Roteiro de 4 dias em Istambul: O que fazer na maior cidade da Turquia
Roteiro de 4 dias em Istambul: O que fazer na maior cidade da Turquia
Istambul nunca sai de moda! A maior cidade da Turquia tem um pé na Europa e outro na Ásia, tornando-se um caldeirão cultural que agrada os apaixonados por história, arquitetura, gastronomia e compras. Nossos leitores Aline e Rafael foram conferir de perto a única cidade do mundo situada entre dois continentes e compartilharam com a gente um roteiro de 4 dias em Istambul, confira!
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– Turquia em 20 dias: Istambul, Capadócia, Éfeso, Pamukkale, Fethiye, Antália e Kas
Roteiro de 4 dias em Istambul
Por Aline e Rafael / Blog Conhecendo Lugares
Escolhemos Istambul por ser uma cidade de grande riqueza histórica (a sede do Império Romano do Oriente e do Império Otomano), com uma cultura genuína que reflete bem sua condição geográfica única – a cidade mais importante da Turquia se espalha pela Ásia e Europa, sendo a única no mundo nesse quesito. Mesquitas, monumentos e comidas incríveis também são abundantes por lá, sem contar o lindíssimo acervo de tapetes, luminárias e especiarias expostos à venda nos imperdíveis bazares, onde pechinchar é lei. Foi uma extraordinária introdução na antiga terra dos sultões antes de seguirmos viagem à insólita e indescritível Capadócia.
1. Chegada a Istambul – Primeiro dia
Nossos deslocamentos entre o aeroporto de Istambul e o hotel foram feitos por meio do eficiente ônibus Havaist da linha IST-20. Ao sairmos do desembarque, seguimos as placas indicativas do ícone do ônibus, que apontam para descer ao piso -2.
Ao chegarmos nesse andar, vimos um corredor de ônibus estacionados. Fomos até o guichê na calçada e compramos o Istanbulkart (cartão de transporte público integrado – isto é, válido para bondinhos eletrônicos, metrôs de superfície e outros modais em Istambul).
O valor desse cartão foi de 10 liras turcas – cerca de US$ 1,38. Embora ele possa ser compartilhado entre diferentes pessoas, fizemos uma recarga de, pelo menos, 30 liras turcas adicionais por pessoa (a recarga é individual).
Os ônibus para a praça Sultanahmet (última parada e local de maior apelo turístico) são os expressos da linha IST-20, e saem da plataforma 16. O custo estimado do trajeto é de ₺ 18 por pessoa.
Desembarcamos na praça Sultanahmet e caminhamos por 10 minutos até nossa hospedagem, o Lalinn Hotel.
Embora não sirva café da manhã e esteja localizado em uma rua com edifícios antigos e pouco iluminada à noite, foi um lugar seguro, com ótimos quartos privativos (limpos, amplos, com instalações novas), recepcionista atencioso e prestativo, além de ficar a menos muito próxima à praça mais importante da cidade (que liga a Mesquita Azul à Hagia Sofia) e a pouco mais de 2 km do píer Eminönü (de onde saem os passeios de barco pelo Estreito de Bósforo). Recomendamos bastante. Excelente custo-benefício.
Depois de deixarmos nossas malas e nos aprontarmos, não perdemos tempo e fomos bater perna. Nesse primeiro dia, nos dedicamos a conhecer a área mais antiga de Istambul.
Começamos pela praça Sultanahmet (onde recomendamos fotos no bancos compridos, na fonte central e nos corredores laterais); visitamos a Mesquita Azul (interior impressionante; entrada gratuita; importante respeitar o código de vestimenta, cobrindo ombros e joelhos), a milenar Hagia Sofia (já foi igreja ortodoxa grega, mesquita, museu, e atualmente voltou a ser uma mesquita) e a Cisterna da Basílica (o maior reservatório de água da cidade na época do domínio romano; destaque para a linda iluminação em seus pilares, o espelho da água e as colunas da Medusa).
Em seguida, almoçamos na Tarihi Sultanahmet Köftecisi (delicioso reduto de comida típica sem pedidos insistentes de funcionários para a entrada de turistas desavisados). Bem alimentados, fomos até o Hipódromo com a Coluna de Constantino e de Teodésio, para, pouco tempo depois, visitarmos o Palácio Topkapi, residência oficial da maioria dos sultões no período áureo do regime, conforme se evidencia nos seus trabalhados aposentos, jardins e harém.
Faltando 2h para o por do sol, caminhamos até o píer Eminönü, onde iniciamos a imperdível travessia pelo Estreito de Bósforo, vendo Istambul se acendendo, com pontos marcantes do lado europeu e do lado asiático (custou 20 TL por pessoa em um passeio de 2 horas). Ao voltarmos do passeio, jantamos no restaurante panorâmico Hamdi, que fica perto do local de desembarque.
2. Segundo dia
Com energias renovadas e o dia inteiro a nosso favor, concentramos nossos passeios entre os bairros de Karaköy, Beyoglu e Ortaköy. Para tanto, fizemos nossos deslocamentos em caminhadas e por meio do bonde/tram da linha T1 (azul escura).
Atravessamos a Ponte Gálata entre os vários pescadores, provando um café da manhã no piso inferior (exclusivo para pedestres) e repleto de restaurantes. Na outra ponta da ponte, pegamos o bonde/tram na estação Karaköy descendo na parada de acesso à mesquita de Ortaköy. Ao chegarmos nesse destino, passeamos pelas lojinhas e tiramos fotos lindas dessa mesquita, que fica à beira mar com a Ponte do Bósforo ao fundo. Aberta todos os dias entre 9h e 18h. Entrada gratuita.
Para chegar de transporte público: tram/bonde até a parada Kabatas (linha T1/azul escura) + ônibus (linhas 22, 22B, 22RE, 25E, 30D, 40, 40T, 42T, 57UL, DT1, U1).
Depois disso, seguimos para o Palácio Dolmabahçe, residência dos últimos sultões. o primeiro palácio de estilo europeu em Istambul, pertinho do Estádio do Besiktas. Também possui lindos quartos, mosaicos e azulejos impressionantes.
Destaque para o jardim com o portão que se abre para o Estreito de Bósforo, para a Torre do Relógio, para o lustre de cristal da Boêmia (o maior do gênero) no salão central e para o leito de morte de Mustafa Kemal Atatürk, proeminente militar turco durante a I Guerra Mundial e que conduziu o país à República e à modernização nos anos seguintes. Não abre às segundas e quintas-feiras. Custo estimado da entrada: 90 TL a visita básica (120 TL o combo mais completo, incluindo a Torre do Relógio e o Harém). Parada de bonde/tram mais próxima: Kabatas (linha T1/azul escura).
Após a visita ao palácio, caminhamos até a Praça Taksim (palco de manifestações e festividades), passando ao lado do moderno estádio do Besiktas e parando para almoçar na Hafiz Mustafa, legendária casa das baklavas mais gostosas e famosas de Istambul (prove a porção tradicional – recheada de pistache – com uma bola de sorvete). Depois de algumas fotos na citada praça, caminhamos pela famosa rua comercial Istiklal (destaque para o bondinho turístico vermelho, que rende ótimas fotos) até chegar na Torre de Gálata.
Passamos um bom tempo na rua que tem essa torre ao fundo (Büyük Hendek Cadmi), que também é excelente para fotos. Subimos até o terraço da torre, ficando lá para ver o por do sol. Já de noite, fomos para o restaurante 360 e esticamos e encerramos nas passagens animadas de Çiçek ou Nevizade, que ficam em Beyoglu.
3. Terceiro dia em diante
Tiramos esse dia para recuperar as forças das andanças do dia anterior. Por isso, fomos a lugares que demandavam menos esforços (todos eles acessados em caminhadas leves e curtas). Logo no horário de abertura (cerca de 9h da manhã), tomamos um banho turco na Çemberlitas Hamami.
Ao sairmos de lá, visitamos o vizinho e maravilhoso Grande Bazar. Fica a dica de, quanto mais cedo você chegar nesse mercado, menos gente para competir pelo espaço entre seus labirínticos corredores, repleto de lojas de tapetes, joias, comidas, luminárias e roupas). Dá para passar umas 3 horas por lá facilmente. Após as compras das nossas lembrancinhas turcas, fomos até o Bazar das Especiarias/Mercado Egípcio à tarde.
Com o sol mais baixo, passeamos pelo aprazível Parque Gülhane (vizinho ao Palácio Topkapi e pertinho da Hagia Sofia). Jantamos em um dos inúmeros restaurantes perto da estação de bonde/tram Sirkeci/Marmaray (na Ankara Cadmi) e fomos descansar no hotel.
4. Último dia
Dia dedicado à visita do lado asiático. Embarcamos no ferry a partir do píer Eminönü (Turyol) e descemos no píer de Kadiköy. Passeamos pelo mercadinho a céu aberto nas ruas próximas (Kadiköy Market), comprando os presentes que faltavam e degustando especiarias e comidas típicas das ruas dessa que é a área menos procurada por turistas e, por isso, com preços muito mais em conta.
Almoçamos no restaurante de comida otomana Çiya e seguimos até Üsküdar, onde visitamos o palácio Beylerbeyi (pertinho da Ponte do Bósforo) e a mesquita Mirimah Sultan. Quando o sol estava para se por, fomos até o Çamlica Hill, que é um dos mirantes mais bonitos da cidade. Após o crepúsculo, caminhamos um pouco pelo calçadão ao lado do píer de Kadiköy, de onde regressamos para o lado europeu e jantamos o balik ekmek (pão recheado de filé de peixe fritado na chapa com pasta de alho), pertinho do píer Eminönü.
No dia seguinte, seguimos logo cedo, até a praça Sultanahmet e embarcamos no ônibus Havaist da linha IST-20 até o aeroporto.
5. O que mais gostei na viagem?
Os pontos altos da viagem a Istambul foram a variedade de belas e conservadas construções (destaque para a Praça Sultanahmet, Torre Gálata, Mesquita Ortaköy e Grande Bazar), para a melhor comida de rua que já experimentamos em nossas andanças mundo afora – fora as baklavas e kebabs, é quase obrigatório comer o milho (misir), a castanha (kastane) e o pão recheado com filé de peixe e alho (balik ekmek). Ficamos encantados também com a segurança nas ruas, a eficiência do transporte público, o baixo custo dos serviços (o passeio pelo Bósforo é quase de graça) e a cordialidade dos turcos.
Trata-se de um destino obrigatório em virtude do profundo valor que os nativos dão as suas tradições e aos seus hábitos. Um mundo diferente do nosso, misturando influências ocidentais e orientais em uma combinação singular. Passear por suas ruas, visitar seus palácios, mesquitas e bazares, comer seus kebabs, especiarias e baklavas é uma experiência sem precedentes e que não tem como ser repetida em outro lugar. Recomendadíssimo!
6. O que poderia ser melhor?
Istambul é quase perfeita. Gostamos muito de lá, mas houve momentos que gostaríamos que fossem diferentes. Cabe citar nossa visita cheia de expectativa à Mesquita Azul, que estava em reforma, com andaimes e panos cobrindo partes da fachada e do interior.
Outra situação que poderia ter sido melhor foi nossa visita à Mesquita de Ortaköy, uma vez que enfrentamos muita chuva e um tempo cinzento atrapalhando os planos e as fotos.
Além desses contratempos, apesar de termos adorado a Cisterna da Basílica, ela estava com um espelho da água praticamente seco, o que não era o cenário que imaginávamos.
Afora essas peculiaridades circunstanciais da nossa experiência (que provavelmente não vão atrapalhar a sua), como crítica mais geral, Istambul poderia ter funcionários e vendedores menos insistentes ao convidar os turistas a entrarem nos restaurantes e lojas. Em que pese não se comparar ao desconforto dos prestadores de serviço no Cairo, incomoda um pouco ter que negar várias vezes a tantas repetidas solicitações.
Por fim, o metrô poderia ser mais amplo, com uma linha específica passando por mais pontos turísticos. As linhas que existem não chegam nas atrações mais famosas, tornando os bondes/tram e ônibus as únicas alternativas, normalmente lotadas.
7. Raio X
Onde é melhor se hospedar: os arredores da praça Sultanahmet e da praça Taksim são os que concentram a maior quantidade de hotéis por ficarem em áreas com muitas atrações turísticas por perto. Ficando em um dos dois locais, você estará bem situado. O preço das diárias costuma ser mais barato do que hotéis de padrão similar em países europeus. O serviço é bastante profissional e o atendimento é honesto, pontual e simpático. Ficamos no excelente Lalinn Hotel.
Outras boas opções: Vogue Hotel Supreme Istanbul, Hotel Poem, Hotel Coliseum, Basileus Hotel, Old Mile Hotel, Cheers Porthouse, Shangri-La Bosphorus, CZN Burak Hotel, DoubleTree by Hilton Istanbul e Hostel Bahane.
Restaurantes ou comidas que recomenda: restaurantes – Hamdi, 360, Nusr-Et, Sarniç, House of Medusa, Vogue Restaurant, Tarihi Sultanahmet Köftecisi, Divella Bistro, Cyia Sofrasi.
Comidas: Baklava (sobretudo de alguma unidade do Hafiz Mustafa), dondurma (sorvete de rua com performances dos vendedores malabaristas), misir (milho assado/tostado), kastane (castanhas torradas), balik ekmek (pão recheado com filé de peixe grelhado e pasta de alho).
Passeios e atrações imperdíveis: Mesquita Azul, Hagia Sofia, Travessia do Estreito de Bósforo, Torre Gálata, Grande Bazar, Palácio Topkapi Rua Istiklal, Mesquita Ortaköy.
Melhor forma de transporte: bonde/tram, notadamente da linha T1 (azul escura)
Como levar dinheiro: doleira/porta moeda com uma média de 50 dólares convertidos em liras turcas diários por pessoa. Além disso, ter em mãos um cartão de crédito habilitado para uso internacional, aceito em praticamente todos os restaurantes e hotéis. Caixas eletrônicos (ATM) concentram-se nas imediações da Praça Sultanahmet e do píer Eminönü e nas ruas de acesso à Torre Gálata.
Dicas de Istambul
– Prefira viajar para lá em setembro, abril, maio ou junho (nessa ordem). São os meses com menos chuvas, temperaturas mais amenas, fora da alta temporada e com maior garantia de passeio de balão na Capadócia (aproveite e dê uma lida no nosso post sobre esta cidade, famosa pelos passeios de balões).
– Pechinche! Não compre nenhuma lembrancinha dos bazares/das lojas no primeiro valor anunciado. Seja mais insistente e irredutível do que os vendedores. Muitas vezes, a batalha é chata, mas trazem boas economias.
– Atenção às vestimentas na hora de entrar nas mesquitas. É necessário ter os ombros e joelhos coberto e deve-se tirar os calçados. Embora nas mesquitas mais turísticas existam postos de auxílio que fornecem vestuário apropriado, já vá preparado vestindo uma calça e uma blusa com manga (mulheres podem levar xales, pashminas ou cangas para cobrir os ombros).
– Ao fazer a travessia de barco pelo Estreito de Bósforo saindo do píer de Eminönü, escolha ficar sentado no lado esquerdo do barco para ter as melhores vistas e tirar as melhores fotos.
– Não deixe de comer a porção de baklava de pistache com sorvete no Hafiz Mustafa. A baklava sozinha é muito boa, mas a combinação com o gelado do sorvete de creme com textura de iogurte é maravilhosa.
– Para visitar o Grande Bazar e o banho turco, prefira ir nos horários mais próximos da abertura, quando o mercado fica menos tumultuado e o banho turco mais limpo.
– Não deixe de tirar fotos incríveis entre os tapetes trabalhados e luminárias coloridas! Há várias lojas no Grande Bazar em que você pode fazer essas fotos (elas costumam cobrar por tempo em que você reserva para essas fotos; o preço fica entre 10 TL e 20 TL; vale a pena).
– Viaje para a Turquia com um chip. É por meio dele que você terá acesso ilimitado à Internet em qualquer lugar, o que facilitará seu contato de confirmação e detalhamento com as empresas prestadoras de serviço.
10. Conclusão
A histórica cidade espalhada em dois continentes; o mais importante reduto turco, sede do Império Romano do Oriente; terra das mesquitas mais famosas, das baklavas mais gostosas, dos bazares mais grandiosos e sedutores, dos palácios mais ornamentados, da comida de rua mais variada, gostosa e barata, da tradição cultural autêntica ao dosar o Oriente com o Ocidente, do gigante aeroporto, do fanatismo pelo futebol (maior que o brasileiro), da vida noturna animada e eclética.
Não é pouca coisa que você vai encontrar em Istambul, um dos lugares mais sensacionais, diversificados e marcantes que já visitamos. Vale muito a pena em viajar até lá e voltar várias vezes. A única coisa que mudaríamos na nossa experiência seria ter ficado mais tempo para poder conhecer as atrações com mais calma, principalmente o lado asiático da cidade e a região de Beyoglu, mas isso é motivo para um futuro, aguardado e certo retorno.
Agradecemos à Aline e ao Rafael pelo roteiro! E você, gostaria de compartilhar sua viagem com a gente? Envie seu relato com fotos para o e-mail convidado@melhoresdestinos.com.br !