Azul e Latam criticam alto número de processos e comércio de milhas: “o passageiro paga a conta!”
Azul e Latam criticam alto número de processos e comércio de milhas: “o passageiro paga a conta!”
Jerome Cadier e Abhi Shah, presidentes respectivamente da Latam Brasil e da Azul, participaram nesta semana de um fórum de turismo onde abordaram assuntos polêmicos, como o alto número de ações judiciais contra as companhias aéreas e o mercado paralelo de venda de milhas no Brasil.
Judicialização da indústria aérea no Brasil
Segundo Abhi, a Azul gasta mais em processos judiciais do que em marketing, o que colabora para os altos preços das passagens aéreas, já que o custo é repassado para o cliente. “A Azul traz um dos melhores serviços do mundo, fomos eleitos a companhia aérea mais pontual do mundo recentemente, mas todos os anos nossos processo jurídicos só aumentam. Gastamos mais em processos do que em marketing. Isso pesa muito nos custos”, afirmou.
Jerome Cadier foi além e disse que “quando alguém compra uma passagem, R$ 10 serão usados em processos judiciais”. “A alta judicialização afeta muito nossos custos e, consequentemente, o preço das passagens aéreas. Hoje, o Grupo Latam tem 55% das operações e 99% das disputas judiciais no Brasil. São milhares de casos todos os meses”, completou.
Comércio paralelo de milhas no Brasil
Os executivos também falaram sobre o mercado de milhas, que é visto por eles como maléfico ao consumidor. Cadier, que no mesmo evento no ano passado chamou o comercio de milhas de “câncer”, disse que a prática destrói o programa de fidelidade a longo prazo. “Se a qualquer momento você pode vender e comprar milhas, você acaba com a lealdade e os benefícios de um programa de fidelidade.”, disse Jerome.
O presidente da Latam também justificou a redução na frequência e agressividade das promoções de acúmulo de pontos como formas de desestimular a prática de compra e venda. “Começamos a promocionar menos, multiplicar pontos, porque isso alimenta menos esse mercado de milhas. E estamos aplicando sistemas que tornarão cada vez mais difícil burlar as regras. Quero que o Brasil seja como outros países, em que o programa de fidelidade é respeitado e não atrapalha o trabalho do agente de viagens”, disse.
O executivo da Azul fez declarações semelhantes e complementou que o mercado de milhas só existe no Brasil.
Ambas as empresas estão tomando ações que visam coibir a prática, como suspensão e cancelamento de contas de clientes que infringirem as regras do regulamento, inclusive através do judiciário. Nesses casos, Jerome diz que a empresa não está agindo contra o cliente, mas sim protegendo o seu programa de fidelidade.
Atualmente o programa Latam Pass permite resgatar passagens com pontos para até 25 beneficiários por ano. Os clientes que emitirem passagens para mais pessoas terão a conta suspensa por seis meses. E, em caso de reincidência, poderão ter a conta cancelada.
Já no TudoAzul, as regras são mais rígidas, o cliente precisa cadastrar o beneficiário que irá voar com pelo menos 60 dias de antecedência da compra. Além disso, só é possível incluir 5 dependentes por vez. Apenas os 5 primeiros passageiros cadastrados poderão ter o bilhete emitido logo após o cadastro.