Está no ar o Guia da Normandia. Do Monte Saint-Michel a Giverny!
Está no ar o Guia da Normandia. Do Monte Saint-Michel a Giverny!
O Melhores Destinos esteve em uma das mais belas regiões da França e preparou para vocês o Guia da Normandia, com atrações que vão do cenário inacreditável do Monte Saint-Michel, passando pelas Praias do Dia D, as Falésias de Etretat, os maravilhosos Jardins de Monet, em Giverny e muito mais! Deixem-se levar pelos encantos e estradas normandas. Peçam uma cidra, comprem uma baguete artesanal, um camembert tipicamente local e preparem-se para vivenciar um dos mais apaixonantes roteiros franceses! No Guia da Normandia estão todas as dicas sobre as principais cidades da região, o que fazer, como chegar, quando ir, como se locomover, onde ficar e como montar um roteiro na Normandia.
Todo viajante tem um lugar que gostaria muito de conhecer. Podem chamar de objetivo, foco ou planos. No meu caso era mesmo uma obsessão. Desde que vi uma imagem do Monte Saint-Michel pela primeira vez eu só conseguia dar uma resposta quando me perguntavam pra onde eu gostaria de viajar na vida: o Monte Saint-Michel (na sequência vem o Grande Buraco Azul, em Belize, e Hobbiton, na Nova Zelândia). Essas coisas não são explicáveis. Você simplesmente se torna obsessivo e não importa pra quantos lugares você viaja, aquele sempre irá faltar. Pois eis que apareceu uma oportunidade de realizar este sonho e lá fui eu para a Normandia, na França.
Apesar de ter certeza que o Monte Saint-Michel estaria no roteiro, ainda faltava organizar todo o resto da viagem. E como é rica em opções a Normandia! Quanto mais se pesquisa, mais lugares sensacionais aparecem. Entender a divisão entre regiões é um pouco confuso no início. Departamentos, comunas, arrondissements e todas as outras classificações das localidades francesas dão um nó na cabeça, assim como definir a melhor rota entre as comunas ou arrondissements. No final acabamos desistindo e chamamos tudo de cidades! Em busca das melhores cidades para visitar na Normandia, chegamos a um roteiro tão diverso, que seria capaz de agradar a todos os tipos de turista. Pode-se ir aos cenários onde aconteceram as batalhas do Dia D, às Falésias de Etretat, às charmosas praias de Deauville e Trouville, ao histórico porto de Honfleur, à movimentada cidade de Rouen, onde morreu Joana d’Arc, e até mesmo a uma fazenda comer queijo fresco, ali mesmo em Camembert. Tudo isso regado às tradicionais cidras, caramelos salgados e com vista para cenários que inspiraram o movimento impressionista. Sim! De quebra ainda podemos visitar Giverny e a casa onde morou Claude Monet. Parecia a viagem dos sonhos e, de fato, foi!
Antes de viajar, a maior preocupação era montar um roteiro que permitisse não perder muito tempo em deslocamento e que tivesse como ponto final e inicial uma cidade com estação de trem. A Normandia é uma região enorme da França e as cidades distam até 4 horas uma da outra. Deslocamentos de uma hora são comuns e eu, confesso, nunca tinha dirigido na Europa. Mesmo ouvindo tantos conselhos de que tudo era muito tranquilo isso tirou o meu sono por vários dias. Acabei optando por pegar um trem do aeroporto em Paris para a cidade mais próxima do Monte Saint-Michel, onde começaria a viagem. De lá eu seguiria de carro, definitivamente a melhor maneira para percorrer a rota da Normandia. Acreditem! Se eu soubesse que era tão bom e tão fácil dirigir na França, teria saído do aeroporto já motorizada e seria feliz nas estradas francesas desde o começo. Peguei meu carrinho (pequenino mesmo) em Rennes, na Bretanha, e de lá segui para o tão esperado Monte Saint-Michel.
Era manhã de primavera, a estrada estava florida, as vaquinhas coloriam a beira da pista, as casas pareciam saídas de contos de fadas e o céu estava muito azul. Era como um presente pra uma viajante tão ansiosa. A primeira vez que vi o Monte Saint-Michel, confesso, vários ciscos caíram nos meus olhos. Muitos! Foi impossível segurar a emoção. Ele estava ali, lindo, imponente e em dia de maré!
Daí pra frente foi só alegria. Minha hospedagem era dentro do Monte e pude curtir intensamente a pequena vila medieval. Subi ao topo da Abadia e de lá pude ter noção da imensidão da baía que cerca o vilarejo. Diferente do que pode parecer, o Monte Saint-Michel não é um castelo, mas sim uma vila com uma abadia no topo. Por lá moram alguns felizardos e durante a noite poucos turistas conseguem uma vaga para se hospedar na região murada. E posso garantir que vale investir um pouquinho mais e passar a noite intramuros. Só quando a multidão de turistas que toma conta de Saint-Michel durante o dia se vai é que podemos sentir a verdadeira aura medieval do vilarejo. E como é maravilhoso o espetáculo da maré ao pôr do sol. Passei três dias em Saint-Michel. Tive tempo até mesmo para percorrer a pé a baía enquanto a maré estava baixa. Oportunidade imperdível de viver o Monte Saint-Michel ainda mais intensamente.
Obsessão cumprida, era hora de seguir viagem pela Normandia. E a estrada, sempre tão bela, acabou virando um vício. Rapidamente eu já estava achando uma hora de viagem coisa pouca. E com os dias longos de primavera (a noite chegava depois de 22h) era ainda mais prazeroso botar o carro na pista. Segui para a região onde estão os sítios históricos e museus relacionados à Segunda Guerra Mundial, ao Dia D e às Batalhas da Normandia.
Os apaixonados por história facilmente se perdem entre tantas opções de passeios. E se você se deixar levar pela imensidão de museus à beira da estrada talvez demore um mês por lá. Visitamos as praias do Dia D, as cidades de Bayeux e Caen, Pointe du Hoc e vários museus ao longo do percurso. Vendo in loco os cenários onde chegaram as tropas aliadas para darem início à vitória na Segunda Guerra se tem uma dimensão muito maior dos acontecimentos daquele 6 de junho de 1944. Definitivamente é uma viagem de suma importância para os viajantes que se interessam por assuntos de guerra e conflitos internacionais.
Vencido o roteiro da Segunda Guerra Mundial, seguimos para a terceira etapa da viagem! Era hora de aproveitar para relaxar na região portuária de Honfleur e nas praias de Deauville e Trouville. E quão charmosas são as três cidades. Deauville com seu ar chique de Belle Époque e Trouville com refinados casarões à beira-mar. Destaque para o mercado de peixe em Trouville, com pratos preparados fresquinhos, ali mesmo, nas barraquinhas da calçada, e para o mercado de produtos regionais em Deauville, onde comi o melhor salame da minha vida. As duas cidades são vizinhas e divididas apenas por uma ponte. Ótima pedida para um passeio sem obrigações a cumprir, apenas a certeza de poder aproveitar pra descansar e seguir viagem! De quebra, bem pertinho, está a encantadora cidade de Honfleur, onde barcos colorem, desde o séc. XVII, o Porto de Vieux Bassin. Irresistível experimentar um balde de moules frites com cidra gelada enquanto se vê o tempo passar.
Seguimos para Etretat, a mais bela surpresa do roteiro. As falésias à beira do Canal da Mancha são famosas pela exuberante beleza. Mas posso garantir que as fotos não chegam aos pés do que vi pessoalmente. A fartura de cenários e paisagens é de tirar qualquer viajante do sério. Minha vontade, de verdade, era sentar no topo das rochas, abrir um vinho e passar o dia à base de baguete artesanal e queijos normandos. Quase fiz! Mas eu tinha duas trilhas para vencer! Percorri os dois trajetos pelo alto das falésias e voltei, com espírito renovado, para curtir o pôr do sol deitada nas pedras da praia. Teria ficado ali por uma semana, um mês, ou até o calor chegar para poder mergulhar naquelas águas.
Quando o sol começou a baixar, os paredões de rochas brancas trocaram de cor. Tudo ganhou lindos tons de laranja e vivi ali um dos mais espetaculares momentos da viagem. Tanto que cancelei a reserva no restaurante do jantar para poder ver o sol até o final. Mas qual é o problema de cancelar a reserva? Bem, esse é um dos detalhes chatos das regiões menos populosas da França. Os restaurantes, no geral, abrem para o jantar às 19h e fecham às 21h. Vejam, o pôr do sol durante a primavera acontece às 22h. Vocês podem imaginar quantas vezes fiquei sem jantar durante os dias que estive por lá. Uma das frases que mais ouvi na Normandia foi o irritante “je suis désolé”. Sempre que eu tentava comprar alguma coisa pra comer depois de 21h era a frase padrão dos restaurantes. Passei a andar sempre com pães, salames e queijos no carro. O que não era um mal. Na verdade, era uma maravilha!
De Etretat seguimos para Rouen. A cidade, capital da Alta-Normandia, foi a porta de entrada para os vikings escandinavos – ou normandos – que deram origem à região da Normandia. Rouen é marcada por uma história turbulenta e repleta de conflitos, entre eles a Guerra dos Cem Anos, a morte de Joana d’Arc e a Segunda Guerra Mundial. A cidade é um ótimo ponto de apoio para visitar a Normandia, especialmente por ser uma das maiores e mais movimentadas da região. A população é jovem, os restaurantes ficam abertos até mais tarde e dá até pra arriscar uma balada. Além disso, oferece museus, belas igrejas e espaços destinados à memória de Joana d’Arc. Tudo pode ser percorrido facilmente a pé. Aproveitamos para passear por toda a cidade e, de quebra, ainda percorremos alguns châteaux nos arredores.
A viagem já estava quase no final, porém faltava um dos principais pontos a serem visitados. Apesar de vários dos cenários acima terem servido de inspiração para pintores impressionistas, o mais conhecido deles é Giverny. A cidade sedia a casa onde morou Claude Monet e de onde saíram muitas imagens pintadas por ele. Sem trocadilhos, é impressionante ver ao vivo os jardins que o inspiraram. Especialmente quando é possível comparar com os quadros. Infelizmente o absurdo número de visitantes que estavam lá não permitiam curtir o lugar com a calma que eu gostaria. Mas isso não torna os Jardins de Monet menos espetaculares. As cores são incríveis, assim como a beleza do Jardin d’eau, onde está o lago com as ninféias. Para fechar o ciclo, voltamos a Paris e visitamos o Museo dell’Orangerie, onde estão alguns dos mais importantes quadros pintados por Monet sob os ares de Giverny. Assim a nossa partida não ficou tão triste, mas certamente a Normandia deixará saudade por muito tempo.
Se vocês quiserem curtir lindos dias na França, vejam o nosso Guia da Normandia. Nele vocês encontrarão todas as dicas sobre o que fazer, como chegar, quando ir, como se locomover, onde ficar em cada região visitadas e dicas sobre roteiros na Normandia para um ou muitos dias. A Normandia pode ser visitada em um bate e volta a partir de Paris ou um mês. Do Monte Saint-Michel a Giverny vocês certamente serão felizes. Aproveitem!