Como é voar com a Qatar Airways de São Paulo direto para Doha
Como é voar com a Qatar Airways de São Paulo direto para Doha
Famosa por figurar entre as melhores companhias aéreas do mundo, a Qatar Airways possui uma frota de quase 200 aviões e atende cerca de 140 destinos. Nosso leitor Marcos Vale voou com a empresa entre o Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, e Doha. Confira a avaliação que ele fez para o Melhores Destinos e confira como é voar com a empresa!
Voando com a Qatar para Doha em 2022
Em meados de abril recebi um convite para ir para a Itália, porém os voos ida e volta estavam custando um valor altíssimo, beirando os R$ 6.000 – e com escala no Canadá e EUA que exigem visto mesmo que você não saia do aeroporto.
Então restou pesquisar voos com ida e volta independentes, levando em conta que minha viagem ocorreria em menos de um mês. Dentro das opções menos custosas, uma ida para Atenas via Doha apareceu, com compra posterior e independente da Grécia até Roma.
Como foram diversos voos, trago a vocês, leitores do Melhores Destinos, o reporte desse que é o segundo mais longo voo partindo do aeroporto de Guarulhos. Eu nunca havia voado internacionalmente, então inaugurar o passaporte com um voo direto para Doha com a Qatar foi digno de alegria!
Comprando a passagem aérea
Como informado acima, a passagem tinha como destino final a cidade grega de Atenas. Esse trecho foi adquirido por R$ 2.670,35 (sendo composta por R$ 1.906,36 da passagem em si + R$ 763,99 de taxas). É possível parcelar os valores em até 5x sem juros no cartão de crédito.
Fazendo escala em Doha
Como eu faria apenas uma escala na cidade, sem sair da área segura, não foi exigido nenhum teste de covid, apenas a apresentação do comprovante brasileiro de vacinação. Não é preciso também visto, tanto para escala quanto entrada no país árabe.
Check-in e embarque
Realizei o check-in pelo site da Qatar com 48 horas de antecedência, onde foi possível selecionar as poltronas de forma gratuita. Para selecionar a poltrona antes disso, os valores ficam em torno de 300 e 700 reais. A dica para quem voa com amigos é fazer o check-in assim que ele é liberado, a fim de selecionar poltronas que fiquem próximos uns aos outros.
Cheguei ao aeroporto, por volta das 23 horas, o guichê para despacho de malas ainda não estava aberto, porém a fila já estava feita. Ele é aberto três horas antes do voo e me vi obrigado a esperar um tempo, pois estava com mais duas pessoas e cada um tinha uma mala para enviar.
Um ponto positivo é que qualquer passageiro da Qatar tem direito a despachar duas malas com 23kg cada gratuitamente, algo que é cada vez mais raro nas empresas mundo afora!
Entrei na fila apenas 0h10 e ainda assim passei mais 40 minutos esperando ser atendido. O voo aparentava estar bem cheio e os atendentes não eram tão ágeis. Meu passaporte e comprovante de vacinação foram conferidos e minhas bagagens despachadas até o destino final.
Com bilhetes em mãos, me dirigi a área de embarque. Após o passaporte ser verificado, cruzei as áreas de Duty Free, porém não achei os preços convidativos.
A maioria das lojas menores estava fechada, já que o aeroporto estava praticamente vazio: naquele horário apenas haviam programados, além do meu voo, um da Emirates para Dubai (com seu monstruoso Airbus A380, o maior avião de passageiros do mundo), dois para o Panamá pela Copa Airlines e um da Turkish proveniente de Buenos Aires para Istambul, com passagem pelo aeroporto paulista.
O embarque foi iniciado 01h30, por meio de zonas de embarque. A minha era uma das primeiras, por estar na janela, porém esperei para embarcar por último com mais calma. Isso é algo que costumo fazer, principalmente quando estou em poltronas não tão favoráveis, pois posso conversar com a equipe do portão de embarque e pleitear um lugar melhor – e na maioria das vezes funciona, já consegui várias vezes!
Como é a cabine econômica da Qatar
Assim que entrei no avião, um comissário prontamente me atendeu, indicando qual corredor pegar para acessar minha poltrona. Dei aquela leve olhada à esquerda e, para minha surpresa, o avião não era equipada com a famosa Qsuite, a nova classe executiva da empresa, mas com uma configuração igualmente utilizada pela maioria das aeronaves da Latam, na configuração 2x2x2, onde os passageiros na janela não possuem acesso direto ao corredor. Isso já era um presságio do que eu encontraria na minha “Humilde Class”: poltronas bem antigas, com um sistema de entretenimento igual.
Como citei acima, os aviões que são escalados para a rota são os novíssimos Airbus A350-1000, porém, cá estava eu embarcando no Boeing 777-300ER de matrícula A7-BAJ, entregue da fábrica diretamente para a Qatar em março de 2010. Aparentemente, ele não sofreu nenhum tipo de modificação desde então.
As poltronas da classe econômica eram dispostas em uma configuração 3x3x3. Em cada uma das poltronas já haviam três kits: o primeiro com manta e um fone de ouvido de qualidade razoável, o segundo de cor cinza e de plástico que continham kits de proteção para Covid, com álcool em gel e máscara descartável.
O terceiro kit, de cor vermelha e embalagem de papel, vinha com alguns amenities: um par de meias, máscara para os olhos, protetor auricular e kit com escova e creme dental. Sabe aquela classe lá da frente do avião? Me senti mimado tal qual!
O espaço das poltronas não era tão grande (voei em um Embraer da TAP dias depois e o espaço era semelhante), mas reclinavam bem.
Como foi a experiência de voar com a Qatar
“Portas em automático, crosscheck confirmado”: a famosa frase foi dita em inglês (de entendimento péssimo, diga-se de passagem), mas enfim, era hora de partir. O avião começou a taxiar às 02h53, com quase 15 minutos de atraso. O voo estava praticamente lotado, mesmo com outro tendo partido para o mesmo destino menos de quatro horas antes.
Até a chegada na pista de decolagem, foi transmitido o vídeo com informações de segurança feito com diversos jogadores de futebol, incluindo o brasileiro Cafu. Apesar de engraçado, ele é longo, passando dos seis minutos de duração.
Para 14 horas de voo, haja combustível! Após quase 20 minutos de taxiamento, mesmo com o aeroporto completamente vazio, foi iniciada a decolagem. 45 segundos de corrida e rumávamos aos céus, subindo até 35 mil pés, altitude voada em toda a travessia do Atlântico até a chegada da costa africana.
Uma curiosidade sobre esse voo é que se decola na madrugada e se pousa à noite, cruzando um dia inteiro de sol. Por conta disso, para facilitar o sono dos passageiros, os comissários pedem que as janelas sejam fechadas até próximo do pouso. Algumas pessoas olhavam rapidamente lá fora, inundando a cabine de luz, mas nada que durasse mais que alguns segundos.
Não havia nenhum comissário que falasse português, apenas inglês e árabe. Era perceptível que os comissários eram de diversas nacionalidades, mas o inglês era sofrível, sobretudo quando falavam frases padrão de aviso para a cabine. A parte boa era que a maioria no voo era de brasileiros, então uns ajudavam os outros quando necessário.
Os banheiros eram localizados próximos das saídas de emergência. Eles estavam sempre limpos, mesmo com quase 300 passageiros a bordo.
Serviço de bordo
Está aqui algo que me surpreendeu – e positivamente – na viagem: o serviço de bordo! Eu já tinha lido diversos relatos sobre viajantes na classe Executiva, mas e para nós do povão?
Nessa viagem foram oferecidas três refeições. A primeira, uma hora e meia após a decolagem (4h10 da manhã em SP), era um brunch composto por pão, salada de frutas, iogurte, suco e uma caixinha que vinha com ovos mexidos (de aparência estranha, mas de sabor ótimo), batata, brócolis, cogumelos e feijões, além de uma garrafa de água. Todos os talheres eram de metal, com o logo da Qatar.
Às 9h25 da manhã paulista nos foi oferecido um pequeno lanche, composto por um folhado de frangos e vegetais e bebidas sem álcool (suco e refrigerante), sendo o escolhido por mim o suco de maçã.
Por fim, após quase 11 horas de voo, o almoço. Esse era o único que tinha opções para escolher, que eram: galinhada com farofa, moqueca com palmito e carne com purê de batata e cuscuz marroquino, que foi minha escolha. As opções de bebida aqui eram maiores (inclusive alcoólicas, como gin, uísque e vinho). Eu achei que estava escolhendo refrigerante de limão, mas descobri que era só água com gás mesmo. Perrengue a 38 mil pés de altura.
Além de toda experiência gastronômica, as galleys estavam abertas para que, quem sentisse fome, pudesse pegar algo. Das opções que vi, havia batatas chips, pipoca salgada, mini pretzels e até Kitkat, além de bebidas como sucos, água e café, tudo à vontade! Em uma das vezes que fui até me deram um dos lanches folhados que sobraram.
Entretenimento de bordo
O sistema de entretenimento era super antigo: a tela parecia pré-histórica, super lenta e tinha logo abaixo um controle, que respondia um pouco mais rápido que o touch da tela. Era possível selecionar diversas línguas no menu inicial, incluindo o português.
As opções de músicas, séries e filmes eram muitas, incluindo o último filme do Homem Aranha, lançado havia menos de seis meses. Contudo, além da lentidão do sistema para iniciar algo, ele travava em algumas vezes (ocorreu com meu amigo, sentado ao lado: a tela travou antes mesmo da decolagem) e a cada nova seleção de série ou filme, a pessoa era obrigada a ver uma espécie de propaganda sobre a Qatar e seu país.
Para conexão à internet, a Qatar fornece o Super-Wifi, que é pago. Para quem contrata a bordo, o valor é de 10 dólares, mas comprando antecipadamente o valor fica 20% mais barato e com cotação em real. Eu comprei alguns dias antes e paguei 38 reais para usar o voo inteiro. A velocidade era razoável, mas funcionou em praticamente todo o voo.
Programa de fidelidade da Qatar
A Qatar tem como programa de fidelidade o Privilege Club, que acumula pontos Avios (os mesmos da British e Iberia). É possível também acumular pontos em programas de parceiras, como o Latam Pass, que sofreu um baque na atratividade nos últimos meses.
Chegada ao destino
Faltando 45 minutos para o pouso, o comandante falou com os passageiros. Essa foi a única vez que ele falou após a decolagem. A aproximação ao aeroporto de Doha durante a noite chama a atenção, com as iluminadas estradas que cruzam o deserto. O pouso foi realizado às 22h19, meia hora antes do previsto.
Na saída, todos os passageiros foram submetidos a uma nova verificação no raio-X. Não sei se existe algum critério para essa nova verificação, pois vi diversos outros voos desembarcando durante a noite que tinham acesso direto ao aeroporto após o desembarque.
Sobre o Aeroporto de Doha
Por conta da minha longa escala, aproveitei para conhecer o aeroporto de Doha, hub da Qatar Airways. Ele é simplesmente ENORME, com diversas lojas que funcionam 24 horas. Para um dos terminais é possível até mesmo ir de monotrilho, que cruza parte do aeroporto.
No meio dele há o famoso “Urso da Lâmpada”, que custou nada menos que 7 milhões de dólares para ser feito. Nas lojas é possível comprar de tudo: desde pequenas lembranças até videogames de última geração.
Há também zonas de recreação para as crianças, computadores da Apple para uso público, internet grátis por todo o terminal e salas de tv onde é possível encontrar pessoas dormindo enquanto aguardam o próximo voo.
Conclusão
Apesar da aeronave ser antiga, voar na Qatar é uma experiência ímpar. Com tanto entretenimento e alimentação, aliado aos kits fornecidos, as 14 horas de voo acabam não sendo tão longas assim. Só não esqueça de beber água (sempre, mesmo em casa hein!), caminhar na aeronave para circular o sangue e dormir na medida do possível para chegar bem no seu destino.
Agradecemos ao Marcos por compartilhar com a gente esse excelente review que certamente deixou muitos leitores com vontade de viajar! Vai fazer algum voo em breve e quer fazer o relato para o Melhores Destinos? Entre em contato pelo e-mail dicas@melhoresdestinos.com.br!
Nota final.
Qatar Airways
São Paulo (Guarulhos) - DohaVoo 774