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Geórgia e Armênia: Uma viagem por monastérios e vinhos entre Europa e Ásia

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26/06/2018 às 11:13

Geórgia e Armênia: Uma viagem por monastérios e vinhos entre Europa e Ásia

Geórgia e Armênia são duas ex-repúblicas soviéticas localizadas no Cáucaso, uma região tão bonita quanto (ainda) desconhecida no mundo. Geograficamente na Ásia e culturalmente na Europa, ambos os países guardam semelhanças e diferenças sutis entre si. Somente uma viagem com calma por suas belas paisagens, conhecendo a história e explorando a rica culinária local é capaz de dar o devido valor a esses destinos que, pouco a pouco, começam a ganhar espaço nos melhores roteiros turísticos.

Embarque com a gente em um surpreendente passeio pelas capitais Tbilisi (Géorgia) e Yerevan (Armênia), descobrindo lugares únicos e responsáveis por importantes legados para a humanidade, como o cristianismo, o vinho, o System of a Down e a Kim Kardashian! 🙂

Vista de Yerevan, capital da Armênia, com o Monte Ararat ao fundo

Como chegar

Geórgia e Armênia estão mais próximas do que você imagina. A capital georgiana Tbilisi é facilmente acessível via Istambul, em voos de aproximadamente duas horas de duração. Aproveitar passagens baratas para a Turquia e de lá seguir com uma low cost costuma ser a opção mais em conta, com voos a partir de U$100 ida e volta (dependendo do período). Promoções também são cada vez mais comuns saindo de outras capitais europeias e do Oriente Médio, especialmente Doha e Dubai, que possuem voos diretos tanto para Yerevan quanto Tbilisi.

Além disso, Geórgia e Armênia também são bem conectadas internamente por voos, ônibus (5h-6h de duração) e até mesmo um trem antigo da época da União Soviética, o que facilita bastante o transporte entre as duas cidades.

Turistas brasileiros não precisam de visto por até 180 dias na Armênia e inacreditáveis 365 dias na Geórgia!

Geórgia

Kartlis Deda, Tbilisi (Geórgia)

A história do vinho é imprecisa, já que a bebida foi criada antes mesmo da escrita. Mas estima-se que em algum lugar nas montanhas da Geórgia entre 8000 a.C. e 5000 a.C., um fazendeiro descuidado acabou esquecendo um punhado de uvas amassadas dentro de um recipiente. Com o tempo, as frutas sofreram fermentação, exalando um aroma típico que chamava a atenção de quem passava por perto. Alguém não resistiu e resolveu experimentar – glup! O resultado você pode conferir hoje, na sua taça.

Não à toa, o símbolo do país é a Kartlis Deda (“Mãe dos Georgianos“, no idioma local), visível de todos os lugares da capital Tbilisi. A mensagem é clara: Para os amigos, vinho. Para os inimigos… a espada.

Mas de olho na União Europeia, a Geórgia faz a política da boa vizinhança e mantém boas relações com todo o mundo. Aliás, os valores de terras e propriedades são bem baratos por aqui, fazendo de Tbilisi uma cidade cosmopolita, com bastante investimento estrangeiro e cobaia de experimentos que fazem jus à alcunha de “paraíso dos arquitetos”. Construções futurísticas como o Teatro & Centro de Exposições do Parque Rike e a Ponte da Paz já se tornaram cartões-postais, desafiando os sensos estéticos mais puristas e incentivando novos empreendimentos no mesmo estilo.

Passear pelo Centro Antigo de Tbilisi é uma agradável caminhada que mistura o novo ao tradicional, mostrando que a capital georgiana pode sim ser moderninha sem perder sua identidade. Não deixe de embarcar no teleférico até a estátua, com uma linda vista lá de cima. Perca-se pelas ruelas e labirintos que revelam igrejas ortodoxas, feirinhas, cafés, e é claro, muitas adegas pelo caminho.

Uma curiosidade interessante é que o nome oficial do país na verdade é “Sakartvelo”, como era chamado antigamente na língua local. O nome “Geórgia” é fruto da imaginação dos viajantes que cruzavam a Eurásia no passado e se encantavam com a devoção do povo a São Jorge, até hoje o padroeiro da nação.

E caso você esteja se perguntando, o nome do estado americano da “Geórgia” também é apenas uma coincidência 🙂

Uma viagem por uma ex-república soviética não está completa sem levar algumas lembrancinhas para casa. Melhor ainda quando elas são relíquias históricas a preços bem acessíveis! O mercado de pulgas de Tbilisi é o lugar certo para fazer suas “aquisições culturais”. Por lá é possível encontrar uma infinidade de medalhas, moedas, uniformes, estatuetas, penduricalhos e até mesmo documentos reais do período comunista – está tudo à venda! A visita vale muito a pena, nem que seja para fotografar os objetos que são parte do passado recente do país. Caso queira comprar algo, não esqueça de pechinchar!

Mercado de pulgas de Tbilisi (Dry Bridge Market) – aberto todos os dias, fica melhor aos sábados!

Quando a fome apertar, passe no centrinho novamente para explorar a fantástica culinária georgiana. Há restaurantes por toda parte – alguns até temáticos -, oferecendo diversos pratos locais, como o tradicional Khinkali, pasteizinhos cozidos recheados com carne ou queijo.

Mas a gastronomia local reserva muito mais! O grande destaque vai para o Khachapuri em suas mais diversas variações. O prato é uma combinação perfeita de uma massa deliciosamente macia com recheio caprichado de queijo. O Acharuli Khachapuri é uma das versões mais famosas, em forma de gôndola normalmente servido com ovo cru e manteiga. Já a Imeruli Khachapuri consegue unir o melhor dos mundos: pizza e pão de queijo.

A proximidade com a Turquia faz com que a culinária georgiana sofra algumas influências de seu vizinho, especialmente em relação às sobremesas. Docinhos turcos e a famosa bakhlava já fazem parte dos cardápios da Geórgia.

Khachapuri, o prato mais típico da Geórgia

Para ficar ainda melhor, acompanhe suas refeições com o inigualável vinho georgiano. Todo restaurante oferece o vinho da casa, e é possível encontrar bons exemplares até mesmo nos supermercados. Se estiver em busca dos melhores vinhos, vá à adega Wine Gallery, quase escondida em uma rua residencial da cidade. A variedade de bebidas é imensa, com garrafas disponíveis para todos os gostos e bolsos. A degustação é permitida. No andar de baixo, barris armazenam o precioso líquido que pode ser comprado até mesmo como refil, em garrafas plásticas a partir de US$ 2!

Adega Wine Gallery, em Tbilisi. Garrafas de vinho a partir de 2 dólares!

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Armênia

Coincidentemente a Armênia também possui uma estátua símbolo para chamar de sua: trata-se da “Mãe Armênia“, bem menos sorridente e com apenas uma espada nas mãos, sem o vinho.

A razão de tamanha seriedade pode ser explicada na história do país, o primeiro do mundo a adotar o Cristianismo como religião oficial, ainda no ano 301. A crença foi uma das razões pela qual se tornaram vítimas de um dos maiores massacres da humanidade: o Genocídio Armênio. Uma ação sistemática de extermínio comandada pelo Império Otomano (atual Turquia) entre 1915 a 1923, resultando na morte de aproximadamente 1,5 milhão de armênios.

O conflito causou uma verdadeira diáspora de população, gerando uma grande comunidade de descendentes ao redor do mundo (a socialite Kim Kardashian e os membros da banda System of a Down são alguns deles). A Turquia até hoje não assumiu a responsabilidade, um impasse diplomático que perdura entre os dois países e mantém as fronteiras fechadas. Há também uma grande rivalidade pela área fronteiriça ao redor do Monte Ararat, onde especula-se que teria aportado a Arca de Noé, narrada na Bíblia.

O Brasil reconheceu o Genocídio Armênio em 2015. Desde então somos isentos de visto para o país.

Devido a uma disputa territorial com o Azerbaijão, a fronteira com o país vizinho também é fechada, transformando a Armênia na única nação do mundo a ter duas fronteiras bloqueadas! Embora não seja possível entrar na Armênia via Turquia ou Azerbaijão, as fronteiras com a Geórgia e Irã seguem abertas.

A lembrança do trágico evento é constante e transformou o Memorial do Genocídio Armênio (Tzitzernakaberd) na principal atração da capital Yerevan. O monumento é aberto a visitação o ano todo, e costuma lotar no dia 24 de abril, data que marca o início do massacre. Ao contrário do que possa se pensar, o ambiente não transmite tristeza, mas sim paz e esperança, com a presença de uma chama eterna simbolizando a continuidade do povo. Muitos visitantes depositam flores em homenagem às vítimas e é permitido fotografar, desde que de maneira respeitosa.

Fora dali, a capital é vibrante. A gigante Praça da República é o ponto principal da cidade, rodeada de inúmeros cafés – uma paixão nacional -, onde se reúnem boa parte dos jovens que ainda não deixaram o país em busca de melhores oportunidades de trabalho.

Embora seja um país seguro e urbanizado, a Armênia ainda é um país pobre e com salários bem abaixo da média mundial. A falta de perspectivas faz com que a população mais jovem escolha imigrar para outros destinos na Europa. Estivemos por lá no dia em que o Primeiro-Ministro cedeu à pressão popular e renunciou, o que levou uma multidão às ruas para celebrar a conquista e exaltar o “orgulho de ser armênio”.

Se por um lado Yerevan tinha milhares de manifestantes promovendo passeatas e buzinaços, nos arredores do centro da cidade (ou “Kentron“, como costumam chamar) o comércio funcionava normalmente. Ao redor as principais atrações são a Casa da ÓperaPraça da Liberdade e o Parque Lago dos Cisnes.

Lada, o lendário carro soviético ainda presente nas ruas da Armênia, com o Monte Ararat ao fundo

Por toda a cidade encontram-se bonitas igrejas, como a Catedral de São Gregório e outros templos apostólicos, formando a Igreja Nacional da Armênia. Dentre outras diferentes práticas, eles têm o seu próprio líder (ao invés do Papa) e celebram o Natal no dia 6 de janeiro.

O interior montanhoso possui bonitas paisagens rurais, quase sempre acompanhadas de neve e ovelhas. Mas o destaque vai para as centenas de monastérios espalhadas pelo país. Em especial o Khor Virap, a pouco mais de 40 km da capital. O lugar ficou conhecido por ter sido a prisão de São Gregório, o Iluminador, padroeiro da Armênia e responsável pela conversão da nação a fé cristã, antes mesmo de Roma. A maneira mais fácil de chegar é de táxi, quem se dispor a ir será presenteado com uma vista estonteante do Monte Ararat.

Khor Virap, o monastério mais famoso da Armênia

Mas não se deixe enganar pelos templos religiosos, a Armênia também pode ser o lugar certo para praticar o terrível pecado da gula. Começando pela basturma, uma tentação em forma de comida: carne seca temperada com alho, cominho e outros condimentos, proporcionando um sabor forte e marcante que combina com absolutamente tudo, desde simples omeletes e sanduíches a pratos mais refinados. O Cafe Basturma é o lugar ideal para prová-la.

Os restaurantes armênios em geral são ótimos, mas quem procura o melhor custo-benefício deve ir direto no Tavern Yerevan, frequentemente apontado como o melhor restaurante da cidade. É difícil acreditar, mas os melhores pratos do menu não custam mais que U$3 e são deliciosos. O Putuk é uma curiosa sopa de carne levada ao forno com uma capa crocante que lembra a casquinha dos empadões brasileiros. A Tolma é imperdível, com recheios de vegetais ou carnes embalados em folhas de uva. De sobremesa, a Gatah é o que de melhor a culinária armênia sabe fazer com ingredientes simples como manteiga e açúcar. O vinho também é a bebida nacional por aqui e marca presença nos cardápios, mas se puder experimente o Tan, “a segunda bebida nacional”, refrescante e feita a base de iogurte.

Burek recheado de basturma acompanhado de taças de Tan

Embora tenham suas próprias iguarias, é interessante notar que Armênia e Geórgia já foram invadidas por diversas redes de fast food, sendo muito fácil encontrar comida italiana, árabe, grega e asiática literalmente em qualquer esquina.

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Melhor época para visitar

– “Você quer brincar na neve?” Rodeadas de montanhas, as capitais da Geórgia e Armênia absorvem a temperatura e podem deixar o clima em pólos extremos, dependendo da estação. No inverno os termômetros facilmente chegam a valores negativos, enquanto no verão o calor pode ser desagradável, com máximas de até 40ºC entre julho e agosto.

A melhor época para visitar tanto Tbilisi quanto Yerevan é na primavera (maio a junho) e no outono (setembro a outubro), quando o clima está perfeito, nem tão quente ou tão frio, permitindo passear com mais conforto pelas cidades.

Uma típica estrada do interior da Armênia durante o inverno

Segurança

Os nomes “Geórgia” e “Armênia” podem despertar algum receio em quem acompanhou as notícias da década de 90, onde ambos os países lutavam por territórios remanescentes após a dissolução da União Soviética. Embora algumas disputas não tenham sido inteiramente resolvidas, o clima de instabilidade nos dias atuais é mais político do que bélico. Mesmo com as respectivas crises econômicas e altos índices de desemprego, Geórgia e Armênia não registram aumentos na criminalidade e são destinos considerados seguros, recomendando-se apenas as precauções básicas.

Desembarcamos em ambos os países durante momentos delicados. Na Armênia, o país estava de luto em memória aos 103 anos do genocídio (24 de abril), data que em 2018 coincidiu com a renúncia do primeiro-ministro do país, tranformando as ruas em palcos de grandes manifestações. Já na Geórgia, em maio, os jovens foram às ruas em protesto ao fechamento de casas noturnas e também exigiam a saída do premier.

Apesar das aglomerações e fechamento de vias, não vimos nenhum excesso por parte dos manifestantes, que mesmo insatisfeitos, mantiveram-se em seu direito democrático sem causar prejuízos ao bem público ou confrontos com a polícia.

Dicas da Geórgia e Armênia

– Não se restrinja somente as capitais. Visite os magníficos monastérios no interior da Armênia, bem como o belo litoral da Geórgia, especialmente a cidade de Batumi, banhada pelo Mar Negro.

– A falta de proficiência em inglês é um problema de ambos os países, mesmo entre os mais jovens. Espere por situações cômicas onde mímicas e dicionários online serão a melhor solução. O russo, no entanto, é praticamente a segunda língua. Se você souber o básico, conseguirá se virar bem.

– O passado soviético não é um tabu e pode ser discutido livremente – a herança cultural está em toda parte. Note, no entanto, que georgianos são mais progressistas e sonham em entrar para a União Europeia, enquanto armênios tendem a falar dos tempos da ex-URSS com certa nostalgia.

Os georgianos já nascem sabendo o que querem…

– Geórgia e Armênia estão entre os países com o maior número de fumantes no mundo e as leis antitabagistas ainda não pegaram. Quem tem problemas com a fumaça deve sempre ficar em espaços abertos e optar pelo lado externo dos restaurantes, por exemplo.

– O custo de vida é barato em ambos os países e se reflete nos preços baixos de hotéis e restaurantes. Entretanto, a Geórgia é ligeiramente mais cara que a Armênia, com custos em torno de 15-20% a mais do que o país vizinho.

– Tbilisi possui uma vida noturna bem agitada, recebendo diversos festivais de música europeus e com uma ampla disponibilidade de bares e baladas. Já Yerevan é mais pacata e combina com passeios sem pressa durante o dia.

– Apesar das diferenças culturais, georgianos e armênios possuem em comum a fé cristã e a paixão pelo vinho. Caso seja abstêmio, melhor repensar 🙂


E você, já visitou a Geórgia e a Armênia ou tem planos de viagem? Deixa seus dicas nos comentários!

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