Azul deve tentar comprar a Latam Brasil com uma estratégia ousada
Azul deve tentar comprar a Latam Brasil com uma estratégia ousada
Apesar da Latam informar que não tem interesse em vender a sua operação no Brasil, a Azul não desistiu do negócio e deve tentar uma estratégia bastante ousada para atingir o seu objetivo. De acordo com fontes ouvidas pelo Estadão e pelo Valor Econômico, a Azul vai tentar convencer credores da Latam dentro do processo de recuperação judicial da empresa nos Estados Unidos a pressionarem o grupo a vender a sua subsidiária brasileira.
A polêmica começou após a Latam anunciar o fim do compartilhamento de voos com a Azul, no começo da semana.
Como a Azul pode tentar comprar a Latam?
A Latam terá que apresentar um plano de recuperação judicial em julho para a aprovação dos detentores de créditos. E, neste momento, os credores poderão condicionar essa aprovação à uma eventual venda de ativos, como a operação da empresa no Brasil, por exemplo. Neste caso, a hipótese é que os acionistas da Latam poderiam ficar com poucas opções e se verem obrigados a aceitar o negócio.
O presidente da Azul, John Rodgerson, não confirmou que essa é a estratégia da empresa, mas afirmou que não desistiu de fazer negócio. “Estamos em uma posição privilegiada porque não temos sobreposições relevantes de rotas e voos (com a Latam), e estamos olhando as oportunidades. O mercado está em um momento em que uma fusão ou compra seria saudável, ajudaria muitos credores e a retomada da aviação”, disse ele ao Jornal O Globo. “Acreditamos que o mercado de aviação poderia passar de três para dois players (concorrentes) e isso seria saudável”, declarou o executivo ao Estadão.
Vale lembrar que a Azul já se fundiu com a Trip e adquiriu a empresa aérea regional Two Flex no Brasil.
O que diz a Latam?
Já Jerome Cadier, presidente da Latam no Brasil, foi enfático. Venda ou fusão nunca foram objeto de conversas “nem por um minuto”. “Quero deixar super claro. Não existe nenhuma conversa e nenhuma intenção de separar a Latam Brasil do resto do grupo ou de vender a operação. A Latam Brasil nunca esteve à venda”, afirmou. “Não faz sentido para a Latam quebrar a lógica de construção do grupo, que é a de integrar diversos mercados domésticos, internacional e carga, tirar um pedaço disso. A Latam Brasil é a maior operação (do grupo chileno Latam), o que ficaria? O tamanho da operação de carga, o tamanho da internacional. Não faz sentido tirar a operação doméstica e isso é claro para a gente”, concluiu.
Sobre o assunto, a Latam também divulgou a seguinte nota:
“O grupo Latam pretende competir agressivamente no Brasil e em outros mercados e não tem intenção de vender ou desmembrar o Brasil ou qualquer outra parte de seus negócios. O Grupo Latam não recebeu qualquer proposta referente à aquisição da Latam Brasil. A descontinuidade do codeshare (com a Azul) pela Latam Brasil não está relacionada com este tema. A decisão sobre o codeshare está atrelada a sua menor relevância no futuro estratégico da Latam, na medida em que o mercado de aviação brasileiro se recupera.”
Da onde viria o dinheiro?
De acordo com fontes do mercado, a Azul não teria hoje recursos suficientes para a aquisição da Latam Brasil. Mas, considerando os ganhos potenciais do negócio, ela poderia obter apoio de empresas de leasing e investidores para a sua iniciativa, assumindo a liderança absoluta do mercado. Além disso, a Azul considera que a fusão seria aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), considerando que o mercado aéreo brasileiro é aberto a novos entrantes e que a consolidação seria saudável para o setor, que foi duramente atingido pela pandemia.
O presidente da Azul, John Rodgerson, disse ao Estadão que o fato de as ações da Azul terem subido nesta terça-feira é uma demonstração de que os investidores continuam acreditando na empresa. “O que não falta no mercado é capital para financiar boas histórias e potenciais sinergias”, indagou.
Será que teremos uma consolidação no mercado nacional de aviação? Vale lembrar que, para os passageiros, o negócio não seria positivo, já que diminuiria muito a concorrência no setor. Mas, só nos resta aguardar pelos desdobramentos dessa iniciativa.
Com informações do Estadão, Globo e Valor Econômico.