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Presidente da Latam diz que empresa está voando menos que as concorrentes para perder menos dinheiro

Leonardo Cassol
19/08/2020 às 16:11

Presidente da Latam diz que empresa está voando menos que as concorrentes para perder menos dinheiro

A Latam Brasil está voando menos que as outras companhias aéreas para perder menos dinheiro durante a pandemia. É essa a principal revelação feita pelo presidente da empresa, Jerome Cadier, num vídeo divulgado nas redes sociais aparentemente direcionado para os funcionários do grupo. Ele reconheceu que isso é necessário pelo fato da Latam ter custos superiores às das concorrentes e que vai ajudar o grupo a sobreviver à crise.

“Estamos voando pouco para perder menos dinheiro! Não é só a Latam, mas a Azul e a Gol também estão perdendo dinheiro todos os dias. Olhem a publicação oficiais das empresas… falam em R$ 3 milhões a R$ 5 milhões por dia de caixa negativo”, afirmou o executivo. “Então, quando perguntam por que a Latam está voando menos, é porque o seu custo de operação é maior. Para cada dia operando no vermelho, o buraco é maior. E não podemos ter um buraco maior… Se a gente tem um custo maior, a gente vai voar menos”, disse, em tom de desabafo.

Participação da Latam no mercado doméstico teve forte queda

De acordo com os dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), as companhias aéreas brasileiras registraram uma queda de 81% no número de passageiros transportados em julho de 2020, se comparado ao mesmo período do ano passado. Mas o que chama mais a atenção é a redução na participação de mercado da Latam, que registrou apenas 23,2% no último mês, muito menos do que os 37,1% que tinha antes da pandemia, em fevereiro deste ano.

Dados do setor aéreo brasileiro – Julho de 2020 (Anac)

Ainda num momento de lenta recuperação da demanda por conta da pandemia de Covid-19, a GOL ampliou sua liderança no setor, com 44% do mercado. E a Azul, que iniciou na última segunda-feira (17) compartilhamento de voos com a Latam em 64 rotas nacionais, passou para o segundo lugar, com 32% de participação.

Turismo internacional vai demorar para se recuperar

O Presidente da Latam explicou ainda que a empresa foi mais atingida pela pandemia de coronavírus por ter maior presença internacional. “Fronteiras fechadas, dólar acima de R$ 5, muita insegurança se o passageiro vai ou não poder voar, se vai ficar de quarentena… Os passageiros sumiram, gente! E as outras companhias do Brasil não tem uma operação internacional relevante como a Latam… Por isso temos um excedente muito maior de aviação, de tripulação, de aeroportos e de administrativo. Então a gente precisa fazer um ajuste sim. É duro e eu não me orgulho de fazer isso. Mas minha função e meu papel como líder dessa companhia aérea é fazer com que ela seja sustentável. Preservar sua operação!”, finalizou, se referindo às demissões de cerca de 2.700 tripulantes anunciada no começo de agosto.

Redução de custos se tornou urgente

“Há uma coisa comum para todas as empresas: você não pode gastar mais dinheiro do que você recebe por muito tempo. Se isso acontecer o dinheiro acaba. E se acaba o dinheiro, acaba a empresa! Isso vale para qualquer setor.” O executivo citou o exemplo da Avianca Brasil, que na avaliação dele tinha um bom produto no Brasil, mas gastava mais do que recebia, ao mesmo tempo em que acelerava sua expansão. “Acabou falindo, e isso serve de exemplo!”

“Entramos nessa crise com custos maiores que nossos concorrentes. Isso é fato, é notório. Somos uma empresa mais antiga, grande, com muito legado do passado. A gente gasta mais, tem custos mais altos. Vínhamos trabalhando nisso… mas a crise veio e eliminou 80% dos nossos passageiros, enquanto a tarifa média caiu entre 30% e 40%.”, disse Jerome, tentando explicar porque as medidas tinham que ser imediatas.

“Eu não tenho dúvida que essa crise vai passar! Só que ela vai demorar… E quando terminar teremos menos passageiros e preços mais baixos. Por isso, a redução de custos, que já era importante, virou urgente! Se não fizermos isso não vamos sobreviver!, ressaltou o executivo”

Jerome também destacou que a recuperação judicial é um instrumento que está permitindo a Latam rever e renegociar muitas questões financeiras e repensar toda a frota da empresa, nos diferentes países onde atual. Não apenas a quantidade, mas o tipo de frota, aparentemente se referindo às devoluções dos maiores jatos dos modelos Airbus A350 e Boeing 777 que foram realizadas. “Estamos revendo qualquer contrato, com qualquer terceiro!”, enfatizou.

“Vamos superar a crise!”

“Não vamos desistir! Essa companhia vai continuar forte, viva e vai sair desta crise. Vai sair diferente, mas vai sair… De um jeito ou de outro, a mudança tem que vir!”, finalizou Cadier.

Vale destacar que a Latam conseguiu acordos para receber R$ 12 bilhões em aportes de acionistas e fundos de investimentos. Parte do empréstimo enfrentou a resistência dos credores do grupo e aguarda aprovação da justiça para começar a ser liberado.

De acordo com Roberto Alvo, CEO do grupo Latam Airlines, os empréstimos representam um grande passo para garantir a continuidade operacional da empresa. Segundo ele esses são os recursos necessários para operar durante a crise, até a recuperação da demanda, concluindo com êxito o processo de recuperação judicial.


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