A Alitalia –  Società Aerea Italiana – é a maior companhia aérea da Itália e companhia de bandeira do país. A companhia tem como base os aeroportos de Roma e Milão de onde voa para mais de 100 destinos ao redor do mundo, incluindo o Brasil, onde opera voos diretos e diários para Roma saindo do Rio de Janeiro (GIG) e de São Paulo (GRU).

A companhia fundada em 1946 tem passado por fortes turbulências nos últimos 2 anos. No início de 2017 ela esteve à beira da falência e sofreu intervenção do governo, que concedeu empréstimos públicos para garantir sua sobrevivência. Privatizada, ela hoje tem 51% de suas ações nas mãos da holding Compagnia Aerea Italiana (CAI) e 49% com a Etihad Airways.

A ideia era encontrar um comprador para a companhia nesse período, mas o prazo esgotou em novembro de 2019 sem que nenhum negócio fosse fechado. Mais de 1,3 bilhão de euros já foram empenhados para evitar sua quebra.

Mas como andam os serviços da companhia em meio a essa crise toda? Ela ainda é uma boa escolha para ir à Europa? Para responder essas e outras perguntas embarcamos no voo AZ 673, do Rio de Janeiro (GIG), para Roma (FCO), relato que você confere a seguir:

Compra da passagem

A compra dessa passagem para Roma foi feita com apenas duas semanas de antecedência, aproveitando uma oferta de resgate pelo Smiles. Foram 33.000 milhas mais R$ 153,89 de taxa de embarque, que é um ótimo valor em milhas para a Europa. (A volta comprei com outra companhia).

Embora haja um voo direto da Alitalia saindo do aeroporto de Guarulhos acabei comprando uma opção com conexão no Rio de Janeiro. Sendo que o primeiro trecho (GRU-GIG) seria operado pela Gol.

Depois da compra tentei marcar os assentos pelo site da Alitalia, mas como a compra foi feita pelo Smiles essa opção não estava disponível. Então liguei para o escritório da empresa aqui no Brasil e me informaram que o sistema para marcação não estava funcionando, era pra eu ligar outro dia ou marcar no check-in no aeroporto.

Resolvi arriscar e deixar pra marcar só no dia da viagem. Torcendo pra que sobrasse um lugarzinho na janela.

Check-in e embarque

No dia do embarque cheguei ao aeroporto de Guarulhos 2 horas antes do horário previsto pra partida do voo da Gol que me levaria até o Rio de Janeiro. A fila estava grande mas fui atendido em menos de 15 minutos.

O atendente teve um pouco de dificuldade pra fazer o meu check-in, mas foi bastante simpático. Fiquei uns 15 minutos por lá até ele conseguir marcar os assentos e imprimir os bilhetes. Já foi feito o check-in até Roma. Fui só com a bagagem de mão, mas se tivesse alguma mala para despachar ela iria direto para o destino final.

Pra minha tristeza, todos os lugares nas janelas estavam ocupados no voo do Rio de Janeiro para a Roma. Então tive que me conformar com um lugar no corredor mesmo.

Esse primeiro voo foi bem tranquilo. O embarque começou antes do horário e a partida foi pontual.

Quando cheguei ao Galeão ainda faltavam 3 horas e meia para a partida do voo pra a Itália. Passei pelo check-in pra dar uma olhada na movimentação e estava bem tranquilo. Depois segui para a área de embarque.

Às 15 horas a movimentação para embarque foi iniciada no portão C64. Estava indo pra fila da classe econômica quando ouvi chamarem meu nome pelo auto-falante. Quase tive um infarto com o susto! Mas era só pra conferir se eu tinha passagem de retorno, já que tinha comprado só a ida com a Alitalia. (Essa é uma checagem obrigatória).

Aproveitei e perguntei para a atendente se por acaso não tinha algum lugar na janela sobrando, e ela achou um lá no fundão da aeronave, na penúltima fileira, o 41L. Perguntar ao atendente na hora do embarque, aliás, é umas das dicas de como escolher os melhores lugares no avião quando você não consegue marcar um bom lugar com antecedência, como foi o meu caso nessa viagem.

O embarque começou no horário previsto e foi bastante tranquilo e organizado.

O avião era um Airbus A330-200 com 9 anos de uso. A configuração da cabine da classe econômica é 2-4-2.

No assento já havia um kit com travesseiro e manta. Achei o espaço para as pernas na média. Há telinhas individuais para entretenimento, tomada USB e cabide para pendurar casaco. No braço do assento tem um controle remoto para acessar a programação.

Um comissário meu deu bronca ao me ver com a câmera. Então tive que ser bem discreto na hora de fazer as imagens desse voo.

A partida foi às 15:54, 6 minutos antes do previsto. E a decolagem foi às 16:13. O tempo de voo previsto até Roma era de 11:30. Para minha alegria a poltrona do meu lado ficou vazia!

Logo após a decolagem foram distribuídos fones de ouvido. Normalmente os fones distribuídos em aviões são bem simples, mas funcionais. Só que esse era muito ruim, a ponto de não conseguir usar! Ainda bem que sempre levo o meu.

Do meu lado havia três fileiras de poltronas vazias reservadas para descanso da tripulação, que depois foram isoladas com uma cortina. Eu gostei disso porque a cortina também criava uma separação da minha poltrona com o resto do avião.

Serviço de bordo e amenidades

45 minutos após a decolagem foi iniciado o serviço de bordo. As opções eram carne ou pasta. Optei pela carne.

Tinha salada de batata com frango e alface, uma fatia de bolo, pão frio, biscoito salgado e manteiga. Além de sal e pimenta, toalha refrescante e um guardanapo vermelho bem estiloso.

A carne de panela ao molho veio acompanhada de ervilhas e polenta. Achei bem saboroso, mas a porção não era muito generosa. Os talheres eram de plástico. Para beber pedi refrigerante, mas tinha opção de água, sucos e vinho.

Depois do jantar ainda passaram oferecendo café, mas não pra mim. Simplesmente me ignoraram nessa hora e não me ofereceram nada. (Eu nem ia pegar mesmo).

Faltando 1:30 para o pouso foi servido o café da manhã. Dessa vez havia peito de peru com queijo, rolinho de maçã com canela, pão e um potinho de iogurte de morango. Com mais talheres de plástico.

Para beber pedi chá. Já veio um sachê de açúcar na bandeja que nem usei, e uma toalha refrescante.

No meio do voo o banheiro ainda estava relativamente limpo e não havia nada de especial por lá além de luzes no espelho e um espelho de corpo inteiro que ajuda a diminuir a sensação de confinamento.

Entretenimento

A tela de entretenimento era touch screen, mas ela não é muito sensível e você precisa apertar várias vezes, o que pode incomodar o passageiro da frente, então melhor usar o controle remoto nesse caso.

A catálogo de filmes, séries e músicas não é muito vasto, e poucos filmes possuem opção de linguagem em português, o que é uma pena. A tela também não era das maiores, nem das melhores.

Havia também a revista de bordo da companhia e um catálogo do Duty Free.

Era possível acessar a internet durante o voo e o plano mais barato, para envio de mensagens, custava 2 dólares. Mas não cheguei a testar esse o serviço.

Só na hora de dormir é que percebi que o travesseiro tinha uma abertura para ser colocado ao redor do pescoço. Usei 2 e foi ótimo! Bem mais prático e confortável. As outras companhias deviam copiar isso!

A manta em compensação era bem fininha. Também achei o assento mais duro e desconfortável que o normal. O braço entre as poltronas não levanta completamente, então mesmo com o espaço livre do meu lado não havia muito como aproveitá-lo.

Programa de fidelidade

O programa de fidelidade da Alitalia é o MilleMiglia, que não é muito bom se comparado com outros, e não tem muita utilidade para quem não viaja com frequência com a empresa. Mas é possível pontuar no Smiles (se a tarifa permitir) ou em programas de companhias que fazem parte do Skyteam.

Equipe

Uma preocupação comum de quem viaja com uma companhia estrangeira é se a tripulação fala português. Aparentemente nesse voo ninguém falava. Só os avisos importantes foram dados por uma gravação em português, mas todo o resto foi sempre em inglês ou italiano.

Os comissários que atenderam o meu lado só falavam inglês e italiano, mas se esforçavam para atender os passageiros que falavam português. Eles não eram muito simpáticos, mas parece que essa é uma característica dos italianos.

Chegada e desembarque

O pouso foi tranquilo às 6:39, horário local. E o desembarque foi iniciado às 6:50.

Vale a pena voar com a Alitalia?

A Alitalia não é exatamente minha primeira escolha na hora de comprar uma passagem pra Europa, mas se o preço for mais baixo ou se você quiser chegar à Itália num voo direto, até que vale a pena.

O futuro da companhia ainda é incerto. Um novo administrador foi nomeado no início de dezembro com o compromisso de estabelecer um plano de cortes e reorganização que torne a empresa mais interessante para investidores. O novo prazo para encontrar um comprador foi fixado em 31 de maio de 2020. Vamos aguardar para ver o que acontece.

E você o que achou? Ficou com vontade de voar com a companhia? Se já foi pra Roma com a Alitalia conta pra gente como foi a sua experiência.

Não deixe de conferir também o relato completo em vídeo:

Nota final.