Nem de brincadeira! Por que você nunca deve falar em “bomba” em aeroportos e aviões
Nem de brincadeira! Por que você nunca deve falar em “bomba” em aeroportos e aviões
Bomba a bordo? Nem de brincadeira! Em um setor tão sensível a questões de segurança como o da aviação, uma simples menção a artefatos explosivos em aeroportos ou aviões pode fazer com que seu passeio de férias se transforme em uma viagem de até cinco anos na cadeia. E pode atrasar a vida de muita gente!
Nesta semana, um episódio no Aeroporto de Brasília chamou a atenção e mostrou a importância da rigidez de segurança. Ao ser questionada no check-in sobre itens perigosos na mala, uma passageira respondeu, em tom de brincadeira: “só se for uma bomba“. Foi o suficiente para que a Polícia Federal aparecesse e iniciasse os protocolos referentes a ameaças de bomba.

Segundo a PF, uma verificação por raio-x e inspeção manual das bagagens foi feita “imediatamente”, e constatou-se que não havia qualquer artefato explosivo. Por conta do episódio, os agentes conduziram a mulher e uma amiga que a acompanhava até a Superintendência Regional da Polícia Federal no Distrito Federal, onde foram adotados os “procedimentos de polícia judiciária cabíveis”.
A passageira que fez a brincadeira acabou presa em flagrante e indiciada por crime que consiste em “expor a perigo aeronave ou praticar ato capaz de impedir ou dificultar a navegação aérea”. Segundo a PF, a conduta representa uma “grave violação à segurança do transporte aéreo e pode gerar consequências severas tanto no âmbito penal quanto administrativo”.
A Justiça, no entanto, determinou a soltura da passageira, que responderá ao crime em liberdade.

Em outro caso nesta semana, para ficarmos apenas entre os mais recentes, um passageiro foi detido no Aeroporto de Curitiba após ter feito comentários sobre uma bomba a bordo. Ao ser detido pela Polícia Federal, disse que estava fazendo uma piada. O relato, no fim das contas, realmente era falso, mas o voo acabou cancelado.
Atentado contra a segurança aérea está no Código Penal
O artigo 261 do Código Penal é claro: uma pessoa pode ser presa por dois a cinco anos por “expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a impedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea”.

O período de reclusão aumenta para quatro a 12 anos se do fato resultar “naufrágio, submersão ou encalhe de embarcação ou a queda ou destruição de aeronave”. O criminoso também pode receber uma multa financeira se houver o objetivo de obter vantagem econômica para si ou para outras pessoas.
Por isso, pense duas vezes antes de fazer qualquer menção a uma bomba quando estiver no aeroporto ou dentro do avião. Você pode não só estragar a viagem de outras pessoas por conta de atrasos e cancelamentos ocasionados pelo seu ato como pode se colocar numa situação bastante delicada com a Polícia Federal – e perder o seu réu primário!
Por que a segurança nos aeroportos é tão rígida?
Poxa, mas nem mesmo de brincadeira? Nem mesmo de brincadeira! Os aeroportos são lugares protegidos de forma rígida por uma série de motivos. Não à toa, a segurança desses espaços – e das aeronaves – é feita pela Polícia Federal.

Em primeiro lugar, terminais aéreos são locais de fácil aglomeração de pessoas. Esse é o primeiro prato cheio para pessoas mal intencionadas (ou terroristas, caso prefira) praticarem atos que podem prejudicar muitos passageiros.
Além disso, aeroportos são pontos de entrada e saída para o resto do mundo. Por isso, são espaços muito visados por criminosos, sobretudo aqueles que se envolvem com o tráfico internacional de drogas ou com quadrilhas de roubo de cargas. Você já deve ter visto um programa na TV que mostra casos de pessoas presas no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, tentando chegar e sair com drogas ilícitas, certo?

Os aviões, por sua vez, também são espaços de aglomeração de pessoas – e em uma área muito reduzida e sem rota de fuga quando no ar. Uma ameaça de bomba pode gerar pânico a bordo e criar uma situação desastrosa, sem falar em um ato consumado, que pode explodir a aeronave. O céu não tem acostamento – por isso, a rigidez de segurança ainda em solo é tão importante.
Até mesmo conferência de passageiros é questão de segurança
Aquelas conferências de passageiros em que os comissários de bordo anunciam alguns nomes no auto-falante dentro do avião durante o embarque também não acontecem por acaso e aleatoriamente. É uma forma não apenas de as companhias aéreas terem a informação exata de quem está viajando, mas de tomar medidas relacionadas às bagagens despachadas de pessoas ausentes.

Pessoalmente, vivenciei um caso em 2011 de malas retiradas do porão da aeronave porque os passageiros que fizeram o check-in no balcão do aeroporto não se apresentaram no embarque. Por conta disso, o voo atrasou mais de uma hora, e a companhia aérea afirmou aos passageiros que a ação era necessária por questões de segurança.
Situações assim podem não representar um risco específico, mas podem ser lidas como atitudes de quem tentava despachar bagagens com artefatos perigosos e/ou ilegais. Na aviação, todo o cuidado é pouco e justificável!
Já vivenciou uma situação dessas em aeroportos ou no avião? Participe nos comentários!