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Boeing desiste de fusão com Embraer

João Goldmeier
24/04/2020 às 18:33

Boeing desiste de fusão com Embraer

A Boeing desistiu do acordo bilionário de fusão com a Embraer. A crise vivenciada pela empresa norte-americana com o 737 MAX, agravada pela atual pandemia de coronavírus e pressões políticas de Donald Trump foram determinantes para que o negócio fosse cancelado. A polêmica é grande e as duas empresas se manifestaram sobre o caso, trocando acusações. A Boeing disse que a Embraer não cumpriu as condições previstas no contrato, e a Embraer disse que a Boeing mentiu e rescindiu indevidamente o acordo. Confira a notícia atualizada:

Breve histórico do negócio

Em julho do ano passado Boeing e Embraer anunciaram um acordo onde a empresa americana ficaria com 80% da propriedade da nova empresa e a empresa brasileira com os 20% restantes. Por sua parte a Embraer receberia cerca de 4,2 bilhões de dólares.

O acordo era interessante para a empresa brasileira, na medida que uma das suas principais concorrentes, a canadense Bombardier, foi comprada pela Airbus. Após a compra, a empresa européia lançou com sucesso o Airbus A220 que compete diretamente com os produtos oferecidos pela Embraer.

A fusão com a Boeing permitiria competir numa escala de igual pra igual, valendo-se de toda estrutura de vendas, marketing e pós-vendas da empresa americana.

A parceria chegou a ser aprovada pelo Cade.

O que deu errado?

A parceria entre Boeing e Embraer foi firmada antes dos acidentes com o 737 MAX que desencadearam uma das maiores crises da empresa americana. Com a suspensão de voos do modelo, a Boeing se viu com uma conta gigantesca para pagar.

Os cancelamentos de pedidos e indenizações pelo tempo em solo sem utilização se acumularam. A situação se agravou com a atual pandemia de coronavírus, com mais pedidos de cancelamento sendo enviados, agora por conta de uma queda sem precedentes na demanda por aviação no mundo.

Encurralada, a Boeing foi pedir socorro de 60 bilhões de dólares ao Governo americano que condicionou o auxílio ao desfazimento do negócio.

O que diz a Boeing

Confira a nota oficial divulgada pela Boeing em 25/04:

A Boeing anunciou hoje que rescindiu o Contrato de Transações Mestre (Master Transaction Agreement-MTA) com a Embraer pelo qual as empresas buscavam estabelecer um novo patamar de parceria estratégica. As partes planejavam criar uma joint venture composta pelo negócio de aviação comercial da Embraer e uma segunda joint venture para desenvolver novos mercados para a aeronave de transporte aéreo médio e mobilidade C-390 Millenium.

Segundo o acordo, o dia 24 de abril de 2020 era a data limite inicial para rescisão, passível de extensão por qualquer uma das partes caso algumas condições fossem cumpridas. A Boeing exerceu seu direito de rescindir após a Embraer não ter atendido as condições necessárias.

“A Boeing trabalhou diligentemente nos últimos dois anos para concluir a transação com a Embraer. Há vários meses temos mantido negociações produtivas a respeito de condições do contrato que não foram atendidas, mas em última instância, essas negociações não foram bem-sucedidas. O objetivo de todos nós era resolver as pendências até a data de rescisão inicial, o que não aconteceu”, disse Marc Allen, presidente da Boeing para a parceria com a Embraer e operações do Grupo. “É uma decepção profunda. Entretanto, chegamos a um ponto em que continuar negociando dentro do escopo do acordo não irá solucionar as questões pendentes”.

A parceria proposta entre a Boeing e a Embraer havia recebido aprovação incondicional de todas as autoridades regulatórias, exceto a Comissão Europeia.

A Boeing e a Embraer irão manter o contrato vigente relativo à comercialização e manutenção conjunta da aeronave militar C-390 Millenium assinado em 2012 e ampliado em 2016.

O que diz a Embraer

Confira a nota oficial divulgada pela Embraer em 25/04:

“A Embraer acredita firmemente que a Boeing rescindiu indevidamente o Acordo Global da Operação (MTA) e fabricou falsas alegações como pretexto para tentar evitar seus compromissos de fechar a transação e pagar à Embraer o preço de compra de U$ 4,2 bilhões. A empresa acredita que a Boeing adotou um padrão sistemático de atraso e violações repetidas ao MTA, devido à falta de vontade em concluir a transação, sua condição financeira, ao 737 MAX e outros problemas comerciais e de reputação.

A Embraer acredita que está em total conformidade com suas obrigações previstas no MTA e que cumpriu todas as condições necessárias previstas até 24 de abril de 2020.

A empresa buscará todas as medidas cabíveis contra a Boeing pelos danos sofridos como resultado do cancelamento indevido e da violação do MTA.

A Embraer se mantém uma empresa bem-sucedida, eficiente, diversificada e verticalmente integrada, com histórico de sucesso no atendimento a clientes com produtos e serviços, construídos em uma base sólida de recursos industriais e de engenharia. A empresa é uma exportadora e desenvolvedora de tecnologia, com atuação global em aviação de defesa, executiva e comercial.

Nossos funcionários continuarão a oferecer com muito orgulho aos nossos clientes produtos e serviços de alta qualidade dos quais dependem da Embraer, todos os dias.

Nossa história de mais de 50 anos está alinhada com muitas vitórias, mas também com alguns momentos difíceis. Todos eles foram superados. E é exatamente isso que vamos fazer novamente. Superar esses desafios com força e determinação.”

O que acontece agora?

As duas empresas ainda estavam nos estágios iniciais da fusão e poderão seguir sozinhas pelos caminhos que já traçavam antes da crise. A Embraer provavelmente terá direito a uma indenização pela quebra de contrato e continuará tendo que enfrentar sozinha a gigante Airbus na disputa por mercado. Uma disputa judicial deve ocorrer.

A Boeing segue sem ter um avião para competir com o Airbus A220 mas isto não parece ser a prioridade do momento, ante os desafios que vive no momento.

As duas empresas vão manter o acordo relativo à comercialização e manutenção conjunta da aeronave militar C-390 Millenium assinado em 2012 e ampliado em 2016.

Com informações da Revista Veja.

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