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Como é voar para o Japão com a ANA em classe econômica

Como é voar para o Japão com a ANA em classe econômica

IAH Houston
HND Tokyo
NH113
Avião Boeing 787-9
Classe Econômica
Poltrona 34H
Data 31/12/2023
Partida 10h15
Chegada 15h20
Duração 14h05
Redação Por Sergio Reis
Leitor do Melhores Destinos
20/06/2024 às 14:45

Viajar para o outro lado do mundo não é tão fácil. Obviamente não há voos diretos e são poucas as opções. O leitor Sergio Reis viajou no ano passado para Tokyo com a ANA (All Nippon Airways) e compartilhou sua experiência com a gente. Vamos acompanhar o seu relato!

Fiz uma viagem em família saindo do Rio de Janeiro para Tokyo, iniciado no dia 31 de dezembro em cabine economy. Como atualmente não existem voos diretos de empresas japonesas para o Brasil, é necessário realizar uma conexão em algum outro continente. Optei por um voo do Rio de Janeiro para Houston com a United, onde fiz uma conexão para um voo da ANA para Tokyo. A viagem incluiu duas companhias aéreas bastante diferentes, e hoje trarei aqui a análise com a companhia japonesa.

Os aeroportos do destino

Uma curiosidade inicial é que Tokyo possui dois aeroportos, o de Haneda (HND), que foi o meu escolhido, e o de Narita (NRT). Haneda é mais próximo à zona central da cidade, com uma conexão bastante eficiente e não tão custosa para o centro. Por sua vez, Narita é maior e mais distante. A conexão por transporte público é boa, mas dependendo da opção pode ser razoavelmente cara, e a opção mais barata de trem leva quase duas horas para chegar ao centro de Tokyo.

Por conta da distância, táxis ou carros de aplicativo são muito caros, podendo chegar à 200 dólares um táxi, dependendo da região da cidade. Aliás, táxi em Tokyo é caro, sendo um serviço premium. Chegando ou saindo de Tokyo, é necessário pesquisar qual transporte se adequa ao seu orçamento de viagem. Por conta da distância é necessário pensar no horário do voos, evitando voos muito cedo saindo de Narita, por exemplo. Também é necessário ter em mente que o transporte público em Tokyo fica bem cheio na hora do rush.

Minha volta era por Narita e eu tive que mudar de planos na estação de trem perto do hotel. Às 8:30 da manhã eu não conseguiria entrar no trem para a estação de conexão para Narita Express (imagina o metrô da linha 2 do Rio, ou zona oeste em São Paulo na hora do fluxo pesado, e eu com uma mala e um mochilão). Como eu tinha tempo, peguei um trem no sentido contrário ao fluxo e fui no trem mais barato, curtindo a paisagem dos subúrbios e da zona rural próxima a Tokyo. Sim, o aeroporto é tão distante que existem arrozais no caminho.

Compra da Passagem

Eu fiz a compra no site da United Airlines, a empresa faz parte da Star Alliance e tem uma forte parceria com a ANA – várias rotas da United nos Estados Unidos operam em codeshare com a ANA. Como iria realizar essa viagem em família e em alta temporada (final de dezembro e/ou janeiro), as passagens aéreas ficam ainda mais caras.

Consegui um preço de R$ 9.030 por pessoa, numa viagem entre Rio e Tokyo com um stopover em Los Angeles na volta. O preço é salgado, mas como era alta temporada e comparando com outras empresas aéreas, estava ok.

Para pagar menos, eu optei por passar o réveillon no avião. Ironicamente, eu não tive uma virada de ano, o avião saiu de Houston no dia 31/12 seguindo na direção oeste. Passei o meridiano do Pacífico e pulamos para o outro dia no que seria a hora do almoço local. Fiz um brinde tímido com saquê e só.

Outra questão, já apontada por um leitor do MD que fez uma avaliação em 2013, é que a United não faz parcelamento de passagens que envolvam trechos com outras companhias aéreas, ou seja, um eventual passageiro precisa se organizar para pagar a passagem em uma única parcela. Voos operados pela United podem ser parcelados em 5 vezes, e concorrentes parcelam em 4 e 6 vezes.

Como estava viajando em família, uma preocupação era reservar assentos juntos. Seria um pesadelo viajar espalhado em um avião lotado. Na United os assentos normais podem ser reservados sem custos no momento da compra, já os da ANA eu não consegui reservar de jeito algum. A United enviou o meu código de reserva da ANA, baixei o app da empresa, inseri a reserva, enviei e-mail, liguei para o escritório em São Paulo e não consegui de jeito algum reservar os assentos. Minha sorte é que, diferente de outras companhias aéreas, quando o sistema da ANA observa que se trata de uma família, ele automaticamente coloca todo mundo junto, o que só soube depois.

Check-in

O check-in e o despacho de bagagens foram feitos no Rio, pela United. O meu bilhete dava direito a duas malas de 23 kg por pessoa (algumas companhias só permitem uma mala). No check-in houve a indicação na bagagem de que se tratava de uma conexão para o Japão. Normalmente, em conexões nos EUA, é necessário pegar a bagagem na esteira, fazer a aduana e depois “re-checkar” a bagagem. No caso da ANA, isso não foi necessário, a bagagem foi diretamente para o nosso segundo voo.

Em que pese as malas terem ido direto, foi necessário fazer a migração nos EUA, e aí foram 90 minutos de fila em Houston pois só havia 5 funcionários atendendo e não paravam de chegar voos internacionais. Na volta de Tokyo, em Los Angeles, foram 2 horas e meia na fila da migração. Além de ser desagradável ficar tanto tempo esperando numa fila em que pagamos cerca de 100 reais em taxas, isso torna necessário evitar conexões muito apertadas pois o risco de perder o voo seguinte é real.

Embarque

Ao chegar ao portão de embarque do voo, fui pedir ajuda para a equipe da ANA que estava realizando os preparativos para o embarque a fim de resolver o problema da reserva dos assentos. Fui bem tratado, esclareceram a questão da reserva em família e foram solícitos em verificar se havia outras opções que eu poderia escolher. Esse, de certa forma, foi o meu primeiro contato direto com a empresa e me senti bem atendido. Ao longo da viagem e no voo de volta, percebi que o tom cordial e a tentativa sincera de tratar bem os clientes seria o tratamento normal na ANA.

A área de embarque não estava muito cheia, o aeroporto de Houston é espaçoso e organizado. O embarque começou um pouco antes do horário programado, observando as prioridades e o fluxo foi tranquilo.

Ao entrar na aeronave fomos saudados com o gestual japonês por uma tripulação que estava feliz em nos ter como passageiros.

Nessa rota a ANA opera com o Boeing 787-9, no formato 3-3-3. Os assentos são confortáveis e possuem apoio para os pés e tomadas em formato internacional.

No assento nos esperava um kit com fones de ouvido, cobertor e travesseiro, ambos com tecidos de boa qualidade. Se o passageiro quiser, ele pode solicitar máscara para tapar os olhos. A janela do 787 é bem grande e tem uma tecnologia em que se usam botões para deixar mais escuro ou mais transparente.

O voo

O voo entre Houston e Tokyo é bem longo, com duração de 14 horas, e para complicar este ainda era um segundo trecho, posterior a uma viagem também longa entre o Brasil e EUA. O voo estava cheio, mas como as poltronas são confortáveis foi possível descansar. Os voos sobre o Oceano Pacífico às vezes balançam muito, neste dia tive sorte e o voo foi tranquilo; já no voo da volta não tive a mesma sorte.

O sistema de entretenimento tinha um bom sistema interativo e uma boa variedade de filmes, mas nem tanto de séries. Havia uma variedade razoável de títulos com closed caption, uma ferramenta que ajuda pessoas com deficiência auditiva, assim como pessoas que, como eu, não gostam muito de filmes dublados e ao mesmo tempo preferem o som original mas não conseguem ouvir com perfeição outros idiomas no meio de um voo. Havia também uma boa variedade de filmes japoneses com legendas em inglês.

O wi-fi a bordo estava disponível para quem quisesse contratar (não foi meu caso), com opção de três planos: o de 30 minutos por US$ 6,95, o de 3 horas por US$ 16,95 e o por todo o voo por US$ 21,95.

As refeições

Após a decolagem e o avião alcançar a altura de cruzeiro, foi oferecido um snack e uma bebida. O snack da ANA tem uma assinatura própria e já é uma preparação para o paladar japonês. Eu achei bom!

Em seguida foi oferecida a refeição. Um ponto curioso é que a ANA disponibiliza com uma boa antecedência as opções de menu do voo em seu site, eles possuem uma opção japonesa/asiática e uma opção ocidental. Além das duas opções, no site havia a possibilidade de reservar refeições que atendessem dietas das mais variadas, e os pratos infantis são fofos, diferenciados para bebês ou crianças mais velhas.

No voo eles apresentam aos passageiros um cardápio em japonês e inglês, com as fotos dos pratos, algo prático e eficiente. Eu optei pela opção asiática que consistia num camarão empanado (tempura) com molho teriaki e arroz. Além do prato principal, que estava delicioso, havia uma salada com salmão defumado (muito boa), folhas cozidas com pasta de atum (saudável), salada de folhas com milho e italian dressing (meio clichê) e um lámen gostoso com o caldo separado (bacana). No copo do lado esquerdo tem um missoshiru, caldo japonês suave (bom também). No final da refeição foi oferecido um sorvete de baunilha da Häagen-Dazs.

E ainda havia a opção de hashi (pauzinhos) ou talheres de metal. Talheres de metal impactam positivamente na minha experiência em uma refeição. Sem dúvida foi a minha melhor refeição em classe econômica desde que comecei a viajar de avião.

Por conta do fuso horário, as refeições ficam meio malucas. Antes do pouso foi oferecido um café da manhã (com talheres de metal!) em que a opção ocidental era porco desfiado com molho barbecue e arroz (bom também!), uma salada com presunto defumado (bom) e um bolinho de frutas vermelhas (sempre é bom).

As refeições eram acompanhadas de bebidas, com a opção de sucos, refrigerantes, cerveja, vinho branco e tinto usuais, incluindo também bebidas asiáticas, como o chá-verde e o saquê, ambos de boa qualidade para um voo em classe econômica. Uma curiosidade é que a ANA tem uma bebida própria que é uma limonada adoçada com mel, uma bebida leve e agradável.

Por conta das 14 horas de voo, não faltou tempo para tomar sucos e comer outros snacks que foram deixados na galley do avião para passageiros insones como eu (sim, o fuso horário estava fazendo efeito). A tripulação, muito gentil, também passava servindo bebidas e snacks para quem estava acordado.

A tripulação durante todo o voo foi muito gentil e cordial, delicada sem ser excessivamente formal. Meu filho mais novo recebeu um kit com caderno da ANA, cartões postais, snacks e um cartão especial assinado por alguns tripulantes com o nome dele e a data do voo (buscaram o nome dele no sistema de reserva e o cartão foi personalizado). A impressão é de que a tripulação queria fazer aquele algo a mais sempre que possível, e nesse caso com muito carinho. Um tipo de carinho que experimentamos algumas vezes no Japão e que mexem com a gente.

Chegando a Tokyo, na hora do serviço de bordo, houve o céu colorido da ANA. O efeito é mais legal no avião do que na foto e o comandante desejou a todos um Feliz Ano Novo!

Foi um voo excelente realizado por uma tripulação excelente. Na volta fiz o trecho Tokyo Narita (NRT) – Los Angeles (LAX), onde tivemos um voo “normal”. Meu filho ganhou o caderno e cartões postais, foi bem tratado mas não foi mimado, e tivemos azar porque o avião balançou bastante na rota.

Por fim, cabe destacar a limpeza a bordo dos voos da ANA, principalmente dos banheiros, tanto na ida como na volta.

Por conta de todos esses elementos passei a entender por que a ANA sempre está no top 5 dos rankings de companhias aéreas. O tratamento mesmo “normal” conferido aos seus passageiros é diferenciado.

Programa de Fidelidade

Em um período da minha vida viajei bastante e possuía status elevados na Latam e na Gol e, quando viajava em companhias aéreas estrangeiras, buscava creditar nas companhias aéreas nacionais tais milhas, assim como transferências de pontos do cartão de crédito. Recentemente, as milhas dos programas nacionais “viraram pó” e são necessárias muitas milhas para emitir trechos nacionais e internacionais. Mudei de trabalho e passei a viajar menos. Viajando menos fui caindo rapidamente de status.

Após alguma pesquisa optei por aderir ao programa Mileage Plus da United antes dessa viagem, as milhas são vitalícias e posso ir acumulando sem pressa.

Conclusão

Gostei muito de viajar na ANA, a minha experiência no voo de ida foi excepcional e no voo de volta foi muito boa. O atendimento no voo é diferenciado, e os aviões são bastante confortáveis para voos longos. As refeições e os snacks são um ponto alto da empresa, além da cordialidade da sua tripulação.

O ponto negativo é o atendimento ao cliente antes do voo. Tentei resolver a questão da reserva dos assentos de várias formas, não responderam ao e-mail e ao formulário (em inglês) que enviei para o SAC e o atendimento por telefone no Brasil foi lacônico e somente com respostas negativas. Eu não me sentiria à vontade para comprar uma passagem no site da ANA sabendo que se eu tivesse algum problema não teria qualquer suporte. O app da ANA é ok, mas também não me ajudou muito.

Se numa próxima viagem para a Ásia houver algum trecho com a ANA por um bom preço, eu gostaria de viajar nela novamente.


Agradecemos ao Sergio por ter compartilhado o seu relato com a gente. Se você tem alguma viagem marcada e quiser compartilhar seu review de voo, envie um e-mail para contato@melhoresdestinos.com.br

Nota final.

All Nippon Airways

Houston - Tokyo

Voo NH113

9,1
Embarque 10
Assento 10
Entretenimento 8
Amenidades 9
Equipe 10
Fidelidade 8