Passaporte de saúde digital: conheça as opções gratuitas em teste e tire suas dúvidas!

Muitas perguntas sobre como será o futuro da aviação durante e no pós pandemia continuam sem respostas. Sabemos que as viagens não serão mais as mesmas, principalmente devido às restrições sanitárias, novas estirpes do vírus e bloqueios impostos por diversos países. Para agilizar a liberação das viagens internacionais de forma segura alguns “passaportes de saúde” começaram a ser testados e talvez, num curto espaço de tempo, podem ser adotados por muitos países. Vale destacar que apesar de ser chamado de passaporte de vacina, ele não substitui o passaporte dos viajantes.

Passaportes de saúde

O nome passaporte de saúde pode até assustar, mas na verdade não passa de um certificado digital de vacinação com todas as informações do histórico do passageiro relacionada a Covid-19, que pode ser acessado e apresentado como um app no celular. A ideia é padronizar as informações com segurança e confiabilidade. Vale destacar que hoje é comum viajarmos para muitos países com a nosso certificado da vacina de febre amarela. Este documento foi lançado na década de 1960 pela Organização Mundial da Saúde em meio a epidemia da doença e o passaporte de saúde seria uma evolução dessa carteirinha.

Há hoje no mercado diferentes apps gratuitos sendo testados com o mesmo objetivo. Por exemplo, a American Airlines, Iberia e British Airways estão usando VeriFLY enquanto o Iata Travel Pass está sendo testado em outras companhias aéreas, como Emirates, Qatar e Qantas. Já a JetBlue e Lufthansa estão utilizando o CommonPass. Conheça, abaixo, mais detalhes de alguns dos certificados de saúde.

CommonPass

O CommonPass, ou o “passaporte de saúde digital”, foi testado por passageiros voluntários da United Airlines na rota de Nova York a Londres e da Cathay Pacific Airways entre Hong Kong e Singapura no final do ano passado. Em dezembro, algumas companhias aéreas, incluindo JetBlue e Lufthansa, iniciaram o uso experimental para passageiros de algumas cidades, como Nova York, Boston, Londres e Hong Kong.

O aplicativo é projetado para criar um padrão internacional comum para demonstrar que o passageiro não tem coronavírus e não é uma ameaça sanitária para o país de destino.

No CommonPass todos os dados de saúde do passageiro relacionados a Covid-19 são armazenados, incluindo exames e vacinas. Os viajantes precisam fazer um teste num laboratório certificado e carregar os resultados no APP. Em seguida, devem preencher os questionários adicionais de rastreio de saúde exigidos pelo país de destino. Após o cumprir todos o requisitos o programa gerará um QR Code que deverá ser apresentado às autoridades sanitárias e à companhia aérea.

“Nosso objetivo é refinar um sistema que melhor apoiará a reabertura progressiva e segura de viagens, por meio da adoção de uma estrutura global confiável e harmonizada”, destacou Lavinia Lau, Diretora Comercial da Cathay Pacific Airways. “A estrutura do CommonPass pode incorporar requisitos específicos de países e pode ser usada para fornecer mais segurança aos viajantes, bem como à população dos países de destino. O CommonPass também ajuda os viajantes a se manterem atualizados e a cumprirem as políticas de entrada do governo em evolução. ”

O aplicativo do CommonPass será gratuito e estará disponível em breve na Apple Store e na Google Play Store.

VeriFLY

O aplicativo VeriFLY (disponível para Android e iOs) está sendo usado pela American Airlines, Iberia e British Airways como passaporte de saúde. O aplicativo foi criado antes da pandemia como forma de agilizar o check-in e triagem de segurança TAS, mas foi adaptado posteriormente para ser um passaporte de saúde.

Segundo um dos criadores, “o VeriFLY compila informações de bem-estar em tempo real a partir de questionários de saúde autocertificados e/ou resultados de teste da Covid-19 com diagnóstico de mais de 20 mil laboratórios. Fornece também crachá digital, prova do status do teste para anticorpos e no futuro terá também prova de vacina”.

Os passageiros da American Airlines podem usar o VeriFLY em voos internacionais para os EUA e voos diretos e de conexão de aeroportos domésticos da American para destinos como Reino Unido e Jamaica. O uso do APP é recomendado e está disponível para os passageiros que embarcam pela companhia no Brasil.

Iata Travel Pass

Desenvolvido pela International Air Transport Association, o Iata Travel Pass (passe de viagem da Iata) é outro passaporte de saúde disponível em teste desde o fim do ano passado. É o certificado com mais companhias parceiras, chegando a 14, incluindo a Emirates, Etihad, Qatar, Iberia e British.

A Copa Airlines também anunciou seus planos para o Iata Travel Pass, com testes previstos para começar em março. Ela será a primeira companhia aérea da América Latina a utilizar o serviço.

De acordo com a Iata, o passe de viagem digital será “mais seguro e eficiente” do que o formulário de papel frequentemente usado. O APP digitalizará a sua carteirinha de vacinação de Covid-19 também terá informações sobre testes de coronavírus, mas tudo terá que ser padronizado e emitido por um laboratório parceiro.

United Travel Ready Center

A United Airlines desenvolveu um App para facilitar a vida de seus clientes. O United Travel Ready Center permite que os passageiros carreguem registros de teste ou vacinação para cumprir requisitos específicos com base em suas viagens reservadas. Depois de fazer isso, um funcionário da United os analisa e os liberta para o check-in, permitindo que os passageiros imprimam um cartão de embarque antes de seguir para o aeroporto. Os viajantes também podem optar por reservar um teste diretamente através da plataforma.

WeChat

A mídia social WeChat, muito utilizada na China e semelhante ao WhatsApp, tem sido usada desde o início da pandemia como forma de alertar, ajudar no distanciamento social e prevenir a propagação do vírus. Agora, o aplicativo também será usado como passaporte da saúde.

O passaporte chinês de saúde entrou em operação nos últimos dias para facilitar a vida dos cidadãos que precisam viajar. Os certificados, que funcionam por meio da plataforma de mídia social WeChat, incluem detalhes dos resultados dos testes de anticorpos e coronavírus dos usuários e se eles foram vacinados contra a Covid-19.

O WeChat já estava sendo usado na China para prevenir o contágio. Os usuários cadastravam informações pessoais relacionadas à doença para poderem circular pelas cidades. Todas as informações eram criptografadas em um código QR que era verificado pelas autoridades públicas e pelos estabelecimentos comerciais. Como “passaporte da saúde”, o APP funcionará da mesma forma e também gerará um QR Code para ser lido nos aeroportos pelo mundo.

A China é o primeiro país a desenvolver o passaporte de saúde, todas as outras iniciativas são de empresas ou organizações. Por enquanto, a novidade só está disponível para cidadãos chineses. De acordo com o Ministérios de Relações Exteriores da China, o país conversa com outras nações para buscar o estabelecimento de mecanismos e de tecnologia para o reconhecimento das condições de saúde do viajante.

Passe Digital de Saúde da IBM

A empresa de informática também entrou no universo dos passaportes de saúde. O Passe Digital de Saúde da IBM surgiu de uma necessidade da própria companhia que, depois de ver seus funcionários serem obrigados a trabalhar remotamente, desenvolveu um aplicativo para trazê-los de volta ao ambiente físico de trabalho.

O aplicativo usa a tecnologia blockchain, que permite que os indivíduos compartilhem seu estado de saúde por meio de uma carteira digital criptografada.

Um passe digital da IBM já foi testado na cidade de Nova York durante um jogo da NBA do Brooklyn Nets Game, no Barclays Center em 27 de fevereiro, onde os usuários mostraram por meio do APP seu recente teste Covid-19 negativo como parte de admissão ao jogo.

V-Health

O aplicativo V-Health baseado no Reino Unido inclui uma ferramenta de rastreamento de contato integrada e uma maneira de marcar uma consulta com centros de teste próximos, que podem ser adicionados ao passaporte. O aplicativo está disponível para dispositivos Apple e Android.

A tecnologia do V-Health Passport já está sendo incluída em uma plataforma chamada HELIIX Health Pass, que foi introduzida em Las Vegas como uma forma de reabrir a cidade. Como o da IBM, este aplicativo não é utilizado como base nos testes feitos pelas companhias aéreas.

Excelsior Pass

Este passe de saúde é usado no estado de Nova York, nos Estados Unidos, e permite que as pessoas acessem os registros de teste ou vacinação da população local. O passe gera um código QR que pode ser lido no aplicativo ou impresso no site Excelsior Pass.

O passe Excelsior não é usado para viagens, mas para acessar locais que exijam comprovação de vacinação ou resultado negativo de teste, como jogos esportivos e shows. Os resultados do teste de PCR expiram após três dias, um cartão de vacina expira após seis meses e os resultados do teste de antígeno expiram após 6 horas.

Passaporte de Saúde ou Certificado de Saúde

São muitos aplicativos sanitários desenvolvidos e em teste atualmente no planeta. Alguns específicos para viagens aéreas e outras iniciativas que buscam trazer segurança para a retomada da vida social. Em alguns países, como Israel, há APPs que mostram se a pessoa já teve a doença, foi vacinada ou tem algum teste feito recentemente. Com estes passes, elas podem frequentar restaurantes, academias, teatros, e outras atividades culturais. Nestes nações os APPs trabalham como o da IBM ou da V-Health.

Na União Europeia há a discussão da criação de um Passe Verde, nos mesmos moldes dos demais. “O nosso objectivo é facilitar a vida dos europeus. O passe verde digital vai permitir que os cidadãos possam movimentar-se com segurança na União Europeia e no estrangeiro, para trabalhar ou fazer turismo”, destacou Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.

Os detalhes do mecanismo e de implementação deste certificado só devem ser anunciados pelas autoridades europeias na próxima quarta-feira, 17 de março. Enquanto isto, recentemente, a Grécia e Chipre fecharam uma parceria com Israel para reconhecer o certificado apresentado pelos viajantes israelenses.

Críticas

Todos os aplicativos em desenvolvimento são positivos na tentativa de acelerar a retomada dos voos internacionais, no entanto há algumas críticas e dúvidas a serem respondidas. Muitos especialistas têm preocupações sobre a qualidade e especificidade dos testes em vários países, além de mostrarem temor sobre a proteção dos dados pessoais dos passageiros e o monitoramento dos movimentos das pessoas, indo contra a liberdade de ir e vir.

“A proteção da saúde pública tem sido usada historicamente para a discriminação”, disse a professora Michele Goodwin, professora de Direito que dirige o Centro de Biotecnologia e Política de Saúde Global da Universidade da Califórnia. “Essa é a preocupação real – o potencial de usar esses aplicativos para manter certas pessoas longe e fora.”

Há ainda o risco destes APPs serem utilizados na hora da escolha de um candidato a uma vaga de emprego ou liberarem às saídas de casa. Vale lembrar que boa parte da população ainda não foi vacinada, não por sua vontade mas  pela falta de vacinas.

Independente da sua efetividade ou das críticas. Independentemente se vai ser chamado de passaporte digital de saúde, passe verde ou de certificado sanitário. O que sabemos é que ele deverá ser, com certeza, implementado e se tornará necessário para as nossas próximas viagens internacionais.

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