Fusão com a Gol poderá deixar as passagens aéreas mais baratas, diz CEO da Azul

A possível fusão entre a Azul e a Gol parece mesmo ser apenas uma questão de tempo. E, se o mercado olha com dúvidas para essa junção, afinal, ela vai reduzir a concorrência e criar um duopólio (o que normalmente vem com um aumento nas passagens aéreas), o CEO da Azul vai na contramão. Para ele a fusão pode fazer o preço das passagens diminuir.

Em entrevista ao site do Estadão, John Rodgerson afirmou que, se a negociação for concretizada, Azul e Gol formarão uma “empresa aérea brasileira que pode concorrer com qualquer um”, e que essa fusão poderá até baratear as passagens aéreas.

“É bem possível a passagem ficar mais barata. A fusão vai trazer mais oferta, pois vamos colocar os aviões que estão parados para decolar. E uma das determinantes de preço é sempre a oferta no mercado. Portanto, se nós botarmos mais oferta no mercado, o que vai acontecer? O preço da passagem aérea cai!”

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O discurso pode até ser bonito, já que é isso que diz a lei da oferta e da procura, mas sabemos que não é isso que acontece em casos de fusão. Afinal, com Azul e Gol juntas dominando cerca de 60% do mercado nacional, elas podem controlar o preço das passagens.

Com a fusão, as duas companhias passarão a fazer parte do mesmo grupo e a coordenar malhas e tarifas. Devemos lembrar ainda que ao menos parte das rotas e das bases redundantes serão eliminadas para cortar custos e atender às prováveis exigências regulatórias que devem ser impostas para a aprovação do negócio. Ou seja, ao contrário do que diz Rodgerson, a tendência é que a oferta de voos dominua com o fim da concorrência entre Azul e Gol.

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) ainda precisa aprovar a fusão, e uma das preocupações do órgão é justamente a sobreposição das rotas (principalmente em Recife, Belo Horizonte, Salvador e na ponte aérea São Paulo (Congonhas) – Rio de Janeiro (Santos Dumont), e o possível aumento do preço das passagens.

Segundo o CEO da Azul, eles já estão em contato com o Cade e o Governo para mostrar os benefícios da fusão. “A concentração de mercado é muito maior em outros países, como Chile, Canadá, Colômbia, Peru e França, acima dos 60%. O país (Brasil) tem suas particularidades com o combustível mais caro do mundo e a falta de acesso ao crédito, que são o câncer do Brasil. Então, quando falamos com o governo, a gente cita essas coisas. E o governo quer a mesma coisa que nós. Um Brasil que cresce e que tem mais empregos”, afirmou o CEO da Azul.

Para Rodgerson, “a fusão entre Azul e Gol deve gerar mais conectividade entre a malha, com a Gol operando em grandes cidades e a Azul com voos para as cidades mais interioranas”. Um exemplo seria um passageiro saindo de São Paulo para Caruaru. “Ele pegaria um voo de São Paulo para o Recife pela Gol e depois pegaria um voo do Recife para Caruaru pela Azul.”

Apesar de as companhias amargarem prejuízos, John Rodgerson diz que a “operação da Azul gera caixa e que está indo super bem”, mas voltou a culpar a alta do dólar pela dívida. “O investidor deve entender que esses prejuízos são puramente contábeis”, disse, acreditando que a fusão será a melhor coisa a acontecer para as duas empresas – e também para o mercado brasileiro.

“É uma oportunidade que existe para crescer o mercado brasileiro. A Azul pode andar sozinha, a Gol pode andar sozinha, nós fizemos isso desde 2014 e o mercado não cresceu, isso é um fato”, falou o CEO da Azul. “Acreditamos que juntos teremos habilidade para brigar mundialmente. Vamos criar uma empresa aérea brasileira que pode concorrer com qualquer um”.