Como é voar com a Drukair, a companhia aérea nacional do Butão!
Como é voar com a Drukair, a companhia aérea nacional do Butão!
A Drukair, ou Royal Bhutan Airlines, é a companhia aérea nacional do Butão! A companhia possui uma frota com aeronaves Airbus A319 e ATR 42-500, que voam para destinos do sul da Ásia. Há também voos internacionais para Bangladesh, Índia, Nepal, Singapura e Tailândia. Confira a avaliação da companhia enviada pelo nosso leitor André França.
No final de 2017 pedi demissão de um dos empregos mais abusivos que tive na minha vida e decidi que estava na hora de deixar o Brasil. Já não tinha mais confiança em um país que trata muito mal seus cidadãos e que estava afundando cada vez mais. Antes desta viagem eu já conhecia muitos países mundo afora então resolvi realizar um velho sonho: Conhecer a Ásia.
Durante as pesquisas sobre destinos da Ásia me chamou atenção o Reino do Butão, um dos países com o sistema de visto mais difíceis do mundo! Isso porque eles não emitem vistos de turismo em embaixadas ou consulados, mas sim eletronicamente para turistas que estejam dispostos a pagar 240 dólares por dia de permanência. Isso mesmo: 240 dólares por dia de estada no país. O visto é feito através de uma agência registrada no Butão e autorizada pelo governo.
Segundo pesquisas, o Rei usa parte desse dinheiro na infraestrutura do país, já que eles não produzem muitas coisas. Esse valor pode até compensar, porque nele está incluso: uma diária de hotel 4 estrelas, alimentação e guia – ou seja, é quase um sistema da Coreia do Norte, em que você é escoltado o tempo inteiro, a diferença é que eles podem te deixar sozinho se você quiser, contanto que pague os 240 por dia, hehehe.
O guia até contou a história de um colombiano que fugiu do tour para viajar sozinho pelo país e não pagar a diária. Ele foi preso e condenado a 3 anos de cadeia, mas fez acordo, pagou as diárias e depois foi deportado. É gente… As pessoas acham que todo país é bagunçado.
A própria agência recomenda duas empresas aéreas: uma estatal que é a DrukAir e uma privada que é a Bhutan Airlines, só que elas trocam de passageiros entre si devido a cancelamentos frequentes. Ambas operam uma frota relativamente moderna de Airbus A319 e ATR’s. Lendo na internet que os cancelamentos da Bhutan Airlines são frequentes, resolvi reservar com a DrukAir.
A compra foi feita por meio do site da empresa com cartão internacional, bem simples e autoexplicativo pra quem fala inglês. Será necessário mandar o e-ticket para a agência no Butão, senão eles não conseguem o visto para você. Os preços são controlados pelo Governo porque não há concorrência praticamente, não é barato mas o país é bem isolado também. No final deu tudo certo.
Check-in
Pra quem conhece a Índia, já se sabe que tem que chegar com muita antecedência aos aeroportos. Há muita gente e são várias inspeções e controles devido ao terrorismo. Alguns agentes de segurança nos aeroportos indianos não aceitam a passagem no smartphone, então eu tive que imprimir minhas passagens com antecedência.
Não há check-in online, mas o check-in estava vazio. Até fiquei assustado, mas o funcionário disse que este voo já vem de Bangkok cheio, então são poucas as pessoas embarcando em Calcutá. Ele foi bem simpático e solícito, me colocou na janela. O embarque ocorreu no horário, a chamada é bem rápida. Em 15 minutos cerca de 60 passageiros já estavam embarcados.
Cabine
A aeronave era um Airbus A319 de bom aspecto, parecia ter uns seis anos de uso. Estava bem limpo e conservado. A configuração era a padrão para este modelo: um corredor e três poltronas em cada lado, sendo seis poltronas por fileira na Cabine Econômica. Havia bastante espaço entre as poltronas, mas achei o material do assento um pouco desconfortável, um tipo de esponja que não se adequa ao corpo, mas o voo era curto, então isso não iria incomodar.
Entretenimento
Para o valor pago, a empresa deixou muito a desejar. Percebi que eles fazem como algumas empresas brasileiras, cobram um valor premium mas não oferecem amenidades ou entretenimento, apenas uma revista com pontos turísticos dos destinos da empresa e só, nada de música, nada de vídeos, nada, nada, quase uma Ryanair. Sorte que eu estava com músicas baixadas do Spotify e fui ouvindo música até a chegada.
Serviço de Bordo
Glória ao Pai! Pra quem conhece a Índia e não gosta de comida picante, sabe o sofrimento que é. Eles serviram uma caixinha com um sanduíche de queijo e tomate (hindu não come carne e são raros os que comem queijo, não entendi muito o conceito mas estava saboroso), um muffin, suco de laranja em copo e uns amendoins tipo japonês.
Comissários e equipe de solo
Como falei há pouco, a equipe de solo deles em Calcutá foi muito simpática e solícita, já em Paro eram mais antipáticos e frios. A tripulação era educada mas não muito simpática, talvez seja algo cultural do Butão, uma vez que é um país muito isolado, talvez eles não se sintam confortáveis em lidar com estrangeiros.
Os anúncios todos são feitos em butanês e inglês. O inglês dos butaneses em geral é muito bom, porque como o alfabeto deles é raro e pouco utilizado, o material nas escolas geralmente é impresso em inglês, o que ocorre muito nas universidades da Índia também. O serviço de bordo geralmente começa 20 minutos após a decolagem. O comandante durante o voo do Butão para o Nepal chamou a atenção dos passageiros para o monte Everest, que fica localizado ao lado direito do avião neste trajeto.
Programa de Fidelidade
Agora vem um fato bem curioso: no Butão eles têm uma espécie de “termômetro” da felicidade, isso é uma ideologia que foi criada pela família real para medir o quão feliz está o povo. Tendo dito isso, é muito comum algo chamar “felicidade” no Butão. Não é diferente no programa de milhagem da companhia: “Meu Programa de Milhagem da Felicidade”. Você pode acumular pontos e trocar por “Passagens da Felicidade” ou “Upgrades da Felicidade”. Como não pontuava em outras empresas o “Programa de Milhagem da Felicidade” não me deixou feliz, hehehe.
Conclusão
Pra quem não sabe, o aeroporto de Paro é considerado um dos mais perigosos do mundo devido à localização geográfica: o aeroporto foi construído nos Himalaias, então são poucos os modelos de aeronaves que podem operar aqui. Além disso, o clima deve estar ótimo, caso contrário os pilotos são obrigados a voltar ou nem podem decolar do aeroporto de origem. Lembro-me que no pouso as asas passam bem perto das montanhas e morros, quando chega na final o avião dá um mergulho bem forte e emocionante. Na decolagem a mesma coisa, após a rotação o avião sobe com muita força e inclinação para alcançar logo altitude de cruzeiro.
O desembarque em Paro foi tranquilo. Os passageiros devem caminhar da aeronave até o terminal, pois tudo é muito pequeno. A retirada das bagagens é rápida, leva em média uns 30 minutos. Nada foi danificado. A imigração também é ágil, eles têm muita paciência, até mesmo porque muitos chineses chegam sem lenço nem documento e atrasam o procedimento.
Em voos do Butão para o Nepal tente sentar no lado esquerdo de quem entra no avião para as melhores vistas do Everest. A empresa nunca teve acidentes graves, principalmente para quem opera em um aeroporto considerado de alto risco. Se estiver viajando em grupo, chegar cedo pra marcar os assentos.
Para mim valeu a experiência, não é todo dia que se visita um país extremamente isolado e quase desconhecido. Acho o ponto forte da empresa foi sair no horário. Ela tem muito a melhorar no entretenimento e atendimento a bordo, achei muito fraco pro valor cobrado nas passagens. Usaria a empresa novamente somente em conexão.
Agradecemos ao André pelo relato! Quer ver a sua avaliação publicada no Melhores Destinos? Capriche no texto e nas fotos e mande para a gente pelo e-mail avaliacao@melhoresdestinos.com.br
Nota final.
Drukair
Calcutá - ParoVoo 121