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No meio da tempestade de areia em Campo Grande: o pior voo da minha vida!

Marcel Bruzadin
19/10/2021 às 15:12

No meio da tempestade de areia em Campo Grande: o pior voo da minha vida!

Após praticamente 18 meses sem viajar por conta da pandemia de Covid-19, ao ver uma perspectiva mais otimista no país e a vacinação avançando nas principais regiões do Brasil, eu e minha família decidimos fazer uma viagem de férias ao Pantanal sul-matogrossense.

Pessoalmente acho o Pantanal uma região fantástica do nosso país, e que apesar de ter tido suas matas extremamente exploradas nas últimas décadas, ainda guarda um tesouro natural incrível.

Bem, decidimos passar sete dias no Pantanal, saindo de Viracopos (VCP) e chegando por Campo Grande (CGR), capital do Mato Grosso do Sul.

Esse trecho é de um voo relativamente curto, 1h30min, sem escalas ou conexões, muito prático para mim, pois moro ao lado do aeroporto de Viracopos.

Para quem não está familiarizado, a região do Pantanal é praticamente composta de duas principais estações do ano, a seca e a cheia, que é quando chove muito e toda a planície inunda. Essa informação é importante para explicar adiante o que houve.

Todos os dias que estivemos por lá foram incríveis, mesmo no ápice da seca a região pantaneira reúne uma quantidade inacreditável de animais, de todos os tipos, tamanhos e espécies, e que nessa época procuram os pequenos açudes ainda existentes para se hidratarem.

Durante os 7 dias passamos por fazendas e pousadas das regiões de Campo Grande, Aquidauana, Miranda e Corumbá, todas elas percorridas de carro através da BR-262, com muito sol e temperaturas altas.

Voo de volta

A saga da volta teve início na quinta-feira (14/10). No dia do nosso retorno para Campinas (VCP) fizemos todo o procedimento de check-in e despacho de bagagens no aeroporto de Campo Grande. Embarcamos no Embraer E-195 da Azul (AD4285) por volta das 18 horas e aguardamos a decolagem. Após 2 horas aguardando a decolagem, por conta de testes mecânicos, o voo foi cancelado por questões de segurança. A volta foi adiada para o dia seguinte.

Desembarcamos desanimados, afinal ninguém gosta ou quer ter um voo cancelado, mas a equipe da Azul prontamente nos colocou no voo do dia seguinte às 14h40 e nos direcionou para um hotel próximo do aeroporto.

No dia seguinte, sexta-feira – dia do voo, estava bastante calor e o céu completamente limpo. Depois do nosso almoço partimos para o Aeroporto, despachamos nossas malas e fizemos o embarque no voo AD 4536, novamente em um Embraer E-195.

Eu e minha esposa nos sentamos no assento de emergência, tenho 1,88 m de altura, portanto, estava muito bem acomodado. Logo que nos acomodamos, ficamos vendo as fotos e vídeos que havíamos feito durante a viagem com o celular, inclusive a memória do meu aparelho estava lotada por conta dos materiais.

A tempestade de areia

Se me recordo bem o voo saiu pontualmente às 14h40. Nunca tive medo nenhum de viajar de avião, muito pelo contrário, sempre achei incrível a experiência de estar dentro de um avião, independente do modelo.

Logo no primeiro minuto da decolagem, olhamos pela janela e vimos uma poeira vermelha que eu nunca tinha visto da janela de um avião. Ao mesmo tempo que era assustador, eu estava achando aquilo sensacional. Tentei tirar foto ou filmar, mas meu cartão de memória estava completamente lotado, então pedi para minha esposa tirar uma foto.

Até ali estava tudo tranquilo, era apenas uma experiência diferente. Supus que se tratava de uma nuvem de poeira, que inclusive ocorre com certa frequência no interior quando o tempo está muito seco. Imaginei que mais alguns segundos tomaríamos altitude e veríamos o céu limpo, certo? Errado!

A nuvem de poeira vermelha não sumia, não víamos o chão, não víamos o sol, não víamos absolutamente nada do lado de fora da aeronave, a não ser a asa do avião se “contorcendo” enquanto ele balançava intensamente.

A partir desse momento a turbulência começou a ficar cada vez mais intensa. Tenho 36 anos de idade e já tive a oportunidade de fazer alguns voos na vida pelo Brasil e pelo mundo, mas nada, absolutamente nada, se comparava com o que estávamos passando naquele momento.

Passageiros passando mal

Com o passar do tempo, os passageiros, me incluo nessa, começaram a passar mal e alguns chegaram a vomitar no chão da aeronave (não havia saquinhos de vômito nos assentos), levantando um cheiro bastante desagradável. Consegui me controlar, liguei o vento de ar-condicionado no máximo e joguei nas minhas costas. Nessa hora eu suava como se tivesse corrido uma maratona, imagino que por conta de uma mistura de medo e adrenalina.

Vídeo feito pela psicóloga Cris Duarte e divulgado pelo Campo Grande News

10 minutos se passaram, o avião continuava numa turbulência absurda e visibilidade ainda nula. Enquanto alguns passageiros gritavam, outros rezavam, outros seguravam terços. Eu tentava me manter calmo, confesso que foi bem difícil, e pensar da forma mais racional possível. Parecia que conseguia ouvir o Lito (do Aviões e Músicas) sussurrar no meu ouvido: “turbulência não derruba avião, turbulência não derruba avião”.

Com 25 minutos de voo, que pareceram ser 5 horas, a comandante comunicou que o avião passava por uma turbulência muito severa, tudo estava sob controle  mas que estavam desviando e estavam fazendo o possível para manter todos em segurança.

Fim da tempestade

O voo, que teria 1h30 de duração, só foi ficar calmo de fato na aproximação de Campinas, faltando aproximadamente 30 minutos para o pouso. Foi quando conseguimos voltar a enxergar o horizonte e o chão. Posso dizer que poucas vezes fiquei tão feliz de conseguir ver as nuvens e as cidades do alto de um avião.

Quem acompanhou os noticiários deve ter visto que nesse dia Campo Grande enfrentou uma tempestade de areia muito forte, como há anos não se via. Em muitos lugares diziam que o dia virou noite e estar dentro de um avião nessas horas não é uma das coisas mais confortáveis do mundo.

Lembra que no começo do artigo citei a grande seca do Pantanal? Bem, com a chegada das primeiras chuvas após a longa estiagem, os ventos frios e quentes se encontram e geram essas grandes tempestades de areia.

Inclusive, durante o desembarque da aeronave conversei rapidamente com a comandante do voo e ela me reforçou que nessa época, sempre que possível, recomendável evitar viajar no período da tarde, onde esse fenômeno costuma acontecer.

Em resumo, tudo deu certo, todos estão bem, não houve feridos, apenas o susto e mais uma história de aviação para contar para os amigos.

E você, já passou por algo assim? Qual o pior voo que teve em sua vida? Conta pra gente nos comentários!

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