Como é voar com a TAAG de São Paulo para Luanda
Como é voar com a TAAG de São Paulo para Luanda
No final de 2016 o Melhores Destinos anunciou uma super promoção da TAAG – Linhas Aéreas de Angola para a África por valores abaixo de 1.000 reais. Era possível escolher entre passagens para a África do Sul – já bem conhecida por aqui – e também outros destinos ainda pouco visitados, como Moçambique e Namíbia. Foi uma oportunidade espetacular para muitos brasileiros visitarem pela primeira vez o continente africano. E nós também aproveitamos para dar um pulinho por lá! Nosso destino final era Windhoek, capital da Namíbia. Porém o primeiro voo, a partir do Brasil, tinha como destino Luanda, em Angola. Até Luanda eu e todos os outros brasileiros que estavam indo para diferentes países seguiríamos no mesmo voo, por isso a nossa avaliação é do trecho São Paulo – Luanda.
Quando a promoção entrou no ar, muitos leitores ficaram na dúvida sobre as condições de voo e das aeronaves da TAAG. E nada melhor para dar uma opinião sincera e honesta do que embarcar nos voos da companhia. Por isso nós fomos pessoalmente conferir como é voar na TAAG. Vale dizer que a companhia pertence ao governo de Angola, mas é administrada pela companhia aérea Emirates desde 2014 e vem melhorando muito a qualidade dos serviços, assim como sua participação no mercado.
Antes de começar a avaliação do voo é preciso explicar como aconteceu a compra da passagem aérea. Apesar de ser uma promoção oficial da TAAG, nem todos os trechos para a África estavam disponíveis para compra no site da companhia aérea. O trecho que nós escolhemos, de São Paulo para Windhoek, só estava disponível para compra em sites parceiros. Nós compramos a passagem pelo site do Viajanet e depois de receber o bilhete eletrônico entramos em contato diretamente com a TAAG para fazer a reserva dos assentos. O contato foi feito pelo chat online e pelo telefone, mas também é possível usar o serviço de Whatsapp da TAAG.
Check-in
Desembarquei no Aeroporto de Guarulhos seis horas antes do embarque da TAAG para Luanda, em Angola. Ao chegar no aeroporto, tentei fazer o check-in pelo totem eletrônico. Não consegui registrar o passaporte durante o processo e não pude seguir com o procedimento. O totem pedia também dados do visto de entrada para Luanda, mas no meu caso ele não era necessário, já que eu faria apenas uma conexão em Luanda. Não pude realizar o check-in e a solução foi esperar pela abertura do check-in no balcão. Como eu teria que despachar a mala, não chegou a ser um problema. Mas se eu estivesse apenas com a bagagem de mão certamente teria sido ruim.
Fui ao balcão da TAAG para fazer o check-in convencional às 16h40. Havia onze passageiros na minha frente e fui atendida às 17h02 pelo funcionário Diego. Poucas vezes vi um atendente tão gentil e simpático. E não só ele! Pedi auxílio para passar uma fita adesiva no plástico da minha mochila e prontamente outro funcionário se ofereceu para auxiliar. Ele trouxe a fita, protegeu a mala onde eu pedi e ela foi embora, rumo à Namíbia!
Pela primeira vez em um voo internacional me pediram para mostrar o comprovante de vacina da febre amarela ainda no check-in. Comprovante em dia, tudo certo! Às 17h07 eu já estava liberada para o embarque. Sai do guichê com os dois cartões de embarque em mãos (o segundo trecho seria Luanda-Windhoek) e a informação de que a minha mala iria até o destino final na Namíbia.
O embarque da TAAG aconteceu na área mais antiga do terminal internacional do Aeroporto de Guarulhos, bem longe do DutyFree principal e das salas VIPs. O controle de passaportes foi bem rápido, assim como o raio-x para entrada na sala. Às 18h30 foi anunciado que o embarque seria iniciado pelos passageiros da classe econômica. Não houve fila e nem tumulto. O embarque foi muito rápido e logo eu já estava no meu assento. Detalhe que o voo já vinha com passageiros do Rio de Janeiro, por isso o embarque foi sem fila.
Às 19h começaram os anúncios de segurança de voo e pontualmente às 19h25 a aeronave da TAAG já taxiava para a decolagem. Nem um minuto de atraso! Durante a decolagem o compartimento de bagagem acima da fileira ao lado da minha se abriu. Uma mochila caiu sobre o passageiro e, por sorte, não era nada pesado para chegar a machucar. Neste momento o comissário de bordo não fez nenhuma menção de se levantar para fechar o bagageiro e o perigo continuou. Outras malas poderiam cair a qualquer momento e, com isso, um passageiro tirou o cinto de segurança, se levantou e fechou o compartimento enquanto outro tomou conta da mochila que nem era dele. Apesar do aviso de cinto de segurança atado, não considerei a atitude do comissário correta, optando por colocar em risco um passageiro sem preparo para a situação.
Cabine
Quando entrei no avião já havia na minha poltrona um travesseiro (o padrão de voo na econômica) e uma colcha de cor laranja. Os tons laranja e preto se dividiam entre as colchas nas poltronas e seguiam o padrão da logomarca da TAAG.
A classe econômica tinha configuração 3 x 3 x 3 e a minha poltrona era de corredor, 17 F. Eu estava bem à frente do primeiro trecho da classe econômica, mas não na primeira poltrona. Era perto do banheiro e com grandes chances de conseguir escolher a refeição antes de acabar uma das opções. A aeronave não aparentava ser nova, mas não havia nada de destaque que estivesse velho. O espaço entre as poltronas era padrão de classe econômica.
Na minha poltrona havia um apoio de pé que, para pessoas baixinhas como eu, faz toda a diferença na hora do conforto. Meus pés não ficaram “voando” e desta vez pude viajar com os dois apoiados. Quase emocionei! Em compensação, depois de reclinar a poltrona, vi que ela não voltava sozinha para o lugar. Precisei de um empurrãozinho do passageiro de trás pra ela voltar à posição inicial. Na poltrona da frente havia uma entrada USB que permitia carregar aparelhos eletrônicos ou conectá-los ao sistema de entretenimento de bordo. Sempre muito útil! Mas não funcionou pra nenhuma das duas funções. Depois da decolagem foi distribuído um fone de ouvido para os passageiros e o jeito foi deixar de lado o meu telefone e usar o entretenimento de bordo da aeronave. Abaixo da poltrona havia uma tomada que ajudou a resolver o problema de carga nos eletrônicos.
Entretenimento
O entretenimento de bordo é o grande ponto negativo da TAAG. São poucas opções de filmes e apenas um seriado. Até mesmo as opções de música são limitadas. A tela do entretenimento do bordo é touchscreen e há um controle remoto externo à disposição dos passageiros que não desejam ficar cutucando a tela (e a cabeça do passageiro da frente).
O sistema de entretenimento permite que o passageiro veja o conteúdo do próprio celular (ao menos é o que está anunciado), entretanto, ao conectar o meu telefone, ele não foi reconhecido pela tela e também não consegui usar a entrada USB para dar carga.
A revista de bordo disponível também é bem fraca, mas para a minha sorte ela tinha uma matéria sobre Windhoek, a capital da Namíbia e meu primeiro destino da viagem. Para passar o tempo eu assisti ao filme Marley e Eu. Cometi o erro de passar vergonha chorando no avião. Não tenho maturidade pra ver esse filme em público e parei antes do final para o desastre não ser maior.
Serviço de Bordo
O serviço de bordo do voo começou às 20h22 com o jantar. Os talheres do serviço da Classe Econômica eram de plástico, assim como o copo e as bandejas dos alimentos. As opções eram peixe com arroz e carne com batatas. Ditas exatamente assim. Depois vi que era o contrário. O meu prato foi carne com arroz e legumes cozidos. Estava surpreendentemente saboroso. Como acompanhamento da refeição havia uma salada de batata com atum e, apesar da alface velha e meramente decorativa, estava muito boa também. O pão, que normalmente é duro nos voos, estava bem fresco. E até o estranho pudim de chocolate com calda de frutas vermelhas estava delicioso. Pedi para beber um vinho branco e depois da refeição foram servidos chá e café.
O café da manhã foi servido à 1h (horário de São Paulo). As luzes da cabine, que estavam reduzidas para maior conforto dos passageiros, foram gradualmente sendo acesas. O café da manhã era bem simples, sem nenhum prato quente. Foi servido um croissant e uma fatia fina de bolo de cenoura com cobertura de chocolate. Os dois eram simples, mas estavam frescos, porém o croissant era um pouco massudo. A hora que o café foi servido não era muito animadora para o fuso horário brasileiro e muitos passageiros seguiram dormindo. Pedi um suco (sem dizer qual) e fui servida de um suco amarelo que até hoje não sei dizer de qual fruta era.
Entre as amenidades do voo, não havia mais do que um travesseiro, uma colcha e um fone de ouvido para cada passageiro. Nada de kit de higiene, meias, tapa olho ou protetor auricular. Tudo isso faz falta para o conforto do passageiro e eu sempre acho um pecado as companhias aéreas que não distribuem os kits de amenidades com o mínimo de produtos que seja.
Comissários e equipe de solo
A equipe de solo da TAAG se mostrou extremamente gentil ao ajudar com a proteção da minha bagagem (como descrito no início da avaliação). Não havia nenhuma obrigação de me ajudarem, mas prontamente me auxiliaram no pedido.
Já a equipe de comissários de bordo pecou logo no início da viagem, quando o compartimento de bagagem abriu sozinho durante o procedimento de decolagem e uma mochila caiu sobre um passageiro. Não houve nenhum movimento para solucionar o caso e os passageiros correram o risco de serem atingidos por malas maiores e mais pesadas. Confesso que não sei qual o procedimento padrão para o caso, mas acredito que não seja o de permitir que um passageiro resolva o problema sozinho ou seja submetido a qualquer tipo de risco. A poltrona estava a apenas duas fileiras do comissário. Sobre o serviço de bordo tudo correu de maneira tranquila e não houve incidentes que destacassem positiva ou negativamente a equipe de bordo da TAAG.
Programa de Fidelidade
O programa de fidelidade da TAAG é o Umbi Umbi. Ele oferece benefícios apenas para passageiros da própria companhia aérea e não permite o uso dos pontos acumulados em outras companhias. Ou seja, se você não é um passageiro frequente da TAAG os pontos acumulados no voo estarão fadados a morrerem na sua conta do Umbi Umbi. É um programa que oferece benefícios apenas para quem voa constantemente com a TAAG, já que não tem parceria com nenhuma outra companhia aérea ou programa de milhagem. Se você deseja muito usar os pontos acumulados vale tentar os parceiros que o Umbi Umbi tem fora do âmbito de viagens aéreas. Há parcerias com a Hertz e algumas redes de hotéis.
Conclusão
O procedimento de pouso em Luanda aconteceu às 2h45 (horário de São Paulo) e às 3h07 já estávamos em solo africano. O pouso foi muito tranquilo e sem emoções. Chegamos a Luanda alguns minutos antes do horário previsto e o voo todo ocorreu sem atrasos. O desembarque da aeronave foi sem finger e pela porta traseira. Os passageiros entraram em um ônibus e seguiram para um portão onde era possível escolher entre fazer a imigração em Luanda ou seguir para a conexão. No local da conexão não havia um responsável no raio-x e houve uma pequena espera até que a fila fosse liberada.
O aeroporto de Luanda é bem pequeno e muito confuso. Todos os embarques da TAAG no dia aconteceram no mesmo portão e isso gerou bastante dúvida entre os passageiros. Alguns, que não tinham o cartão de embarque do segundo voo em mãos, ficaram bem perdidos. E eu, que aguardava o voo para Windhoek, também. Muitos outros voos apareciam nos televisores, mas o meu demorou bastante para ser mostrado na tela de decolagens.
O Aeroporto de Luanda oferece algumas lanchonetes, lojas e cafés, além de duas salas VIPs: uma da TAAG e outra com acesso para o Priority Pass. Não há wi-fi livre e o tempo de conexão, confesso, passou bem devagar. Faltando 1h30 para o meu voo ele apareceu na tela de decolagens. Viagem confirmada, segui rumo a Windhoek para dias maravilhosos na Namíbia. Outros seguiram para a África do Sul e Moçambique também com a TAAG.
Depois de quatro voos com a TAAG (id a e volta), posso dizer que a companhia aérea apresenta um bom serviço, mas nada excepcional. As aeronaves não têm estofados novos, algumas poltronas tinham pouco enchimento, o entretenimento de bordo é bem fraco e era possível ver que a TAAG não tem uma frota de altíssimo padrão de conforto. Mesmo assim, a relação custo x benefício superou as expectativas e eu não pensaria duas vezes em comprar novamente uma promoção da TAAG. Detalhe: a comida estava realmente muito boa em todos os voos. Fator bastante surpreendente para uma companhia aérea que não está entre as melhores do mundo.
E se aparecer outro precinho como esse, viajo de TAAG outra, outra e outra vez! A África é maravilhosa e muito grande. Que venham mais promoções! Tá na dúvida se vale embarcar para a Namíbia? Dá uma olhadinha no que vimos por lá!
Nota final.
TAAG
São Paulo - LuandaVoo DT 746