Desistiu! Embraer cancela projeto de avião turboélice e volta a citar modelo de maior porte
Desistiu! Embraer cancela projeto de avião turboélice e volta a citar modelo de maior porte
A Embraer anunciou hoje que desistiu de desenvolver um avião do tipo turboélice. Em conversa com investidores, o CEO da empresa, Francisco Gomes Neto, confirmou que o projeto foi encerrado: “a iniciativa do turboélice foi cancelada por nós. Não temos planos neste sentido atualmente”.
Em nota ao Melhores Destinos, a Embraer afirmou: “O desenvolvimento de um turboélice de nova geração está cancelado. A Embraer já havia informado ao mercado que só lançaria esse produto se conseguisse unir melhorias de desempenho, custo, confiabilidade e consumo de combustível. Infelizmente, com a tecnologia de motores disponível atualmente e as opções apresentadas pelos fabricantes de motores, isso não foi possível”.

É o fim da mais recente jornada da Embraer em torno de um modelo turboélice. O projeto nunca foi oficialmente apresentado, mas havia a expectativa de que isso poderia acontecer em 2023, e que a entrada em operação ocorresse entre o fim desta década e o início da próxima. A fabricante chegou a assinar cartas de intenção para mais de 250 unidades com várias companhias aéreas.
Com motores na parte traseira da fuselagem, a proposta envolvia um turboélice com entre 50 e 90 lugares, que aproveitaria boa parte da tecnologia e da configuração da sua bem-sucedida linha de jatos de primeira e segunda geração. Isso permitiria à Embraer acelerar o processo de desenvolvimento de sua nova aeronave.
A propulsão do avião seria à base de hidrogênio, com alternativa de adaptação para outros formatos de combustíveis.

A empresa já havia sinalizado, em junho, que o projeto estava engavetado, mas não havia mencionado, até hoje, o cancelamento definitivo. A única empresa que atualmente desenvolve turboélices é a ATR, cujas aeronaves são usadas no Brasil pela Azul.
O que é um avião turboélice?
As aeronaves turboélice, como o nome já sugere, funcionam a partir da propulsão gerada pelas hélices. É diferente dos modelos a jato (Airbus A320 e Boeing 737, por exemplo), que têm à frente do motor o Fan, uma espécie de ventilador gigante que absorve o ar para o movimento da aeronave.

Visualmente, a grande diferença é que o turboélice tem apenas a hélice, enquanto o avião a jato tem uma carenagem em volta do Fan.
Os turboélices geralmente são de pequeno e médio porte, como é o caso dos modelos fabricados pela ATR. Esse tipo de avião é ideal para rotas de curta distância, de menor demanda e para decolagens e pousos em aeroportos com limitações, por exemplo, no tamanho da pista.
A velocidade máxima de um turboélice gira em torno de 500 km/h – menor, portanto, do que a de um jato, que chega na casa dos 900 km/h. Esse desempenho pode variar para mais ou para menos, dependendo do modelo.
Embraer continua avaliando aviões maiores
O CEO da Embraer também afirmou que a empresa segue olhando para novos produtos, incluindo aviões de maior porte. No entanto, nenhuma novidade deve surgir no curto prazo.
“Estamos pensando para além de cinco e até mesmo 10 anos”, disse Gomes Neto. “Novos produtos podem ser aeronaves maiores do que o E195-E2”. O executivo também comentou que a companhia “está investindo em novas tecnologias” para projetos futuros.

A possibilidade de a Embraer explorar novos mercados surgiu em 2024. À época, o The Wall Street Journal afirmou que o projeto da Embraer para aviões maiores ainda estava em fase preliminar, envolvendo estudos de requisitos de carga e alcance e discussões com potenciais parceiros financeiros e industriais de vários países.
Com um novo projeto, a Embraer passaria a concorrer diretamente com o Airbus A320 e o Boeing 737, os dois aviões comerciais mais bem-sucedidos da história da aviação. Seria um passo, no mínimo, ousado, dada a dominância das fabricantes norte-americana e europeia no segmento de aeronaves de médio e grande porte.
Com informações de FlightGlobal e Air Data News
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