Como é voar com a Air Bagan (e sobreviver aos voos no Mianmar)

Como é voar com a Air Bagan (e sobreviver aos voos no Mianmar)

O Mianmar é um país realmente exótico e o seu setor aéreo não foge à regra. Aeroportos antiquados, infraestrutura precária e companhias com histórico de segurança duvidoso. Em meio a tudo isso, está a Air Bagan. Fundada em 2004, a companhia possui uma frota de 4 aeronaves e voa para 20 destinos, com registro de “apenas” uma queda em toda sua operação. Nada mal, para os padrões birmaneses.
Nosso leitor Rafael Castilho encarou o desafio – e ainda conseguiu convencer a esposa a acompanhá-lo, em uma jornada cheia de surpresas, com pousos em pistas esburacadas e monges benzendo as decolagens. Aperte os cintos e confira a avaliação que ele fez para o MD:
Voar dentro de Mianmar não é uma das tarefas mais fáceis e tranquilas. Os sites das companhias são de difícil informação. Alguns, onde há a informação de compra online, os itinerários nunca são encontrados e a venda não é efetivada. Sem contar com os voos cancelados e mudanças de horários que acontecem com frequência.
Pelo menos, a cada ano isto está melhorando e os sites de compras de passagens online já apontam alguns voos de companhias locais, como: Air Bagan, Golden Myanmar, Flying Carpet, Hahn Air, etc.
Esse é o relato sobre a minha experiência de voos em viagem com a esposa para este exótico e encantador país asiático, ainda pouco explorado pelos brasileiros.
Partimos de Bangkok, na Tailândia. No horário previsto, pouco depois do meio-dia, o Airbus pousa no aeroporto internacional de Mandalay, antiga capital de Mianmar. Apesar de possuir quatro fingers, todos vazios, tivemos que descer na pista e seguir até a imigração num ônibus antigo, envolto em placas de uma marca de cerveja. O alfabeto local mais parece bolinhas grudadas uma na outra.
O aeroporto parece ser meio abandonado, com pouco movimento e muitas pessoas (homens) sem fazer nada, só observando. Na hora de passar pela polícia não há como não lembrar dos anos de ditadura enfrentadas aqui e até pensar que o policial será duro com vários questionamentos, mas nada disto, a imigração é bem tranquila. Aproveite para trocar dinheiro no aeroporto, apesar da cotação um pouco desfavorável, ali é mais confiável (US$ 1 = MMK 1,300). Não estranhe o “bolo” de notas que você vai sair na mão, não cabe nem na carteira.
Após dois dias em Mandalay, já era hora de novamente encarar o aeroporto, agora os voos domésticos. O aeroporto está situado há mais de 20 quilômetros do centro, um percurso de quase 45 minutos por ruas esburacadas, trânsito confuso, e uma autopista de concreto com movimentação quase nula.
Check-in
O prédio do aeroporto é novo, até muito grande pelo baixo movimento de voos. As bagagens são vistoriadas pela polícia antes mesmo do check-in.
O trabalho é todo manual, nada de etiqueta de bagagem impressa na hora e muito menos ticket. Tudo muito precário. Sorte que há poucos voos, pois caso contrário seria uma confusão.

Monge próximo à aeronave
Ao finalizar o check-in a atendente coloca um adesivo colorido na sua camisa, que coisa mais estranha.
Apesar de novo e de boas instalações, poucas lojas operam no local. Parece um aeroporto fantasma. A sala de embarque é uma só para todos os voos domésticos. O banheiro é do lado de fora da sala e a cada ida ao banheiro você deve passar novamente pelo detector de metais.
Grande parte dos voos saiu no horário, menos o nosso. O pior era a falta de informação. No final o nosso voo que deveria ser com a a companhia KBZ foi alterado para Air Bagan, sorte é que os voos, a maioria, saem vazios e tinha lugar para todos.
A área de desembarque, se podemos chamar aquilo de uma área, é apenas um espaço, onde os passageiros ficam amontoados esperando a sua mala ser trazida do avião e ser deixada dos lado de fora. Cada um por si. É bizarro.
Neste mesmo aeroporto, embarcaríamos dois dias depois rumo a Yangon. Do lado externo o aeroporto até disfarça com a arquitetura que lembra os templos da região, mas internamente o Terminal Doméstico oferece pouco conforto para o passageiro. O wi-fi é lento.
Novamente todo o embarque é manual, você apresenta o e-ticket e o passaporte e recebe um bilhete de embarque carimbado com o assento. O sala de espera é bem distinta com suas cadeiras coloridas. Pelo menos desta vez o voo saiu no horário.
Novamente o voo foi feito num ATR da Air Bagan. Ao chegar em Yangon novamente a confusão no desembarque. Seguimos de ônibus até o saguão do Terminal Doméstico, ou melhor, uma velha sala onde passageiros de todos os voos se amontoavam esperando as malas.
Cabine
A viagem até Bagan, nossa segunda parada em Mianmar, foi tranquila a bordo de um ATR, apenas 45 minutos. A pista de pouso precisa de um recapeamento urgente, pois está cheia de imperfeições fazendo o avião chacoalhar nas ondulações.
A aeronave parou a cerca de 100 metros do saguão, mas mesmo assim fizeram todos os passageiros entrarem num ônibus, que parecia pertencer a Coreia do Norte. Seguimos o curto caminho a bordo do velho ônibus.
Entretenimento
Não avaliado pelo leitor.
Nota do editor: Como é de se imaginar, não há nenhum sistema interativo de entretenimento a bordo destas aeronaves. Resta ao passageiro folhear a revistinha da companhia para descobrir as rotas operadas pela Air Bagan e ficar ainda mais motivado a explorar as principais atrações do Mianmar, como a cidade de Bagan, famosa por seus templos e voos de balão.
Serviço de Bordo
A viagem até Bagan teve de serviço de bordo: refrigerante, amendoim e água.
O voo até Yangon foi bem melhor. Desta vez serviram um lanche quente mais bebidas. Ótimo serviço de bordo numa viagem tranquila.
Comissários e equipe de solo
Caminhando pelos saguões dos aeroportos, reparei que cada passageiro tem um adesivo de cor diferente colocado na camisa. Descobri que o adesivo é usado para identificar os passageiros de cada companhia na hora do embarque, pois como o aeroporto não tem alto-falante, cabe aos atendentes passarem pela sala chamando os passageiros e verificando, pela cor do adesivo, se nenhum passageiro foi deixado para trás.
O adesivo também ajuda a vida da grande maioria dos passageiros que é de estrangeiros, pois os atendentes falam pouco inglês e a pronúncia é de difícil compreensão.
Programa de Fidelidade
A Air Bagan não possui nenhum programa de milhagem, tampouco é filiada à alguma aliança internacional.
Conclusão
Diferentemente de Bagan, em Yangon o movimento é intenso e você deve ficar esperto para não perder a mala que chega a área de desembarque sobre um carrinho manual e é colocada com as demais perto da porta, onde os passageiros amontados tentam localizar a sua maleta. Muita confusão.
Ao sair, a bagunça fica por conta dos taxistas e pessoas que ofertam serviços aos turistas. Vale a pena a reserva antecipada do translado já com o hotel.
Agradecemos ao Rafael pelo relato! Quer ver a sua avaliação publicada no Melhores Destinos? Solicite as instruções, capriche no texto e nas fotos e mande para a gente: avaliacao@melhoresdestinos.com.br
Nota final

Air Bagan
Mandalay - Nyaung-UVoo W9 211
8 Comentários
Concordo Cristiane, é um país pobre, mas longe de ser esse “circo dos horrores” relatado…
Cara, eu não entrava num avião desses nem de graça!
porque nào, viajar em ATR é normal, a Azul opera vários no Brasil, qualquer voo de curta distancia aqui é nesse tipo de aeronave… que sao bem modernas, por sinal.
Podem ser modernas. Mas num país pobre como esse, não confio muito em manutenção… Sei lá…
concordo. Tb estive no Mianmar em janeiro deste ano. Minha experiência foi muito agradável e longe do relatado no artigo. Achei pretensiosa essa avaliação.
Concordo, não conheço lá mas tenho um colega de escritório que já foi umas 5 vezes a trabalho e ele relata ser tudo precário, mas limpo e dentro dos padrões bem organizado até. Como o colega acima citou ele quis passar um ar de supeeer aventura para ter papo de bar com os amigos, mas na real percebe-se que foi super tranquilo, só um leigo pra não entender. Acho válida a contribuição sempre, mas essa foi muito forçada, acho que está fazendo “curso para blogueiro”.
Achei totalmente desnecessário o jeito que o colega relatou. Não é esse horror nao, e mais oq vc espera de um país q acabou de sair da ditadura..um aeroporto tipo de cingapura???
E olha q passei uns perrenges por la mas tenho mto carinho pelo país e super recomendo se alguém quiser uma experiência q marque sua vida p sempre ( antes q ele se torne apenas mais um do sudeste asiático)
Respeito quem curta esse tipo de viagem, mas nao eh meu perfil