Como foi o voo inaugural da Lufthansa, entre Munique e São Paulo, na classe executiva do Airbus A350
Como foi o voo inaugural da Lufthansa, entre Munique e São Paulo, na classe executiva do Airbus A350
Depois de um hiato de três anos a Lufthansa está de volta com a rota direta ligando São Paulo e Munique. O voo, que havia sido cancelado em virtude da crise econômica que o Brasil atravessava, agora volta três vezes por semana, sendo a primeira rota da Lufthansa na América Latina com o seu avião mais moderno, o Airbus A350-900. Nós estivemos a bordo do voo inaugural, pra contar pra vocês como foi. Confira:
Resumo do review
Lufthansa Voo LH-504
Munique (MUC) – São Paulo (GRU)
Terça, 02 de dezembro de 2019
Partida: 22h45
Chegada: 05h57+1
Duração: 11h13
Milhas: 6.112
Aeronave: Airbus A350-900
Assento: 7A (executiva)
Destaques positivos: Conforto do assento e velocidade da internet a bordo
Munique
Essa avaliação vai começar de uma maneira diferente, pois vale a pena falar um pouco de Munique e de seu aeroporto, o único cinco estrelas da Europa. Como chegamos cedo à cidade, foi possível conhecer um pouco mais do que o aeroporto Franz Josef Strauss tem a oferecer e ainda testar a ótima ligação entre ele e a cidade via trem.
O aeroporto de Munique possui um vão central multiuso, que recebe os eventos mais variados durante o ano. Na época de Natal ele se transforma em um mercado natalino com várias lojinhas, além de comidas e bebidas típicas. Tem até pista de patinação no gelo!
O aeroporto conta ainda com diversas lojas permanentes, um supermercado de tamanho médio (ótimo para aquelas comprinhas de última hora) e também uma cervejaria! Isso mesmo! A Airbräu é a única cervejaria a produzir cerveja dentro de um terminal aeroportuário. O local abriga um imenso Biergarten (que deve ser animadíssimo no verão e na época da Oktoberfest), além de um restaurante e do maquinário para a produção de cerveja. O único perigo ali é se empolgar nos chopes e perder o voo =)
A estação de trem também fica dentro do aeroporto. Lá você pode comprar o bilhete de ida e volta em máquinas (custa 13 euros). A linha que liga o aeroporto ao centro da cidade é a S8 e a viagem dura cerca de 40 minutos até Marienplatz, no coração de Munique.
Ao sair em Marienplatz eu já estava no meio de um grande mercado de Natal que se estendia por várias praças adjacentes. É muito legal ver como outras culturas celebram essa época especial. Na Alemanha é com quentão (Glüwein) e Bratwurst (salsicha).
Depois de algumas horas caminhando pelas ruas do centro de Munique, era hora de fazer o caminho inverso rumo ao aeroporto.
Check-in
No dia anterior à viagem, tentei fazer o check-in pelo aplicativo da Lufthansa sem sucesso. Tentei novamente no laptop e consegui finalizar o processo. Outros companheiros de viagem relataram o mesmo problema, logo, imagino que seja algo ligado ao fato de que estávamos todos em uma reserva de grupo.
Seja como for, ao chegar ao aeroporto de Viena, onde iniciamos nossa viagem de retorno, o check-in já estava feito. Foi só despachar a bagagem que foi etiquetada até Guarulhos.
Munique não possui nenhum canal rápido de controle de passaporte e bagagem (fast-track) para os passageiros voando em classe executiva ou com status no programa de fidelidade. Porém vale mencionar que o aeroporto está adotando o controle de passaporte eletrônico (como o que existe em Guarulhos), e o passaporte brasileiro é um dos que serão aceitos.
Como o serviço não estava em funcionamento, o jeito foi encarar uma fila que durou cerca de 10 minutos.
Sala VIP
Depois de um dia cheio de atividades, de muita caminhada, nada melhor do que tomar um banho antes de viajar. Essa é uma das amenidades que mais valorizo numa sala VIP, seja na partida ou na chegada. Foi a primeira coisa que fiz ao chegar no Senator Lounge, nome das salas VIP da Lufthansa.
O lounge onde esperamos o horário do embarque é amplo, porém achei o bufê limitado, com apenas um prato quente, salada e uma sopa. A oferta de bebidas, entretanto, é bem boa e passa por refrigerantes, sucos, chás e cafés, além de cervejas, vinhos e destilados.
Embarque
Faltando cerca de uma hora para o horário previsto para decolagem, nos dirigimos ao portão de embarque H17, onde o majestoso Airbus A350-941, de matrícula D-AIXD já nos aguardava. Gostei do fato dele ainda possuir a pintura tradicional, com a logo amarela na cauda – a Lufthansa mudou sua identidade visual no ano passado e toda a frota será repintada.
Embora as filas estivessem um pouso desorganizadas, o acesso foi rápido, pois o embarque prioritário já havia começado. Ao descer a ponte de embarque, uma placa indicava o caminho após a bifurcação: esquerda para quem estava em classe executiva, com acesso à aeronave pela porta L1, e direita para classe econômica, com acesso pela porta L2.
Cabine
A classe executiva da Lufthansa tem um layout 2-2-2, com uma cabine maior à frente da porta L2 com 36 assentos (6 fileiras) e uma cabine menor, mais privativa, com apenas 12 assentos (2 fileiras) logo após a galley (cozinha do avião).
Gostaria de saber a razão da Lufthansa ter adotado uma configuração já superada pelo mercado, que há tempos consagrou pela configuração 1-2-1, onde todos os passageiros tem acesso direto ao corredor. Lembre-se que este avião tem apenas dois anos. Outro item que faz falta: não há saídas de ar individuais no teto, que ajudam o passageiro a regular a temperatura ideal.
Feitas as devidas ressalvas, é preciso reconhecer que o assento é bastante confortável. Ele reclina 180 graus, virando uma cama. Para torná-lo ainda mais confortável, os passageiros recebem um pequeno colchonete para forrar o assento na hora de dormir. Aqui o antes e depois (acho que não levo jeito para camareiro):
O assento que escolhi (7A) tem prós e contras. Por ser a primeira fileira da segunda parte da cabine (bulkhead) o encosto para os pés não afunila e é bem espaçoso. Porém o assento fica próximo ao banheiro e durante a noite olhem como era forte o sinal que avisava que o espaço estava ocupado (parecia uma boate):
Todos os assentos possuem uma tomada universal e regulagem elétrica. Há três posições pré-definidas: pouso e decolagem, intermediária e cama.
O banheiro tem um tamanho normal, e esteve limpo durante todo o trajeto. Alguns itens que não constam da necessaire ali estavam disponíveis aos passageiros: lâmina e espuma de barbear e enxaguante bucal.
Algumas horas após a chegada do voo inaugural em São Paulo, ocorreu o evento de lançamento da rota no sentido inverso. Após as solenidades, a imprensa foi convidada a conhecer o avião de perto. Sem passageiros e com a luz do dia foi possível tirar fotos muito melhores para mostrar a cabine. Vejam a cabine em detalhes (para aumentar, basta clicar na foto):
E como bônus, pudemos entrar também na cabine do piloto, algo proibido durante o voo:
Entretenimento
A tela individual de entretenimento tem um ótimo tamanho, apenas a resolução poderia ser um pouco melhor. Apesar de ser touchscreen não é muito prático comandá-la assim, principalmente se você está com o cinto de segurança afivelado. Melhor utilizar o controle remoto que fica escondido no descansa braço.
Os fones de ouvido são da marca AKG, com cancelamento de ruído externo (noise cancelling). Apesar da aparência frágil, surpreenderam positivamente: som de excelente qualidade e isolamento dos ruídos da cabine.
A programação de filmes e séries é bem extensa, com diversos filmes recém lançados por Hollywood, mas pra mim o que rouba a cena são as três câmeras externas. Uma apontada para o trem de pouso, uma na “barriga” do avião e uma na cauda. É demais acompanhar o pouso e a decolagem por esses ângulos!
Além disso há diversas revistas no compartimento em frente à fileira onde estava sentado (a maioria em alemão). Há também a revista de bordo da Lufthansa e uma dedicada aos produtos em venda a bordo.
Outro destaque do entretenimento de bordo é a internet. Embora não tenha sido exatamente intuitivo conseguir logar, a velocidade impressionou bastante e o sinal se manteve durante todo o voo (ou pelo menos nas partes onde eu estava acordado).
Aqui estão os preços da internet a bordo, que achei razoáveis pela qualidade do serviço:
Embora muita gente ache bobagem pagar para usar internet durante o voo, é sempre melhor saber que se pode usar o serviço, caso seja necessário, do que não ter essa opção. Além disso, quem viaja a trabalho tem a internet como aliada na produtividade.
Amenidades
O kit de amenidades veio em uma sacolinha de pano com temática natalina (inclusive com sino). Dentro uma meia, tapa-olhos, escova e pasta de dente, tampões de ouvido, um creme para mãos e um protetor labial da L’Occitane e uma balinha para refrescar o hálito.
Embora seja bacana o cuidado com esses detalhes, vou confessar que prefiro os modelos tradicionais de necessaire. E o sino da embalagem definitivamente não foi uma boa ideia. Sempre que um passageiro pegava sua necessaire, lá vinha o sino bimbalando junto.
Após a decolagem foi oferecido um pijama da marca alemã Van Laack – mas só a parte de cima. Confesso que fiquei sem entender (alguém sabe?). Distribuir pijamas na classe executiva é exceção à regra, mas se a companhia opta por fornecer, deveria entregar o kit completo.
Serviço de Bordo
Logo após me sentar no assento, foi oferecido um drinque de boas vindas que veio acompanhado de amêndoas quentes. Optei pelo Champagne – neste voo a Lufthansa serviu Jacquart Mosaïque Brut. Logo em seguida, ainda em solo, foram distribuídos os cardápios e tirados os pedidos.
Assim que o avião estabilizou, teve início o primeiro serviço que foi o jantar. Foram distribuídas toalhas quentes e o serviço deu-se por etapas. Primeiro a entrada, depois a salada, prato principal, queijos ou sobremesa e café. Neste ponto fiquei muito bem impressionado, pois faz tempo que não via um serviço assim caprichado. Geralmente vem tudo numa só bandeja. Ah, e pra quem estiver querendo maximizar as horas de sono é oferecido um serviço expresso onde tudo vem de uma só vez. Nota 10.
Fui no carré de vitela de entrada, acompanhado de tartare de abobrinha e mini pimentão. Não foi do meu agrado. Já a salada com alface machê e molho de sementes de abóbora e nozes estava fresquíssima e bem gostosa. O prato principal foi o assado tradicional de ganso com bolinhos de batata e repolho roxo, que só é servido a bordo nessa época do ano – sorte a minha, pois estava delicioso!
Como as sobremesas não chamaram muito minha atenção (eram frutas ou uma mousse com compota de ameixa) apostei nos queijos que vieram acompanhados de chutney de damasco e gengibre. Tudo muito saboroso.
Pra encerrar um expresso tirado na hora e uns biscoitinhos natalinos que a Lufthansa distribuiu aos passageiros.
Cerca de duas horas antes do nosso pouso a cabine foi lentamente sendo iluminada para despertar os passageiros para o segundo serviço. Para o café da manhã as opções eram ovo mexido com cogumelos ou panqueca de ovo com geleia de mirtilo. Optei pelo ovo que estava molhadinho e muito bom, mal dava pra saber que estava em um avião. Um expresso duplo pra acompanhar e quando terminei a refeição já estávamos em descida para o pouso em São Paulo.
Comissários e equipe de solo
Não tive quase nenhuma interação com funcionários da Lufthansa em solo, mas no ar as comissárias de bordo deram um show de simpatia e eficiência. Todos os serviços foram executados de maneira precisa, sem demoras exageradas e o principal: com sorriso no rosto. Vale lembrar que o modo de servir o jantar, por etapas, demanda mais tempo e trabalho dos comissários, mas o resultado final é muito mais agradável para o passageiro.
Programa de Fidelidade
O programa de fidelidade da Lufthansa se chama Miles & More, que é também o programa adotado pela Swiss e outras subsidiárias do grupo. É o maior programa de fidelidade da Europa, com mais de 25 milhões de membros. Mesmo assim, se você não voa com frequência estas companhias, talvez seja melhor apostar em outro programa da Star Alliance para creditar suas milhas, como por exemplo o TAP Miles & Go que possui diversos parceiros para acúmulo no Brasil.
Isso porque o número de milhas que o Miles & More exige para obter um voo é relativamente alto: um voo de ida e volta em classe econômica do Brasil para a Europa custa 80.000 milhas, ou 142.000 em classe executiva. A não ser que você voe muito será difícil atingir essa quantia.
Conclusão
Essa foi minha primeira experiência voando na classe executiva da Lufthansa. Já havia voando antes na Primeira Classe da empresa (graças aos pontos do finado programa Amigo, da Avianca Brasil). Em comum nas duas experiências, o serviço correto e eficiente.
Comparando com outras experiências em classe executiva eu diria que este voo esteve acima da média. Assento muito confortável, serviço de bordo excelente e internet super rápida fizeram o voo ser muito agradável.
É sempre bom quando vemos empresas abrindo rotas para o Brasil e permitindo mais liberdade de escolha para os passageiros. A nova rota é uma excelente notícia para os brasileiros que agora podem voar para a terra da Oktoberfest sem escalas!
O Melhores Destinos viajou a convite da Lufthansa.
Nota final.
Lufthansa
Munique - São PauloVoo 504