A Lufthansa tem voos diretos do Brasil para a Alemanha, com opções saindo de São Paulo e do Rio de Janeiro. Partindo do Aeroporto do Galeão, na Cidade Maravilha, o destino final é Munique.

O leitor Sergio Reis fez recentemente essa rota na cabine premium economy e nos enviou um detalhado relato sobre a sua experiência no Airbus A350 da Lufthansa, já com seus novos novos assentos e os novos padrões pós-pandemia. Confira!

O avião e o destino

Uma curiosidade é que anteriormente os voos da Lufthansa do Rio de Janeiro para a Alemanha tinham como destino Frankfurt (FRA), utilizando o charmoso Boeing 747. No pós-pandemia, a empresa passou a utilizar o hub de Munique e o Airbus A350-900 para a rota. O novo avião tem seu carisma, mas o bom e velho Jumbo Jet 747 vai deixar saudades na paisagem do Aeroporto do Galeão.

O voo passou a ser no período noturno na ida para a Alemanha, com a volta diurna. A meu ver, as experiências por conta dos horários são bem diferentes. Normalmente em um voo noturno existe uma perspectiva de dormir e, durante o dia, o tempo não passa – nesse caso, a qualidade do entretenimento faz uma grande diferença.

Já peguei voos para Frankfurt, mas considero o aeroporto de Munique bem melhor. Tem um terminal moderno (Terminal 2) utilizado pela Lufthansa e parceiros da Star Alliance, que, além de ser muito funcional, com lounges confortáveis e um bom uso do espaço, possui conexões para vários destinos.

Para amantes da aviação, dispõe de visitas aos bastidores do aeroporto e outras atrações anexas ao aeroporto. Ademais, o aeroporto é muito bem conectado a uma cidade bacana como Munique, já visitei a cidade em outras viagens e curti. Vale a pena conferir o Guia de Destinos do MD e avaliar se vale fazer um stop.

Compra da passagem

Comprei a passagem diretamente no site da Lufthansa. O site funciona bem, mas tem aquele costumeiro problema da aprovação da compra pelo cartão de crédito, e aí torna-se necessário ligar repetidas vezes para a empresa e ouvir as longas opções até conseguir contato com a área de reservas para ao fim conseguir a emissão.

Um ponto positivo é que nas tarifas da Lufthansa já estava incluída a bagagem despachada, o que torna mais objetiva a pesquisa. O lado negativo é que a empresa coloca como um adicional, bastante caro, a reserva do assento. Para quem viaja em família ou tem preferência de lugar, mesmo sendo um lugar comum, a viagem fica mais cara.

Minha passagem de ida era originalmente na economy e participei do leilão para ter o upgrade para a premium economy. Fiz o lance mínimo, algo em torno de 160 euros, e acabei tendo a minha proposta aceita. Na ida havia diversos lugares vazios na premium economy, e talvez por isso minha proposta tenha sido aceita. Curiosamente, as classes economy e business estavam bem cheias.

Check-in

Para monitorar a reserva, baixei o aplicativo da Lufthansa, que me deixou com uma impressão positiva: funciona bem, tem várias informações e não trava. Fiz o check-in 23 horas antes pelo aplicativo para poder escolher o assento e deu tudo certo.

Um ponto curioso é que no voo de volta eu paguei pela reserva de um assento e, depois do voo de ida, me arrependi da localização; quis mudar e a empresa não permitiu a mudança do meu assento sem cobrança. Comprou, tá comprado. Só consegui fazer a mudança no assento quando o check-in online do voo de volta foi aberto. De certa forma, gastei dinheiro à toa com a compra do assento. Em outras companhias aéreas, uma vez comprado, você pode alterar sem custo na mesma classe de assento adquirido.

Fiz o check-in online tanto na ida como na volta. No Aeroporto do Galeão, cheguei cedo e a fila do despacho de bagagens estava muito tranquila. Como em outras companhias aéreas, não existe uma fila separada para a premium economy, sendo utilizada a mesma da economy. Na prática, como estava vazio, isso não faria muita diferença.

Embarque

O voo sofreu um pequeno atraso, nada muito traumático, 15 minutos. O embarque no Aeroporto do Galeão é bastante organizado com a separação em grupos/zonas, que por sua vez possuem filas correspondentes. A premium economy fica no Grupo 3, logo após os grupos correspondentes à Business e prioridades etárias ou por necessidades especiais e comerciais. O embarque ocorreu de forma organizada e rápida.

No voo da volta o embarque foi mais caótico, tendo sido realizado em um espaço apertado em relação ao número de passageiros e havendo um verdadeiro avanço nos scanners de embarque independentemente do grupo. No Rio chamamos isso de ‘muvuca’!

O voo

O avião A350-900 que peguei na ida possuía assentos de premium economy modernos. As poltronas têm uma boa largura e uma divisão larga entre elas e o assento da frente, e a reclinação da poltrona é muito boa. Existe também uma elevação para as pernas que deixa o voo ainda mais confortável, principalmente quando se deseja dormir.

Na ida eu fiquei em um assento na primeira fileira que possui um bom espaço para as pernas, mas a tela de entretenimento é relativamente pequena, pois precisa caber no braço da poltrona. Na volta optei por uma poltrona em outra fileira e fiquei com uma tela maior para ver filmes durante o voo diurno; mas o assento não possuía o apoio para as pernas.

Eu normalmente não consigo dormir muito em avião, mas consegui dormir algumas boas horas nessa poltrona. O cansaço ajudou, assim como o fato de que não havia ninguém ao meu lado, mas isso não diminui o conforto da poltrona.

Além do travesseiro e do cobertor, havia também uma pequena necessaire contendo escova de dentes, máscara e plug de ouvidos. Foram distribuídos fones de ouvido antes da decolagem. Em geral, eu prefiro usar os meus fones por conta da qualidade, mas a entrada do fone no braço da poltrona faz 90 graus e iria pressionar e estragar o meu fone. Utilizei os fones da Lufthansa que quebram o galho.

O sistema de entretenimento tinha uma boa variedade de filmes e nem tanto de séries. Poderia haver mais títulos com closed caption, principalmente nos lançamentos e séries de TV, uma ferramenta que ajuda pessoas com deficiência auditiva, assim como pessoas que, como eu, não gostam muito de filmes dublados e ao mesmo tempo preferem o som original, mas não conseguem ouvir com perfeição outros idiomas.

Havia disponibilidade de wi-fi a bordo, mas achei o preço muito alto e não me interessei. Acho positivo o movimento de certas companhias que permitem o envio de mensagens de WhatsApp de forma gratuita, o que não foi o caso aqui.

As refeições

Logo após terminar o embarque foi oferecido um suco de laranja ou de manga. E foi apresentado o cardápio do voo.

Eu optei pela carne no jantar e no café da manhã foi oferecido um cuscuz, além das bebidas, pãozinho, sobremesa e frutas, como pode ser visto nas fotos. Pelo que entendi, a comida é a mesma da econômica, a vantagem é que vem com louça e talheres de metal, e o vinho pode ser bebido em uma taça de vidro.

A carne do jantar estava boa, assim como os acompanhamentos. O cuscuz estava meio feio, e como eu estava com muita fome acabei curtindo a mistura de milho, ovos, castanha e azeitonas. Talheres de metal são bem melhores que talheres de plástico ou de madeira descartáveis, assim como a taça de vidro. O espaço mais amplo também permite se alimentar com mais conforto.

As porções são pequenas e não se espera um menu com estrela Michelin, mas a Lufthansa poderia ter oferecido porções mais generosas. Entre as refeições eu estava com bastante fome, e com a correria da ida para o aeroporto minha última refeição em solo foi modesta e o jantar simples. No meio do voo fui à galley no fundo do avião ver se tinha algo para beliscar, uns biscoitinhos, chocolates ou algo para dar uma enganada. Só havia bebidas. A tripulação atendia de forma objetiva, em outras companhias aéreas durante o voo já fui atendido de forma mais cordial e muitas vezes o ambiente da galley fica agradável para quem quer esticar as pernas ou não consegue dormir. Não era esse o caso, nem na ida e nem na volta.

Programa de Fidelidade

Em um período da minha vida viajei bastante e possuía status elevados na Latam e na Gol. Quando viajava em companhias aéreas estrangeiras buscava creditar nas companhias aéreas nacionais tais milhas, assim como transferências de pontos do cartão de crédito. Recentemente, as milhas dos programas nacionais “viraram pó” e são necessários muitas pontos para trechos nacionais e internacionais. Mudei de trabalho e passei a viajar menos. Viajando menos fui caindo rapidamente de status.

Após alguma pesquisa, optei por aderir ao programa Mileage Plus da United antes dessa viagem. As milhas são vitalícias e tive um segundo incentivo, pois devo viajar no final do ano pela United. Com alguma sorte, consigo escrever outro review para o Melhores Destinos em janeiro.

Neste trecho entre GIG e MUC recebi 5.962 milhas. No total da viagem (Rio-Genebra-Rio, já que meu destino final era na Suíça, depois da Alemanha) recebi 12.532 milhas e 1.623 pontos de qualificação premier. Com 4 mil pontos premier subo para o status Premier Silver no programa Mileage Plus, e as milhas são vitalícias.

Conclusão

As poltronas da premium economy são excelentes, lembram a classe econômica de antigamente. Com o tempo o tamanho das poltronas foi diminuindo na classe econômica e a coisa não tende a melhorar. A boa notícia é que as passagens também foram ficando mais acessíveis e podemos viajar gastando menos que nossos pais e avós. A premium economy surge com a proposta de ser um pouco mais confortável, mas sem os confortos (e custos) a mais de uma business.

A Lufthansa continua sendo uma boa opção para a Europa, principalmente para os cariocas, que podem fugir das conexões no Aeroporto de Guarulhos. Também recomendo o Galeão para conexões do pessoal de outros estados, o aeroporto está bastante calmo (até demais!) e organizado.

Espero que a Lufthansa reveja a sua política de preços e de marcação de assentos, por que cobrar por algo que o sistema faz de forma gratuita? Cobrar por assentos normais não faz muito sentido e menos ainda não permitir a troca.

O atendimento dos comissários da Lufthansa é ok, há espaço para melhoria. Também seria legal disponibilizar snacks ou petiscos na galley para os passageiros, o voo é bastante longo.

Fica a pergunta: e a premium economy vale a pena? Eu acho que essa resposta é bastante pessoal e depende da capacidade financeira de cada um. No meu caso, eu fiz um lance de 160 euros, que era o lance mínimo, cerca de mil reais considerando o IOF, e fiz o lance sem pensar muito. O voo tem uma duração de 11 horas e meia. Eu basicamente comprei uma poltrona e uma tela maior para usar por esse tempo. Com 160 euros, eu poderia pagar duas noites de hotel ou uma refeição em um restaurante renomado. Não sei se faria de novo, provavelmente usaria o dinheiro de outra forma.

Se mil reais não fazem muita diferença na vida da pessoa, mas ao mesmo tempo ela não quer pagar o valor alto de uma passagem na business, aí recomendo o investimento.

No meu voo de volta eu voltei na premium economy por outro motivo. Eu tinha que chegar ao Rio em um determinado dia e estava saindo de Genebra. A passagem de volta mais barata da econômica me colocava em uma conexão apertada em Frankfurt e depois outra correria em Munique para pegar o voo para o Brasil. Havia a opção de uma passagem na premium economy por algo como 400 reais a mais, em que eu pegava um voo direto de Genebra para Munique, sem corridas em aeroportos, e ainda teria o conforto adicional. Por esse valor achei que valeu a pena o conforto a mais, além de fugir da conexão.

Resumindo, na premium economy da Lufthansa dá para ter aquele algo mais, sem grandes expectativas. Vale a pena pesquisar, pois às vezes a diferença de preço nem é tão grande. E, por fim, vale cada um avaliar a sua capacidade financeira e quanto vale a pena investir para ter um voo de 11 horas e meia um pouco mais confortável, para aí sim bater ou não o martelo.

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Agradecemos a colaboração do leitor Sergio Reis, que nos enviou como foi a sua viagem voando com a Lufthansa na classe Economy Premium. Se você também quer contar a sua experiência com alguma companhia aérea, envie um email para dicas@melhoresdestinos.com.br

 

Nota final.