Como é voar na Air Greenland
Como é voar na Air Greenland
A Air Greenland, também conhecida como Greenlandair, é uma companhia aérea fundada pela SAS (Scandinavian Airlines System), propriedade do governo da Groenlândia e da Dinamarca. Começou a operar em 1998 e atualmente voa para 67 destinos, com uma frota de 32 aeronaves – incluindo helicópteros, que servem de ligação entre pequenas comunidades escandinavas e os aeroportos domésticos. Nosso leitor Jhonatan Rufino foi até o Polo Norte conferir o serviço da companhia, confira agora o relato dele para o MD:
Escolhi viajar com a Air Greenland primeiro porque apenas duas cias aéreas voam para a Groenlândia (Air Greenland e Air Iceland) e segundo porque eu queria muito voar no lindo A330 que a cia possui. Para se chegar ao país de via aérea, você vai através de Copenhagen pela Air Greenland ou através de Reykjavik pela Air Iceland ou Air Greenland.
É importante frisar que em todo o país há apenas dois aeroportos comerciais capazes de receber aviões de grande porte. Um aeroporto fica em Kangerlussuaq, um pouco acima do círculo polar ártico, onde antes era uma base norte-americana, e o segundo fica em Narsarsuaq, no extremo sul da ilha, ou seja, se você estiver em Copenhagen e quiser, por exemplo, ir para a capital Nuuk, você tem que obrigatoriamente fazer uma escala porque a Air Greenland é a única que voa do centro europeu para Kangerlussuaq, sendo que a Air Iceland, que faz voos com aviões de pequeno porte, voa de forma intermitente durante o ano e sua base é longe do centro europeu.
A Groenlândia sempre foi meu maior sonho de viajante e eu tinha planejado essas férias há anos, sendo que por uma série de motivos pessoais, percebi que esse era o momento ideal para materializar o sonho. Além de ter visitado a Groenlândia por 4 dias, fiquei 2 dias em Copenhagen e mais dois dias em Milão, de onde voltei para o Brasil. O relato que vocês lerão abaixo faz parte do meu trajeto de ida, saindo de Copenhagen, com escala em Kangerlussuaq e destino final em Nuuk. Os aviões foram o A330-200 e o Dash-8B.
A compra foi feita diretamente pelo site da empresa, que é bem fácil de navegar. Vale lembrar que a Air Greenland oferece dois tipos de descontos. O primeiro é o “Takuss Return Tickets”, onde se você comprar as passagens para permanência mínima de uma semana, você paga mais barato, o segundo é o overnight em Kangerlussuaq, onde se você comprar uma passagem com mais de 12 horas em escala, você também paga mais barato. Eu acho legal a segunda opção porque dependendo do tempo, você pode fazer algum tour até a ICE CAP.
No meu caso, a minha passagem de volta tinha 17 horas de escala, da qual dois meses depois recebi um email dizendo que a Air Greenland tinha aumentado a escala para 23 horas. Esse foi um tempo suficiente para eu conhecer o canto do mundo mais lindo que já vi na vida: a ICECAP. Outro ponto é que a Air Greenland cobra uma taxa de aproximadamente 20 euros se você não comprar a passagem com cartão de crédito dinamarquês ou groenlandês. Logo depois que eu finalizei a compra, recebi por email o número do meu ticket.
Check-in
Ainda no Brasil eu tentei fazer o check-in online, mas não consegui porque só pode ser feito a partir de 30 horas de antecedência do voo e a esse ponto eu estaria voando para Copenhagen, então eu achei que mesmo assim seria tranquilo porque eu ia chegar em Copenhagen com 13 horas de antecedência do voo. Mas não foi tão tranquilo.
Assim que cheguei ao aeroporto, ainda na noite anterior do voo, tentei fazer o meu check-in nas máquinas de autoatendimento, mas só aparecia a mensagem para eu procurar o balcão de atendimento. Foi quando eu corri atrás e falei com uma funcionária do aeroporto, que gentilmente me atendeu dizendo qual era o numero do balcão da Air Greenland e checando no sistema o problema do meu ticket. Depois de alguns segundos ela disse o voo estava com overbooking (para meu desespero). Depois de 11 horas em uma noite mal dormida no aeroporto de Copenhagen, finalmente o balcão da Air Greenland começa a funcionar para o check-in e para o despacho de malas.
O aeroporto de Copenhagen, que na verdade fica localizado na cidade vizinha Kastrup, é bem funcional, fácil de se localizar, mas não muito limpo. De fato, achei muito parecido com Guarulhos, só que bem maior. O embarque foi no terminal 2, portão B-10. Também foi desorganizado, igual na fila de check-in, mas o que me chamou atenção é que na hora de validar o passaporte e o ticket, a atendente me disse que todos que estavam na fileira A deveriam esperar para algum tipo de checagem. Não entendi o porquê, mas eu insisti com outro atendente que prontamente liberou meu embarque. O voo saiu com 20 minutos de atraso.
Cabine
No primeiro voo, de Kastrup pra Kangerlussuaq, o avião era um A330-200, o único avião de grande porte da cia. Eu sabia que o avião não era novo, pois ele já fazia esse trecho há mais de 10 anos, diariamente. No entanto, ao entrar na aeronave fui surpreendido. Extremamente limpo e nada indicava que o avião tinha bastante tempo de uso. Os bancos eram confortáveis e o espaço para as pernas era razoável para mim que tenho 1,80m. A configuração dos assentos era 2x4x2 na econômica e por causa do conforto dava pra dormir tranquilamente.
No segundo voo, de Kangerlussuaq para Nuuk, a Air Greenland usou um Dash 8B. O voo atrasou cerca de uma hora por causa de problemas meteorológicos em Nuuk (isso é bem comum). O avião não era novo, tinha capacidade para 24 lugares, configuração 2×2, exceto na ultima fileira que era 4 assentos juntos, as poltronas reclinavam bem pouco e tinha quase nada de conforto, mas nada que atrapalhasse muito um voo de apenas 50 minutos e que eu curti na maior parte vislumbrando a ICECAP pela janela.
O pouso na fria e chuvosa Nuuk foi tranquilo.
Entretenimento
O entretenimento do primeiro voo não era muito eficiente. Poderia escolher apenas 4 opções de filmes e 2 séries. Aparentemente tudo tinha opção com legenda em inglês (as séries eram dinamarquesas). Também era possível assistir o progresso do voo. Tudo com controle remoto. A tela não era touch screen. Também tinha uma revista groenlandesa toda escrita em inglês e dinamarquês.
No segundo voo, quase não havia entretenimento, apenas a mesma revista.
Serviço de Bordo
No meu voo para Kangerlussuaq, antes do almoço, deram um pacote de biscoito Pretzel e ao mesmo tempo serviram as bebidas que eu ia querer para o momento e a bebida que eu ia querer para o almoço. No almoço a proteína era carne cozida, com legumes refogados em um molho de tomate bem forte e queijo derretido. Havia também um pão integral, queijo e manteiga.
A sobremesa era um bolo de coco com cobertura de chocolate. Os talheres eram de plástico e para beber tinha vários tipos de bebidas alcoólicas e não alcoólicas. Achei o almoço muito fraco, principalmente levando em conta os preços que a Air Greenland pratica. Vale ressaltar que após o almoço os comissários passavam oferecendo café e chá durante quase todo o restante do voo.
No voo interno, já na Groenlândia, foi servido um biscoito cookie, acompanhado de bebida, que podia ser água, refrigerante ou suco. Não havia a opção de bebidas alcoólicas. Também deram uma bala de morango como sobremesa.
Comissários e equipe de solo
Apesar de desorganização e das filas no check-in, no primeiro voo os comissários eram todos bem jovens e recepcionaram os clientes de forma cordial. Eles falavam groenlandês, dinamarquês e inglês.
No segundo trecho, a única comissária do voo foi gentil e com apenas 10 minutos de voo ela já havia começado a distribuir o lanche.
Programa de Fidelidade
A Air Greenland pertence à SAS, mas realmente não encontrei nenhuma informação sobre programa de fidelidade.
Conclusão
A minha escala em Kangerlussuaq foi tranquila, não há imigração, mas o aeroporto fica um caos quando chega um voo intercontinental. O aeroporto é pequeno e entra e sai qualquer um porque lá dentro também fica o hotel e um restaurante.
Ainda tem um free shop que não cheguei a entrar. Como tive uma pequena confusão no meu check-in em Copenhagen, decidi ir ao balcão da cia para saber se realmente a minha bagagem ia direto pra Nuuk. A atendente rapidamente consultou minha passagem e respondeu que sim. Ainda bem porque pra pegar sua bagagem, você tem que subir e descer uma escada muito inapropriada.
Aproveitei minha escala de 3h20, que depois virou 4h20, para dar uma volta na cidade de aproximadamente 500 habitantes. Lá você pode entrar e sair da sala de embarque doméstica quando quiser. Comprei alguns presentes em uma loja muito legal que fica dentro do aeroporto e voei para Nuuk. O embarque foi tranquilo, mas tem que ficar muito atento porque o inglês com sotaque groenlandês é um pouco difícil de entender, então os anúncios para embarque me pareceram confusos.
O aeroporto de Nuuk era menor ainda, mas não fiquei muito tempo porque estava um frio de rachar e os taxis já ficam esperando na porta do aeroporto. A minha mala chegou intacta.
Dicas
Em qualquer voo para a Groenlândia tente sempre ficar na janela, pois aí você pode ver a ICECAP. Vale a pena fazer o overnight em Kangerlussuaq e ficar pelo menos uma tarde e uma noite porque é possível fazer um safari ou ir visitar a ICECAP que é o maior espetáculo que já vi. Tente também sempre fazer o check-in online. Os voos de Copenhagen são sempre cheios. Se você quiser visitar o sul do país, no verão a Air Greenland também oferece voos diretos de Copenhagen até Narsarsuaq, mas o voo é operado pela Jet Time com um 737.
Para deixar mais claro sobre a Air Iceland (Não confundir com IcelandAir): também pratica preços caros, voa o ano inteiro para três destinos da Groenlândia (Nuuk – diário, Ilulissat – semanal e Kulusuk – semanal); voa no verão para Kangerlussuaq e Narsarsuaq; só usa aviões pequenos, então no verão os lugares são concorridos e ainda mais caros.
Troque dinheiro no aeroporto de Copenhagen, leve Danish Kroner, dólar ou Euro. Na maioria dos lugares o cartão de crédito é aceito, mas tive problemas de sinal em dois deles. Por ser uma ilha, na Groenlândia tudo é importado e caro, vá preparado!
Conclusão
Vale a pena voar pela Air Greenland, a experiência ficou com um saldo positivo, apesar dos preços altos. O ponto forte é o conforto do A330 e o ponto fraco é o preço elevado, coisa que eu acho difícil de mudar já que a Air Greenland pratica quase um monopólio para chegar à ilha e é a única que faz os voos domésticos. Não sei se voltarei à Groenlândia, se eu voltar provavelmente será pelo lado leste da ilha (quero conhecer Ittoqqortoomiit) e não no oeste, que é onde fica a capital, mas acho que a Air Greenland merece ser revisitada.
Agradecemos ao Jhonatan pelo relato! Quer ver a sua avaliação publicada no Melhores Destinos? Peça as instruções, capriche no texto e nas fotos e mande para a gente: avaliacao@melhoresdestinos.com.br
Nota final.
Air Greenland
Copenhagen - NuukVoo GL 781 / GL 513