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Presidente da Latam prevê forte queda no preço das passagens aéreas

Leonardo Cassol
22/04/2020 às 18:29

Presidente da Latam prevê forte queda no preço das passagens aéreas

O presidente da Latam Airlines Brasil, Jerome Cadier, afirmou hoje, numa entrevista publicada pelo jornal O Globo, que o excesso de oferta e a limitação da demanda poderão derrubar o preço das passagens aéreas nos próximos meses. Na visão do executivo, o setor vai precisar de alguns anos para se recuperar. As companhias aéreas vão precisar de crédito do governo para superar a crise provocada pela pandemia de coronavírus, ser ainda mais eficientes e oferecer bilhetes mais flexíveis para seus clientes. Confira cinco destaques da entrevista concedida pelo executivo!

1. Passagens aéreas mais baratas

Jerome Cadier acredita que o setor aéreo deve ter uma redução na demanda na ordem de 30% a 40% em 2021: “o passageiro a turismo vai ter menos economias e vai postergar viagens, enquanto o de negócios está encontrando outras maneiras de trabalhar como a videoconferência”, disse. Na outra ponta, o potencial das empresas aéreas para reduzir a oferta é baixo, já que um avião, mesmo parado, tem custo.

Nesse sentido, a combinação entre diminuição de passageiros e excesso de capacidade poderá resultar na forte diminuição dos preços das passagens aéreas. “Como a empresa terá se endividado para sobreviver à primeira onda, vai precisar colocar o avião para voar assim que for possível.”

Mas, deixou um alerta: “se a margem não for positiva no curto prazo, eu morro no médio prazo. Vai ser um cenário muito crítico. Quem não tiver custo baixo, não sobrevive. Talvez as empresas sobrevivam à primeira onda. Mas muitas podem desaparecer em 2021, 2022”, enquanto a demanda ainda estiver se recuperando.

2. Bilhetes mais flexíveis

Hoje as principais companhias aéreas do mundo estão oferecendo a remarcação gratuita de passagens compradas durante a pandemia. Foi o meio encontrado para reduzir a insegurança dos clientes e não ver as vendas zerarem por completo. Ainda assim, os viajantes estão resistentes, dada a incerteza quanto à evolução do número de casos de COVID-19 e da extensão das medidas restritivas ao turismo, como o fechamento de fronteiras, atrações, restaurantes e comércio, além da proibição de aglomerações. “O bilhete aéreo também precisará ficar mais flexível”, avalia Jerome.

3. Empresas mais eficientes

“A ineficiência vai ser inaceitável no pós-crise”. Hoje o setor trabalha com regras bastante restritivas. Um ‘legado’ positivo da crise seria justamente a flexibilização de algumas normas, como a maneira de remunerar o tripulante e de contratar mão de obra, além dos contratos com as empresas de leasing e com os fabricantes de aeronaves. “O tripulante no Brasil só pode voar 60 horas por mês. No Oriente Médio, 120. Lá é menos seguro?”, questiona.

Outro exemplo dado foi a ineficiência das avenidas aéreas. “Em todo o mundo, você tem uma linha ótima que é o trajeto do ponto A ao ponto B. Nos EUA, a vida real é 2% diferente da linha ótima. No Brasil, 8%. Isso significa mais tempo no ar, queimando combustível.”

4. Recuperação lenta e gradual do setor

O Presidente da Latam afirmou que o setor não vai desaparecer. “Apesar de ser um período difícil, a possibilidade de falência é baixa”. Especialmente se considerar as três maiores aéreas brasileiras juntas. Por outro lado, aposta que a recuperação será lenta e gradual. A Latam espera que a demanda chegue a 70% do que era antes da crise somente em 2021. “Serão cinco anos de recuperação”, avalia o executivo.

“Hoje estamos queimando combustível. A minha malha hoje não paga o custo variável. Os únicos países em que estamos operando hoje são Chile e Brasil, atendendo a uma demanda dos governos. O ideal hoje seria parar de voar”, lamentou.

Para Jerome Cadier, a linha de crédito prometida pelo Governo (que está sendo negociada via BNDES) será fundamental para as empresas sobreviverem à crise. “Sem isso, as empresas chegarão em situação de insolvência absoluta, precisando de auxílio mais contundente lá na frente”. O executivo falou um pouco mais sobre as negociações com o banco: “É equivocado considerar o valor das ações antes da crise, mas não é justo pegar o valor de hoje (com grande desvalorização na Bolsa). Tem um risco, e ele precisa ser remunerado além dos juros. O BNDES está propondo uma opção conversível em cinco anos. Em cinco anos, o setor se recupera. Foi bom trazer os bancos privados para chancelar a precificação. Acredito que vamos chegar em alguma diluição para os acionistas mas é longe do que está na mesa. Não tem que ser como foi nos EUA, onde o governo injetou US$ 50 bilhões, sendo metade doado, com uma diluição no pior dos casos de 3%. Estamos pedindo R$ 10 bilhões de crédito.”

5. Novos hábitos dos viajantes

O passageiro que voar daqui a um mês ou daqui um ano estará preocupado com a saúde e com a higienização a bordo, aposta Cadier. “Já adotar um espaçamento, deixando o assento do meio sem ninguém, custa muito, você não paga o voo. É reduzir a capacidade de 180 pra 120 assentos”. Por isso, se adequar aos novos tempos pode não ser tão fácil para as companhias aéreas, na visão do executivo.


Quem aí está contando os dias para poder voltar a viajar com segurança e com boas promoções?

Com informações do jornal O Globo e do E-investidor/Estadão

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