logo Melhores Destinos

Não venha para cá! Entenda por que este é um país de poucos turistas

Duda Machado
16/01/2023 às 15:46

Não venha para cá! Entenda por que este é um país de poucos turistas

Será que o segredo da felicidade é evitar visitas, rs? O Butão, conhecido como o “país da felicidade”, no Leste do Himalaia, reajustou a sua ‘taxa de desenvolvimento sustentável’ – valor diário cobrado para que turistas estrangeiros permaneçam no país.

O que custava US$ 65 por pessoa/dia passou a custar US$ 200. É isso mesmo! O equivalente a mais de R$ 1.000 por dia só para permanecer no reino budista.

A medida foi colocada em prática após a abertura das fronteiras, fechadas por conta da pandemia. Já o reajuste da taxa, ocorreu em setembro de 2022.

“A Covid-19 nos permitiu redefinir como o setor pode ser melhor estruturado e operado, de modo que não apenas beneficie o Butão economicamente, mas também socialmente, mantendo as pegadas de carbono baixas”, disse Tandi Dorji, ministro e presidente do Conselho de Turismo do Butão.

Xô, turistas!

De acordo com o Financial Times, essa é a taxa mais cara do mundo, na frente até da Guiné Equatorial, que cobra dos visitantes quase US$ 800 por um visto de entrada única (a menos que a pessoa planeje viajar até o Butão rapidamente, por apenas um ou dois dias, o que é improvável).

Segundo o governo, serão três frentes de aplicação do recurso: infraestrutura e serviços, as experiências de viagem dos turistas e medidas de impacto ambiental. A ideia usar o que for arrecadado para qualificar a mão de obra do setor e compensar prejuízos ao meio ambiente.

Mas será que funciona? Como pode se esperar que alguém apareça e pague uma taxa dessas? O que o Butão tem de tão especial que faz uma taxa de permanência de US$ 200 por dia valer a pena?

Bom, talvez essa seja a parte mais interessante da história. A verdade mesmo é que eles não fazem muita questão de receber visitantes. E isso não sou eu quem está dizendo, mas sim o primeiro-ministro butanês, Lotay Tshering que, em entrevista ao Traveller, revelou não haver intenção alguma de fazer propaganda do Butão ao mundo.

“Não estou aqui para vender o Butão. Estou aqui apenas para dizer o que somos. Sabemos o que queremos. Sabemos o que podemos oferecer. Temos um caminho claro de como devemos preservar nosso país.”

Turismo diferenciado

O Butão faz turismo de um jeito que praticamente nenhum outro país faz – já que a maioria dos outros países investe no setor turístico com o objetivo claro de atrair cada vez mais pessoas para gastarem em seus territórios e lucrarem com suas estadias.

Segundo o governante do reino budista, o objetivo principal por lá não é ganhar dinheiro com os turistas, apesar da pesada taxa de desenvolvimento sustentável e do fato do Butão ainda ser considerado uma nação em desenvolvimento, com um PIB que o coloca bem abaixo no ranking mundial.

“Não estamos olhando para o turismo como um exercício para ganhar dinheiro. Não vamos contar com o turismo como forma de gerar renda para o país. Isso não é correto. Qualquer receita (da taxa de sustentabilidade) será reinvestida em produtos turísticos – 100%, se não mais. Então, o que um viajante vai gastar, o próximo viajante será beneficiado”, explicou Tshering.

Segundo o ministro, a ideia central do governo é preservar o Butão do jeito que está, cuidar do meio ambiente e das paisagens – o país é um dos dois únicos que se declararam carbono negativo.

Além disso, manter-se fiel à cultura também é um ponto importante por lá. Dessa maneira, controlar o número de visitantes é um bom caminho para conquistar tais metas.

“Nós também queremos garantir que nosso ambiente seja tão puro ou melhor do que é agora. Precisamos levar a sério a preservação do que temos. Nos últimos anos começamos a sentir um pouco os efeitos colaterais do turismo em massa. Não queremos usar o turismo para gerar receita de nenhuma forma.”

Se você decidir visitar o Butão, será muito bem-vindo, é claro. Mas não é tão fácil optar por uma viagem tão cara quanto essa, diante de outros tantos destinos do mundo.

“Nossa cultura é muito, muito sensível. Muito especial. Gostaríamos de manter assim e passar para a próxima geração. Não queremos impedir que os visitantes experimentem o que estamos experimentando, mas, sim, essa é uma das razões por trás da nova taxa”, comentou.

Poucos turistas

O plano do Butão é bem simples. Alto valor, baixo volume, criando um sistema de turismo que agrada a poucas pessoas: aquelas que querem muito estar lá ou aquelas que não se importam com o quanto isso custará – levando a visitantes comprometidos com a cultura do país ou visitantes com grana para investir com tranquilidade em uma experiência como esta.

É um instrumento que pode parecer indigesto, mas que é eficaz. Quantas pessoas vão gastar U$$ 200 por dia apenas com taxas de entrada? Pense no que você poderia gastar por dia na vizinha Índia ou na Tailândia… Bastante!

Antes mesmo da imposição da taxa, o setor no país já era bastante controlado e os visitantes precisavam fechar pacotes prontos, que custavam um torno da US$ 250 por dia. Com o novo valor, torna-se possível o planejamento independente da viagem, dando mais flexibilidade.

Por outro lado, algumas operadoras de viagem demonstraram preocupação com a medida. Em entrevista ao Financial Time, a World Expeditions informou que um dos passeios mais procurados no país oferecidos pela empresa, “A caminhada de 27 dias do boneco de neve” (“Snowman Trek”), passará de 5 mil para 9 mil euros.

“Aumentar o preço dessa caminhada em quase 50% terá um enorme impacto no futuro da indústria de turismo do Butão”, disse Gordon Steer, gerente da empresa no Reino Unido.

Restrições para preservar

O Butão é o primeiro país a fazer isso tão abertamente para se proteger do resto do mundo, mas, sejamos realistas: é provável que não seja o último.

Já há exemplos de cidades na Europa, como Veneza e até aqui no Brasil, como Fernando de Noronha, que adotam medidas que seguem a mesma linha. Nada tão extremo quanto o Butão, mas todos motivados pela mesma preocupação.

O fato é que tal estratégia deve ganhar mais força nos próximos anos e caberá a nós entendermos e lidarmos com tudo isso, repensando comportamentos e até colaborando com a preservação de espaços e culturas também nas pequenas atitudes.

Butão: o país da felicidade!

O país ficou mais conhecido porque foi lá que se implementou um índice chamado “FIB” (Felicidade Interna Bruta) ou “GNH” (Gross National Happiness), uma espécie de Censo que faz um diagnóstico do nível de felicidade dos moradores conforme as situações cotidianas.

São quatro pilares principais e nove domínios avaliados, entre eles saúde, educação, governança, mas também bem-estar psicológico, uso do tempo, diversidade ecológica e padrão de vida.

No setor do turismo, a região é conhecida pela beleza natural, mas também pelos festivais de música e danças locais.


E aí, teria coragem (e din din) de desembolsar uma grana alta para conhecer o Butão? Já que vai gastar tanto da taxa de permanência, bora economizar nas passagens aéreas pelo menos, né, rs? Baixando o aplicativo do Melhores Destinos você recebe notificações com as melhores promoções para o mundo todo, não perca tempo e aproveite!

Não perca nenhuma oportunidade!
ícone newsletter E-mail diário com promoções Receba as ofertas mais quentes no seu e-mail
tela do app do melhores destinos
Baixe grátis o nosso app Seja notificado sempre que surgir uma promoção