Especial: Roadtripping nos Estados Unidos – cruzando o país dentro de um carro
Especial: Roadtripping nos Estados Unidos – cruzando o país dentro de um carro
Quem nunca sonhou em cruzar as lendárias rodovias dos Estados Unidos descobrindo paisagens, lugares e personagens em uma verdadeira roadtripping? Pois bem, a jornalista Isabela Rios decidiu realizar este sonho e vai compartilhar os detalhes desta aventura com todos os leitores do Melhores Destinos! Foram sete dias na estrada, de Nova Iorque a São Francisco, passando por Charlotte, Atlanta, New Orleans, Dallas, Oklahoma, Albuquerque, Phoenix, San Diego e Los Angeles. Este é o primeiro da série de posts especiais sobre esta viagem, que certamente será de grande utilidade para os que planejam fazer uma trip parecida ou até servir de inspiração para quem nunca pensou a sério no assunto. Sempre é tempo de pegar as malas e por o pé na estrada!
Como tudo começou
Admito que viajar de avião é mais prático e rápido. Mas existe algo especial em entulhar um carro, ligar o rádio no último volume e imaginar as mais lindas paisagens passando pelas janelas, abertas – cabelos ficam ao vento. Tudo isso se passou pela minha mente ao comparar com o ar condicionado do avião. Foi quando resolvi embarcar na boa e velha roadtrip.
A ideia surgiu da vontade de me aventurar em uma viagem que passasse pelo maior número de lugares possível, gastando pouco das minhas economias e aproveitando, óbvio, cem por cento do tempo disponível – inclusive os fusos horários.
Para alguém que nunca tinha passado mais de seis horas dentro de um carro, olhar o mapa dos Estados Unidos e traçar uma linha que cruzasse o país só aumentou as expectativas. Afinal, quem nunca invejou, pelo menos um pouco, a loucura exagerada de Caindo na Estrada, do diretor Todd Phillips, ou a história de Che Guevara em Diários de Motocicleta?
Com o objetivo de fugir do inverno nova-iorquino, os destinos seriam o sul do país ou a ensolarada Califórnia, que mesmo no inverno ainda é menos congelante que a costa leste americana. A decisão: ambos. Começando por Nova Iorque, cruzei os Estados Unidos, em sete dias, finalizando em São Francisco – CA.
Ideia pronta, hora de botar em prática
Destino traçado, o passo seguinte foi comprar um mapa de rodovias e decidir quais seriam as paradas no meio do caminho. Não à toa, a atenção era voltada para os pontos de interesse: as principais cidades de cada estado e o tempo entre uma parada e outra.
Rota
New York – Washington D.C. – Charlotte, NC – Atlanta, GA – Troy, AL – New Orleans, LA – Dallas, TX – Oklahoma City, OK – Albuquerque, NM – Phoenix, AZ – San Diego, CA – Los Angeles, CA – San Francisco, CA.
12 cidades – 3.902 milhas ou 6.279 km.
Agenda a postos
Para por o pé-na-estrada, só faltava o cronograma. Para quem não liga para uma pequena bagunça, ou seja, não é metodicamente organizado, esta é a parte mais chata do pré-viagem. O jeito é ter paciência e investir tempo: o cronograma é uma parte essencial para que tudo dê certo. É importante anotar todas as cidades, horários de chegada, tempo de viagem de um lugar a outro, “turistar” em cada cidade e, não esquecer de que uma boa noite de sono é extremamente necessária, reservando tempo e local para isto. O que define o próximo passo do planejamento – e não são os hotéis.
Após horas escrevendo, apagando e quebrando a cabeça para encaixar os horários de funcionamento das atrações, tempo de viagem e pelo menos seis horas de sono todos os dias, ainda não é hora de procurar hotel.
Atração principal: o carro
Tem que ser seguro, confortável e com o modelo ideal para este tipo de viagem. Acredite: evita dor de cabeça e arrependimento no meio ou fim do percurso.
Como tudo nos Estados Unidos, é possível economizar grana se tiver tempo disponível para pesquisar. Após gastar algumas horas visitando sites de locadoras por aqui, tive a curiosidade para pesquisar se empresas brasileiras alugavam carro em outros países e descobri que sim. Locadoras de várias partes do mundo tem convênios entre si – o que facilita a vida de turistas. Para minha sorte, minha companheira de roadtrip era alemã e achamos o acordo ideal entre carros e preços em uma empresa alemã associada com a americana National. O valor ficou em média 50% mais barato do que ficaria direto nas locadoras do país, mas tem um detalhe: esta associacão só funciona para estrangeiros, o preço aumenta para nascidos nos Estados Unidos e o passaporte é exigido na hora de fazer a retirada do carro.
Detalhes do nosso veículo:
Ford Explorer SUV 2012
Posso dizer que para a viagem foi perfeito o tamanho, gasolina e painel eletrônico. Desde o teto solar para o calor sudoeste até o aquecedor nos bancos enquanto congelávamos em Oklahoma.
Preço: US$192 5 dias de aluguel do carro + US$ 250 de taxa de devolução do carro em outra cidade (Todas as locadoras cobram essa taxa se você for devolver o carro em outro lugar). Como não seria possível fazer o caminho inverso, a viagem terminou com um voo de São Francisco para Nova Iorque.
Dicas: – Não esquecer de verificar as condições do carro na hora da retirada. Olhar detalhes, duas ou três vezes é a garantia de não ficar parado no meio do caminho esperando um mecânico. Temos a tecnologia à disposição. Por quê não aproveitar? O GPS foi o melhor amigo na viagem e nos livrou de mapas confusos além de trânsito perto de cidades grandes.
Hora do descanso é hora sagrada
Uma roadtrip não é como o fim de semana na casa da praia com os amigos, quando você não dorme nenhuma noite, descansa durante o dia e recupera o sono perdido no domingo. É importante e responsável saber que para dirigir horas e horas seguidas é preciso estar descansado e bem fisicamente para não colocar a sua vida e de outras pessoas em risco.
Com o cronograma definido é hora de procurar hotéis, albergues e campings nas cidades onde irá passar as noites. A dica é não ficar preso aos hotéis nos centros das cidades, caso o roteiro e os horários permitam, as interestaduais americanas são repletas de bons e baratos motéis nas entradas das cidades grandes ou em cidadezinhas perto.
O caminho do dinheiro
Despesas básicas: gasolina (o maior gasto), comida, hospedagem, passeio e, claro, pelo menos um souvenir para lembrar da aventura. O segredo, como em toda viagem, é levar um pouco a mais, mas mesmo assim pensar duas vezes antes de comprar as coisas desnecessárias.
Se quiser deixar de lado os websites que calculam a gasolina, o jeito mais prático é o tradicional: calcule quantos litros o carro faz por quilômetro, qual a distância da viagem e o preço médio do combustível nas estradas. Não se esqueça de que o valor pode variar até um dólar nos EUA.
Comida é complicado para determinar custos. O que ajuda é decidir qual será o “nível” da alimentação. É possível passar todos os dias à base de fastood ou de restaurantes cinco estrelas, e ambos são fáceis de achar – mas aí aquela história de viagem barata fica pra trás.
Defina os principais passeios antes, pesquisando valores e horários de funcionamento. Não se contente com o básico e lembre da dica: sempre surgem coisas interessantes pelo caminho, ou seja, quebre seu porquinho pelo turismo.
Importante: nunca se esqueça das gorjetas. Elas devem ser no mínimo 15%. Além disso, os impostos dos produtos não estão no preço da etiqueta, eles são adicionados só no fim da conta. Isso vale para todo o país.
Finalmente, a bagagem
“Separe somente o que você realmente precisa, então leve metade das roupas e o dobro do dinheiro”, a famosa frase também vale para viagens de carro. Além da Universal Packing List (https://upl.codeq.info/), o importante é não esquecer de roupas e sapatos confortáveis pra dirigir, após oito horas dentro do carro faz muita diferença.
Uma mala grande com toda a bagagem e uma mochila com livros, guias turísticos, documentos e dinheiro facilita a vida na hora de descer do carro seja para comer, dormir, ou conhecer um lugar no meio do caminho.
No caso da minha roadtrip, o difícil foi não exagerar na hora de arrumar as malas, passaríamos por cidades grandes, interior, frio extremo e calor insuportável. Mas a dica é levar peças que podem ser usadas em diferentes condições se combinadas com uma jaqueta ou um shorts. Sacos de dormir são uma boa saída para acampar ou até mesmo para usar em alguns albergues – acredite, às vezes o cobertor oferecido não é suficiente.
Outros detalhes importantes são: kit de primeiros socorros, despertador, sacos plásticos e muita água. Para evitar as paradas a todo momento na estrada, dar uma passada em um supermercado para comprar bebidas, lanchinhos e doces para o caminho.
Dica: não esquecer de um cooler para manter líquidos e alimentos em uma boa temperatura.
Cantando na chuva?
Com medo de todos os fenômenos metereológicos no país é bom se prevenir e pesquisar sobre as temporadas de furacões e terremotos. Fique de olho na previsão do tempo. Lembrar do limpador de neve e de lanternas podem também podem tirar, literalmente, de uma fria.
Após rever a preparação e ouvir de todos o quão divertida será a sua viagem hora de embarcar, dessa vez no carro.
*Isabela Rios é primeiro apaixonada por viagens e segundo pelo jornalismo. Paulista por inteiro mas com a vida e o coração em New York onde aproveita o tempo para conhecer tudo sobre a cidade e sobre o novo país, realizando sonhos e viagens inesquecíveis. Escritora compulsiva e louca por esportes. No Twitter é @isabelarios.
Não perca no próximo post o início desta jornada e acompanhe com a gente toda a viagem fantástica da Isabela pelas estradas norte-americanas!