Estudo revela as 10 rotas mais turbulentas do mundo – metade delas fica na América do Sul
Estudo revela as 10 rotas mais turbulentas do mundo – metade delas fica na América do Sul
Se você já foi para o Chile, com certeza ouviu o anúncio específico da tripulação para afivelar cintos quando o avião está próximo do sobrevoo na Cordilheira dos Andes. O aviso é claro: há a possibilidade de forte turbulência (na minha vez, nada disso aconteceu!) e ninguém deve sair do assento até que o sinal luminoso do cinto de segurança seja apagado.
Se em muitos voos em outras rotas há passageiros que ignoram o anúncio, neste caso, costuma acontecer o contrário. Na internet, circulam vários vídeos de aviões sacolejando sobre os Andes e até alguns passageiros mais apreensivos.

Não à toa, a América do Sul está na liderança absoluta das rotas mais turbulentas do planeta em 2024, segundo um estudo da Turbli, empresa que monitora o fenômeno. Por conta da Cordilheira dos Andes, a Argentina e o Chile ocupam 5 das 10 primeiras posições do ranking! Só mesmo o Himalaia para fazer frente, como você confere a seguir:
- Mendoza – Santiago
- Cordoba – Santiago
- Mendoza – Salta
- Mendoza – Bariloche
- Kathmandu (Nepal) – Lhasa (China)
- Chengdu (China) – Lhasa (China)
- Santa Cruz de la Sierra – Santiago
- Kathmandu (Nepal) – Paro (Butão)
- Chengdu (China) – Xining (China)
- Bariloche – Santiago
O que todas essas rotas têm em comum é que passam por regiões montanhosas, e justamente por duas das mais impressionantes do planeta. O estudo da Turbli analisou um arquivo de 10 mil rotas que conectam os 550 maiores aeroportos do mundo, considerando dados de turbulência no intervalo de um ano. A metodologia inclui informações do National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), dos Estados Unidos, e do UK Met Office, órgão de meteorologia do Reino Unido.

A turbulência é definida por uma “taxa de dissipação de redemoinho” (tradução livre de “eddy dissipation rate”, ou EDR, na sigla em inglês). É uma unidade de medida que representa a velocidade com que as estruturas turbulentas se desfazem e dissipam sua energia na atmosfera. A avaliação da Turbli vai de 0 a 100, e quanto maior o número, mais forte o fenômeno. O trecho Mendoza-Santiago ficou com 24 pontos – uma escala moderada, segundo o estudo.
Como a turbulência se forma?
O National Weather Service, órgão dos Estados Unidos que monitora o clima, avalia que a turbulência é um dos fenômenos mais imprevisíveis para pilotos. Trata-se de uma movimentação irregular do ar a partir de redemoinhos e correntes verticais. Em muitos casos, o avião inevitavelmente passa por essas áreas, que originam os avisos da tripulação aos passageiros – e que devem ser levados a sério!

A turbulência costuma ter quatro graus de severidade, e considera o efeito que a inicia e o grau de estabilidade do ar:
Leve – causa mudanças sutis e momentâneas em altitude. Os efeitos para os passageiros são insignificantes.
Moderada – similar ao grau leve, mas ligeiramente mais intensa. Os passageiros já sentem o contato do corpo com o cinto de segurança.
Severa – traz mudanças abruptas de altitude e de velocidade. Os viajantes são forçados de forma mais violenta contra o cinto de segurança.
Extrema – o avião sacode violentamente e é quase impossível de ser controlado. Nestes casos, podem aparecer danos estruturais.

O National Weather Service lista uma série de causas específicas para a formação do fenômeno. Com relação a este post, destacamos as “ondas de montanha”, que o órgão considera um dos tipos mais severos de turbulência.
De forma geral, são redemoinhos que nascem a partir do impacto de correntes de ar com as montanhas, ou seja, uma “perturbação” do movimento horizontal do vento, que encontra um obstáculo em seu caminho. A corrente de ar, então, passa a ser vertical. A combinação disso com o atrito do vento com a montanha cria o que é chamado de “vórtice rotativo”, uma das causas de turbulências severas.
Turbulência derruba avião?

Há muitos mitos e verdades em torno do assunto, mas não se preocupe! A única forma para um possível acidente seria uma turbulência muito extrema. Mesmo assim, os danos provavelmente se limitariam à estrutura do avião. Além disso, com toda a tecnologia de previsão meteorológica existente nos dias de hoje, a trajetória pode ser redefinida para evitar a passagem por áreas de instabilidade mais fortes.
Por isso, a resposta imediata para uma das perguntas mais comuns entre as pessoas sem tanta experiência em viagens aéreas é não! No entanto, a turbulência pode causar problemas a bordo se for forte, súbita e pegar os passageiros sem o cinto de segurança afivelado ou acontecer durante o serviço de bordo.
A própria Turbli, autora do ranking, tem uma opção em seu site que permite consultar com antecedência se você vai encarar turbulência em sua viagem.
Como é voar sobre a Cordilheira dos Andes?
Particularmente, foi uma das melhores experiências visuais que já vivi de dentro de um avião. Sabendo que iria para Santiago, corri para reservar logo uma janela e garantir a vista da Cordilheira dos Andes. Tanto faz o lado desde que o voo seja diurno, obviamente.
Quando estávamos perto de iniciar o sobrevoo, a tripulação acendeu o sinal para afivelar o cinto de segurança e fez o anúncio de que atravessaríamos a Cordilheira dos Andes, e que por isso ninguém deveria levantar por quaisquer motivos. Todos obedeceram, embora não tenhamos sentido turbulência alguma naquele voo. Uma pena, pois gostaria de ter experimentado a sensação.

Do lado de fora da janela, a impressão é a de que, em alguns momentos, o avião passa muito perto do topo da cordilheira. Os picos nevados são belíssimos e se perdem no horizonte, até que as montanhas passam a dar lugar aos terrenos mais planos e à área urbana de Santiago.
Já viajou para o Chile e passou pela turbulência da Cordilheira dos Andes? Sacudiu muito? Foi tranquilo? Como você costuma reagir? Conte nos comentários!