixão por servir eram valores que tornavam a TAM diferenciada das demais. Para se ter uma ideia, o comandante Rolim, dono da empresa, fazia questão de servir e conversar com os passageiros durante os voos e no saguão dos aeroportos. Eu mesmo tive a oportunidade de presenciar isso durante uma viagem com a empresa.

Chegada dos Fokker 100

Na década de 1990, a companhia começou a adquirir jatos Fokker 100, se tornando em pouco tempo a maior operadora da aeronave no mundo. Em 1993, lançou o programa de milhas TAM Fidelidade, que não limitava a quantidade de assentos para passagens gratuitas, algo inovador para a época. Em 1996 passou a operar em todo o Brasil, além de criar uma subsidiária no Paraguai.

No entanto, após dois acidentes com mortes no Brasil (voos TAM 402, em 1996, e TAM 283 em 1997) e outro sem vítimas fatais, mas com pouso forçado no meio de uma fazenda (voo TAM 3804), a reputação do Fokker 100 ficou seriamente abalada e a empresa deu início à sua substituição por jatos da Airbus.

Voos internacionais

Em 1998 a empresa fez o seu primeiro voo internacional, entre São Paulo e Miami. No ano seguinte, começou a voar para Paris, expandindo sua presença internacional rapidamente para outros destinos na Europa e nos Estados Unidos.

Após anos de crescimento vertiginoso, em 2003 a TAM passou por uma reestruturação e chegou a fazer um compartilhamento de voos com a Varig, que já estava numa grave crise financeira. O acordo não durou muito tempo, mas deu um novo fôlego à TAM, que assumiu a liderança do mercado brasileiro.

Em 2005, abriu capital na Bolsa de Valores de São Paulo e acabou herdando da rival rotas internacionais para Buenos Aires, Santiago e Nova York. No ano seguinte, iniciou voos para Londres e abriu capital na Bolsa de Nova York. Já em 2007, começou a voar para Milão.

Em 2008, a TAM passou a fazer parte da Star Alliance. Ficou na aliança até 2014, indo para a Oneworld após a fusão com a LAN. Nesta época, as características que marcavam a empresa já não eram mais as mesmas. O tapete vermelho e a diferenciação no serviço davam lugar a práticas de mercado, com aviões com poltronas mais apertados, serviço de bordo enxuto e um atendimento padronizado.

Em 2009 a TAM criou a Multiplus, inicialmente como uma unidade de negócios do grupo. No mesmo ano, a Multiplus virou uma empresa independente, passando a ter capital aberto em 2010. Foi a primeira empresa do segmento de fidelização a integrar a BM&F Bovespa, ficando listada até 2019, quando voltou para dentro da companhia aérea.

A fusão com a LAN

Em 2010, após uma crise econômica internacional, TAM e LAN anunciaram uma fusão histórica. As duas empresas já tinham uma relação próxima, inclusive com compartilhamento de voos, além de uma boa complementaridade de rotas. O acordo foi concluído em 2012, criando uma gigante aérea na América Latina.

A nova marca Latam foi apresentada em 2015, após a fusão da LAN com a TAM. A proposta era reunir uma mesma identidade para todas as afiliadas do grupo.

Apesar de nunca ter sido explicitado pelas partes, desde a fusão estava claro que os chilenos teriam o comando da nova empresa. Era como se a TAM tivesse sido comprada pela LAN. Mas, como a legislação à época não permitia o controle acionário de uma companhia aérea brasileira por um grupo estrangeiro, a fusão se mostrou oportuna para driblar os entraves regulatórios.

Em 2019, um novo fato surpreendeu o mercado. A compra de 20% da Latam pela Delta Air Lines por US$ 1,9 bilhão. Isso porque a Delta era acionista e parceira próxima da Gol na época. O negócio foi concluído em 2020, antes da pandemia.

Em maio de 2020, o grupo entrou em recuperação judicial por conta da crise provocada pela Covid-19. A expectativa é aprovar o plano com os credores e deixar a recuperação judicial no próximo ano.

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