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Exclusivo: Diretor da Delta fala sobre retomada dos voos, parceria com a Latam e o futuro da aviação

Leonardo Cassol
19/09/2020 às 5:30

Exclusivo: Diretor da Delta fala sobre retomada dos voos, parceria com a Latam e o futuro da aviação

Hoje eu entrevistei o Diretor da Delta Airlines para o Brasil, Fábio Camargo, que falou com exclusividade para o Melhores Destinos sobre a retomada dos voos da empresa para os Estados Unidos, o que mudou na jornada dos passageiros do aeroporto até o avião, da aprovação da parceria comercial com a Latam pelas autoridades brasileiras e sobre o futuro da aviação no pós-pandemia.

A entrevista foi feita por videoconferência. Notem que o entrevistado utilizou como fundo de tela um filtro bem legal da nova cabine Delta One (classe executiva no modelo suíte) que vai começar a operar no Brasil em outubro, com a retomada dos voos entre São Paulo e Nova York. Foi um bom bate-papo, com novidades que você confere a seguir.

Melhores Destinos: Como estão as operações da Delta hoje? Há uma previsão de retomar a rota São Paulo x Nova York e os voos para o Rio de Janeiro ?

Fábio Camargo (Delta): Globalmente a Delta não parou. Tivemos que suspender os voos em vários mercados, por força da regulação, e ficamos 4 meses sem operar no Brasil. Mas em julho retomamos os voos para Atlanta, nosso maior centro de operações que conecta as pessoas a 240 destinos, e desde então estamos ampliando as frequências. Em outubro planejamos retomar os voos de São Paulo para Nova York usando o Boeing 767, com uma cabine renovada. Na classe executiva, é a mesma cabine da Delta Suites, que temos no Airbus A350, com a diferença que a porta não fecha por completo. E em dezembro planejamos retomar o voo de Atlanta para o Rio de Janeiro.

MD: Qual o perfil do público que tem viajado com a Delta atualmente, em meio à pandemia? E como está a ocupação dos voos?

Fábio Camargo (Delta): É um perfil não corporativo, diferente do tradicional. Parte por viagens essenciais, seja por questões de saúde, compromissos ou visitas familiares, ou pessoas que estão se reencontrando, além do lazer tradicional, para quem pode entrar nos Estados Unidos hoje. Tem o americano vindo para o Brasil também, e um aumento de viagens de pequenos negócios. As grandes empresas ainda estão retomando os compromissos corporativos.

A ocupação dos voos está em linha com o que estávamos esperando. Ainda não estamos cheios, mas segue dentro do previsto. Por isso optamos por uma retomada gradativa da oferta. Já a demanda pelo transporte de carga está muito alta, já que o mercado está com uma oferta reduzida de voos. Os porões estão cheios.

MD: O que mudou na jornada dos passageiros da Delta no aeroporto, embarque e desembarque? E o serviço de bordo, sofreu mudanças?

Fábio Camargo (Delta): As mudanças na Delta podem ser agrupadas em três áreas: espaços mais limpos, mais espaço para os passageiros (distanciamento social) e um serviço mais seguro. Falando da limpeza, compramos pulverizadores eletrostáticos, cuja tecnologia garante que o agente químico vai aderir às superfícies, desinfectando completamente as aeronaves. Temos esses aparelhos em todos os 240 aeroportos que estamos operando, e o procedimento é feito em 100% dos voos, e não apenas na limpeza mais completa da madrugada, como era feito antes da pandemia. Entre outras medidas.

Também respeitamos um distanciamento mínimo em todos os aeroportos. Estamos embarcando os clientes de 10 em 10, do fundo da aeronave para a frente, além de muito cuidado no check-in e no desembarque. Um grande diferencial da Delta foi o bloqueio do assento do meio, que vai valer para todos os voos da empresa pelo menos até janeiro. Essa medida é polêmica, porque os estudos indicam que é seguro voar mesmo sem esse distanciamento, mas fizemos questão de oferecer um conforto adicional para os nossos clientes. Queremos que o passageiro se sinta não apenas seguro, mas muito seguro. Por isso, adotamos essa precaução adicional. Pode até ser um excesso de zelo, mas tivemos um retorno muito positivo dos nossos passageiros com esta medida. Nenhuma medida foi tão bem recebida como esta, por isso decidimos mantê-la até janeiro, apesar de ser uma prática não econômica para a empresa.

Por fim, redefinimos todos os procedimentos para reduzir o número de interações. Fazemos uma inspeção geral antes de cada decolagem. Redesenhamos o serviço de bordo para ele ficar mais seguro, mas sem abrir mão da qualidade, que já é uma marca registrada da Delta. Mudamos pratos, talheres, guardanapos, olhamos cada detalhe! O cliente pode escolher o que vai comer pelo nosso app, na véspera do voo. As bebidas não são mais servidas diretamente nos copos, mas entregues em porções individuais (com latinhas ou garrafas).

MD: É seguro voar hoje? 

Fábio Camargo (Delta): É super seguro voar! Isso já foi comprovado em inúmeros estudos. Lógico que a confiança do viajante vem com o tempo, mas o retorno que temos tido dos nossos clientes é excepcional, melhor até do que tínhamos antes da pandemia. Não estamos encarando isso como algo momentâneo. Nós criamos uma vice-presidência global de limpeza. Já temos mais de 100 estudos sobre esse tema.

A filtragem do ar na cabine, por exemplo, é muito eficiente, graças aos modernos filtros HEPA, os mesmos utilizados nos hospitais. Pegamos o ar mais puro que tem, que é o da grande altitude, filtramos ele, e renovamos completamente o ar da cabine a cada 3 minutos. Também temos trocado nossos filtros na metade do tempo recomendada pelo fabricante. Criamos uma atmosfera muito segura! Além disso, estamos com o maior programa de testagem de funcionários entre todas as empresas dos Estados Unidos (não apenas do setor aérea). Já testamos mais de 60 mil funcionários e a taxa de infeção da nossa tripulação de cabine é muito baixa, bem inferior à média da população. E os poucos que se contaminaram, é provável que não tenha sido nas atividades profissionais.

MD: A Delta foi uma das primeiras empresas do mundo a oferecer mais flexibilidade para a remarcação de passagens aéreas. Essa política será permanente?  

Fábio Camargo (Delta): nosso presidente global falou numa reunião em dezembro de 2019, antes da pandemia, de uma iniciativa da empresa para oferecer mais flexibilidade para os passageiros nos próximos anos. Isso nos permitiu sair na frente e já no começo da crise lançar políticas inovadoras, ampliando o prazo dos bilhetes e isentando taxas de remarcação. Recentemente tornamos permanente o fim das taxas de remarcação em voos domésticos. E vamos continuar isentando por mais algum tempo também em voos internacionais. Logicamente, em alguns casos o cliente vai precisar arcar com uma eventual diferença de tarifa. Mas deixamos tudo muito mais fácil para o passageiro.

MD: Podemos esperar por boas promoções de passagens aéreas?

Fábio Camargo (Delta): Vocês do Melhores Destinos acompanham de perto os preços das passagens e sabem que estão ocorrendo muitas promoções. E aqui na Delta quem optar por aproveitar agora para planejar as viagens para os próximos meses vai poder remarcar a passagem sem multa, caso necessário. Pode comprar que nós garantimos a remarcação se algo der errado!

O que determina o preços das passagens aéreas é a oferta e a demanda. Hoje é muito difícil prever como vão estar essas variáveis, mas até a reabertura das fronteiras é muito provável que continuem a aparecer boas oportunidades.

MD: Como você avalia a parceria comercial com a Latam até agora?

Fábio Camargo (Delta): Hoje ficamos super felizes com a aprovação da parceria comercial da Delta e da Latam pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) no Brasil, sem restrições. Foi um processo longo, que começou ano passado, quando a gente anunciou essa importante parceria. E estamos muito felizes com mais um passo conquistado.

Nunca estivemos tão perto como parceiros. As partes que não dependiam de aprovação já foram implementadas, como o compartilhamento de voos, parceria entre os programas de fidelidade e benefícios para passageiros frequentes. No Aeroporto de Guarulhos, mudamos do Terminal 2 para o Terminal 3, muito em função da nossa parceria com a Latam, para ficar no mesmo terminal que eles operam. Também mudados os horários dos nossos voos, que costumavam decolar por volta de 21h e passaram a sair um pouco mais tarde, por volta das 23h, para melhorar a conectividade com os voos da empresa.

MD: Como será a Delta no pós-pandemia? A visão de futuro permanece a mesma, de ser um gigante global?

Fábio Camargo (Delta): O norte não muda. A estratégia da Delta de manter participações acionárias importantes em parcerias aéreas como Aeroméxico, Air France-KLM, Virgin e Latam não mudou por conta da COVID-19. Mas ainda precisamos entender como a demanda vai se comportar face à evolução da pandemia, da vacina e da própria economia mundial, e como poderemos nos adaptar a esse novo cenário. Seguimos confiantes de que as pessoas continuarão querendo viajar no futuro e trabalhamos para oferecer a elas uma experiência boa e segura.

MD: A vacina para Covid-19 será o divisor de águas para a retomada do turismo, especialmente das viagens internacionais?

Fábio Camargo (Delta): A vacina vai ser o divisor de águas para a nossa sociedade. Vai facilitar muito, não só o setor aéreo, mas o mundo como um todo! Mas estamos preparados para não depender somente da vacina. Trabalhamos para conviver com esse cenário de incerteza e garantir uma operação segura para os nossos clientes, aprendendo e acompanhando seu comportamento.

MD: A Delta anunciou uma operação para levantar recursos utilizando o programa de fidelidade Skymiles. Há alguma mudança prevista no programa? 

Fábio Camargo (Delta): Estamos trabalhando para ter liquidez, caixa. E essa transação anunciada nos últimos dias é apenas mais um financiamento para dar conforto para a Delta manter as suas operações e uma boa posição de liquidez durante a pandemia. Neste caso, o Skymiles foi apenas a garantia data para esta operação. Nós não vendemos e não pretendemos vender o programa, e não há qualquer mudança prevista nele. Nem mesmo torná-lo uma empresa independente. É difícil falar sobre o futuro, mas foi apenas uma garantia apresentada para assegurar um empréstimo com condições melhores do que a que esta sendo oferecida pelo governo dos Estados Unidos. E esta operação mostrou como o mercado financeiro acredita no potencial da Delta, já que conseguimos mais recursos do que tínhamos planejado, com excelentes condições.

Além disso, vale destacar que nós prorrogamos os status dos passageiros no Skymiles até 2021, em função da pandemia. Também oferecemos extensões para os associados do Delta Sky Club.


É bom saber que a Delta segue confiante na recuperação do setor aéreo, apostando no mercado brasileiro e na parceria com a Latam!

Agradecemos ao Fábio Camargo pela entrevista e torcemos para que as restrições de viagem para brasileiros entrarem nos Estados Unidos sejam retiradas!

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