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Como é voar com a Azul entre Portugal e o Brasil na classe executiva

Como é voar com a Azul entre Portugal e o Brasil na classe executiva

LIS Lisboa
VCP Campinas
AD
Avião Airbus A330
Classe Executiva
Poltrona 2A
Data 23/06/2016
Partida 12:15
Chegada 18:10
Duração
Leonardo Cassol Por
24/06/2016 às 12:13

A Azul começou essa semana uma nova rota com voos diretos ligando Lisboa – Portugal e São Paulo (Campinas). O Melhores Destinos esteve no voo inaugural vindo da Europa para o Brasil e mostra em primeira mão como é voar na Business Xtra, a nova classe executiva da Azul. Confira!

Sobre a Azul

A Azul Linhas Aéreas Brasileiras é a companhia aérea com o maior número de destinos servidos no país. A empresa detém uma frota de 140 aeronaves, mais de 10.000 funcionários, um número superior a 900 voos diários, mais de 100 destinos servidos e um terço do total de decolagens do país. Opera voos para Fort Lauderdale – Miami, Orlando, Montevidéu e, agora, Lisboa.

Resumo do review

Destaques positivos: configuração da cabine, refeições e comissários

Pontos a melhorar: falta de Wi-Fi

Check-in

O check-in da Azul em Lisboa é feito no Terminal 1, nas posições 90 a 94. O check-in abriu 3 horas antes da decolagem, às 8 horas. Cheguei por volta de 7h20 e aguardei num café ali próximo. Já havia uma pequena fila de passageiros esperando o atendimento, mas como clientes voando em classe executiva têm atendimento preferencial eu não fiquei preocupado de esperar na fila. Confesso que na hora pensei que a Azul tinha tomado uma decisão arriscada de abrir o check-in no primeiro dia de operação tão próximo da hora do voo. Afinal, tem toda a ambientação de funcionários, sistemas e até dos passageiros. Sem contar que por ser voo internacional a empresa não liberou o check-in pelo aplicativo de celular nem pela internet.

Como já era esperado, alguns clientes reclamaram que tiveram dificuldade de achar o local do check-in da Azul, pois o aeroporto tinha pouca informação sobre a empresa. Faz parte, afinal era um voo inaugural. Eu dei sorte pois logo que cheguei vi um funcionário com uniforme da Azul passando apressado e ele me levou até o check-in.

Por volta de 8:30 eu me dirigi ao check-in novamente. Estava simplesmente lotado, com uma fila enorme que não se via o fim. Dobrava pelo aeroporto. Felizmente, a fila da executiva tinha apenas uma pessoa. Mesmo assim esperei 10 minutos pelo atendimento. O processo de check-in estava lento. Claramente os funcionários, que eram portugueses, por mais experiência e boa vontade que tivessem, estavam se adaptando ao sistema da Azul e isso demandava mais tempo do que o normal. Os passageiros também ficavam ali escolhendo assentos e tinham muitas, muitas, mas muitas bagagens mesmo para despachar. Conversei com algumas pessoas que esperaram mais de 1 hora na fila. Dica: chegue cedo!

Como era o primeiro dia de operação, alguns casos de excesso de bagagem foram excepcionalmente liberados para a felicidade de alguns passageiros.

Saí do check-in com a impressão – quase certeza – de que o voo iria atrasar.

Raio x e controle de passaportes

O Aeroporto de Lisboa tem um ponto fraco: o controle de passaportes. Especialmente na saída do País, algo que não deveria ser um problema. São poucas posições de atendimento que trabalham num ritmo lento e pouco eficiente. Resultado: as filas são enormes. Demorei mais de 40 minutos, após ter passado rapidamente pelo raio x. A impressão de que o voo iria atrasar virou quase uma certeza, pois restavam muitos passageiros para serem atendidos.

Ciente da deficiência do aeroporto, funcionários da TAP, por exemplo, ficaram chamando passageiros de voos que estavam próximos a encerrar, passando eles para uma fila à parte, bem mais rápida. A Azul deveria fazer o mesmo, além de liberar o check-in pela internet e celular. Do contrário vai ser difícil seus voos que saem de Portugal decolarem no horário. Quase todas as empresas que operam voos entre o Brasil e a Europa já fazem isso. Afinal, a conferência de documentos é feita novamente no momento do embarque.

O aeroporto oferece um serviço de fast track para passageiros em classe executiva, primeira classe e com status em programas de fidelidade. Porém, o cartão de embarque da Azul emitido em Lisboa não tinha a informação da classe que eu estava voando. Tentei ainda acessar o portão automático pelo código de barras, mas também não foi liberado. A funcionária do aeroporto explicou que a Azul pode não ter contratado o serviço e que não poderia liberar excepcionalmente, já que o cartão de embarque não dizia que eu estava voando em classe executiva. Seria uma boa a Azul fornecer isso para os seus passageiros frequentes e clientes da Business Xtra.

Sala VIP

Passageiros voando com a Azul na classe executiva podem utilizar a Blue Lounge, sala vip que fica depois do controle de passaportes, um pouco distante do portão de embarque do voo. Infelizmente, não foi possível tirar fotos do lounge. Demorei muito para chegar ao portão e eu precisava embarcar logo no início para conseguir fazer as fotos da aeronave.

Embarque

O embarque começou com 30 minutos de atraso, claramente em função da lentidão do check-in. Embarcaram primeiro as prioridades, passageiros em classe executiva e TudoAzul Safira e Diamante.

Ao entrar na aeronave, os passageiros da classe executiva foram saudados com champanhe, suco ou água, além do fone de ouvido e o cardápio.

O embarque começou 30 minutos depois do previsto e encerrou com 40 minutos de atraso. Foi até pouco para o que eu imaginava quando deixei o check-in.

Em função do atraso, o controle europeu de tráfego aéreo informou ao comandante que a autorização de decolagem demoraria mais 1 hora e 20 minutos. Ou seja, decolaríamos com 2 horas de atraso. Dois executivos da Azul que estavam a bordo se apressaram para pedir desculpas pelo sistema de som da aeronave e para informar que a empresa sentia muito e que não esperava um atraso como esse logo no voo inaugural. Disseram ainda que estavam trabalhando para conseguir uma liberação mais rápida do voo e que cada passageiro iria ganhar um voucher de R$ 200 como compensação. Os passageiros aplaudiram. Ainda assim, alguns clientes estavam temerosos com conexões e compromissos no Brasil.

Os executivos da Azul também anunciaram que fariam o sorteio de 5 passagens com direito a acompanhante para qualquer destino operado pela Azul. Pronto, o humor dos passageiros mudou rapidamente e vieram novos aplausos. Na hora que o sorteio ia começar, veio a boa notícia. O voo havia recebido autorização para o taxiamento. O avião deixou o portão de embarque 12:15, com 1 hora e 15 minutos de atraso, decolando instantes depois.

Cabine

Cabine Business Xtra – Classe Executiva

A configuração da cabine Business Xtra é no formato 1 x 2 x 1, sendo que todas as poltronas viram cama (full flat), ou seja, reclinam 180 graus, e ainda oferecem acesso ao corredor.

As poltronas não ficam exatamente alinhadas na mesma fileira, mas a disposição agrada, pois permite que casais viajem bem juntos nas poltronas do meio (nas fileiras 1, 3 e 5), além de não ser claustrofóbica, como algumas cabines com baias altas no formato espinha de peixe. Por outro lado, também não oferece uma enorme privacidade. Eu gostei.

Notem que a poltrona reclina totalmente, oferecendo espaço suficiente para deitar, mesmo no caso de passageiros altos. Já na largura, o assento não é tão generoso. O espaço para os pés também afunila um pouco, dependendo da fileira que você estiver sentado. Nas fileiras 2 e 4 a parte de apoio para os pés é bem mais espaçosa (foto). Consegui dormir confortavelmente.

Uma dica importante para quem é mais alto ou gosta de mais espaço. As poltronas das fileiras 2 e 4, ou seja, poltronas 2A, 2D, 2G, 2H e 4A, 4D, 4G, 4H possuem cerca de 10cm a mais de espaço para os pés, em relação as demais. Então fique atento na hora de reservar seu assento. Eu voei na 2A e fiquei impressionado com a diferença de espaço em relação a 1C, que fica logo a frente.

A iluminação da cabine é outro show à parte. As lâmpadas de LED são delicadas têm quase que infinitas variações de cor e de intensidade. E foram bem calibradas pelos comissários. Durante o voo achei a luminosidade na medida, nem muito claro e nem escuro demais. Quem optou por dormir, como foi o meu caso, pode relaxar numa boa.

Comparando com a TAP, que também opera voos de algumas cidades brasileiras para Lisboa, a Business Xtra da Azul ganha disparado em todos os quesitos. Como a TAP não é boba e foi comprada pelo o mesmo dono da Azul, David Neeleman, ela já iniciou o processo de renovação de suas cabines e serviços e terá inclusive equipamentos idênticos aos da companhia aérea brasileira. A Azul repassou para a TAP alguns Airbus A330 novos que receberia esse ano e em 2017. Mas ainda vai levar algum tempo até termos esses novos aviões da TAP voando com frequência para o Brasil.

Por fim, os banheiros da classe executiva são iguais aos da econômica. A única diferença é que a Azul disponibiliza hidratante e sabonete líquido adicionais na cabine executiva.

Entretenimento

Amenidades

Ao embarcar encontramos na poltrona um edredom e um travesseiro devidamente higienizados. Ambos são de boa qualidade e bem “fofinhos”. Dá vontade de usar. Cada passageiro recebeu também uma nécessaire, um fone de ouvido anti-ruído, uma garrafa de água e o cardápio do serviço de bordo.

A nécessaire é bonita e dentro tem produtos de higiene, como pasta e escova de dentes, enxaguante bucal, hidratante, protetor labial, além de protetor de olhos e de ouvidos, caneta, meia e pente.

Sistema de entretenimento

A Azul possui um novo sistema de entretenimento nos Airbus A330 que foram reformados. É um sistema da Panasonic de última geração, com tela de 16 polegadas em alta definição, sensível ao toque, onde é possível assistir filmes (alguns deles bem recentes), séries americanas de TV, documentários, com duas telas independentes. A quantidade de conteúdo é um inferior a que já vi em outras companhias, mas ainda assim tem diversão garantida por horas e horas.

O sistema conta também com jogos, mapa do voo e com a possibilidade de assistir duas câmeras instaladas na frente e abaixo da aeronave. Infelizmente, não há TV ao vivo, como nos voos domésticos da Azul, nem Wi-Fi. Segundo a empresa, a TV ao vivo não é viável em voos intercontinentais e o Wi-Fi será disponibilizado nos novos Airbus A350 que chegam em 2017. Mas isso ainda depende de aprovação da Anatel, que tem demorado muito para homologar esse tipo de equipamento.

Uma observação aqui. Novamente assisti a um filme americano. Tinha opção do áudio original ou dublado, mas não consegui colocar a legenda de jeito nenhum. Tentei em outros filmes e ocorreu a mesma coisa. Certamente não é uma limitação do sistema, que é de última geração, mas sim uma questão do abastecimento de conteúdo. Quem não entende bem inglês e gosta de ver filmes com o áudio original, vai sentir muita falta das legendas.

Os assentos também dispõem de tomada elétrica, porta USB (ótima para carregar o celular), controle remoto para o monitor, controle do assento, luz de leitura individual e um porta trecos.

Apesar do sistema permitir a exibição do cardápio e a escolha do prato pelo monitor, isso não estava disponível. As câmeras externas do avião também não estavam funcionando.

Serviço de Bordo

Almoço

Antes da decolagem a comissária veio perguntar minha preferência no cardápio. O serviço de bordo foi iniciado cerca de 50 minutos depois do avião levantar voo. Os comissários trouxeram uma mini toalha quente para a limpeza das mãos e forraram a mesa de refeições.  Logo em seguida serviram castanhas e amendoim quentes e temperados e a opção de bebida escolhida.

Foram duas opções de entrada, mais salada ou sopa para acompanhar, e ainda três opções de prato principal. Optei por rosbife com tomate confitado e rúcula, juntamente com um creme de alho poró com abóbora para a entrada. Ela foi servida junto com pão quente e manteiga, numa apresentação impecável! Além do pão que veio na bandeja os comissários ofereceram uma cesta com vários tipos de pães quentes.

Para o prato principal, escolhi bacalhau assado ao azeite de alho, com batatas ao murro e espinafre sauté! Mais uma vez, apresentação impecável! Notem que os talheres personalizados vieram embalados no guardanapo de pano, amarrado com fitinhas do Senhor do Bonfim.

Não foi só a apresentação dos pratos que chamou a minha atenção, mas também o sabor. A comida estava quente e deliciosa. Foi o melhor peixe que já comi num avião e uma das melhores refeições que tive a bordo de uma aeronave. Memorável. Parabéns para a Azul e pela escolha do catering e do menu dessa rota e aos comissários pela preparação dos pratos!

Depois de retirar os pratos do almoço os comissários ofereceram a sobremesa. Escolhi sorvete com calda e farofa. Fiquei empolgado com o almoço e resolvi chutar o balde. Em seguida, ofereceram café expresso, chá, licor ou mais bebidas.

Durante o voo

Os passageiros da classe executiva contam com um open bar durante o voo, com uma grande variedade de bebidas alcoólicas e não alcoólicas. Além disso, os conhecidos snacks da Azul, aqueles mesmos dos voos domésticos, ficam disponíveis no snack bar, que fica da divisa entre a classe econômica e a executiva (foto). No meio do voo os comissários serviram ainda deliciosos pastéis de Belém. Os passageiros da classe econômica também ganharam! Aproveitei para tomar um café expresso junto com o meu pastelzinho.

Lanche/Snack antes do pouso

Cerca de 90 minutos antes do pouso os comissários serviram o snack. E que snack! Quiche Lorraine acompanhada de pão quente, manteiga e frutas, e bebidas variadas. Mais uma vez uma apresentação impecável e talheres personalizados.

A quiche e o pão estavam gostosos e quentes. Podiam ter colocado mais tomatinhos junto com a quiche, pois trouxe leveza e sabor ao prato. Achei a massa um pouco em excesso nas extremidades, mas nada que comprometesse. O sabor estava bom!

Comissários e equipe de solo

Os comissários eram todos brasileiros. Foram simpáticos e atenciosos em todos os momentos. O gerente de comissaria da Azul estava a bordo supervisionando pessoalmente o trabalho da equipe. Ele contou que havia ido a Portugal para se reunir com a empresa de catering que foi contratada pela Azul para atender seus voos que decolam para o Brasil.

No check-in haviam brasileiros funcionários da Azul ao lado de cada atendente português, trabalhando como back-up para eventuais problemas, mas também realizando um treinamento prático. Todos foram muito atenciosos, mesmo com a situação difícil que relatei acima.

Fica nítida a preocupação dos funcionários da Azul em atender bem os passageiros. É evidente que é uma questão que faz parte da cultura organizacional da companhia e acaba sendo um diferencial difícil de ser copiado. Bom para os passageiros da Azul. Afinal, quem não gosta de ser bem atendido? Espero que a empresa consiga manter seu serviço consistente e diferenciado mesmo com a expansão internacional.

Programa de Fidelidade

O TudoAzul é o programa de fidelidade da Azul. O acúmulo de pontos é feito em função do valor pago pela tarifa, entre 3 e 4,5 pontos por real gasto em passagens em classe executiva, conforme o status no programa.

É possível pontuar ainda no MileagePlus da United ou no Victoria da TAP Portugal. Confira as regras de pontuação da tarifa que consta em seu bilhete antes de decidir onde creditar seus pontos.

O TudoAzul tem feito boas promoções para o resgate de passagens nacionais, e nos últimos meses ficou bem competitivo nas passagens emitidas com pontos com antecedência maior do que 45 dias. Para voos próximos a data da viagem, o preço em pontos exigido tende a ser bem mais caro.

Conclusão

Pousamos em Viracopos com 35 minutos de atraso em relação ao horário previsto. O comandante compensou parte do tempo perdido na decolagem voando mais rápido, e sempre há uma gordura no tempo previsto de viagem.

Foi surpreendente voar na nova classe executiva Business Xtra da Azul. Uma evolução enorme em relação ao produto que ela iniciou operando seus voos para os Estados Unidos. Um show à parte foi o serviço de bordo, superando, pelo menos nesse voo, muitas concorrentes, incluindo companhias renomadas!

Ganhamos uma nova e conveniente opção ligando Brasil e Europa, com um produto diferenciado que vai agradar os passageiros mais exigentes. Mais uma vez, parabéns a Azul pela coragem em empreender mais essa rota e sucesso para que esse voo seja apenas o primeiro de muitos!

Na chegada do voo, novamente saudação com jatos de água para o primeiro voo da companhia vindo da Europa a pousar em Viracopos.

Felizmente o controle de passaporte estava completamente vazio.


Nota: os funcionários e comissários Azul não tiveram conhecimento sobre o review e não houve tratamento diferenciado em nenhum momento. O anonimato nos permite retratar a experiência real que um passageiro terá ao voar com a companhia aérea. Além disso, os comentários retratam não apenas como eu fui tratado, mas como vi os funcionários tratarem os demais passageiros.

E você, o que achou? Vai voar com a Azul para a Europa? Ficou com alguma dúvida? Comente e participe!

Veja também como foi nosso voo de ida do Brasil para a Europa com a Azul, na classe econômica, num review completo e exclusivo.

Leonardo Cassol – é editor do Melhores Destinos e especialista em milhas e programas de fidelidade. Acumula e utiliza, em média, 1 milhão de milhas a cada ano. Possui status nos quatro programas de fidelidade nacionais: Black Latam Fidelidade (One World Emerald), Smiles Diamante, Amigo Diamante (Star Alliance Gold) e TudoAzul Safira. Também foi membro Premier 1K (Star Alliance Gold) no MileagePlus United por 6 anos consecutivos e Freccia Alata Plus (Sky Team Elite Plus) na Alitalia.

Nota final.

Azul

Lisboa - Campinas

Voo AD

8,7
Embarque 7,5
Assento 9,0
Entretenimento 8,5
Amenidades 9,5
Equipe 9,5
Fidelidade 8,5