Os voos mais bizarros: perrengues e babados que a equipe do Melhores Destinos já viveu a bordo
Os voos mais bizarros: perrengues e babados que a equipe do Melhores Destinos já viveu a bordo
Nem todos os voos são tranquilos, silenciosos e sem grandes emoções. Tem aqueles em que alguém passa mal, outros com um cheirinho nada agradável vindo do banheiro, com passageiro ao lado que parece uma moto-serra em pleno funcionamento e… tem até voos longos com alagamentos e falta de comida ou mesmo água a bordo!!
Confira a seguir relatos de alguns dos mais bizarros voos pelos quais passaram a equipe do Melhores Destinos. Alguns já estão eleitos como os piores voos da vida (até porque esperamos que não venham outros ainda mais cheios de treta!), outros nem foram tão ruins assim, mas pela excentricidade seguem na memória como uma boa história para contar!
Emergência médica… chama o Dr. Rey!
Leonardo Cassol
Editor
Eu costumo ter bastante sorte em voos, com viagens tranquilas e poucos imprevistos. Mas há uns 10 anos, num voo entre São Paulo e Miami. Eu estava sentando nas primeiras fileiras da classe econômica. Tudo caminhava bem, até que após umas 3 horas de voo, depois dos comissários de bordo recolherem as bandejas do jantar, uma passageira que estava na poltrona imediatamente à frente começou a puxar conversa.
Não me lembro o assunto, mas depois de alguns minutos conversando, do nada, ela simplesmente disse que estava se sentindo muito mal e desfaleceu. No grupo que viajava comigo tinha um médico, amigo da família, que estava sentando bem próximo. Eu o chamei na hora, mas de cara ele disse que não gostava de fazer atendimentos, por isso tinha escolhido a patologia. E disse que certamente haveria outro médico a bordo, pedindo para eu não identificá-lo como médico. Que se não tivesse mais ninguém ele ajudaria.
Eu fiquei atônico e desesperado com a mulher desmaiada na minha frente. Aparentemente ninguém mais tinha percebido o que havia ocorrido. As luzes do avião já estavam meio apagadas. Eu apertei a chamada de comissários e enquanto vinha alguém eu implorei pra ele medir o pulso dela. Constatou que o pulso e a respiração estavam muito fracos. Depois de explicar o que tinha ocorrido para a comissária de bordo, pediram auxílio de algum médico a bordo no sistema de som da aeronave.
Alguns segundos depois surge um cara vindo da primeira classe que disse em voz bem alta com um forte sotaque de gringo “liguem a luz e não se preocupem, o Dr. Robert Rey está aqui e vai ajudar no que for preciso!” Sim, era o Dr. Rey ou Dr. Hollywood dos programas de plástica na TV!
Ele fez alguns exames iniciais e pediu para levar a passageira para a cozinha do avião, pois precisava de espaço para deitá-la e atendê-la. Lá fui eu ajudar a carregar a mulher para o fundo do avião…
Eu não fiquei lá, voltei para o meu assento. Mas quando saí a situação estava bastante tensa, inclusive com manobras para reanimação da passageira. Ele pediu desfibrilador e alguns outros instrumentos para as comissárias, mas o avião não tinha nada. Temi o pior…
Quase uma hora depois, nada do Dr. Rey voltar, o comandante fala no sistema de som que uma passageira se sentiu mal e que teríamos que fazer um pouso não programado em Manaus para que ela pudesse receber atendimento médico. Fiquei pensando se não seria apenas o “corpo”.
Ao chegar em Manaus uma ambulância esperava no pátio. Eis que aguardamos, aguardamos e nada… Uma das comissárias comentou que a passageira queria seguir viagem, mas que a recomendação médica era o pronto atendimento num hospital. Por isso, o comandante exigia que ela ficasse em Manaus, já que poderia passar mal novamente e até morrer durante a viagem. Mas ela não aceitava. Até que finalmente cedeu e apareceu para pegar os pertences de mão no assento dela. Parecia bem abatida, mas lúcida, e ainda me agradeceu pela ajuda antes de sair…
Quase uma hora depois, seguimos viagem e chegamos a Miami com 3 horas de atraso. Mas com todos vivos, pelo menos até onde eu sei. Foi um susto grande e com um envolvimento pessoal inesperado. Mas acabou tudo bem!
“Acordei com os pés encharcados de… de quê?”
Bruna Scirea
Editora de Destino
Nunca havia voado com a Emirates, considerada por muitos a melhor companhia aérea do mundo. Era também a primeira vez a bordo de um A380, o maior avião comercial do mundo. Então, embora eu estivesse voltando às pressas da Ásia para o Brasil, num dos últimos voos do continente para São Paulo (aquele caos de março de 2020, em função da pandemia da Covid-19), eu tinha sim uma certa expectativa. Até porque tinha pago o olho da cara pelo bilhete, no desespero de voltar para casa, pouco após o meu voo original, com a Qatar, ter sido cancelado e a companhia não ter oferecido qualquer alternativa viável.
Entre a notícia do cancelamento do meu voo e o embarque com a Emirates havia se passado um domingo inteiro dentro do aeroporto de Bangkok, na Tailândia. Hoooooras no telefone tentando falar com o programa de milhas pelo qual eu havia emitido a passagem, desespero de ver todos os voos sendo cancelados, pânico na busca por alternativas possíveis que não me levassem à falência (não as encontrei) e por fim… Lá estava eu, não nas melhores condições, de máscara e com certo medo, mas lá: na classe econômica do A380 da Emirates, no primeiro trecho do voo, indo de Bangkok para Dubai.
Podre de cansada fisicamente e esgotada mentalmente, capotei após o serviço de bordo. E acordei daquele sono de pedra como? Com os pés absolutamente encharcados. Meias e tênis ensopados. Parte da manta que a companhia distribuiu aos passageiros completamente molhada. “Que p**** é essa?”, pensei em voz alta. Dei aquela conferida no cheiro da parte molhada da manta. Vai que o sono tenha sido tanto que…
Cheiro nenhum. Menos mal.
Chamei uma comissária que passava por ali e contei a minha situação. Ela respondeu sem surpresas: “Ah, sim! É o gelo que derreteu e vazou do refrigerador de bebidas”. E deu o assunto por encerrado, indo atender outro passageiro que havia chamado.
Tirei os tênis, tirei a meia, achei um cantinho seco onde eles pudessem minimamente secar até o desembarque. Mas o carpete do chão tava todo molhado, eu não tinha onde pisar. E pra quem está julgando tudo uma grande frescura: nanananana, meu filho, naquele ar condicionado frio do avião eu é que não ia ficar pisando no molhado. Qualquer espirro depois ainda ia entrar na nóia…
Enfim, chamei a comissária de novo. E tentei falar de forma gentil, embora meu reservatório de gentileza, àquela altura, já estivesse bem esvaziado: “moça, já que derreteu o gelo e vazou do refrigerador e casualmente veio parar todinho aqui no meu pé, será que você poderia ao menos conseguir umas mantas pra eu colocar no chão e uma meia seca?”. Ela falou que veria o que conseguiria fazer. Voltou um bom tempo depois com o que pedi – que né, nem era muito.
Eu até entendo que o caos no espaço aéreo, fechamento de fronteiras e o desespero de todo mundo querendo voltar para casa pode ter gerado situações atípicas, como essa. Mas fiquei #chateada com o descaso. Ainda mais por ter desembolsado uma bolada num voo só (o que me dói demais, já que acostumada com as promoções).
Agora… se darei outra chance pra Emirates?
Claro que sim, né! 💅
Um interminável sobrevoo pelo Atlântico
Sandro Kurovski
Editor de Conteúdo
Quem gosta de economizar e viaja muito de classe econômica sempre enfrenta algum perrengue, não tem jeito! Já peguei um voo super apertado e angustiante com a Ryanair e passei 10 horas sentindo o cheirinho do banheiro interditado por problemas na descarga em um voo da TAP. Mas o pior voo da minha vida foi o último que fiz com a Iberia entre Madri e São Paulo, em 2014.
Na época a companhia estava substituindo os antigos Airbus A330 da frota por aeronaves mais modernas, na ida peguei um avião novo, com sistema de entretenimento e bastante confortável, já na volta não dei a mesma sorte. Além do avião ser antigo e mal conservado o voo estava lotado! Já na saída houve uma espera adicional de 2 horas para reparo do sistema que controla a pressurização da cabine, nada para se preocupar. Ficamos esse tempo todo dentro do avião, sem ar-condicionado, debaixo do sol de verão espanhol. Sauna grátis, pensei.
A viagem que duraria 12 horas já tinha aumentado para 14. O encosto da minha poltrona reclinava sozinho e não parava na posição vertical. A comissária até tentou me ajudar antes da decolagem, mas desistiu. Sem lugares livres para trocar, tive que me conformar e ficar por lá mesmo. Não havia entretenimento, nem tomadas que funcionassem. A bateria do meu smartphone acabou antes da metade do voo. Só me restou ficar ouvindo o ronco do rapaz sentado ao lado, que não acordou nem quando precisei ir ao banheiro, tive que literalmente pular por cima dele numa manobra muito ninja!
O voo era todo durante o dia e não consegui dormir nadinha. A travessia do Atlântico parecia interminável e foi um alívio quando o avião finalmente tocou o solo. Ainda não tive coragem de voar com a Iberia novamente, mas acredito que o serviço tenha melhorado desde então.
“Embarcamos com uma mala de dinheiro e outra de biquínis rumo ao paraíso”
Editora de Destino
Viajar para Los Roques, na Venezuela, exige uma certa dose de sonho e também de coragem. A logística para chegar ao paraíso no Caribe venezuelano não é das mais simples, especialmente porque envolve comprar a passagem em um esquema bem estranho, embarcar em um voo não muito seguro com empresa aérea não muito confiável, em um lugar onde a manutenção das aeronaves pode não ser das melhores. Mas, né? O que não encaramos para chegar ao cenário dos sonhos que é Los Roques!
A emoção do voo para Gran Roque (onde está o aeroporto de Los Roques) começou ainda na compra da passagem aérea. São pouquíssimas as companhias aéreas que operam o trecho até o Aeroporto de Los Roques, os aviões são de pequeno porte (em média apenas 12 passageiros), os horários bem limitados, as passagens só estão disponíveis para compra um mês antes da viagem (prazo variável) e os tíquetes não podiam ser adquiridos diretamente no site da companhia aérea. A compra foi realizada por e-mail e o pagamento por PayPal. E-mail de confirmação recebido dias depois e só nos restava torcer para ter dado certo.
Ao chegar a Caracas, começava o segundo passo da aventura: ter certeza que o voo partiria mesmo do Aeroporto Internacional de Maiquetía Simón Bolívar ou se seria transferido para o Aeroporto Nacional Higuerote. Acontece com frequência a troca de aeroportos, o que seria tranquilo em qualquer outro país. Mas estamos falando da Venezuela e nada lá é simples.
Para ter segurança no trâmite, é comum que brasileiros contratem um guia venezuelano que serve de transporte (caso seja necessário ir a outro aeroporto) e apoio para a troca de dinheiro (não dava pra usar cartão de crédito porque o câmbio oficial é surrealmente desfavorável e é preciso trocar dinheiro no câmbio negro).
Contato encontrado no aeroporto, dinheiro trocado (uns poucos dólares renderam uma sacola inteira de dinheiro) e o guia diz: vou levar vocês de carro ao terminal doméstico….
— Mas o terminal doméstico não é aqui ao lado?
— É… Mas outro dia assassinaram um turista bem na porta pra roubar o dinheiro dele….
— Ah, tá. Ok, então (fingindo normalidade).
Voo confirmado, câmbio feito e transfer para o outro lado do aeroporto ok. Incrivelmente, a aeronave partiria na hora. Só nos restava (eu e mais um casal de amigos) torcer para que a aeronave estivesse com a manutenção em dia. Embarcamos com uma mala de dinheiro e outra de biquínis rumo ao paraíso. O voo, que aconteceu em 2016, foi incrivelmente tranquilo e o piloto jogou até paciência no tablet durante o trajeto.
A aproximação da aeronave rumo a Los Roques é incrível e o visual surreal! Pousar em meio ao Caribe é mesmo emocionante. E eu agradeço muito por só ter visto depois a quantidade de pássaros próximos ao avião no momento da chegada.
“Minha cunhada desembarcou com algo estranho na mão”
Denis Carvalho
Editor-chefe
Posso dizer que sou uma pessoa de sorte com voos. Nunca enfrentei nenhum grande perrengue, cancelamentos, nem nada do tipo. O máximo de emoção que presenciei foi um atendimento médico em um voo da GOL de Santiago a São Paulo e, claro, muita turbulência. E numa dessas ocorreu algo engraçado.
Foi por volta de 2009, em voo de volta de Foz do Iguaçu na saudosa TAM.
Era o segundo voo da minha cunhada Claudia – o primeiro havia sido justamente o da ida a Foz. Após embarcarmos, o piloto avisou que o tempo em São Paulo era ruim e havia previsão de áreas de instabilidade no trajeto. Pouco depois a comissária iniciou o serviço de bordo com um delicioso sanduíche quente. (Saudades, TAM!)
Como estávamos nas últimas fileiras, fomos os primeiros a serem servidos. E – surpresa! – o aviso de apertar os cintos foi acionado. A turbulência começou e a comissária se sentou ao lado da minha cunhada que foi a última a receber o lanchinho. Percebendo a expressão de desconforto, ela perguntou à Claudia se era sua primeira viagem e disse para que ficasse tranquila, pois isso era natural e seguro.
Bom, posso dizer que o resto da viagem foi bem desconfortável! O A320 da Latam balançou muito, em alguns momentos arrancando suspiros dos passageiros e até fazendo as luzes piscarem. Alguém lá no meio começou a rezar baixinho. Lá fora, escuro, relâmpagos e muita, muita chuva.
E foi assim que chegamos a Guarulhos. Desembarcamos pelo finger, descemos, esperamos nossas malas, as colocamos no carrinho e seguimos para o estacionamento. Já chegando ao carro, minha esposa reparou que sua irmã trazia algo estranho na mão e perguntou o que era. Só então ela se deu conta: com toda a apreensão do voo, ela havia se esquecido de comer o lanche. Ele estava até agora esmagado na mão, a essa altura uma pequena bola de massa com as marcas dos dedos. Até hoje rimos desse episódio.
Santa coincidência, Robin!
Rafael Castilho
Editor de Promoções
Em anos de viagens de avião pelo Brasil e pelo mundo as histórias de perrengues não faltam. Lembro de problemas com assentos soltos; flatulências constantes de outras pessoas; barulho de crianças correndo no corredor sem serem impedidas; passageiro arrancando a porta do banheiro; radar danificado com pouso de emergência; arremetidas; turbulências terríveis; mal cheiro de duas pessoas que obrigou os comissários a pedirem para todos os outros passageiros se acomodarem na frente da aeronave isolando os fedidos e até um avião sem ar condicionado e com o motor pifado que enfrentei numa reportagem aqui para o MD. Mas o meu caso mais esdrúxulo foi numa viagem ao México.
Em 2009 fui à Cidade do México a trabalho a bordo de um Airbus 330 da extinta companhia Mexicana. O voo partia de Guarulhos pela manhã. A viagem de cerca de 10 horas era toda feita de dia. Ao chegar na classe econômica me deparo com um grande grupo de pessoas bem efusivas e animadas. Boa parte dos assentos era ocupado por eles. Ainda bem que peguei um corredor. Descobri que o grupo era de vendedores de produtos de uma empresa de marketing multi-nível, aquele tipo de companhia onde a pessoa tem uma cota de produtos para comprar e revender tentando ao máximo encontrar mais pessoas que possam se tornar colaboradores e assim aumentar seu ganho.
Como não conhecia, perguntei ao meu vizinho de fileira, também colaborador da tal companhia, qual era o ramo de atuação da empresa. Para quê? Acabou meu sossego. De São Paulo até a Cidade do México fui ouvindo histórias de bons produtos, ganhos pessoais, mil benefícios e muita lorota. Desculpe a expressão, mas o vendedor era meio doutrinado por esta “seita-empresa”. Foram horas tentando me convencer a entrar para o grupo e me empurrar diferentes tipos de produtos. Além da insistência, durante todo o voo tive que conviver com cantorias, piadas e muitas outras brincadeiras que o grupo animado fazia. Pareciam adolescentes indo para o acampamento de férias ou uma caravana de um programa de auditório.
Descobri que o pessoal estava indo para México num encontro anual latino da tal companhia. Meu pesadelo só terminou após pegar a minha mala na esteira de bagagem e sumir do aeroporto, pois até na imigração não houve sossego. Dizem que o raio não cai duas vezes no mesmo lugar, mas infelizmente ele cai sim. Adivinhem quem estava a bordo do meu voo de retorno ao Brasil?
Como diz o Batman: Santa coincidência, Robin.
Dificuldade para encontrar a pista de pouso
Leonardo Marques
Fundador e Diretor do Melhores Destinos
Em setembro 1997 eu fiz um voo no Amazonas entre Maués, minha cidade natal, e Manaus. A viagem foi em um monomotor desses que cabem umas 6 pessoas e esse trajeto dura em torno de 45 minutos. Esse tipo de avião voa mais baixo e sempre vamos vendo a floresta ou as cidades, mas nesse período estávamos vivendo o pior El Niño de todos os tempos. A região próxima a Manaus sofria com muitas queimadas e a cidade estava encoberta por uma enorme nuvem de fumaça, além disso chovia muito e não era possível ver onde estávamos. Eu nunca uso relógio e na época não tinha celular então não sabia quanto tempo tinha de percurso, mas percebi que o voo estava demorando muito para chegar ao destino.
Minutos depois o avião começou descer, mas não pousou e nem consegui ver a pista. O piloto explicou que estava com dificuldade para encontrar a pista do Aeroclube de Manaus e que tinha pouco combustível, por isso faria em seguida mais uma tentativa. Nesse momento eu e os outros dois passageiros já pensamos no pior. Mas como estou aqui escrevendo, você já pode imaginar que a história teve um final feliz: o piloto fez mais uma tentativa e deu tudo certo! Ainda não foi dessa vez!
Cadê a mala?
João Goldmeier
Editor de Promoções
Existem situações na vida da gente que apesar de inevitáveis, nos fazem sofrer um bocado. Foi assim quando perdi minha avó paterna e tive que comprar passagens de última hora de Floripa para Porto Alegre para mim e meu pai.
Como à época ainda havia franquia de bagagem gratuita e fazia muito frio, resolvemos levar casacos e roupas adequadas, o que rendeu uma mala razoavelmente cheia.
Na volta, depois de todos os trâmites burocráticos e da despedida em si, bem cansado com toda correria e as poucas horas de sono, voltamos no mesmo trajeto em um voo direto que transcorreu sem maiores problemas.
Porém, ao desembarcar, cadê a mala? Parecia cena de filme: nós dois lá aguardando a mala, enquanto as outras malas iam sendo retiradas uma a uma, até não restar nenhuma. Sim, a companhia conseguiu a proeza de perder minha mala num voo direto de 45 minutos.
Ter que preencher formulários e resolver mais essa situação foi algo extremamente desagradável, quando tudo que eu queria era ir pra casa e descansar. Ah, e a mala? Nunca mais apareceu!
Pesadelo na classe executiva
Thayana Alvarenga
Editora de Conteúdo
Minha segunda vez voando em classe Business foi marcante por diversos motivos. Era uma viagem de trabalho aqui pelo MD voltando de Portugal para o Brasil. Na ocasião, fiz a cobertura de um voo especial retrô para comemorar os 72 anos da companhia aérea TAP. Estava fotografando a parte interna do avião e anotando as informações para colocar no relato do voo, tudo dentro dos conformes. Devidamente embarcada, me acomodei no assento e um tempo depois da decolagem o serviço de bordo foi iniciado. Curti aqueeele bacalhau português, que estava incrível, e após escovar os dentes e fazer mais fotos, resolvi tirar um cochilo para aproveitar da melhor maneira os benefícios da cabine executiva.
O sol batia na janela e refletia em mim como um cafuné na cabeça, nada podia tornar o momento mais agradável. Então o que era para ser um dos melhores voos se tornou um dos piores, e foi aí que começou o meu pesadelo – literalmente.
Bem aconchegada, deitadinha, comecei a sonhar que estava em um voo de executiva. E, neste sonho, um som vem da cabine de comando: “Senhores passageiros, nós vamos passar por uma turbulência…”. Eis que a aeronave começa a pular muito, muito mesmo, a ponto de algumas luzes se acenderem, máscaras de oxigênio caírem sobre as nossas cabeças e o clima ser de puro medo. Tudo indicava que estávamos caindo!
Em uma das fortes balançadas que o avião deu no meu sonho, acabei acordando muito assustada. E, observando ao redor, felizmente vi que estava normal e tudo se tratava de um pesadelo.
Já estava um pouco mais calma (até havia até deitado a poltrona novamente), quando o escuto novamente: “Senhores passageiros, nós vamos passar por uma turbulência…”. Achei a frase bastante familiar, mas beleza, tinha sido só um sonho, né?!
Pois bem. Na sequência o avião começou a pular muito, exatamente como havia acontecido no pesadelo do qual eu acordara instantes antes. Eu fiquei completamente assustada e só conseguia pensar que tive uma premonição no sonho e que íamos morrer. Felizmente nenhuma máscara caiu sobre as nossas cabeças e tudo isso não passou de uma turbulência mesmo.
Hoje em dia essa história é engraçada de contar, mas no dia foi realmente de arrepiar, principalmente pelos detalhes iguais na minha cabeça. Que susto! Desde então nunca mais comi muito no avião, deve ter sido por isso o pesadelo.
A pista era curta
Umberto Dissenha
Programador
Quando morei em Maputo, capital de Moçambique, fiz muitos amigos que trabalhavam em ONGs. Alguns deles trabalhavam para a Right To Play, uma organização que capacita crianças vulneráveis através de brincadeiras e esportes. Algumas vezes participei como voluntário nas atividades, dentre elas uma na Ilha de Inhaca em 2004. A paradisíaca ilha fica 40km de Maputo. Para chegar lá, barco ou avião. Como o convite foi feito em cima da hora, não havia mais como ir no disputado barco e a única possibilidade era pegar o LET410 que fazia o trajeto Maputo-Ilha de Inhaca.
O LET410 é um avião tcheco de 1966 feito para o leste europeu soviético. É um dos aviões menos seguros que existem. Segundo o site Aviation Safety Network da Flight Safety Foundation, há 117 ocorrências com perdas totais da aeronave.
Como foram produzidas cerca de 1100 unidades, pouco mais de 10% dos aviões foram perdidos em acidentes. Sorte que eu soube disso apenas agora!
Enfim, a atividade na comunidade da Inhaca era no fim de semana. Na manhã de sábado, estávamos no Aeroporto Internacional de Maputo.
Um amigo que já havia feito o voo outras vezes, falou:
– Não tenha medo quando pousarmos, vai dar tudo certo!
– Do que você tá falando? – perguntei.
– Relaxa! – encerrou ele.
Lógico que não relaxei, mas acabei esquecendo por causa da vista.
O avião tcheco foi baixando, baixando, iria aterrar (pousar em português de Portugal e Moçambique)… e nesse momento lembrei da conversa na descolagem.
– O que vai acontecer? – perguntei.
Ele me ignorou.
O avião aterrou e não parava mais. A pista estava acabando. E a pista acabou. Foi só depois de adentrarmos em uma estradinha de chão no meio do mato que o avião parou! Na Ilha da Inhaca a pista em 2004 era curta demais para o LET410.
Um pequeno susto que talvez tenha sujado minha calça atrás, mas nada que um fim de semana com as crianças e a comunidade toda da Inhaca não curassem.
Ah, e teve o retorno né… o pequeno avião taxiou até atingir a estradinha de chão, pegou velocidade lá na terra, chegou na pista, deu aquele pulinho ao atingir o asfalto, decolamos e chegamos a Maputo minutos depois. Saudades de Moçambique!
Qual foi o voo mais bizarro da sua vida? Conte seus perrengues e histórias engraçadas nos comentários abaixo. Estamos curiosos!