CEO da Latam diz que fusão entre Gol e Azul não é solução ideal e que aéreas já têm operações saudáveis


CEO da Latam diz que fusão entre Gol e Azul não é solução ideal e que aéreas já têm operações saudáveis
A possível fusão entre Azul e Gol tem gerado bastante discussão, e o presidente da Latam Brasil, Jerome Cadier, decidiu se pronunciar pela primeira vez sobre o assunto. Veja neste post alguns dos pontos abordados pelo empresário ao jornal O Globo.
Em entrevista à repórter Mariana Barbosa, da coluna Capital, o presidente disse que a fusão não é a solução ideal para os desafios financeiros da Gol e da Azul, já que operacionalmente elas vão bem e têm margem operacional maior que a da Latam. Também afirmou que confia no Cade para aplicar medidas que garantam a competitividade caso a fusão avance.
Intenção da fusão Gol-Azul
Segundo o CEO, ainda é cedo para afirmar qualquer coisa sobre o assunto com certeza. Até agora, o que se tem é um memorando de entendimento, ou seja, um documento que indica apenas a intenção de fusão.
Ele acredita que as autoridades reguladoras brasileiras vão analisar essa fusão com muito critério e, caso a junção das empresas aconteça, medidas para manter a concorrência deverão ser aplicadas.
“Não dá para imaginar qualquer formato de combinação de negócio que não venha com medidas de mitigação sérias e importantes”, disse na entrevista.

CEO da Latam Brasil, Jerome Cadier – Foto: Linkedin/ Reprodução
O preço das passagens pode subir?
Uma das principais preocupações dos passageiros é o impacto nos preços. O Ministro de Portos e Aeroportos já declarou que acredita que a fusão não deve levar ao aumento de preços, mas o presidente da Latam vê essa questão de forma mais cautelosa, por acreditar ser muito cedo para saber o impacto em preço nas passagens aéreas.
“Preço depende da competitividade. Se existir um impacto na capacidade de competir das empresas, isso vai se refletir no preço.”
Ou seja, o efeito sobre os preços ainda é uma incógnita e vai depender das regras que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) vai impor para a fusão acontecer sem prejudicar a concorrência.
A fusão é realmente necessária?
Outro ponto levantado pelo CEO da Latam é que a fusão pode não ser a solução ideal para os desafios financeiros enfrentados pela Azul e pela Gol. Ele argumenta que ambas as companhias têm uma operação saudável, mas passam por dificuldades financeiras ligadas à forma como suas dívidas foram estruturadas.
“O problema é com o acionista, não com a empresa em si, como às vezes se passa a impressão. E a solução para problemas de dívida não é necessariamente uma fusão, né? A meu ver, você resolve isso com reestruturação. Seja através de um Chapter 11 (espécie de recuperação judicial nos EUA), como a Gol, seja através da reestruturação que a Azul vem fazendo”, explicou à coluna.
Para ele, essas empresas poderiam resolver seus desafios sem necessariamente se fundirem. O empresário ainda destacou que o Brasil é forte no mercado de aviação.
“É por isso que eu acho que talvez o remédio fusão não seja exatamente o mais adequado para o problema. Eu não vejo nenhum risco dessas empresas quebrarem. Os ativos da Azul, da Gol e da Latam são muito bons.”
Como manter a concorrência com uma empresa a menos?
Caso a fusão aconteça, a grande questão é: como garantir que o mercado brasileiro continue competitivo? O CEO da Latam lembra que, no passado, outras fusões foram analisadas pelo Cade, como a aquisição da Webjet pela Gol, e que é preciso estudar o impacto dessas decisões sobre os preços das passagens.
“O Cade já analisou algumas fusões nesse setor no passado. Tem que recuperar as análises sobre Webjet e Gol e ver o impacto no preço.”
Ele também reforça que o mercado brasileiro tem espaço para mais de três grandes companhias aéreas e que a competição agressiva entre as empresas beneficia os passageiros.
E o aeroporto de Congonhas?
Um dos pontos críticos dessa fusão envolve a participação das companhias aéreas no Aeroporto de Congonhas, um dos mais movimentados do Brasil.
Hoje, existe um limite que impede qualquer empresa de controlar mais de 45% dos slots (os horários disponíveis para pousos e decolagens). Se Azul e Gol se unirem, será preciso rever essa regra, já que as duas companhias juntas ultrapassariam esse limite.
Há especulações de que elas possam manter suas marcas separadas para tentar contornar essa restrição, mas, segundo o CEO da Latam, isso não mudaria o essencial:
“Se a decisão de preços e rotas for unificada, será uma empresa só, independentemente de quantas marcas existam.”
O que esperar daqui para frente?
É importante reforçar que a fusão Azul-Gol ainda não é uma realidade. O Cade precisa fazer uma análise minuciosa para decidir se aprova ou não a junção dessas empresas e, se isso acontecer, medidas para manter a concorrência serão necessárias.
O mercado brasileiro de aviação continua sendo desafiador, mas, segundo o presidente da Latam, não há risco de falência para as companhias. A decisão final, porém, ainda depende de muitos fatores – e o impacto no preço das passagens só será claro quando todos os detalhes forem definidos.
Por enquanto, estamos de olho nas próximas atualizações e torcendo para que qualquer mudança no setor não pese no bolso.
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Veja a entrevista completa aqui.
O que você acha dessa fusão? Vai ser bom para os passageiros ou pode ser um problema para os preços das passagens?