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Como é voar na primeira classe da United Airlines

Denis Carvalho
02/05/2013 às 13:42

Como é voar na primeira classe da United Airlines

Quando pensa em um voo internacional, o que vem à sua cabeça? Horas em uma poltrona apertada e desconfortável? Comida ruim? Pois hoje vamos mostrar uma forma bem diferente de voar: uma avaliação da primeira classe da United Airlines. O melhor é que com os programas de milhas, este é um sonho cada vez mais acessível aos brasileiros. Nosso leitor André Lorente será nosso cicerone nesta avaliação da Global First do Boeing 777 da companhia. Acompanhe seu relato e saiba um pouco mais sobre como é o serviço que a United oferece aos passageiros da primeira classe:

1- Capa

Em março de 2013 tive a oportunidade de viajar de Los Angeles a São Paulo na primeira classe da United. Foram 3 voos:

Los Angeles – Chicago (Boeing 757-200)
Chicago – Washington (Boeing 737-800)
Washington – São Paulo (Boeing 777-200)

Quando emiti a passagem, fiz questão de pegar um voo com o maior número possível de conexões para que eu pudesse conhecer a configuração interna de várias aeronaves. Os dois voos domésticos (Los Angeles – Chicago – Washington) foram operados em aeronaves Boeing 757 e 737, cuja configuração interna possui apenas duas cabines: econômica e executiva. Embora a executiva dessas aeronaves já traga bastante diferenciação em relação à econômica, neste flight report limitarei o relato ao trecho entre Washington e São Paulo, voado na Global First do 777-200, essa sim sendo a verdadeira experiência em primeira classe.

É importante esclarecer que a “verdadeira” primeira classe da United (chamada de Global First) não existe nas rotas entre SP-Newark e RJ-Houston. Nessas duas rotas a aeronave utilizada é um 767 configurado com apenas duas cabines: executiva (chamada de Business First) e econômica. Em todas as outras rotas que a United opera entre Brasil e EUA (SP-Houston, SP-Chicago e SP-Washington) a configuração interna é de três cabines: Global First, Business First e Econômica.

A viagem teve pontos altos e baixos que eu vou relatar nesse meu primeiro flight report com exclusividade para o Melhores Destinos. Espero que gostem!

Compra da Passagem

Eu emiti a passagem através do TAM Fidelidade pra voar na United. Preferi emitir pela TAM porque, por incrível que pareça, a brasileira emite passagens  da United com uma pontuação menor que o cobrado pela própria United. São 60.000 Fidelidade contra 67.500 MileagePlus (pontuações mínimas para voos em alta temporada). Apenas como efeito comparativo, a mesma passagem estava disponível no site da United por algo em torno de R$15 mil.

O ponto negativo em emitir pela TAM é que você só consegue esse tipo de passagem via call center ou loja, e aí precisa obrigatoriamente pagar a taxa de emissão de R$40. O processo de emissão foi relativamente simples, mas precisei usar uma tática especial que sempre uso com os atendentes do TAM Fidelidade:

Ao invés de ligar para o call center da TAM e deixar que o atendente procure pra você datas disponíveis pra voar com a menor pontuação, faça você mesmo a pesquisa pelo site da United utilizando viagens-prêmio e veja a disponibilidade antes de ligar na TAM. Se existir voo com pontuação mínima no MileagePlus, obrigatoriamente deverá existir o mesmo voo também com pontuação mínima no Fidelidade.

Alguns atendentes do Fidelidade podem negar a informação e dizer que não existe tal voo, mas insista, porque existe. Peça educadamente que ele procure melhor e se mesmo assim ele “não encontrar”, desligue e ligue de novo. Como eu já conhecia esse truque, foram necessárias três ligações para o Fidelidade até que eu conseguisse emitir a passagem que eu estava visualizando no MileagePlus.

O que acontece é o seguinte: o atendente joga no sistema dele “Los Angeles a São Paulo” e o sistema não acusa nenhuma disponibilidade com pontuação mínima. Mas se ele fizer uma busca trecho a trecho, alternando os pontos de conexões manualmente, aí o resultado já é diferente. A própria atendente da TAM que emitiu minha passagem assumiu que isso acontece. Quando ela finalmente conseguiu encontrar a passagem que eu queria depois de uma certa insistência minha, eu perguntei: “Por que os outros dois atendentes que eu acabei de falar há menos de 10 minutos não encontraram essa passagem, e você encontrou?” E ela muito educadamente me respondeu que esse tipo de pesquisa realmente dá mais trabalho para fazer e que por isso alguns atendentes simplesmente ignoram essa possibilidade.

A emissão foi feita com uma antecedência de aproximadamente um mês e acho importante dizer que existiam diversas opções de datas com a pontuação mínima para voar na primeira classe e também na classe executiva, tanto pela United quanto pela Air Canada e também pela Copa.

2- Mapa de Assentos

Check-in

O processo foi rápido e simples, com uma fila exclusiva no balcão da United para passageiros de primeira e executiva fazerem o check-in e despacharem suas malas com mais rapidez. A fila exclusiva se estende também no momento do raio-x. Ao invés da franquia padrão de duas malas de 32kg, passageiros da Global First podem embarcar com três malas de 32kg cada sem custo adicional. Assim que sua mala é despachada, ela ganha uma etiqueta de prioridade alta e será uma das primeiras a chegar na esteira no seu destino final.

Sala Vip

A United disponibiliza em vários aeroportos do mundo as salas vip chamadas United Club, exclusivas para passageiros de classe executiva, primeira classe, passageiros com alto status no MileagePlus e portadores de alguns cartões de crédito. Já fiquei nessas salas em outras ocasiões, mas confesso que embora sejam bastante confortáveis, elas estão sempre lotadas e não é difícil você ficar sem lugar para se sentar. Mesmo assim resolvi entrar.

Para minha surpresa, assim que apresentei meu ticket no balcão de acesso, a atendente me informou que a United possuía naquele aeroporto (Washington) uma outra sala mais exclusiva ainda (Global First Lounge), sendo essa apenas para passageiros de primeira classe de voos internacionais da United.

Na prática, a sala Global First Lounge é muito semelhante à sala United Club. Sofás, tvs, jornais, revistas, internet, computadores, banheiro com chuveiro, comidas, bebidas (alcoólicas inclusive), tudo disponível e à vontade. A grande diferença dessa sala para a anterior é a quantidade de pessoas. Enquanto no United Club devia ter mais de 100 pessoas, no Global First Lounge estavam apenas eu e mais quatro.

 

Global First Lounge, sala vip exclusiva para passageiros voando na primeira classe da United

Global First Lounge, sala vip exclusiva para passageiros voando na primeira classe

Embarque

Minutos antes de iniciar o embarque, um chamado no sistema de som da sala vip avisa que o embarque para o seu voo está prestes a iniciar e que você já pode se dirigir ao portão. Nessa hora, a United cometeu uma falha. Em todos os voos internacionais de qualquer companhia sempre existe o embarque prioritário para passageiros de primeira/executiva e passageiros com necessidades especiais. Naquele voo não houve nenhum tipo de embarque preferencial.

O avião

Minha poltrona era a 1A. Assim que cheguei, uma comissária me chamando pelo meu sobrenome me perguntou se eu gostaria que ela guardasse meu blaser (que viria a ser devolvido poucos minutos antes do pouso). Acomodei minha bagagem de mão na parte superior e fui fuçar na poltrona. Confesso que senti falta de alguma instrução, pois haviam tantos compartimentos para guardar coisas e tantos botões, que você acaba perdendo alguns bons minutos até descobrir como tudo funciona.

Visual moderno e muito elegante

Visual moderno e muito elegante

Havia à disposição nos compartimentos da poltrona dois travesseiros, um lençol, um cobertor, uma necessaire com dezenas de produtos de higiene pessoal e um fone para assistir à TV, cuja tela de 15.4 polegadas parece gigante se comparada à telinha da classe econômica.

Detalhe dos itens que vêm na nécessaire

Detalhe dos itens que vêm na nécessaire

O fone de ouvido era um headphone melhor que o simples earphone da classe econômica, mas não era de nenhuma marca especial, tinha apenas o logo da United estampado nele (já voei na classe executiva da TAM onde foram oferecidos fones da Boose).

Detalhe para o painel lateral com os controles da poltrona

Detalhe para o painel lateral com os controles da poltrona

A seleção de filmes é exatamente a mesma da classe econômica, sendo o tamanho da televisão o único diferencial nesse quesito. Havia também em cada poltrona uma tomada e uma entrada USB para recarga de equipamentos eletrônicos. A poltrona possuía três posições padrões (sentado, reclinado e totalmente deitado), mas além dessas opções você podia ajustar todas as partes da poltrona do jeito que você quisesse. Dessa forma seria fácil encarar as 9 horas e 30 minutos de viagem até São Paulo!

5- Poltrona

Na posição flat bed a poltrona reclina totalmente e vira uma cama

A aeronave possuía dois banheiros na parte frontal reservados para os passageiros da primeira classe e para os tripulantes. A primeira classe possuía apenas oito assentos (contra 40 da executiva e 218 da econômica), sendo duas fileiras com quatro assentos cada (1-2-1), e duas comissárias exclusivas para atender a primeira classe. Como existiam apenas sete passageiros, a média foi de uma comissária de bordo pra cada 3,5 passageiros.

A primeira classe possui apenas 8 assentos. Detalhe para o cinto de 3 pontos

A primeira classe possui apenas 8 assentos. Detalhe para o cinto de 3 pontos

O único ponto negativo que realmente me incomodou na estrutura da primeira classe da United foi a ausência de cortinas ou qualquer outro tipo de divisória para a galley dianteira. A galley dianteira é o ponto de encontro de todos os tripulantes do avião, então a movimentação é grande durante todo o voo, e é ali que eles param para conversar enquanto os passageiros dormem. Além de ouvir o barulho vindo da galley, ficar na “linha de visão” dos comissários praticamente o voo inteiro não era muito confortável.

A ausência de cortinas para a galley dianteira é um ponto negativo na primeira classe

A ausência de cortinas para a galley dianteira é um ponto negativo na primeira classe

Os comissários

Como cada comissário na primeira classe cuidava apenas de 3 ou 4 passageiros, eu achei que seria justo fazer um tópico exclusivamente sobre eles.
A comissária que me atendeu era bastante educada, mas eu não vi um único sorriso da parte dela desde o início até o final do voo. A impressão que tive é de que ela não estava feliz com o trabalho e acho que essa é a última impressão que um passageiro da primeira classe quer ter. Sorriso da minha parte não faltou, e acho que uma retribuição da parte dela (mesmo que falso) teria representado um diferencial na minha experiência com a United.

16- Poltrona

Em certo momento do voo, minutos após retornar do banheiro, passei por uma situação um pouco deselegante com a mesma comissária. Eu estava deitado, ela se abaixou ao meu lado e perguntou:
“- Você foi no banheiro agora há pouco, né?
– Fui, por que?
– Você usou o da esquerda ou o da direita?
– O da esquerda.
– Tem certeza que o da esquerda? (apontando com a mão)
– Tenho, mas por que?
– Nós tivemos um problema no banheiro da direita e estou tentando descobrir quem foi que usou por último.”

Na hora veio um milhão de coisas na minha cabeça. O que será que tinha acontecido? Quebraram alguma coisa? Sujaram o banheiro? Alguém fumou lá dentro? Independente do motivo, acho que nunca deveria ter sido questionado daquela forma. Fiquei com sensação de culpa sem ser culpado, principalmente depois que eu percebi que ela só perguntou a mim. Será que ela esperava que eu fosse consertar ou limpar o que quer que estivesse errado?

17- Poltrona

Uma curiosidade interessante: no speech inicial antes da decolagem, a comissária chefe de voo falou que existiam quatro comissários fluentes em português naquela aeronave, incluindo ela. Mas nenhum dos quatro estavam na primeira classe. E não dá nem pra usar a desculpa de que brasileiro não viaja na primeira classe, porque todos os sete passageiros eram brasileiros!

Refeições

Sei que essa é a parte favorita de muitos leitores, então tentarei ser o mais fiel possível a realidade. Foram servidas duas refeições, o jantar e o café da manhã, além de um pequeno aperitivo de boas vindas.

Com o avião ainda em solo antes da decolagem, a comissária ofereceu uma pequena porção de amêndoas, passas e amendoim, acompanhados de uma taça de champagne e um copo d’água. Essa combinação era o aperitivo de boas vindas, com direito a repetição de champagne sempre que a taça ficava vazia. Junto com este aperitivo foi oferecido também três opções de jornais, todos americanos. Foi também neste momento que a comissária ofereceu o menu e a carta de vinhos para que escolhêssemos o jantar daquela noite.

9- Menu

Detalhe do Menu e da Carta de Vinhos

Parte interna da carta de vinhos e do menu

Parte interna da carta de vinhos e do menu

Cerca de duas horas após a decolagem, a comissária veio até a mim e montou a mesa para o jantar. É uma mesa grande, bem maior que as mesinhas da econômica. A própria comissária se encarrega de abri-la e forrá-la com um pano. Foi também nessa hora que ela trouxe um oshibori para limparmos as mãos (oshibori são aquelas toalhinhas quentes e úmidas servidas geralmente em restaurantes japoneses). O jantar foi dividido em uma entrada quente, salada e o prato principal, além da sobremesa.

Entrada Quente:
Bolinho recheado de legumes e camarão tempura com molho asiático para grelhados.

11- Entrada

Salada:
Tomates, pepinos e croutons com a escolha de tempero ranch de leitelho ou tempero caesar clássico.

12- Salada
Prato Principal:
Peito de Frango ao Estilo Osso Buco (Ragu de cogumelo chanterelle, bolo de polenta ao alho e brócolis).

13- Principal

Ficou faltando a foto da sobremesa, mas era apenas uma taça de sorvete com coberturas variadas.

Na carta de vinhos existiam seis opções disponíveis entre tintos e brancos. Pedi para que a comissária sugerisse um pra mim e foi escolhido aquele que segundo ela era o mais adequado para o meu prato. Ela fez questão de explicar a história e origem daquele vinho. O jantar inteiro estava muito gostoso e você realmente se sentia jantando em um restaurante de excelente qualidade. Mais um ponto positivo para a United nesse quesito.

Após o término do jantar, todos os itens foram recolhidos e a mesa foi fechada. Uma garrafa de água foi oferecida e terminou ali o serviço de bordo, pelo menos até o café da manhã.

Cerca de uma hora antes de chegarmos a São Paulo, foi servido o café da manhã. Foi oferecido um prato de cereal com leite, banana, salada de frutas, croissant, manteiga e geleia de frutas, além de vários tipos de sucos e também de café.

Café da Manhã

Café da Manhã

Conclusão

Valeu a pena viajar de primeira classe? Sim, porque consegui fazer a emissão com uma quantidade relativamente baixa de pontos. Mas se fosse pra comprar em dinheiro, eu sinceramente não acho que vale a pena o custo benefício. Na classe executiva você consegue ter exatamente o mesmo conforto que tem na primeira classe, com uma economia de pelo menos R$5 mil.

Já voei na classe executiva do A330 da TAM de São Paulo para Miami. Tirando o fato de a poltrona reclinar 180º na primeira classe da United, todo o resto oferecido na executiva da TAM não perdia em absolutamente nada para a United, com o plus de que na TAM as comissárias são muito simpáticas e falam português.

Espero que você tenha gostado desse flight report. Estarei de olho em todos os comentários para responder críticas, dúvidas e sugestões.

Agradecemos ao André por esse ótimo relato, que certamente foi bastante útil para saber mais sobre a primeira classe da United e se compensa investir em um upgrade. Se você voou ou vai voar com alguma companhia aérea que não esteja aqui no Melhores Destinos envie sua avaliação para nós! Entre em contato pelo e-mail dicas@melhoresdestinos.com.br. Você pode conferir todas as avaliações publicadas pelo MD neste post

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