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Fusão da Gol e da Azul deve impactar viajantes e empresas! O que podemos esperar?

Leonardo Cassol
16/01/2025 às 17:56

Fusão da Gol e da Azul deve impactar viajantes e empresas! O que podemos esperar?

Ontem a Azul e o grupo Abra, atual controladora da Gol, deram um importante passo para a fusão das empresas, com a assinatura de um acordo não vinculante.

A negociação, que pode ser concretizada ainda em 2025, terá impactos significativos para os viajantes e para o setor. Afinal, juntas, Gol e Azul transportaram mais de 57 milhões de passageiros em 2024, o equivalente a 61,4% do mercado doméstico brasileiro.

Confira a seguir o que podemos esperar dessa polêmica negociação:

Fusão vai reduzir a concorrência e criar um duopólio

A principal consequência para os viajantes é uma redução da concorrência, que terá impacto direto no setor e deve contribuir para um aumento ainda maior do preço das passagens aéreas. Teremos um duopólio na aviação nacional, ou seja, apenas duas grandes empresas competindo entre elas.

Mesmo que a Azul e a Gol continuem operando com marcas separadas, com a fusão elas passarão a fazer parte do mesmo grupo e a coordenar malhas e tarifas. É evidente que ao menos parte das rotas e das bases redundantes serão eliminadas para cortar custos e atender às prováveis exigências regulatórias que devem ser impostas para a aprovação do negócio.

Por mais que num primeiro momento as malhas aéreas da Gol e da Azul combinadas gerem uma melhor conectividade para os clientes das duas empresas, a não competição vai influenciar nos preços cobrados dos passageiros.

Juntas Gol e a Azul terão mais chances de sobreviver

Mas você pode estar se perguntando, se a fusão vai reduzir a concorrência e ter impactos importantes para o setor, por que ela pode ser aprovada?

A principal questão é que a atual situação financeira da Gol e da Azul é crítica, com um nível endividamento insustentável. Se uma das empresas quebrar, ou tiver que reduzir drasticamente as suas operações para sobreviver, o impacto para os consumidores também seria terrível. Provavelmente, pior que o da fusão.

Analisando o histórico do setor no Brasil, se de um lado a compra da Webjet pela Gol e da Trip pela Azul elevou as tarifas nas rotas em que as empresas eram concorrentes, do outro, as falências da Avianca Brasil e da Itapemirim tiveram impactos na mesma direção, e ainda causaram prejuízos para milhares de clientes que ficaram sem as viagens compradas.

Algumas cidades brasileiras serão mais impactadas

Um dos argumentos mais utilizados para justificar a fusão é que as malhas aéreas da Gol e da Azul são complementares e pouco conflitantes. O que é verdade! No entanto, isso não significa que não existam sobreposições.

Se o negócio avançar, haverá uma concentração excessiva de voos nas mãos do novo grupo em alguns aeroportos importantes. Os casos mais críticos são Recife e Belo Horizonte, atuais centros de operações (hub) da Azul, onde a Gol possui uma participação relevante. Nestes casos, o grupo controlaria mais de 80% dos voos em cada terminal.

Outros aeroportos onde teremos uma concentração preocupante do grupo seria no Galeão (Rio de Janeiro) e em Salvador, com mais de 70% de participação. Isso sem contar rotas importantes, como a ponte-aérea São Paulo (Congonhas) – Rio de Janeiro (Santos Dumont), uma das mais rentáveis do Brasil.

Veja que não estamos tratando de aeroportos regionais ou de rotas pouco relevantes. E sim a rota mais importante do Brasil e de terminais em quatro das dez maiores capitais do País.

Essa questão certamente será analisada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que pode até barrar a fusão ou determinar a cessão de slots (horários de pousos e decolagens) em aeroportos disputados, como Guarulhos e Congonhas, para eventuais novos entrantes, ou para a única concorrente, a Latam.

Custos elevados, judicialização e prejuízos sucessivos espantaram novos entrantes

Por muito tempo se acreditou que apenas a desregulamentação do setor aéreo no Brasil seria suficiente para atrair novas empresas e aumentar a concorrência no setor. Mas o fim do controle tarifário, a liberação da cobrança de bagagens e de capital estrangeiro nas empresas aéreas, por exemplo, não atingiram esse objetivo.

É claro que a pandemia atrapalhou e aumentou muito o endividamento das empresas aéreas. Mas ela não foi a única causa! Junte a instabilidade da economia brasileira, um setor que é considerado arriscado até nos países mais ricos do mundo, mais custos elevados e em grande parte atrelados ao dólar e receitas em reais. Já fica muito difícil dar certo, mesmo sem pandemia…

Portanto, se engana quem acredita que há uma fila de investidores interessados na Gol ou na Azul, ou em criar uma nova companhia aérea no Brasil. Infelizmente, não há!

Duas empresas de baixo custo que tem voos internacionais para o Brasil, a chilena JetSmart e a argentina Flybondi, já demonstraram algum interesse em realizar voos domésticos. Mas não fizeram nenhum movimento concreto, principalmente após constatarem os prejuízos bilionários que a Gol e a Azul vêm apresentando sucessivamente nos últimos anos.

Outra questão relevante no Brasil é o custo das aéreas com a ações judiciais. A legislação atual permite que as empresas sejam processadas até por atrasos e cancelamentos causados por questões climáticas. Esse e outros fatores fazem com que o país seja recordista mundial de ações judiciais, com o custo pago pelos próprios passageiros.

As empresas também reclamam muito do preço do combustível de aviação no Brasil, um dos mais caros do mundo segundo executivos do setor. A tributação elevada, o monopólio da Petrobras e os custos de distribuição são apontados como os principais responsáveis.

Fusão tem grande chance de ser concretizada, mas há desafios

As chances do negócio sair hoje são maiores do que de não sair. Mas, para avançar, alguns desafios precisam ser superados. O mais importante, é a recuperação judicial da Gol, que precisa ser concluída. Na sequência, as aprovações governamentais e regulatórias, que podem inviabilizar o negócio.

Devo me preocupar ao programar uma viagem e comprar uma passagem das duas empresas?

A notícia da fusão teve impacto imediato no preço das ações da Azul e da Gol e trouxe um novo gás para as empresas. Ou seja, o risco das empresas diminuiu.

Claro que ainda existe a chance do negócio não sair, mas nos próximos meses é pouco provável que tenhamos algum acontecimento drástico no setor.

O que vai acontecer com a Smiles e com o Azul Fidelidade?

Atualmente, os dois programas de fidelidade são diretamente vinculados às suas respectivas empresas aéreas. Portanto, se as empresas forem mantidas separadas, há grandes chances dos dois programas também seguirem assim.

Antes do negócio ser concluído, é pouco provável que ocorram mudanças, como a liberação do uso de milhas de uma empresa para resgatar passagens na outra.

Passagens aéreas devem seguir caras nos próximos meses

Os preços das passagens aéreas está elevado e não é por culpa da fusão. De um lado, temos aeroportos e aviões cheios. Do outro, uma limitação da oferta de assentos, causada por atrasos na entrega de novas aeronaves e problemas na cadeia de fornecimento de motores e peças.

Além disso, os custos para as companhias aéreas seguem elevados, devido à expressiva alta do dólar e do preço combustível de aviação, sem contar o aumento da taxa de juros, que encarece o financiamento das empresas.

Infelizmente, o cenário deve seguir assim em 2025, sem perspectiva de uma melhoria expressiva.

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