Companhia lança passagens aéreas em NFT, que permitem revenda e troca de passageiro
Companhia lança passagens aéreas em NFT, que permitem revenda e troca de passageiro
A companhia argentina low cost FlyBondi será a primeira empresa aérea a adotar a tecnologia blockchain na operação comercial, disponibilizando suas passagens aéreas em formato NFT. A companhia anunciou que iniciará as vendas pelo site da TravelX, utilizando a criptomoeda USDC. A iniciativa pode ser considerada revolucionária, tanto para o mundo da tecnologia, quanto para o do turismo.
Para o cliente, isso desburocratiza a troca ou transferência do bilhete a um novo titular. Quem tiver uma passagem em NFT e por algum motivo não puder viajar, poderá vender no mercado aberto ou simplesmente transferir para outra pessoa em até 3 dias antes do voo. Assim, o preço pago poderá ser recuperado e há chance ainda de haver lucro quando as passagens tiverem alteração no valor.
Neste caso da venda por um valor mais alto, um percentual é automaticamente repassado a empresa que emitiu a passagem, conforme as regras estabelecidas em smart contract – ou contrato inteligente. A TravelX compartilhou um exemplo de venda em que a comissão de uma passagem ficaria em torno dos 11%.
A FlyBondi informou que será disponibilizada a compra de bilhetes tokenizados com USDC, por meio do site da TravelX, utilizando a carteira Binance Pay. Mas, nos próximos meses, outros meios de pagamento e carteiras virtuais ficarão disponíveis. No sistema, as passagens poderão ser adquiridas, bem como transferidas, revendidas ou leiloadas. Junto com o lançamento, serão também oferecidas promoções e descontos exclusivos.
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A companhia informou que a ideia é que o novo sistema possa fornecer uma experiência muito mais flexível aos viajantes, gerando novas fontes de receita e uma boa redução nos custos de transação para as companhias aéreas, como por exemplo, uma redução nos gastos com os servidores que hoje armazenam as versões digitais das passagens, além de trazer mais segurança ao processo de verificação de autenticidade dos bilhetes.
Este movimento pode gerar também um novo mercado de transações descentralizadas no setor: o de revendedores de passagens aéreas – o que acabaria tornando o mercado mais competitivo e, consequentemente, mais vantajoso para os viajantes.
Por outro lado, se a companhia de fato permitir a livre transferência de passagens entre os passageiros pode abrir caminho para um mercado paralelo de cambistas. Como ocorre com ingressos, por exemplo, eles poderiam comprar a maior parte das passagens dos voos mais procurados e revender a preços mais caros aos demais passageiros.
Mas o que é NFT?
Agora você me pergunta: “Duda, mas ‘que raio’ é NFT?” Bom, primeiramente, a sigla NFT significa “Non fungible token”. No bom Português, “Token não fungível”, ou seja, que não pode ser substituído. Por definição, NFT é um código digital único, que faz com que algo no mundo real – como uma imagem, uma música ou uma passagem aérea – seja identificado e não possa ser substituído por outro similar.
Com um NFT, o item se torna como uma obra de arte única, que pode até ser reproduzida, mas nunca duplicada. Como as incontáveis cópias de um quadro famoso, como a Mona Lisa, o NFT garante que exista apenas um original, mesmo que ele não esteja no Museu do Louvre.
Os NFTs se popularizaram no mercado de colecionáveis, onde a lógica é simples: quanto mais raro, mais caro. Mas para que se ateste que um artigo é realmente valioso, é preciso que um especialista o analise, certo? Os NFTs, a grosso modo, são como aqueles cards raros de futebol dos anos 60 ou 70, mas com três diferenças: são digitais, são realmente exclusivos e ninguém precisa analisar para saber que são autênticos. Isso, porque, o que chamamos de “token”, é o próprio produto – o card raro da copa – em uma versão digital e que possui uma identificação tão complexa que é impossível de ser copiada e confundida – isso faz dele uma peça realmente única.
Nesse sentido, os colecionáveis digitais se tornaram uma febre no mundo das transações em criptomoedas e vários famosos já estão investindo nessas “peças exclusivas” – e vou te falar, não são nada baratas! O mais curioso é que as imagens podem ser reproduzidas por, literalmente, qualquer pessoa que faça uma captura de tela, mas estas nunca poderão ser confundidas, já que a original possui essa informação de identificação que torna ela única.
Agora fica mais fácil de entender que, no caso das passagens, as vantagens têm muito mais a ver com as transações de compra e venda, que saem do cenário tradicional e partem para o mundo digital e, de certa forma, mais descomplicado. Além disso, como já mencionado, garante a autenticidade dos bilhetes e poupa gastos com servidores para armazenar os dados das passagens digitais
A real é que este mecanismo está ganhando outros universos e começando a ser utilizada de maneira um pouco mais prática – está aí o exemplo da FlyBondi, que pode se expandir no mercado aéreo. Essa é a prova de que as tecnologias, quando bem utilizadas, podem causar revoluções em diversos cenários – e é bem provável que a iniciativa da low cost inspire outras indústrias para que apliquem soluções parecidas, adaptadas a seus contextos.
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Sinceramente, eu ainda não absorvi a ideia dos NFTs como foi popularizada. Mas entendo que seja um investimento. Fico feliz que, finalmente, estão dando uma função realmente interessante para a tecnologia… Mas vamos aguardar para saber como as empresas aéreas receberão a ideia, né?