Como é voar na GO Air, companhia low cost da Índia
Como é voar na GO Air, companhia low cost da Índia
Finalizando nosso giro pelas companhias aéreas indianas, nossa leitora Laura Campos nos conta como foi sua experiência com a Go Air, uma companhia low cost daquele país. Com sede em Mumbai, a companhia tem apenas 9 anos de existência e já é a quinta maior da Índia, cobrindo 21 destinos com uma frota de 19 Airbus A320, além de pedidos de 72 A320neo que devem começar a ser entregues no ano que vem. Tanto crescimento não é à toa: a Go Air é parte do Wadia Group, um dos maiores conglomerados empresariais da Índia.
Como disse nas avaliações anteriores, em dezembro de 2013 fui a um casamento na cidade de Pune, na Índia, e aproveitei para viajar um pouco pelo país, particularmente pela região do Rajastão (Noroeste). Além das 17 horas de voo até a Índia (14 horas de São Paulo a Dubai e 3 horas de Dubai a Mumbai, pela Emirates), acabei acumulando mais algumas horinhas em companhias locais indianas. Segue a descrição do terceiro e último trecho, com a Go Air.
Dados do voo: G8 336
Origem X Destino – Delhi – Mumbai
Compra
Todos os voos que pegamos foram comprados por uma agência de turismo local; nós apenas escolhemos as datas, então sinceramente não sei opinar sobre a experiência de compra ou preços. Só posso dizer que usar uma agência de viagens local é um pouco aventureiro, porque como pude perceber com os prestadores de serviço indianos, digamos que o Brasil está bastante avançado em comparação.
O preço de cada voo ficou em torno de Rs. 7.000,00 (R$ 270,00). Peço desculpas aos caros leitores do MD, mas como comprei num pacote, paguei um total de Rs. 21.000,00 pelas passagens, e não sei exatamente o quanto saiu por trecho (não fizemos nenhum voo de ida e volta, sempre apenas ida). Tampouco acumulei milhas, pois nenhuma companhia usada fazia parte de algum programa de milhagem que eu utilizo.
Check-in e embarque
Como falei na avaliação da Air India, o aeroporto de Delhi é grande e moderno, mas estava bem cheio. A área de check-in da Go Air atendia todos os voos, o que formou uma longa e demorada fila, que contava ainda com espertinhos querendo furá-la. Ainda a caminho do aeroporto, havia descoberto pelo aplicativo My Flight Status (recomendo!) que o meu voo estava atrasado e, naqueles momentos de conversa de fila, informei a um senhor sobre o atraso, sobre o qual ele ainda não sabia (nenhum funcionário estava alertando). Mas isso não era apenas “privilégio” nosso: quase todos os voos estavam atrasados, devido à intensa neblina que atinge Delhi no inverno.
Aliás, contem SEMPRE com atrasos nessa época. Meu namorado havia ido para Mumbai no dia anterior e seu voo atrasou três horas, o que fez com que ele perdesse seu voo para Dubai e, como não era um voo de conexão, ele teve que pagar a taxa de remarcação do voo pela Emirates.
O embarque foi confuso, já que muitos voos estavam atrasados e havia um enorme acúmulo de passageiros nos portões de embarque. A solução foi sentar num café e continuar o papo com o simpático senhor da fila. Depois de uma espera mais longa que o inicialmente informado, o voo acabou saindo com 1h45 de atraso, mas com uma mudança no itinerário: só embarcaram os passageiros com destino a Mumbai. Aqueles que iam a Kochi (destino final da aeronave) seriam remarcados em outro voo (talvez de outra companhia, não entendi direito a confusão que se formou). No fim, o voo ficou mais vazio e eu pude me sentar ao lado do meu novo amigo!
O limite de bagagem é um pouco mais generoso: são 20 kg para a bagagem despachada + 7 kg de bagagem de mão.
Avião
O avião era um Airbus A 320 com configuração de poltronas 3×3 com espaço razoável e sem classe executiva. A Go Air é uma típica low cost: moderna e cheia de truques para economizar. As primeiras fileiras são chamadas de Go Business, e oferecerem um serviço um pouco mais diferenciado, como muitas outras companhias aéreas também fazem, sem haver uma distinção de classe: serviço de bordo gratuito, embarque e desembarque preferencial e um pouco mais de espaço.
A tripulação foi simpática e falava inglês com pouco sotaque indiano (o que realmente ajuda!).
Refeições
O serviço de bordo era pago e era possível escolher algumas opções no menu, inclusive pratos quentes (mas o arroz Biryani que eu queria não tinha no dia). Por Rs. 230,00 (um pouco menos que R$ 10,00) eu recebi uma caixinha contendo um sanduíche, batata chips, uma garrafinha de suco de 200 ml e uma fatia de bolo.
Era gostoso, mas eu troquei o meu bolo por um pouco da comida cheirosíssima que o meu novo amigo tinha trazido na sua marmita (já posso ouvir as exclamações de “Que menina louca!” dos leitores do MD, mas adianto que até hoje estou saudável e contente e sem efeitos colaterais da generosidade alheia). Sinto muito pela foto do “depois”, já que o “antes” foi consumido durante um bom papo distraído.
Entretenimento
Havia apenas uma revista de bordo, bem mais ou menos, fora isso não havia nenhum entretenimento.
Uma curiosidade digna de nota é que vale a pena bater papo com estranhos. O meu “amigo da fila” acabou encontrando no café do aeroporto Delhi uma amiga de juventude (os dois têm cerca de 75 anos) e eu tive uma das conversas mais interessantes do alto dos meus 27 anos de vida. Os dois eram nascidos e moravam na região que hoje pertence ao Paquistão quando foram expulsos durante a partição do país.
Foi absolutamente incrível ouvir suas histórias de superação e sobre o quanto eles e os paquistaneses que depois eles conheceram em viagens ao país não guardam rancor uns dos outros. No fim, fronteiras são estabelecidas por poderosos que traçam um risco num mapa como se latitudes e longitudes fossem apenas coordenadas geográficos, e não a terra natal de muitas pessoas.
Conclusão
É uma Gol, só que melhorada.