Azul e controladora da Gol anunciam acordo para fusão que pode criar líder na aviação brasileira


Azul e controladora da Gol anunciam acordo para fusão que pode criar líder na aviação brasileira
A Azul e o grupo Abra, controlador da Gol, anunciaram a assinatura de um memorando de entendimento para a fusão das duas companhias aéreas, em um movimento que poderá transformar o cenário da aviação no Brasil.
A operação, que ainda depende de um longo caminho – incluindo a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) – deve ser concluída apenas em 2026, caso todas as condições sejam atendidas.
A fusão entre Azul e Gol promete consolidar as duas companhias como líderes do setor. Juntas, elas transportaram mais de 57 milhões de passageiros em 2024, o que presente 61,4% do mercado brasileiro. Já a Latam, atual líder, transportou 35 milhões de passageiros, ou 37,5% do total.
A formalização da proposta acontece após meses de especulações e de um acordo de codeshare entre as duas empresas para atender mais de 40 destinos. Também é uma reposta à delicada situação da GOL, que entrou em recuperação judicial nos Estados Unidos. Segundo informações obtidas pelo Painel S.A., da Folha de S.Paulo, este é inclusive um dos principais entraves para a conclusão da fusão.
Outro empecilho seria a dívida total combinada das duas empresas, que não poderá ser maior que quatro vezes o valor do lucro operacional da Gol. Esse índice, conhecido como alavancagem, é usado para medir a capacidade de uma empresa de pagar suas dívidas. Se esse limite não for alcançado, a fusão entre Azul e Gol não poderá ser concretizada.
Empresas continuarão operando separadas
Por enquanto, a Azul e a Gol continuarão a operar sob marcas separadas. A proposta de fusão prevê que suas operações serão integradas em diversos aspectos, como o uso das frotas e a sinergia em rotas internacionais. A Azul seguirá como cliente prioritária da Embraer, enquanto a Gol manterá sua relação com a Boeing.
De acordo com o CEO da Azul, John Rodgerson, a estrutura operacional será dividida: “A aeronave, o piloto e os comissários serão da Gol ou da Azul. A conexão será conjunta, a precificação dos bilhetes será unificada, e todo o backoffice será integrado. Contudo, a parte operacional permanecerá separada”.
Rodgerson revelou que a ideia da fusão foi discutida com o presidente Lula há cerca de oito meses. Segundo ele, Lula expressou apoio à criação de uma empresa nacional robusta, capaz de fortalecer a competitividade no setor aéreo brasileiro.
Combinando forças, diz CEO da Azul
“A Azul nasceu com o propósito de ampliar o acesso dos brasileiros às viagens aéreas, conectando o país de forma mais eficiente e acessível. Essa combinação de forças permitirá o fortalecimento do setor, aumentando o número de voos e alcançando mais de 200 cidades atendidas no Brasil, além de nos tornar mais competitivos em um mercado globalizado”, afirmou John Rodgerson, CEO da Azul.
Rodgerson destacou ainda que a fusão tem o potencial de trazer benefícios significativos, como o aumento da conectividade, a geração de empregos e a oferta de serviços de alta qualidade. “Estamos empenhados em oferecer a melhor relação custo-benefício ao consumidor, mantendo a excelência em nosso atendimento”.
Grupo Abra destaca complementaridade das malhas aéreas
O Grupo Abra destacou em nota que as redes e a frota da Gol e da Azul são complementares em quase 90% das rotas, sendo que cada empresa voa com aeronaves de diferentes tamanhos e atende a diferentes destinos. Ressaltou ainda que as partes esperam que uma combinação de negócios resulte em eficiências e reduções de custos
“Temos o prazer de anunciar nossa intenção de explorar uma combinação dos negócios da Gol e da Azul para criar um player de aviação global mais competitivo e resiliente e aumentar a democratização do setor. Como parte da estratégia da Abra de fortalecer o mercado brasileiro, esta é uma oportunidade
importante para intensificar ainda mais nossa presença no Brasil e fortalecer nossa rede global.”
“Paralelamente, como Grupo Abra, continuamos a apoiar todo o trabalho que a administração da Gol e toda a equipe da Gol têm feito para a reestruturação bem-sucedida da Gol durante seu processo de Capítulo 11 e estamos entusiasmados com suas perspectivas de emergir como uma entidade autônoma bem capitalizada”, disse Manuel Irarrázaval, Chief Financial Officer (CFO) da Abra.