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Novo IOF: usar cartão de crédito ou conta global? Dúvidas, dicas e ranking de spread

Cleverson Lima
23/05/2025 às 12:31

Novo IOF: usar cartão de crédito ou conta global? Dúvidas, dicas e ranking de spread

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Ontem, o governo anunciou um aumento da alíquota do IOF para 3,5% para diversas operações financeiras, incluindo empréstimos, seguro, câmbio e cartões de crédito. Do mercado financeiro aos viajantes, esse aumento de imposto (mais um!) pegou muita gente de surpresa.

A mudança afeta diretamente a nós, viajantes internacionais, pois as contas digitais internacionais, como Wise, Revolut, Nomad e outras eram, até então, a forma mais barata de gastar e levar dinheiro ao exterior. Em poucas horas (entre 23h50 de ontem e 2h de hoje) o dólar nessas contas foi de R$ 5,80 para R$ 5,94 devido ao imposto! Mas o aumento afeta também cartões de crédito, transferências e compra de papel-moeda.

Detalhe de nota de dólar americano simbolizando o impacto do câmbio e do IOF nas viagens internacionais

Neste cenário, entender o que mudou é fundamental. E mais do que simplesmente olhar para o IOF, é hora de comparar o custo total envolvido em cada forma de pagamento e os benefícios que elas trazem. Por isso, vamos tentar aqui clarear o cenário para você viajante.

O que é o IOF?

O Imposto sobre Operações Financeiras, IOF, é um imposto cobrado em diversas transações que envolvem câmbio, crédito e seguros. Quando falamos de viagens internacionais, ele aparece sempre que você compra moeda estrangeira, faz uma transferência internacional ou usa o cartão de crédito fora do Brasil, ou online em sites estrangeiros. É aquela “taxinha” surpresa da fatura, rs.

O que mudou com o novo IOF

Basicamente, até ontem, havia uma diferença importante entre as formas de pagamento: contas globais eram tributadas com 1,1% de IOF, o que fazia delas a forma mais barata de comprar dólar, euro e outras moedas ou gastar no exterior. Já os cartões de crédito, quando usados no exterior ou em compras internacionais online, eram taxados com 3,38% de IOF (com previsão de que o imposto fosse zerado até 2029), o que tornava seu uso fora do país bem mais caro. 

Cédulas de dólar, euro e outras moedas sob uma lupa, representando análise de câmbio e mudanças no IOF para contas globais e cartões de crédito

Havia ainda a transferência para outra pessoa, usada por alguns como “jeitinho” para pagar menos IOF. E aí, a paulada foi ainda maior: o IOF desta modalidade saiu de 0,38% para os mesmos 3,5%. Quase 10 vezes mais!

Com a nova regra, as diferenças não existem mais. A nova regra, válida a partir de hoje (23/05/25), unifica a alíquota em 3,5% para quase todas as operações de câmbio voltadas ao consumo internacional. Ou seja:

OPERAÇÃO COMO ERA COMO FICOU
Compra de moeda em contas globais 1,1% 3,5%
Compra de moeda em casas de câmbio 1,1% 3,5%
Compras com cartões de crédito 3,38% 3,5%
Transferências internacionais para outra pessoa 0,38% 3,5%

À primeira vista, isso parece uma simplificação. Mas, na prática, dependendo da instituição financeira que você usa, os custos continuam bem diferentes. E falaremos disso abaixo.

Contas globais x cartões de crédito: IOF igual, spread diferente

Sim, com a nova alíquota de 3,5%, tanto as contas digitais internacionais quanto os cartões de crédito passam a ter o mesmo imposto. Mas isso não significa que agora está tudo igual, na prática. O que vai contar ainda mais agora é o spread cambial (mais uma palavra difícil…). Mas o spread é basicamente a margem de lucro que cada instituição financeira aplica sobre o dólar para convertê-lo em reais e “vender” ao cliente.

Nas contas globais, esse spread já costumava ser inferior, variando entre 0,6% e 2%, dependendo da plataforma. Já nos cartões de crédito internacionais, o spread pode chegar a 7% ou até mais, especialmente nos bancões tradicionais.

Ranking de spread e custo total no Brasil

Confira abaixo ranking de contas globais e cartões de crédito, ordenados do menor para o maior custo total ao usar dólar. As instituições com custo total mais vantajoso aparecem primeiro, considerando o IOF, spread e ST (Soma Total). (*) Observações importantes estão no final da tabela para esclarecer critérios e variações específicas.

BANCO TIPO IOF SPREAD ST PONTUA
Banese Cartão 3,50% 0,00% 3,50% Sim
Cresol Cartão 3,50% 0,00% 3,50% Sim
Sicoob Cartão 3,50% 0,00% 3,50% Sim
Sisprime Cartão 3,50% 0,00% 3,50% Sim
Unicred Cartão  3,50% 0,00% 3,50% Sim
Uniprime Cartão 3,50% 0,00% 3,50% Sim
Mercado Pago Cartão  3,50% 0,00% 3,50% Não
Caixa (Visa) (*) Cartão 0,00% 4,00% 4,00% Sim
Revolut Conta 3,50% 0,60% 4,10%
Wise Conta 3,50% 0,80% 4,30%
Remessa Online Conta global 3,50% 0,80% 4,30%
Santander Global Conta global 3,50% 0,80% 4,30%
Nubank Global Conta global 3,50% 0,80% 4,30%
C6 Global (*) Conta global 3,50% 0,90% 4,40%
Inter Global Conta global 3,50% 0,99% 4,49%
Sicredi Cartão 3,50% 1,00% 4,50% Sim
Nomad 5 Conta global 3,50% 1,00% 4,50%
Nomad 4 Conta global 3,50% 1,40% 4,90%
Porto Bank (*) Cartão 0,00% 4,99% 4,99% Sim
BB Premium (*) Cartão 1,10% 4,00% 5,10% Sim
Nomad 3 Conta global 3,50% 1,70% 5,20%
Nomad 2 Conta global 3,50% 1,90% 5,40%
Nomad 1 Conta global 3,50% 2,00% 5,50%
BS2 Conta global 3,50% 2,00% 5,50%
XP Global Conta global 3,50% 2,25% 5,75%
Banrisul Cartão 3,50% 3,00% 6,50% Sim
BTG (*) Cartão 1,10% 6,00% 7,10% Sim
Caixa Cartão 3,50% 4,00% 7,50% Sim
Banco do Brasil Cartão 3,50% 4,00% 7,50% Sim
Banestes Cartão 3,50% 4,00% 7,50% Sim
BRB Cartão 3,50% 4,00% 7,50% Sim
BV Cartão 3,50% 4,00% 7,50% Sim
Inter Cartão 3,50% 4,00% 7,50% Sim
Neon Cartão 3,50% 4,00% 7,50% Não
Nubank Cartão 3,50% 4,00% 7,50% Não
Nomad (crédito) Cartão 3,50% 4,00% 7,50% Sim
Genial Cartão 3,50% 4,00% 7,50% Sim
Banco do Nordeste Cartão 3,50% 5,00% 8,50% Sim
Next Cartão 3,50% 5,00% 8,50% Sim
PicPay Cartão 3,50% 5,00% 8,50% Sim
Uniprime Cartão 3,50% 5,00% 8,50% Sim
C6 Bank Cartão 3,50% 5,25% 8,75% Sim
Bradesco Cartão 3,50% 5,30% 8,80% Sim
Credicard Cartão 3,50% 5,50% 9,00% Sim
Itaú Cartão 3,50% 5,50% 9,00% Sim
Safra Cartão 3,50% 5,50% 9,00% Sim
Santander Cartão 3,50% 6,00% 9,50% Sim
Pan Cartão 3,50% 6,00% 9,50% Sim

(*) Os cartões Visa da Caixa estão com isenção temporária de IOF até dezembro de 2025. A Global Account do C6 Bank oferece desconto no spread, conforme o volume da transação. O Porto Bank tem uma promoção de cashback do valor do IOF no cartão de crédito. O Banco do Brasil oferece desconto no IOF para clientes dos cartões Black, Infinite, Dinners e Elo Nanquim. O BTG Pactual tem uma condição especial de redução do IOF para clientes Ultrablue e Black. Baixe o aplicativo do nosso site Melhores Cartões para conferir dicas e notícias de cartões de crédito, contas digitais e cashback.

Contas globais ou cartões de crédito?

Mesmo com o IOF igualado em 3,5% para todas as operações de câmbio de consumo, o custo total para o viajante ainda pode continuar mais vantajoso nas contas globais. Isso porque elas historicamente mantêm spreads mais baixos, maior controle sobre a conversão e benefícios adicionais que vão muito além do câmbio.

Contas como a Revolut, Nomad e Wise continuam oferecendo:

  • Conversão instantânea e transparente de reais para dólar ou euro;
  • Cartões de débito físicos e virtuais para uso internacional;
  • Melhor previsibilidade de gastos (você só usa o saldo já convertido);
  • Custos finais menores em relação à maioria dos cartões de crédito tradicionais.

Além disso, cada uma tem vantagens próprias que podem pesar positivamente na escolha. A Nomad, por exemplo, é especializada em dólar, tem o programa Nomad Pass que tem chip internacional grátis, o lounge próprio no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, além de acesso a investimentos nos EUA direto pelo app. Já a Revolut conta com o menor no spread entre as contas globais, saldo e compra de mais de moedas de mais de 30 países diferentes e acesso a criptomoedas e investimentos.

Mas vale lembrar que alguns cartões de crédito também ganharam competitividade, especialmente os que oferecem spread reduzido e pontuação em programas de pontos e milhas. É o caso do cartão Mercado Pago e dos cartões de cooperativas como a Unicred, Sicoob e Sisprime, além dos cartões com cashback de IOF, como o Porto Seguro Bank.

A questão é que nem todo cartão de crédito pontua – e quando pontua, pode compensar pouco. Cartões dos chamados “bancões” costumam ter spreads altos e baixa pontuação, o que acaba anulando a vantagem. Não adianta acumular 1, 1,5 ou até 2 pontos por dólar se o spread estiver em 5%, 6% ou 7%.

Qual a melhor forma de levar dinheiro na viagem em 2025? E uma dica: investimentos!

Com o novo IOF de 3,5% nivelando todas as opções, a dúvida sobre qual é a melhor forma de levar dinheiro na vigem ganhou ainda mais peso. A resposta, claro, vai depender do seu perfil, mas algumas verdades seguem firmes: controle, planejamento, fugir de pegadinhas e o custo total final ainda fazem muita diferença. Mas, resumindo, cada forma de pagamento:

Conta digital internacional

Na maioria dos casos, as contas digitais como Revolut, Nomad, Wise e Astropay continuam sendo a opção mais vantajosa para quem gosta de planejar e se controlar. Com ela, você pode ir comprando moeda aos poucos e montar um valor médio do câmbio, o que ajuda a amenizar oscilações futuras. Você tem um cartão de débito internacional (virtual ou físico) para compras e saques.

Cartões internacionais das contas Wise, Revolut, AstroPay e outros, opções populares de contas digitais globais para viajar com mais controle e menor custo

Cartão de crédito

Com o novo IOF, os cartões de crédito em geral ganharam competitividade e passaram a ser uma opção a ser considerada. Eles oferecem conveniência, já que se pode usar o cartão de sempre durante a viagem, e ainda permitem aproveitar os benefícios como acumular milhas ou receber cashback. Mas o custo final pode ser mais elevado, principalmente em cartões de bancos tradicionais com spreads altos e baixa pontuação. Você fica vulnerável à variação cambial durante a viagem e maior possibilidade de descontrole dos gastos, que só serão pagos na fatura. Aqui, a dica é avaliar o custo-benefício real. Milhas só compensam se o spread for justo.

Casas de câmbio / Papel-moeda

Serve apenas para emergências. Fizemos uma simulação no site Melhor Câmbio agora pela manhã e o resultado: o dólar ultrapassou a casa dos R$ 6,06 por unidade em papel, bem acima da cotação oficial ou do valor efetivo total de contas globais que estava na faixa de R$ 5,92. E outra: na maioria dos destinos mais visitados na Europa e nos EUA, papel-moeda está deixando de ser usado. Cartão pode ser preferível por conveniência e segurança.

Notas de dólar em espécie representando o uso de papel-moeda e seu custo elevado em casas de câmbio

Outras opções com IOF reduzido

AstroPay

Outra opção de conta digital disponível para o público brasileiro é a AstroPay, que conta com a opção de compra de dólar com 1,5% no spread e, atualmente tem uma oferta de subsídio no IOF, ou seja, 0% de imposto – por tempo indeterminado. O AstroPay é uma empresa fundada no Uruguai e com presença em outros países da América Latina. A conta em dólares com isenção de IOF é operacionalizada no Brasil, portanto, com diferenças em relação a outras em que há abertura de uma conta no exterior. A conta global AstroPay oferece um cartão de débito virtual Visa que pode ser usado em sites ou via ApplePay ou Google Pay.

DollarApp

A DolarApp é uma conta digital internacional que opera com saldo em USDC, uma criptomoeda pareada ao dólar. Voltada para brasileiros e outros públicos da América Latina, ela permite a conversão de reais para USDC com spread baixo e IOF padrão de 1,1%. Um dos diferenciais é o cartão Mastercard (virtual grátis ou físico que é pago) que funciona como crédito pré-pago, aceito em compras online e presenciais. A conta é 100% digital e baseada em criptoativos.


⚠️ Em todos os casos, recomendamos atenção às condições de uso e ao contrato das plataformas antes de realizar qualquer operação.

Governo volta atrás e investimentos e mantém IOF reduzido

E uma observação importante: após anunciar que o novo IOF de 3,5% valeria inclusive para transferências destinadas a investimentos no exterior, a medida foi revista e o imposto, nesses casos, foi mantido mais baixo. Ou seja, investir no exterior continua com tributação mais leve.

Para quem costuma se planejar com antecedência para viajar, isso pode abrir uma brecha interessante: é possível transferir recursos para uma conta de investimentos global durante os períodos de dólar mais baixo, aproveitando o IOF reduzido, e futuramente, já perto da viagem, realocar os valores para a conta-corrente internacional e usar normalmente com cartão de débito internacional.

Muitos usuários da Nomad e da Revolut, por exemplo, já adotavam essa estratégia, já que a contas permitem fazer investimentos fora do Brasil. É uma forma legal de travar o câmbio com menor custo e manter parte da reserva rendendo até o embarque, pagando menos IOF. Afinal, quando a lei não define prazo mínimo para o investimento, o bom senso (e o bom planejamento) pode fazer toda a diferença!

Resumindo: não é o fim do mundo, mas vai ficar mais caro

Sim, viajar vai ficar um pouco mais caro (e ficamos na torcida para que o dólar caia e amenize isso). As contas globais perderam um pouco do brilho, e os cartões de crédito tradicionais continuam pesando no bolso. Mas isso não significa que viajar se tornou impossível ou que não dá mais para economizar.

Cofrinho com moedas e cédulas sobre um mapa com etiqueta escrita 'viagem', simbolizando planejamento financeiro para viajar mesmo com o dólar e IOF mais caro

Agora, mais do que nunca, planejar, entender os custos reais de cada opção e fazer escolhas conscientes é o que separa quem viaja com inteligência de quem estoura o orçamento. Algumas dicas seguem:

  • Economize nas passagens aéreas com nossos alertas de menor preço;
  • Aproveite descontos como cupons em hotéis e parcelamento sem juros;
  • Se usa milhas, veja alertas de boas emissões;
  • Economize do seguro viagem e evite perrengues;
  • Nas contas digitais, aproveite bônus e cashback ainda válidos na adesão
  • Fique atento ao spread cobrado pelo seu banco ou conta digital

Viajar vai exigir mais atenção, mais comparação e mais pesquisa. Mas dá. E claro, a gente está aqui no Melhores Destinos para te ajudar. Porque viajar mais pagando menos continua sendo possível e é isso que a gente faz todos os dias.


Compartilhe sua opinião nos comentários: o que você achou do aumento do IOF? Pretende abandonar as contas digitais e focar no cartão de crédito?

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