Azul entra em recuperação judicial nos EUA e terá parceria com American Airlines
Azul entra em recuperação judicial nos EUA e terá parceria com American Airlines
Notícia quente no setor aéreo para começar esta quarta-feira. A Azul entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, num movimento que visa reduzir sua dívida, especialmente com credores internacionais, sem afetar diretamente as operações no Brasil. Além disso, a American Airlines se tornará sócia da Azul.
A medida, que já estava sendo especulada há alguns dias, foi confirmada pela empresa em nota enviada ao Melhores Destinos e protocolada em Nova York sob o Capítulo 11 da Lei de Falências dos EUA – um dispositivo que protege empresas estrangeiras contra ações judiciais de credores no país enquanto reorganizam suas finanças em seus territórios de origem. É o mesmo dispositivo usado pela GOL no começo de 2024 e pela Latam em maio de 2020.
A dívida da Azul é motivo de preocupação no mercado há algum tempo e fez as ações da companhia na bolsa caírem 70% no último ano. A empresa já havia renegociado cerca de R$ 5,5 bilhões, mas o tamanho do débito em dólar e a falta de um apoio anteriormente previsto no Brasil fez com que a companhia tomasse a decisão pelo Chapter 11.
A Azul informou, por meio de comunicado oficial, que o processo é resultado de acordos de reestruturação financeira com seus principais credores e parceiros. Segundo a empresa, o objetivo é implementar uma reorganização financeira via processo de Chapter 11 nos Estados Unidos, com apoio que inclui cerca de US$ 1,6 bilhão em financiamento ao longo do processo e a eliminação de até US$ 2 bilhões em dívidas. A medida, segundo a Azul, visa fortalecer a estrutura da companhia no longo prazo, com geração de caixa e menos dívida.
Segundo o CEO da Azul John Rodgerson, em entrevista à Folha, a recuperação judicial nos EUA é o “último passo” desse processo de reestruturação. Ele classificou o cenário anterior como “sufocante”, e disse que a medida tira um “peso enorme” da companhia. A empresa ressalta que todas as passagens compradas serão honradas e que a malha aérea permanece inalterada.
O pedido nos Estados Unidos ocorre após meses de especulações sobre uma possível fusão da Azul com a GOL, que também pediu recuperação judicial nos EUA e está se encaminhando para o fim do processo. A negociação entre as duas empresas não avançou desde então, e a Azul decidiu seguir um caminho independente para manter sua estabilidade financeira. A fusão, no entanto, não está descartada no futuro, mas deve ser pausada.
A Azul reforça que não está quebrada e que o pedido não se trata de uma falência. O processo tem como objetivo proteger seus ativos nos EUA e garantir a continuidade da operação enquanto cumpre os acordos firmados no Brasil. A Azul é a terceira maior companhia aérea do país, com forte presença em cidades de médio porte e um papel importante na conectividade regional.
United e American Airlines serão sócias na Azul
Outra “bomba” deste anúncio é que, os dois dos maiores grupos aéreos do mundo, United Airlines e American Airlines, se tornarão sócios da Azul. A United já possuía uma participação na Azul no passado e mantém uma parceria de longa data para compartilhamento de voos e conexões.
A novidade, portanto, é entrada da American Airlines. A companhia americana, a que tem maior presença no mercado Brasil-Estados Unidos, hoje é uma parceria relevante da GOL.
Ainda não foram divulgados os detalhes dessa nova estrutura acionária nem de como essa parceria afeta os viajantes, mas certamente podemos ter mudanças futuras nos acordos comerciais e possíveis anúncios importantes nas próximas semanas, inclusive em benefícios para viajantes frequentes dos programas Azul Fidelidade e AAdvantage. Vamos acompanhar tudo de perto.
“Nossos serviços, combinados com a força e a amplitude da malha aérea da Azul, proporcionarão aos nossos clientes mais uma opção única para viajar entre as Américas e ainda mais conectividade no Brasil e em toda a América do Sul. Estamos entusiasmados em apoiar esse processo e fazer parte do futuro da Azul”, afirmou Stephen Johnson, Vice-Presidente e Diretor de Estratégia da American Airlines.
Recuperação judicial da Azul: o que muda para o passageiro?
A Azul está cancelando voos?
Não. A Azul continua operando normalmente. O pedido de recuperação judicial foi feito nos Estados Unidos e serve para reorganizar dívidas contraídas no exterior. A malha aérea segue ativa e, até o momento, não houve cancelamentos em massa nem mudanças drásticas na operação.
Minha passagem ainda é válida? E remarcações e reembolsos?
Sim. Todos as passagens aéreas já emitidas continuam válidos e a Azul reafirmou seu compromisso com os passageiros. O processo não afeta as passagens já compradas nem impede novas vendas. As políticas de remarcação, cancelamento ou reembolso permanecem inalteradas. Os canais de atendimento da Azul seguem operando normalmente, inclusive com suporte digital e em aeroportos.
A recuperação judicial afeta os programas de milhas?
Não. O programa Azul Fidelidade segue normalmente, assim como os resgates e acúmulo de pontos. A Gol, que passou por processo semelhante, também não implementou nenhuma mudança drástica no seu programa Smiles. E a tendência é que a Azul siga a mesma linha.
Além disso, a entrada futura de American Airlines na estrutura societária da Azul pode se traduzir, no médio prazo, em novas parcerias, benefícios e rotas compartilhadas para clientes frequentes, assim como já acontece com a parceria com a United. Ainda não há nada oficial, mas ficaremos atentos às novidades.
Essa é, sem dúvida, uma notícia de grande impacto. Seguiremos acompanhando seus desdobramentos e queremos saber a sua opinião: o que você achou da recuperação judicial da Azul?
