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Latam Brasil pode ser vendida para a Azul, avalia banco de investimentos

Leonardo Cassol
21/07/2020 às 15:49

Latam Brasil pode ser vendida para a Azul, avalia banco de investimentos

O Banco de Investimentos Bradesco BBI publicou ontem um relatório em que indica que o cenário mais favorável para o grupo Latam, no atual contexto, seria vender a Latam Brasil para a Azul. Os analistas avaliam que uma fusão das duas empresas seria improvável, por interesses divergentes entre os acionistas de cada grupo (entre eles, as rivais Delta, pela Latam, e United, pela Azul), além do risco desse movimento empurrar a empresa fundada por David Neeleman para dentro do processo de recuperação judicial da agora parceira.

O desfecho apontado como o mais crível seria a Azul reunir no mercado cerca de US$ 1,9 bilhão (quase R$ 10 bilhões) para absorver a Latam Brasil, emitindo 430 milhões de ações a R$ 23,00. Nesse cenário, David Neeleman continuaria a controlar a Azul com 67% das ações com direito a voto.

Por que o grupo Latam venderia a companhia brasileira?

Segundo Victor Mizusaki, analista do Bradesco BBI, desde a conclusão da fusão LAN-TAM, a Latam Brasil apresentou desempenho inferior ao das outras operações do grupo no mundo. Este fraco desempenho operacional é atribuído à forte concorrência com a Gol e com a Azul, a dificuldades de integração pós-fusão e ao erro estratégico de rebaixar o mercado interno para uma operação de baixo custo, mudando, alguns anos depois, o foco de volta aos viajantes de negócios.

Claro que, apesar do desempenho decepcionante, o Brasil tem valor estratégico para a Latam. Por isso, o banco acredita que para manter uma presença local, mas não carregar esse fardo, faria sentido para o grupo vender a Latam Brasil para a Azul e depois explorar o compartilhamento de voos entre as duas empresas. Isso reduziria o endividamento e poderia maximizar os ganhos.

Ainda de acordo com os analistas, como os contratos de arrendamento de aeronaves são em sua grande maioria acordados pela matriz no Chile, isso facilitaria o ajuste do balanço da Latam e poderia levantar pelo menos US$ 1,9 bilhão para a empresa.

Fusão seria complexa

De acordo com Victor Mizusaki, a fusão da Azul com a Latam enfrentaria várias barreiras. Inicialmente, Delta e United teriam assentos no Conselho de Administração da nova empresa, o que poderia ser um problema para as autoridades antitruste. Além disso, David Neeleman teria que dividir o controle acionário com a família Cueto, sendo apenas um minoritário e não o principal controlador, como está acostumado.

Existe ainda o risco jurídico de uma fusão arrastar a Azul para o processo de recuperação judicial da Latam, segundo o banco. E a superação desse processo deve demandar pelo menos 18 meses.

Por fim, a fusão não resolveria o problema de alavancagem financeira, já que as duas companhias aéreas combinadas atingiriam uma dívida líquida de aproximadamente US$ 13 bilhões (mais de R$ 67 bilhões) em dezembro de 2020. Um valor bem alto, num contexto extremamente desfavorável.

Por fim, no mesmo relatório, os analistas indicam como provável uma recuperação do grupo Latam após a sua restruturação, mesmo sem uma fusão ou venda da operação brasileira, o que é uma excelente notícia. A expectativa é que a empresa conclua a recuperação judicial com uma operação até 40% menor do que antes da pandemia, mas preservando as rotas mais relevantes.

Nossa análise

Esses relatórios de bancos de investimentos não podem ser encarados como fatos concretos, mas também não devem ser ignorados. Meses antes da GOL anunciar que não renovaria o contrato com a Smiles para tentar retomar o controle da empresa, analistas de bancos de investimentos já tinham levantado essa hipótese, destacando as desvantagens tributárias de ter uma companhia aérea com muitos prejuízos acumulados e um empresa de fidelidade separada, dando resultados positivos todos os anos… Inicialmente ninguém levou muito a sério. Mas não demorou muito e a Latam reincorporou a Multiplus e a GOL tentou fazer o mesmo com a Smiles…

Nesse sentido, o relatório é pragmático e mostra uma saída bem conveniente para o grupo Latam e para a Azul no Brasil, desde que, claro, que isso também faça sentido para a estratégia das duas empresas.

Vale destacar que mesmo que a aquisição levantada pelo BBI se concretize, o grupo Latam continuaria operando no Chile, Peru, Colômbia, Equador, Paraguai e demais mercados que atua, além de poder manter voos próprios desses países para o Brasil, sem depender da Azul.

Eu já fiquei com um frio na barriga só de pensar nessa possibilidade! Claro que é melhor a união da Latam Brasil e da Azul do que a quebra de qualquer uma das empresas, mas esse movimento reduziria ainda mais a concorrência no Brasil do que o compartilhamento de voos entre a Azul e a Latam.

Naturalmente, se uma operação dessa magnitude estiver mesmo sendo planejada, ela é altamente confidencial e não seria confirmada por nenhuma das partes antes do anúncio oficial. Mas, como o próprio relatório diz, são cenários, em que o mercado faz suas apostas para o futuro. E eu não duvido de mais nada nessa vida! Portanto, é bom considerar essa possibilidade.

E você, qual a sua aposta? Teremos uma fusão, a compra da Latam pela Azul, ou outro desfecho? Comente e participe!

Quem quiser pode conferir o relatório completo aqui, em inglês, e com uma visão bem econômico-financeira dos fatos.

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