Desvendando os segredos do Smiles: como emitir passagens com stopover e open jaw usando milhas
Desvendando os segredos do Smiles: como emitir passagens com stopover e open jaw usando milhas
O Smiles, programa criado pela saudosa Varig e herdado pela GOL, segue sendo o mais querido pelos leitores, como mostrou nossa pesquisa sobre melhor programa de milhas do Brasil. O que muitos não sabem é que o programa vai muito além das passagens da GOL e permite emitir voos com companhias parceiras para o mundo todo, incluindo paradas pelo caminho e a facilidade de ir por uma cidade e voltar por outra. Para facilitar a vida de todos os que usam o Smiles, trazemos hoje um artigo brilhante do nosso leitor Leonardo Alkmim, detalhando passo a passo como você pode pesquisar e traçar seu roteiro para valorizar ao máximo suas milhas! Imperdível!
Nota: desde novembro de 2015 o Smiles não permite mais stopover nos bilhetes emitidos com milhas.
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Bom pessoal, meu nome é Leonardo e queria compartilhar com vocês algumas coisas que pude aprender sobre o Smiles durante o processo de pesquisa das passagens para a viagem que fiz para a Europa em abril deste ano. Sendo assim, o foco desse texto é a emissão de passagens nas parceiras aéreas do Smiles.
Antes de mais nada, gostaria de dizer que dá um certo trabalho montar o roteiro ideal, especialmente depois que você descobre as possibilidades que você tem. A disponibilidade ruim vai acabar fazendo você ter que mudar os seus planos mais de uma vez. E se for apenas uma vez, considere-se sortudo!
O que o Smiles oferece
Acho que todos nós que utilizamos o Smiles já conhecemos os seus defeitos: a nova tabela que estará vigente a partir deste mês (30/07/2014), a baixa disponibilidade de voos e atendimento acredito serem as principais. Ainda assim, me arrisco a dizer que ele ainda é, dentre os programas de fidelidade que temos à disposição, aquele que oferece as melhores oportunidades para quem pretende viajar de classe econômica.
Boa parte desses problemas que citei podem ser “driblados” aprendendo como as coisas funcionam na emissão do Smiles. Antes de tudo, vamos a alguns conceitos básicos. Não se preocupe em entendê-los logo de cara, mais pra frente vou explicar como e quando podemos usar cada um deles.
– STOPOVER: um stopover nada mais é que uma conexão prolongada onde você retira suas malas. Um exemplo é um voo São Paulo – Barcelona, que tem uma conexão em Paris. Ao invés de ficar 3 horas no aeroporto de Paris (que é o comum), você poderia pegar suas malas ficar uns 5 dias, e depois continuar o voo para Barcelona.
– OPEN JAW: o open jaw é a possibilidade de, em um voo IDA E VOLTA, retornar de outra cidade que não seja a de destino. Por exemplo: você compra um bilhete de IDA E VOLTA (que em geral é mais barato que comprar a IDA e a VOLTA separadamente), mas ele permite que o seu destino na IDA seja Paris e que a VOLTA seja por Amsterdã, por exemplo. O trecho Paris-Amsterdã você faria por sua conta (trem, carro, ônibus, voo de outra empresa, jegue… fica por sua conta).
– SIDE TRIP: em tradução livre, é uma “viagem paralela”. Por exemplo, imagine o seguinte trajeto: Rio-Paris-Londres-Paris-Roma (GIG-CDG-LHR-CDG-FCO). Nesse caso, o seu trajeto principal é Rio-Paris-Roma e sua side trip é Paris-Londres-Paris.
Observação: esses códigos de 3 caracteres (GIG, CDG, LHR e por aí vai) são os códigos IATA dos aeroportos dessas cidades. Eles estão disponíveis em diversos lugares como a Wikipedia ou no próprio site da IATA.
Vamos à prática!
O Smiles permite emitir bilhetes com até 2 stopovers e 1 open jaw, sendo que os stopovers devem ser na região de destino da viagem (sendo um na IDA e outro na VOLTA). No entanto, side trips não são permitidas.
Vou passar pelos seguintes exemplos:
1) Viagem só de IDA em Econômica com STOPOVER;
2) Viagem IDA e VOLTA com OPEN JAW;
3) Viagem IDA e VOLTA com 2 STOPOVERS;
4) Viagem IDA e VOLTA com 2 STOPOVERS, OPEN JAW e misturando voos na Econômica e na Executiva (caso caótico!).
Exemplo 1 – Viagem só de IDA com STOPOVER
Antes de tudo, vou pegar uma das regras de emissão do Smiles que se referem ao limite de conexões:
“5. Os Bilhetes Smiles One Way de Parceiros Aéreos serão de somente um trecho, podendo ser com (2) trechos quando for possível envolver paradas intermediárias (Stopover). É permitido um limite máximo de 3 (três) conexões.”
Vamos supor a seguinte situação: você quer emitir a passagem Salvador-Roma (SSA-FCO) com stopover de 4 dias em Paris (CDG ou ORY, mas os voos do Brasil normalmente são para CDG). Para efeito de exemplo, vou supor que a disponibilidade do Smiles está sempre 100% (sabemos que não é a realidade mas…).
Os parceiros do Smiles para a Europa são Air France, KLM e Iberia, sendo que a Aerolineas Argentinas também possui voos para lá, mas nunca encontrei disponibilidade para ir para a Europa passando por Buenos Aires. No entanto, é fácil encontrar voos para os EUA saindo do Brasil e passando por Buenos Aires. Não sei dizer porque a regra vale pra uma região e não vale pra outra.
Continuando: nossa viagem é Salvador-Roma com stopover em Paris, ou seja, é Salvador-Paris-Roma, ou SSA-CDG-FCO. Para pesquisar, é necessário desmembrar esses trechos, sendo que você deverá pesquisar os trechos separadamente:
– Trecho 1: SSA-CDG (somente IDA) no dia 02/02/2015 e chegando em Paris no dia 03/02/2015;
– Trecho 2: CDG-FCO (somente IDA) no dia 07/02/2015 e chegando em Roma no mesmo dia.
Lembrando mais uma vez que esses dados são puramente para exemplo. Ao pesquisar o primeiro trecho (SSA-CDG), você encontra disponibilidade na Econômica (35.000 milhas) e o número do voo que você encontrou deve ser algo como AF-1240/446. AF significa Air France, esse é o código IATA dela e cada empresa aérea tem o seu. KL é KLM, IB é Iberia, QR é Qatar, AR é Aerolineas Argentinas, G3 é Gol e JJ é TAM.
O fato de existir uma barra separando os números significa que será feita uma conexão, sendo que 1240 é o número do primeiro voo e 446 é o número do segundo. Mas isso não significa que todos os voos serão feitos pela Air France. Sabemos que só existem voos diretos da Air France para Paris (CDG) saindo de três cidades brasileiras: Brasília (BSB), São Paulo (GRU) e Rio de Janeiro (GIG).
Sendo assim, esse primeiro voo (1240) é um trecho doméstico (de Salvador para uma dessas 3 cidades que citei e que será operado pela Gol), enquanto o segundo (446) é o voo internacional em si, saindo de uma dessas três cidades para Paris (CDG), que é o hub da Air France.
Essa montagem de voos não funciona muito bem no site do Smiles. Se você tentar rotas um pouco mais complexas o site não consegue montar sozinho e acaba que nunca aparece como disponível para você.
Para efeito de informação, seguem os principais hubs de cada uma das empresas:
– AF – CDG (Paris)
– AR – EZE, AEP (ambos em Buenos Aires) e COR (Cordoba)
– DL – DTW (Detroit), ATL (Atlanta), MIA (Miami) e JFK (Nova York)
– IB – MAD (Madrid)
– KL – AMS (Amsterdã)
– QR – DOH (Doha)
Atenção: ANOTE OS DADOS DOS VOOS! Seja num papel, seja numa planilha ou qualquer lugar. Você vai precisar desses dados mais à frente. Além disso, não anote apenas aquele voo que você quer. Coloque mais umas duas opções que também sejam viáveis pois é possível que, entre o tempo que você pesquisou e o tempo de emitir os bilhetes, aqueles assentos já tenham sido ocupados, e aí você vai ter que começar tudo de novo.
Bom, sabemos que o Trecho 1 será o AF-1240/446 da Air France (G3-1240 e AF-446), dessa forma, é OBRIGATÓRIO que a continuação do STOPOVER seja pela mesma empresa. Vamos procurar então o Trecho 2, CDG-FCO. Nesse caso, o voo encontrado foi AF-1570 (12.500 milhas). O fato de só existir um número significa que é um voo direto.
Com todos esses dados em mãos, chegou a hora de ligar para a central de atendimento do Smiles e falar para o atendente que você deseja emitir um voo somente de ida, saindo de Salvador no dia 02/02/2015 através do voo AF-1240/446 com um stopover em Paris, e fazendo a continuação no dia 07/02/2015 no voo AF-1570. O atendente vai fazer todo o processo pra você e emitir uma reserva contendo todos os trechos.
Resumo: seu voo será apenas de IDA, com 2 conexões (uma no Brasil e outra em Paris), sendo que a de Paris será um stopover.
Uma das vantagens de se fazer isso é a franquia de bagagens. Quando você compra um trecho interno na Europa, em geral a sua franquia é apenas uma bagagem de 23kg. Mas passagens compradas cuja viagem se inicia no Brasil tem direito a duas bagagens de 32kg. Se você emitir tudo no mesmo bilhete, você terá essa franquia em todos os voos daquele bilhete.
Exemplo 2 – Viagem IDA e VOLTA com OPEN JAW
Esse exemplo é bem simples. Imagine que você vai fazer Rio-Paris-Rio (GIG-CDG-GIG), sendo que você gostaria de visitar Amsterdã (AMS) durante a viagem. O Smiles permite que você faça a ida GIG-CDG e a volta AMS-GIG, evitando assim que você faça uma viagem (desnecessária) para voltar para Paris após visitar Amsterdã.
Note que a cidade de origem e de retorno precisam ser exatamente a mesma, independentemente das conexões feitas no caminho. Você não poderia fazer GIG-CDG na ida e AMS-GRU na volta. A solução nesse caso seria procurar um voo que fosse AMS-GIG com conexão em GRU, aí, como seria o final da viagem, você poderia desembarcar e perder (de propósito) a última perna da viagem.
Mas e o trecho entre CDG e AMS? Bom, esse trecho é por sua conta. Você pode fazer de carro, trem, ônibus, bicicleta, ou até mesmo avião, comprando uma outra passagem.
Além disso tudo, a questão da franquia de bagagens, citada no exemplo anterior, também se aplica a esse caso. Se você emitir os bilhetes separadamente, a franquia de bagagens na volta será diferente e seguirá o padrão europeu, que nesse caso, se não estou enganado, são 2x23kg e não 2x32kg. Emitindo junto, você fica tranquilo com relação a isso.
Exemplo 3 – Viagem IDA e VOLTA com 2 STOPOVERS
Do regulamento do Smiles, temos o seguinte:
“7. Os Bilhetes Smiles envolvendo voos das Companhias Aéreas Parceiras poderão ser emitidos com até 4 (quatro) trechos, quando envolver paradas intermediárias, sendo permitido que o ponto de retorno da viagem seja uma cidade diferente do destino da viagem.
7.1. Serão permitidas até 2 (duas) paradas intermediárias, podendo ser uma na ida e outra na volta, dentro da região de destino da viagem, devendo a cidade de embarque para o destino final da viagem ser a mesma cidade onde foi realizada a parada intermediária.
10. É permitido um limite máximo de 3 (três) conexões por direção do itinerário.”
A decisão aqui é: onde fazer os STOPOVERS, considerando que existe um limite de 3 conexões na IDA e 3 na VOLTA? Com as empresas que voam para a Europa, suas opções de STOPOVER são as principais cidades da França, Holanda ou Espanha. Fazer o stopover em cidades menores desses países acaba limitando suas opções de destino final, pois será necessário ir dessa cidade pequena para o seu destino final, e certamente qualquer outra cidade francesa terá menos opções de voo do que Paris.
Digamos que você queira fazer Rio-Nice-Veneza (GIG-NCE-VCE). Não existe voo direto GIG-NCE, logo será necessário fazer uma conexão em CDG (Paris). E também não existe voo direto operado pela Air France que faça NCE-VCE, logo seria necessário fazer outra conexão em CDG (Paris), e seu resultado final seria GIG-CDG-NCE-CDG-VCE. No entanto, isso não é permitido, pois CDG-NCE-CDG caracteriza uma side trip, o que não é permitido.
Vamos tentar então fazer o stopover em Marseille (MRS) mantendo nosso destino final em Veneza (VCE), então nosso percurso seria GIG-MRS-VCE. Assim como no exemplo anterior, não existe voo direto GIG-MRS, sendo assim será necessário fazer uma conexão em CDG. No entanto, existe um voo direto MRS-VCE, e nosso trajeto final ficaria GIG-CDG-MRS-VCE.
As mesmas regras se aplicam para o retorno, mas nesse caso, a volta começa em VCE, pode fazer um stopover na Europa (contando que faça voo direto a partir de VCE) e depois ir para um dos hubs europeus para retornar ao Brasil.
Exemplo 4 – Viagem IDA e VOLTA com 2 STOPOVERS, OPEN JAW e misturando voos na Econômica e na Executiva
Emitir com 2 stopovers e open jaw é bem simples, basta pegar o fizemos no item anterior e, ao invés de fazer o trecho de volta originando em VCE, podemos fazer a origem de qualquer outra cidade do mesmo continente (não precisa ser do mesmo país).
O problema aqui é misturar trechos da Econômica com a Executiva. No exemplo 1 eu comentei que o site do Smiles tinha certas limitações para combinar bilhetes com mais de uma conexão. Pois bem, quando é necessário emitir com categorias diferentes, o site não consegue montar sequer uma conexão.
Digamos que você queira fazer SSA-CDG (Salvador-Paris) em Executiva. O site do Smiles vai tentar encontrar SSA-GIG e GIG-CDG na Executiva. Só que os voos domésticos da Gol não possuem cabine executiva, e dessa forma o site não vai conseguir montar esses trechos pra você. Aí… não tem jeito, a trabalheira vai ser ainda maior pois você vai ter que procurar a disponibilidade saindo dos hubs nacionais (GIG e GRU, principalmente e BSB caso você queira ir para a França) e depois ainda procurar por voos nacionais que sejam adequados ao trecho que você pesquisou.
Bom, é isso. Tentei mostrar da forma mais detalhada possível o que dá pra fazer com o Smiles. Eu me concentrei na Europa, mas essa “brincadeira” se aplica a todas as regiões que as empresas parceiras do Smiles atendem.
Agradecemos ao Leonardo por esse artigo que certamente será de grande ajuda a todos os leitores. E você? Já emitiu passagens com companhias parceiras do Smiles? Deixe suas dicas nos comentários e ajude outros leitores! Se quiser escrever um artigo para o Melhores Destinos entre em contato pelo e-mail dicas@melhoresdestinos.com.br