Guerra na Ucrânia deve aumentar o preço da passagem aérea no Brasil, diz presidente da Latam
Guerra na Ucrânia deve aumentar o preço da passagem aérea no Brasil, diz presidente da Latam
Além da tragédia humanitária, a guerra entre Rússia e Ucrânia deve ter consequências econômicas globais, inclusive para o Brasil. O presidente da Latam, Jerome Cadier, chamou a atenção para o recente aumento no preço do petróleo e da cotação do dólar, que têm influência direta no preço das passagens aéreas. Além disso, destacou que poderá haver mudanças na disponibilidade e no custo do crédito, bem como oscilações no preço e disponibilidade de matérias-primas fundamentais para o setor, como o titânio, usado na fabricação de aviões.
O combustível de aviação acompanha a cotação do petróleo no mercado internacional, que é definida em dólar, impactando duplamente o preço cobrado no Brasil. Além disso, o leasing de aeronaves, as peças de manutenção e uma série de outros custos do setor também sofrem a influência da cotação da moeda norte-americana.
“A grande dúvida de todos é quanto tempo isto vai durar. Pelas primeiras reações, o impacto nos custos das companhias aéreas é inegável. Infelizmente na situação que está o setor, estes aumentos vão impactar os preços das passagens. É uma pena, especialmente em um momento no qual o que mais queremos é voltar a voar”, disse o executivo em seu perfil no LinkedIn.
Antes da guerra começar, no dia 23 de fevereiro, o dólar tinha rompido a barreira dos R$ 5, chegando a menor cotação dos últimos oito meses. Hoje já está custando cerca de R$ 5,15, um aumento de 3%. Já o barril de petróleo rompeu a barreira dos US$ 110, com a maior alta em sete anos.
Ainda assim, o setor aéreo segue em franca recuperação, especialmente no mercado doméstico, que se aproxima dos níveis pré-pandemia. A Azul, por exemplo, divulgou que atingiu o recorde histórico de receita no último trimestre de 2021. Já Gol e Latam seguem disputando a liderança do mercado doméstico, quase empatadas no número de passageiros transportados em janeiro de 2022.
Já o mercado de viagens internacionais só deve se recuperar plenamente em 2024, de acordo com estimativas da IATA. Mas as restrições causadas pela pandemia de Covid-19 estão cada vez menores, o que deve impulsionar o setor.
Companhias aéreas enfrentam restrições no espaço aéreo
Além da alta no preço do combustível de aviação, as companhias aéreas internacionais estão enfrentando restrições para o uso do espaço aéreo na região do conflito, aumentando o tempo de voo em centenas de rotas. Um voo entre Moscou e Istambul, na Turquia, por exemplo, está levando quase 50% mais tempo do que o normal, por conta dos desvios de rota para evitar o espaço aéreo ucraniano e as zonas de restrição. Isso aumenta o consumo de combustível e reduz a eficiência de utilização da aeronave e dos tripulantes.
Vale lembrar que os voos entre o Brasil e a Europa não foram afetados, já que as rotas não envolvem nenhuma zona de restrição.
O Reino Unido e alguns países da União Europeia suspenderam temporariamente voos para a Rússia. Também proibiram companhias aéreas russas, como a Aeroflot, de utilizar seu espaço aéreo ou de operar voos para suas cidades, juntamente com os Estados Unidos e o Canadá, levando ao cancelamento de centenas de voos.
Além disso, o embargo econômico será catastrófico para as empresas aéreas da Rússia, que terão que encerrar contratos de leasing de aeronaves no prazo de 30 dias. Para completar, Airbus e Boeing anunciaram que vão suspender temporariamente o suporte de manutenção para aeronaves na Rússia…