Como foi o voo inaugural da Flybondi entre o Rio de Janeiro e Buenos Aires
Como foi o voo inaugural da Flybondi entre o Rio de Janeiro e Buenos Aires
Em julho desse ano, a Flybondi, primeira companhia de baixo custo da Argentina, recebeu autorização da ANAC para começar a voar para o Brasil. Desde então muitos brasileiros ficaram curiosos sobre como seria a experiência low-cost oferecida pela empresa. O Rio de Janeiro foi o primeiro destino brasileiro escolhido pela Flybondi. O voo é operado a partir de seu aeroporto base, El Palomar, que fica na grande Buenos Aires. O voo inaugural saindo do Galeão ocorreu na última sexta, dia 11/10. O Melhores Destinos foi convidado para embarcar nessa viagem. Confira agora como foi a experiência.
Por se tratar de um embarque internacional cheguei ao Galeão com bastante antecedência, como recomendado. Após a primeira inspeção de segurança, segui para o controle de passaporte. No Galeão esse procedimento é automatizado para cidadãos brasileiros, o que agiliza muito o processo de imigração. Depois disso, parti para o portão de embarque indicado no meu cartão.
Cerimônia de Inauguração
Chegando ao portão de embarque, imprensa e convidados foram recebidos com um coquetel. Da janela da sala de embarque vi dois caminhões da brigada do Galeão a postos para receber a aeronave, um 737-800, de matrícula LY-HFQ. A partida estava marcada para as 12:20. Por volta das 11:30, a aeronave chegou e foi recebida com o tradicional batismo em solo carioca.
A bordo do voo estava o CEO da Flybondi, Sebastián Pereira, acompanhado de funcionários da companhia. Eles foram recebidos no desembarque pelo secretário estadual de Turismo, Otávio Leite, e o presidente do Rio-Galeão, Luiz Rocha. Juntos, eles cortaram a fita de inauguração e disseram algumas palavras aos presentes.
O CEO da Flybondi, Sebastian Pereira, anunciou uma surpresa para os convidados: o sorteio de 3 passagens com acompanhante para Buenos Aires voando com a companhia. Em seu discurso de agradecimento, o CEO falou da felicidade de ter ultrapassado o número de 2 milhões de passageiros transportados pela empresa. Desses, 400 mil afirmam terem feito sua primeira viagem de avião com a Flybondi. Segundo Sebastián, a empresa argentina tem um alto índice de pontualidade, chegando a 92%. Ele considera voar para o Brasil primordial para o crescimento da companhia. A Flybondi chegou esse ano a 9% do mercado doméstico na Argentina. O CEO também disse que devido à grande demanda haverá um 4º voo partindo do Rio para a capital argentina.
Embarque
Terminada a cerimônia, me dirigi para o embarque no portão C50. Ticket de embarque escaneado, passaporte conferido e lá vamos nós conhecer o interior do 737-800 da Flybondi!
Ao entrar na aeronave, tive a sensação de que iria fazer um voo doméstico. O avião, um 737-800, é do mesmo modelo que a GOL usa nos voos pelo Brasil. A configuração de assentos da aeronave era de duas fileiras com 3 poltronas cada. Todos numa classe única. A aeronave não é nova e o interior demonstra isso. O teto um pouco sujo, as cadeiras com aspecto de bastante uso e janelas embaçadas. Mas lembre-se: é um voo low-cost.
Meu lugar era fileira 2 assento D. Ou seja, muito espaço para esticar as pernas. Mas fiquei curioso pra saber como seria o espaço entre os assentos comuns. Aproveitei que havia alguns lugares vazios por perto e fui conferir. Leve em consideração que sou baixinho, tenho 1,68m.
Se você for mais alto, pode ficar um pouco desconfortável durante a viagem que dura cerca de 3 horas. Como parte da experiência de voar low-cost, a marcação de assentos é cobrada e você terá que pagar por um lugar com mais espaço nas primeiras fileiras ou saídas de emergência. Confira os valores:
Apesar de não estar lotado, houve um pouco de confusão no embarque e os comissários tiveram certo trabalho para acomodar os passageiros que iam chegando, cada um com sua bagagem de mão. Pelo menos essa foi a minha sensação, sentando logo na entrada da aeronave.
Após o embarque ser concluído, estávamos prontos para partir. O pushback foi realizado às 12:35, com 15 minutos de atraso. Mais 10 minutos taxiando e às 12:45, lá estávamos nós nos ares rumo à Capital Mundial do Tango.
Serviço de bordo do Flybondi
Decorridos 15 minutos de voo, a tripulação iniciou o serviço de bordo. Foi informado pelo sistema de som do avião que por se tratar de uma ocasião especial o serviço do voo seria cortesia. Eba!
Dentre as opções havia bebidas como refrigerantes, suco, achocolatado, água, café e chá. Para comer, snacks salgados ou alfajor. Optei pelo alfajor – um tradicional Jorgito – e suco de laranja.
É importante ressaltar que, por se tratar de uma companhia low-cost, em voos normais há um cardápio com opções variadas que podem ser compradas para consumo a bordo. Os preços são mais baixos que os encontrados no aeroporto. O pagamento é feito somente em dinheiro (pesos argentinos). Por isso, caso queira comer algo a bordo, recomendo que você compre alguns pesos ainda no Brasil. Há também a opção de comprar café ou chá no site da Flybondi no momento da compra das passagens.
Entretenimento
Seguindo a filosofia low-cost, não há telas para entretenimento a bordo dos aviões da Flybondi, nem mesmo aplicativo que permita acessar o conteúdo de filmes e séries. Por isso, antes de viajar com a Flybondi, lembre-se de lotar o celular ou tablet de séries, filmes ou podcasts, como eu fiz. Há uma revista de bordo que também pode te ajudar a passar o tempo.
Infelizmente não há serviço de internet nos voos da Flybondi, mesmo que você queira pagar por isso.
Comissários e equipe de solo
Quero dar destaque aos comissários do voo, que foram muito atenciosos e prestativos. Por estar na primeira fileira, não tinha como deixar a minha mochila embaixo da poltrona à frente, como costumo fazer. Por isso, fiquei com ela nos meus pés esperando para que os outros passageiros embarcassem e eu tivesse como acomodá-la da maneira correta. Logo um comissário se prontificou a me ajudar e pediu permissão para acomodar a minha bagagem de mão num dos compartimentos superiores.
Durante o voo toda a equipe estava bem atenta ao que se passava no interior da aeronave. Quando aterrissamos em El Palomar, o chefe de cabine fez um discurso falando do orgulho de trabalhar na companhia e pediu aplausos pelo voo inaugural.
Programa de fidelidade
Nesse quesito, trago uma péssima notícia para quem gosta de acumular milhas em viagem: a companhia não tem programa de fidelidade nem faz parte de nenhuma aliança global. O que existe é o Club Flybondi, que dá alguns benefícios exclusivos para os passageiros argentinos que pagam uma taxa única. Quem sabe a companhia não estenda os benefício para brasileiros? Vamos aguardar!
Desembarque em El Palomar
O pouso em El Palomar foi às 15:45 e muito tranquilo. A trepidação além do normal chama atenção no pouso. Para quem não está acostumado a voar pode ser um pouco incômodo, mas como se trata de um aeroporto adaptado em uma base militar, dá para entender.
O terminal do aeroporto é bem pequeno e parece uma rodoviária de cidade do interior. A imigração conta com 4 guichês e desde o desembarque até ser atendido, demorei cerca de 30 minutos na fila.
Passando da imigração fui encaminhado para o raio-x da aduana. Checado e aprovado estava livre para rumar a Buenos Aires.
Leia mais sobre o aeroporto El Palomar de Buenos Aires
De trem para Buenos Aires
Ainda seguindo a proposta low-cost da companhia, fomos convidados a viajar de trem até a região central de Buenos Aires. A estação fica a cerca de 200 metros da saída do aeroporto e conta com elevadores para o acesso de quem está com malas. Pegamos o trem sentido estação Retiro, que seria o nosso destino final.
A viagem é relativamente rápida e dura aproximadamente 35 minutos. O valor da passagem é de 30 Pesos Argentinos (cerca de R$ 2,00). Caso opte por viajar de trem, recomendo que você compre pesos no Brasil, já que ainda não há casas de câmbio no aeroporto de El Palomar.
O aeroporto fica no subúrbio de Buenos Aires e o trem passa por algumas comunidades carentes da capital argentina. Tenha o máximo de atenção com equipamentos e pertences. Furtos são comuns dentro do trem. Outra recomendação é descer na estação Palermo, já que a região da estação Retiro é mais perigosa.
Viagem de volta ao Rio
Meu retorno para o Rio de Janeiro foi no domingo, dia 13. O voo estava marcado para decolar às 8:30. Cheguei ao El Palomar às 6:10 e o aeroporto estava bem cheio, devido a alguns voos domésticos que partiam pela manhã. Após conseguir acessar o portão de embarque, tudo foi muito rápido. Não havia fila na imigração. Cheguei rapidamente à pequena sala de embarque internacional.
Como planejado, o embarque foi iniciado às 7:30. Um ônibus da Flybondi levou os passageiros até a mesma aeronave da viagem para Buenos Aires. Às 8:20 (adiantado em 10 minutos) foi iniciado o pushback e rapidamente a aeronave estava na cabeceira da pista para a decolagem, que aconteceu exatamente às 8:25.
O voo estava bem cheio e transcorreu de maneira muito tranquila. Dessa vez não houve serviço de bordo cortesia, mas venda de produtos do menu Flybondi. Menos de 3 horas depois da decolagem pude ver o litoral carioca no horizonte e o procedimento de descida foi iniciado. Às 11:15, meia-hora antes do planejado, pouso tranquilo no Galeão.
Mais uma vez, após o simpático discurso do chefe de cabine, aplausos. Ele pediu para que as pessoas que viajavam de avião pela primeira vez levantassem a mão. Doze pessoas se manifestaram e foram aplaudidas pelos demais passageiros. Após mais alguns minutos taxiando pelas pistas do Galeão, chegamos à posição de desembarque.
Avaliação Final
Eu estava bastante curioso para voar com a companhia e conferir como é a filosofia low-cost da Flybondi. De maneira geral, a experiência foi muito boa. Ela entrega o que se espera de uma boa companhia low-cost: um serviço básico por um preço baixo. O valor médio das passagens praticado inicialmente pela companhia é de R$ 400 o trecho e quem viaja do ou para o Brasil tem direito a levar gratuitamente uma mala de mão de até 10Kg.
Dois pontos fortes que destaco na companhia são a pontualidade e a paixão da equipe em fazer acontecer.
Achou que eu ia terminar a matéria sem falar sobre o significado do nome da companhia? Achou errado, viajante! Como aqui tem informação, “Fly” significa voar em inglês, enquanto “bondi” é uma maneira coloquial de chamar um ônibus, os “colectivos”. É tipo o nosso carinhoso “busão”. Numa tradução livre, Flybondi significa busão voador. Na linguagem da empresa, “Fly” significa “você terá a liberdade de voar” e “bondi” quer dizer “a um preço que você nunca viajou na história de nosso país”.
O meu desejo é que a Flybondi – com o perdão do trocadilho – decole aqui no Brasil, explore muitos outros destinos além do Rio que já começou e Floripa que começa em dezembro. Seja bem-vinda, Flybondi!
Nota final.
Flybondi
Rio de Janeiro - Buenos AiresVoo 5901