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Como funciona o embarque com biometria por reconhecimento facial nos aeroportos

Leonardo Cassol
25/08/2021 às 14:51

Como funciona o embarque com biometria por reconhecimento facial nos aeroportos

O Governo Federal quer utilizar a biometria por reconhecimento facial para tornar o processo de embarque nos aeroportos brasileiros mais ágil e seguro. A tecnologia permite checar as informações dos viajantes junto às bases de dados oficiais e que os passageiros entrem no avião sem precisar apresentar  documento de identificação ou cartão de embarque. Neste post explicamos passo a passo como funciona o embarque biométrico no Brasil e em outros países, que em poucos anos poderá revolucionar a experiência dos passageiros nos aeroportos do mundo inteiro.

Programa Embarque + Seguro

Em outubro de 2020, o Governo Federal começou a testar o embarque com o uso de reconhecimento facial e validação biométrica do passageiro junto às bases oficiais de governo no Brasil. O programa, denominado “Embarque + Seguro”, é uma iniciativa do Ministério da Infraestrutura, desenvolvido pelo Serpro (empresa de TI do governo), em parceria com a Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia.

Já foram feitos testes em voos comerciais de passageiros em sete aeroportos brasileiros: Florianópolis, Salvador, Santos Dumont (no Rio de Janeiro), Belo Horizonte, Congonhas (em São Paulo), Brasília e Ribeirão Preto, com a participação das principais companhias aéreas brasileiras. De outubro de 2020 até agosto de 2021, o programa foi testado por mais de 2.500 passageiros voluntários, em aproximadamente 150 voos.

A equipe do programa está avaliando indicadores como redução no tempo em filas, no acesso à sala de embarque e à aeronave, além dos custos de operação. A fase de testes se encerra em setembro, quando os resultados serão avaliados e será iniciada a implementação.

Como funciona o embarque com biometria por reconhecimento facial no Brasil?

O reconhecimento facial funciona comparando as principais características faciais (como distâncias entre os olhos ou ao longo do rosto) com as de uma imagem já capturada e armazenada, como a bancos de dados do governo.

Confira o passo a passo, válido durante o período de testes do Brasil:

  1. No momento do check-in no aeroporto, o passageiro é convidado a participar do Embarque + Seguro. Após concordar, ele recebe uma mensagem no celular solicitando autorização para a obtenção de seus dados, incluindo CPF e uma foto.
  2. O funcionário da companhia aérea, utilizando o aplicativo do Serpro, realiza a validação biométrica do cidadão, comparando os dados e a foto, tirada na hora, com as bases governamentais.
  3. A partir da validação, o passageiro fica liberado para ingressar ao embarque na aeronave, passando pelo ponto de controle biométrico, que faz a identificação por meio de reconhecimento facial, sem a necessidade de apresentar documento e cartão de embarque.

O aplicativo do Serpro vincula a foto do passageiro ao CPF dele, o que permite que, em tese, um novo cadastramento não precise ser feito nas próximas viagens. Mas isso vai depender de uma regulamentação que ainda vai ser aprovada.

A verificação da identificação biométrica é feita por checagem junto ao banco de dados da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), que possui cerca de 56 milhões de registros ativos. Outros bancos governamentais serão utilizados para ampliar o universo de dados, de acordo com o governo.

A solução permite a identificação precisa dos passageiros em poucos segundos e deve trazer ganhos na segurança, inteligência aeroportuária, eficiência operacional e logística. E ainda facilita o trabalho dos órgãos de fiscalização, como Polícia Federal, Anvisa e Vigiagro, que vão poder realizar a análise de risco dos viajantes com informações mais precisas.

“Em um futuro próximo, pretendemos ofertar um app inteligente que personalize a experiência do viajante, entregando comodidades, como o alerta sobre informações do seu voo e, ainda, guiando o mesmo até o seu portão de embarque de forma descomplicada”, destacou o superintendente de Digitalização de Governo do Serpro, Rafael Soto.

É possível que em algum momento o sistema passe a ser obrigatório para todos os viajantes. E que o passageiro consiga fazer todo o processo do próprio celular, sem precisar da validação de um funcionário da companhia aérea.

Alguns sistemas biométricos exigem a remoção de chapéu e óculos, ou um espaço maior entre os passageiros. Mas com a evolução da tecnologia essas limitações podem ser superadas.

De acordo com o governo, o programa também atende aos requisitos da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), garantindo a segurança das informações dos usuários. “Os dados que precisam ser utilizados para o embarque com reconhecimento facial não são compartilhados com terceiros. E o passageiro tem que assinar um termo de consentimento para o uso”, destacou o Serpro.

Como a biometria por reconhecimento facial está sendo utilizada em outros países?

Estados Unidos

American Airlines, Delta e JetBlue já realizaram testes com o embarque biométrico em alguns voos internacionais nos Estados Unidos. Além disso, algumas companhias aéreas internacionais, como a British Airways e a Lufthansa, também testaram a tecnologia em voos partindo dos Estados Unidos.

A Delta achegou a abrir um terminal biométrico no aeroporto de Atlanta, onde realizou testes de embarque e entrega da bagagem com reconhecimento facial. Além disso, também oferece entrada biométrica para suas salas VIP SkyClubs para passageiros qualificados, em parceria com o programa CLEAR.

Já a JetBlue oferece portões biométricos de embarque para alguns voos internacionais partindo de Nova York e planeja expandir seu programa de embarque biométrico para voos internacionais em outros aeroportos.

Nos Estados Unidos, o serviço de verificação de viajantes da Customs and Border Protection (CBP) usa os manifestos de voo (com dados das companhias aéreas) para gerar modelos biométricos das imagens históricas de viajantes. Tais modelos são construídos a partir de fotos que você enviou quando solicitou um passaporte ou de imagens capturadas em entradas anteriores nos Estados Unidos. Os modelos são armazenados temporariamente na nuvem privada virtual da CBP, antes do embarque.

Durante o embarque, uma câmera é usada para capturar a imagem facial, transmitida para o serviço da CBP, que tenta encontrar uma correspondência, retornando uma confirmação ou negativa para a companhia aérea. Se a identificação falhar, o processo tradicional de conferência física do documento de embarque é acionado.

As companhias aéreas e o governo ressaltam que não armazenam nenhuma foto no processo, apenas procedem a checagem em tempo real comparando com a base de dados.

Japão

Em Tóquio, o Aeroporto Haneda implementou recentemente a tecnologia biométrica para agilizar o processamento de passageiros com interações físicas reduzidas em alguns momentos da jornada de viagem. O novo sistema, chamado de “Face Express”, permite o embarque, controle de segurança e a entrega de bagagem utilizando reconhecimento facial, sem precisar mostrar o passaporte e o cartão de embarque.

De acordo com a administração do aeroporto, Haneda vai receber 98 quiosques de autoatendimento para check-in, 30 quiosques de registro biométrico, 104 dispositivos biométricos para entrega de bagagem, 17 portões de segurança automatizados biométricos e 42 portões de embarque automático biométrico.

Holanda

A KLM e o Aeroporto de Schiphol, em Amsterdã, já testaram o embarque com tecnologia de reconhecimento facial. O passageiro tinha acesso à aeronave por meio de uma porta especial, que fazia o reconhecimento de seu rosto, permitindo o embarque sem apresentar cartão ou documentos. O sistema fazia a digitalização do passaporte, do cartão de embarque e do rosto do passageiro em um quiosque, antes do embarque.

Usos da biometria facial no controle de fronteiras

A U.S. Customs and Border Protection (Alfândega e Proteção de Fronteiras do governo dos Estados Unidos) também quer implementar a tecnologia nos próximos anos para identificar quem entra e quem sai do país, bem como verificar vistos que passaram do prazo. Hoje são utilizadas as impressões digitais, um outro tipo de controle biométrico.

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O sistema funciona fotografando os passageiros que estão prestes a embarcar, cruzando as informações com os dados de visto e passaporte presentes no sistema. Por meio da tecnologia é possível verificar se o indivíduo está apto a sair ou entrar no país. Se houver algum problema como vencimento de visto americano, o sinaliza para as autoridades.

O serviço foi testado em 15 aeroportos espalhados pelos Estados Unidos em 2019 e 2020. Foram identificados cerca de 7 mil passageiros que ultrapassaram o tempo limite de permanência no país, além de mais de 650 mil viajantes sem documentação por barcos ou navios – mais do que o número de imigrantes ilegais por terra.


Hoje a aviação já é dependente de sistemas de informação que controlam quase todos os processos, da reserva da passagem até o desembarque. A biometria é um avanço bem-vindo e, se bem utilizada, poderá diminuir filas e facilitar o processo de embarque e o controle de segurança nos aeroportos.

A preocupação com a segurança dos dados coletados é importante, mas já existem soluções como o não armazenamento de dados que minimizam o uso indevido das imagens captadas.

E você, fica empolgado ou preocupado com o uso massivo da tecnologia na aviação? Comente e participe!

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