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Conheça o primeiro hospital de falcões do mundo, em Abu Dhabi

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07/10/2020 às 4:46

Conheça o primeiro hospital de falcões do mundo, em Abu Dhabi

O Abu Dhabi Falcon Hospital, nos Emirados Árabes Unidos, é o principal centro de medicina, pesquisa e treinamento de falcões do mundo. Inaugurado em 1999, a instituição foi a primeira do mundo a oferecer tratamento exclusivo para essas aves de rapina.

A falcoaria, arte de criar, treinar e cuidar de falcões, é uma parte importante da herança cultural dos Emirados Árabes há milhares de anos. Nosso leitor Ernesto Lippmann, o Pato Econômico, teve a oportunidade de visitar a atração, que é uma das mais procuradas de Abu Dhabi. Confira o relato!

Lugares únicos no mundo: Falcon Hospital em Abu Dhabi

Por Ernesto Lippman

Hospital de Falcões em Abu Dhabi

Hospital de Falcões em Abu Dhabi

Agora não podemos mais viajar. Mas, certamente podemos sonhar e compartilhar um pouco alguns lugares inesquecíveis da nossa última viagem, em janeiro. Bora! Vamos voar juntos, para este lugar único do mundo. É considerada a terceira melhor atração de Abu Dhabi por sites especializados. Vai ser um passeio inesquecível para as crianças, mas os adultos vão curtir também. E, pode ter certeza, as férias no Hospital valem a pena, pelo menos neste!

A falcoaria é uma prática antiga no mundo do deserto. Hoje, a falcoaria é um esporte, sobretudo dos mais ricos, mas em tempos mais antigos a associação entre homens e aves era essencial para a caça e a sobrevivência dos beduínos no deserto, numa relação tão especial quanto os cães e seus donos. Hoje a falcoaria no deserto é considerada um patrimônio cultural da humanidade. E o Hospital de Falcões, onde 11.000 pássaros são tratados por ano, é um dos templos onde esta arte é reverenciada, e um lugar especial para conhecer melhor esta arte, e até mesmo segurar na sua mão uma destas aves, que podem voar a quase 400 km, por hora, sendo os predadores mais rápidos da terra.

Paulo Coelho conta numa lenda que 800 anos atrás Gengis Khan saiu um dia para caçar, e levava seu falcão favorito no braço, melhor e mais preciso que qualquer flecha, porque podia subir aos céus e ver tudo aquilo que o ser humano não consegue ver. Mas naquele dia não havia presas e a caça não deu certo.

Entretanto, apesar de todo o entusiasmo do grupo, não conseguiram encontrar nada. Decepcionado, Gengis Khan voltou para seu acampamento – mas para não descarregar sua frustração em seus companheiros separou-se da comitiva e resolveu caminhar sozinho.

Tinham permanecido na floresta mais tempo que o esperado e Khan estava morto de cansaço e de sede. Por causa do calor do verão, os riachos estavam secos, não conseguia encontrar nada para beber até que – milagre! – viu um fio de água descendo de um rochedo à sua frente.

Falcon Hospital Abu Dhabi

Na mesma hora, retirou o falcão do seu braço, pegou o pequeno cálice de prata que sempre carregava consigo, demorou um longo tempo para enchê-lo e, quando estava prestes a levá-lo aos lábios, o falcão levantou voo e arrancou o copo de suas mãos, atirando-o longe.

Gêngis Khan ficou furioso, mas era seu animal favorito, talvez estivesse também com sede. Apanhou o cálice, limpou a poeira e tornou a enchê-lo. Com o copo pela metade, o falcão de novo atacou-o, derramando o líquido.

Ele adorava seu animal, mas sabia que não podia deixar-se desrespeitar em nenhuma circunstância, já que alguém podia estar assistindo à cena de longe e mais tarde contaria aos seus guerreiros que o grande conquistador era incapaz de domar uma simples ave.

Desta vez, tirou a espada da cintura, pegou o cálice, recomeçou a enchê-lo – mantendo um olho na fonte e outro no falcão. Assim que viu ter água suficiente e quando estava pronto para beber, o falcão de novo levantou voo e veio em sua direção. Khan, em um golpe certeiro, atravessou o seu peito.

Mas o fio de água havia secado. Decidido a beber de qualquer maneira, subiu o rochedo em busca da fonte. Para sua surpresa, havia realmente uma poça d‘água e, no meio dela, morta, uma das serpentes mais venenosas da região. Se tivesse bebida a água, já não estaria mais no mundo dos vivos.

Khan voltou ao acampamento com o falcão morto em seus braços. Mandou fazer uma reprodução em ouro da ave e gravou em uma das asas: “Mesmo quando um amigo faz algo que você não gosta, ele continua sendo seu amigo”. Na outra asa, mandou escrever: “Qualquer ação motivada pela fúria é uma ação condenada ao fracasso”. O velho amor pelos animais ensina lições sempre atuais.

Falcon Hospital Abu Dhabi

 

Falcões não atacam seres humanos, pois não os veem como inimigos. Seus predadores naturais são as águias, e as fêmeas são grandes e fortes para poder lutar contra elas enquanto estão guardando ovos e filhotes. Como são velozes, podem se ferir quando caçam, colidem com a presa, ou ingerem carne podre. São 11 mil falcões tratados por ano. É incrível ver a majestade e o poder desses pássaros.

Antigamente as aves eram capturadas na natureza, mas hoje somente se admite os pássaros nascidos em cativeiro, e há um controle severo, com pequenas anilhas que servem de identificação. Os falcões têm até mesmo um passaporte para viagens.

Passaporte de falcão

Passaporte para falcões no Abu Dhabi Falcon Hospital

Apesar de viverem parte da vida presos, os falcões têm um laço genuíno com seus donos. Quem gosta de cachorros sabe que eles não são infelizes por viver numa casa e às vezes usar uma coleira. Sou observador de aves, jamais divulgaria um turismo em que houvesse crueldade contra os animais. Todas as aves que vi eram saudáveis e não pareciam estressadas. E os veterinários têm um visível amor pelos seus pacientes.

Falcon Hospital Abu Dhabi

Veterinário do Falcon Hospital, em Abu Dhabi

 

Este é o maior hospital de aves do mundo, inteiramente mantido pelo governo, embora os procedimentos sejam cobrados, pois a falcoaria é um hobby dos mais ricos, sendo que um falcão pode ser negociado por mais de 200 mil reais (você leu certo, não tem zero a mais!) e tem o nível dos melhores hospitais de humanos.

Como é a visita

Já na sala de espera é possível presenciar a interação e a preocupação dos donos e tratadores com seus animais. Logo a seguir um guia vai lhe explicar (em inglês) a história da falcoaria, as incríveis habilidades de caça destes predadores, mostrar como são treinados os falcões, as diversas espécies, suas rotas de migração, os programas de conservação na natureza patrocinados pelo museu, e até mesmo os passaportes dos falcões que costumam viajar com seus donos.

Logo a seguir você é levado para a sala de tratamento, onde tanto são tratados de seus acidentes e doenças, e são explicados os procedimentos, enquanto você admira os pacientes. São animais fascinantes, que você não se cansa de olhar.

Alguns têm problemas de saúde e você pode assistir a uma pequena cirurgia, ou alguns procedimentos como o reimplante de penas perdidas, mas a maioria é apenas levada para uma sessão de “manicure”, pois em cativeiro suas garras não se desgastam e precisam ser cortadas para que a ave possa continuar caçando.

No final, você pode segurar uma destas aves na mão. É algo inesquecível. Apesar dos seus poderosos bicos e garras, elas são mansas e acostumadas e é possível até mesmo sentir a maciez de suas penas.

Hospital de Falcões em Abu Dhabi

Hospital de Falcões em Abu Dhabi

Logo depois você entra em uma enorme jaula onde os falcões tanto repousam, quanto voam livremente ao seu redor, e você vai ouvir as batidas suaves das asas destes magníficos animais.

O final é numa sala onde há algumas reproduções de caçadas, e é servido um chá. É um programa único no mundo, para quem gosta de aves e quer conhecer um pouco mais da cultura dos beduínos, numa paixão que passou para a vida moderna.

Falcon Hospital Abu Dhabi

Falcon Hospital Abu Dhabi

Ingressos

Você deve agendar uma excursão no site oficial do Falcon Hospital. É um passeio caro, aproximadamente 50 dólares a entrada, sem incluir o transporte. Não é possível fazer uma visita sem pagar. Algumas agências oferecem o pacote, mas sai bem mais barato ir por contra própria.

Como chegar lá

O local é bem afastado do centro, e não há como chegar de ônibus. De carro alugado, ou de táxi, que custa aproximadamente 25 dólares do Centro. Os táxis em Dubai são honestos e tranquilo, há um GPS no carro que monitora percurso.

Na volta, é sempre possível tentar uma carona com um dos seus colegas do grupo, ou até com um dos funcionários. Se você estiver em Dubai, as agências de turismo oferecem este passeio como bate e volta, mas a viagem é cansativa e sem atrativos, e Abu Dhabi merece pelo menos 3 dias completos, e o ideal é ficar 1 semana para conhecer todas as atrações. A localização é bem próxima do aeroporto, então se você tiver uma conexão longa, pode ser uma ótima opção para passar o tempo.

7 dicas sobre Abu Dhabi

1 – E bastante fácil ir de Dubai para Abu Dhabi, há ônibus por aproximadamente 5 dólares a cada 20 minutos. Na rodoviária você deve comprar um bilhete único e carregar com o valor da passagem. Confira o destino antes de entrar no ônibus. A viagem demora aproximadamente 3 horas.

2 – Os hotéis em Abu Dhabi são pelo menos 30% mais baratos do que os em Dubai. Estude a localização antes de fechar sua hospedagem.

3 – Outras atrações interessantes são o Louvre de Dubai, a lindíssima Mesquita Sheikh Zayed, o Ferrari World e o parque aquático Aqua Adventure Water Park.

Mesquita Sheikh Zayed, em Abu Dhabi

Mesquita Sheikh Zayed, em Abu Dhabi

4 – Não vale a pena pegar o ônibus hop on hop off, que é muito caro. Use o táxi para fazer o mesmo roteiro que sairá mais em conta. Existe o Uber em Dubai, mas ele custa o mesmo preço, ou um pouco mais caro que os táxis. O sistema de ônibus é bem confiável e os pontos têm ar condicionado e uma placa que mostra o tempo que falta para o próximo coletivo chegar. Exceto o falcão hospital, todas as principais atrações são facilmente acessíveis de ônibus. Para alugar carro é necessário ter a carteira internacional.

5 – E sempre recomendável ter um cartão do seu hotel em Árabe para facilitar a volta no táxi, pois alguns motoristas não leem os caracteres ocidentais.

6 – O local mais econômico para comer é perto da Rodoviária. Há restaurantes libaneses excelentes e bem acessíveis frequentados pelos locais, que são bem mais baratos do que os turísticos.

7 – Lembre-se você está num país muçulmano, embora tolerante. Assim bermudas, barriga de fora, decotes e outros devem ser evitados, e cobrir os ombros e joelhos é sinal de respeito a cultura local. Os homens devem evitar shorts curtos. Nunca fotografe os locais sem pedir permissão.


Agradecemos ao nosso querido leitor Ernesto pelas dicas! Quer compartilhar sua experiência de viagem com a gente? Envie um e-mail para convidado@melhoresdestinos.com.br!

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