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Deserto do Atacama e Salar de Uyuni – Dicas e roteiro entre Chile e Bolívia

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25/05/2018 às 13:09

Deserto do Atacama e Salar de Uyuni – Dicas e roteiro entre Chile e Bolívia

Existem viagens baratas e viagens caras. E tem também o “Mochilão pela América do Sul VIP”, do nosso leitor Fernando Brandão, que encarou os desafios de uma aventura no Deserto do Atacama (Chile) e Salar de Uyuni (Bolívia) a um custo moderado, sem abrir mão do conforto e segurança. Foram 13 dias cruzando as paisagens mais impressionantes da América do Sul, entre vulcões, lagos, muita natureza e história! O resultado você confere nesse super relato, cheio de dicas e fotos para aumentar ainda mais a sua vontade de viajar!


Por Fernando Brandão

Era uma tarde do mês de outubro de 2017. Ainda não havia avançado muito no planejamento da viagem do início do próximo ano, quando me lembrei que as muitas milhas da aliança OneWorld que havia acumulado por conta da viagem à China em 2014 estavam para expirar!

Comecei a pensar sobre possíveis destinos no Brasil e América do Sul para onde poderia viajar antes de entrar em contato com a companhia aérea. Quando liguei, quase todas as opções não tinham vagas nos voos para emissão com milhas. Sobraram apenas duas opções e uma delas era o Chile. Como ainda não conhecia aquele país não pensei muito e fiz logo a reserva de voos de ida e volta Rio – Santiago – Rio. A partir daí a cabeça não parou mais e as rotas começam a pipocar na mente. Como já tinha estado na Patagônia Argentina, inicialmente a opção foi por conhecer Santiago, o Deserto do Atacama e depois Chillán, restringindo a viagem ao Chile apenas.

Dois dias depois, conversando com amigos que já haviam andado por lá tempos atrás, discutimos sobre a questão da proximidade do Atacama com o Salar de Uyuni. Pronto, era isso! Troquei Chillán pelo Salar de Uyuni. Chillán deve ser um espetáculo, mas no inverno, com as pistas de esqui e as piscinas térmicas, além disso, toda a preparação para encarar a altitude do Atacama já seria também útil na parte da Bolívia. Estava resolvido.

Porém, nos dias seguintes uma questão me incomodava – ir até Uyuni, lá no centro da Bolívia, e depois voltar todo o caminho até San Pedro, Calama, Santiago para finalmente voltar ao Brasil? Foi quando a coisa então tomou a forma final: liberei a passagem de volta e concluí a reserva feita apenas com a ida Rio – Santiago, e de Uyuni voaria para Santa Cruz de La Sierra e de lá, já bem mais perto, retornaria ao Brasil. E foi assim que nasceu esse roteiro, buscando otimizar a visita às duas áreas do altiplano e andando sempre para o leste a partir de Santiago, cada vez mais se aproximando do Brasil.

Começava agora uma nova etapa do planejamento. Procuro sempre vir fechando as camadas de fora para dentro ao planejar uma viagem: 1 – passagens, 2 – hotéis, 3 – passeios/atrações, 4 – transfers. Acho que esse modelo funciona bem. Ao olhar as camadas 2 e 3 do roteiro (hotéis e passeios) tive um cuidado especial, pois as duas localidades que seriam o núcleo da viagem (Atacama e Uyuni) normalmente tem uma oferta muito grande para os mochileiros de um lado, e na outra ponta, hotéis de alto luxo e resorts de montanha, com seus preços às vezes proibitivos. Decidi então que iria buscar um custo intermediário para a viagem, o que significava em suma hotéis e agências de turismo que apresentassem algum grau de conforto e segurança, sem que precisasse desembolsar os tubos por aquilo.

E assim nasceu a ideia deste roteiro: Um Mochilão VIP – a essência da aventura, mas com conforto, por um custo moderado. É isso que pretendo aqui entregar a vocês.

Resumo do roteiro:
Voo Rio – Santiago pela Latam
4 noites em Santiago (3 dias inteiros)
Voo Santiago – Calama pela Sky Airlines
5 noites em San Pedro de Atacama (4 dias inteiros)
Transfer privado San Pedro de Atacama até Uyuni
2 noites em Uyuni (2 dias inteiros)
Voo Uyuni – Santa Cruz de La Sierra pela Amaszonas
2 noites em Santa Cruz (1 dia inteiro)
Voo Santa Cruz – Rio pela Go

Antes de embarcarmos, vamos começar com 4 dicas que considero fundamentais:

Dica#1 – Sequenciamento dos passeios e aclimatação: Se você contratar uma única agência para fazer os passeios em San Pedro de Atacama, ela vai tomar conta disso se for responsável e preocupada com a saúde dos clientes. Assim como ocorre com os alpinistas, é necessário ir aumentando a altitude com o passar dos dias de forma que seu corpo vá se aclimatando. Isso equivale a dizer que os passeios de menor altitude devem sempre preceder os de maior. Cuide disso você mesmo se quiser experimentar mais de uma agência, pois elas não terão visão do planejamento diário.

Dica#2 – Como enfrentar o mal da montanha (soroche): a altitude nos locais centrais desse roteiro varia desde os 2.400 m em San Pedro de Atacama até quase 5.000 m na travessia de San Pedro até Uyuni, dentro da Reserva Nacional Eduardo Avaroa, na Bolívia. Você vai encontrar muitas dicas por aí sobre como enfrentar o soroche, desde pílulas específicas para o mal, até balas, chá ou mesmo mascar as folhas de coca. Minha experiência pessoal que funcionou bem sem nenhuma das opções anteriores foi manter o corpo sempre hidratado (muita água, 3 litros por dia), reduzir o consumo de álcool e estar munido de Neosaldina, Tylenol e Plasil, apenas caso seja necessário.

O primeiro sintoma do soroche é uma dor de cabeça com alguma tontura – se você não conseguir segurar a onda tome um comprimido, mas aguarde um pouco, pois os sintomas costumam aparecer e sumir rapidamente sem a necessidade do medicamento. Lembre-se sempre que cada organismo pode reagir de formas diferentes.

Dica#3 – Baixa umidade e radiação solar: O mal da montanha não é seu único inimigo! Aquela região, nessa época de verão, se caracteriza por índices baixíssimos de umidade, inclusive em Santiago. Dessa forma, não pode faltar em sua bagagem algum tipo de soro em jato ou spray para umedecer as vias nasais, além da já citada quantidade de água. O sol não dá trégua, principalmente na altitude, então leve também protetor labial, protetor solar fator 50 (ou acima), hidratante, óculos escuros e algo para proteger a cabeça e o couro cabeludo (boné, chapéu, …). Não subestime o altiplano, ou então corra o risco de estragar sua viagem.

Dica#4 – Dinheiro: A moeda chilena é o peso chileno (CLP). Não vale a pena comprar pesos chilenos no Brasil, pois as cotações para as moedas ditas ‘fracas’ é muito desfavorável. Troque nas casas de câmbio do centro de Santiago ou bairro Providência, dependendo de onde estiver hospedado. Não perca tempo se deslocando muito por diferenças mínimas entre as cotações porque seu tempo na viagem vale mais. É necessário trocar um mínimo no aeroporto para não sair sem o dinheiro local, mas como a cotação também não é boa, só o mínimo mesmo. Seguem as cotações que consegui em meados de Janeiro de 2018:

Oficial: 1 BRL = 188 CLP
Aeroporto: 1 BRL = 173 CLP
AFEX (https://www.afex.cl/) na Pedro de Valdivia (Providência): 1 BRL = 188 CLP (viva!)

Para você não ter que pensar muito na hora de fazer a conversão no dia a dia, sugiro adotar uma aproximação que usei e é bem fácil. Assumindo que a relação entre as moedas seja próxima de 1 BRL = 200 CLP, para converter os pesos para real simplesmente despreze os 3 zeros do milhar e multiplique o que sobrou por 5. Por exemplo, uma nota de 10.000 CLP equivale a aproximadamente 10.000 x 5 = 50 reais.

Então agora, com estas dicas em mente, podemos partir.

Dia 1 – Voo Rio – Santiago

A partida do aeroporto do Galeão foi no dia 17 de Janeiro, pelo voo Latam JJ 8074, prevista para 13:35h, mas que atrasou quase 2 horas, isso depois de ter passado por problemas com o sistema no check-in, gerando longas filas e insatisfação geral. Chegaram até a distribuir antigos cartões de embarque, mas os atendentes não pareciam conhecer o procedimento. A Latam distribuiu uma garrafa de água e um pacote de snacks para cada passageiro.

O serviço de bordo teve que ser paralisado várias vezes por causa de turbulência. Acho que ficamos mais de 1 hora com o aviso de apertar cintos ligado, mas a turbulência não foi das piores – mais precaução do que qualquer outra coisa. Com 2 horas de voo só 3 fileiras haviam sido servidas….ainda bem que eu estava na fila 1! A partir daí o voo transcorreu normalmente e o ponto alto foi a passagem sobre a cordilheira dos Andes, um espetáculo que dura uns 15 minutos e ocorre logo antes de iniciar a descida para o aeroporto em Santiago.

A imigração em Santiago foi rápida e sem perguntas. Você precisa apenas preencher um formulário bem simples que é distribuído ainda durante o voo e que ficará retido na aduana, após pegar as malas. As bagagens de mão e despachadas devem todas passar pelo raio X na aduana.

Dica#5 – O importante é guardar junto com o passaporte ou identidade o cartão de imigração que o oficial vai te entregar (PDI). Ele garante, inclusive, que você pague as hospedagens sem o IVA de 19% que é cobrado no Chile, desde que o pagamento seja em dólares (cash ou cartão). Também é necessário apresentar o cartão na saída do Chile.

Para sair do aeroporto utilizei um transfer compartilhado da Transvip, indicação de um brazuca que mora por lá. O agendamento pode ser feito pela internet e o valor foi de 7.600 CLP por pessoa (a partir de 3 pessoas já é melhor o transfer privado, que pode ser bem mais rápido pelo mesmo valor). Se você se cadastrar no site (https://www.transvip.cl/) ganha 10% de desconto na primeira reserva, ou em qualquer uma se pagar via WebPay. Atenção porque o balcão da Transvip fica dentro do salão de desembarque, antes do portão de saída, e a casa de câmbio fica fora. Ou seja, se não pagou pelo site, pague com o cartão.

O hotel escolhido foi o Diego de Almagro no bairro da Providência. Muito confortável, ótimo café da manhã e excelente localização, a menos de 10 minutos a pé do Costanera Shopping e da estação de metrô Tobalaba, uma das mais centrais na rede subterrânea chilena.

A linda vista durante o sobrevoo nos Andes

Dias 2, 3 e 4 – Santiago

O tempo destinado a Santiago foi de 3 dias completos, considerando uma visita a uma vinícola, um tour de dia inteiro a Viña del Mar e Valparaíso, além de um dia inteiro para um city tour. Para os 2 primeiros passeios selecionei uma entre várias agências de Santiago que atendem aos brasileiros de uma forma especial. A Destino Chile possui guias que falam e entendem bem o português, além do todo o processo de contratação também poder ser feito junto a brasileiros que trabalham para a agência. Os preços também são competitivos e os veículos novos.

O city tour preferi fazer por conta própria, explorando todos os pontos e o modo de vida da cidade.

Dia 2 – Vinícola Undurraga

O que não faltam aqui são opções de vinícolas para você escolher, e até passeios que combinam mais de uma. A opção pela Undurraga foi em razão de ser mais íntima, mais familiar, o que na verdade se traduz em um tour mais calmo e com menos pessoas. Para se ter uma ideia, a Concha y Toro, a maior do Chile, produz cerca de 280 milhões de litros de vinho por ano, enquanto a Undurraga perto de 2 milhões.

Fundada em 1885, é uma das adegas mais antigas do Chile. Está situada bem no coração do Vale do Maipo, na fazenda Santa Ana a pouco mais de 1 hora de Santiago. O tour, que dura aproximadamente meio dia, finaliza com 4 degustações de vinhos e um brinde da vinícola, a sua taça usada na degustação.
A saída foi às 8:30h com duração aproximada de 4 horas e o custo da entrada na vinícola já estava incluído no valor do passeio.

Dia 3 – Viña del Mar & Valparaíso

Viña & Valpo, como são carinhosamente conhecidas, ficam a aproximadamente 100 km de Santiago, e o clima é muito diferente, bem mais úmido, em função da cordilheira do pacífico. Valpo e Santiago são as cidades mais antigas do Chile, e Valpo é atualmente a terceira maior cidade do país e 80% de sua população mora nos morros que cercam a cidade. Era o porto mais importante para entrada na América Latina antes do Panamá. Desde 1980 o Congresso chileno está instalado em Valparaíso.

Já Viña é bem diferente, uma cidade mais moderna com cassinos, restaurantes mais sofisticados e praia. Aqui destaco o relógio de flores, que foi presente da Suíça para o Chile por ocasião da copa de 1962 e um autêntico Moai que foi trazido da Ilha de Páscoa e está exposto na entrada do Museu Fonck.

Bem no meio do caminho, na ida, fizemos uma parada no mercado Rio Tinto, um outlet de vinhos e que também conta com restaurante, lojas de artesanato e acessórios para os apreciadores da bebida.

Almoçamos no restaurante Delamar, em Viña del Mar. O Delamar tem um chefe brasileiro e uma cozinha deliciosa. Por apenas 15.000 CLP por pessoa você tem direito a um pisco sour que acompanha a entrada entre 3 opções (optei pelo ceviche), um prato principal, também entre 3 opções (escolhi a reineta – peixe branco do pacífico – ao molho de camarão), sobremesa e uma bebida.

Este foi um passeio de dia inteiro, com saída às 7:30h da manhã.

Dia 4 – Santiago City Tour

Santiago é uma cidade muito interessante, muito bem cuidada, extremamente arborizada, cheia de parques e áreas verdes, além de oferecer inúmeras opções culturais (até o final de janeiro todas as atrações culturais estavam cobrando apenas 1.000 CLP de entrada, cerca de 5 reais – é o programa Santiago a Mil). Não é a toa que é considerada a melhor capital da América do Sul. Consegue separar bem as áreas históricas da modernidade, sem deixar de externar o patriotismo de seu povo e exaltar seus heróis.

Vamos a algumas outras impressões de Santiago:

É sensacional caminhar pelas calmas ruas do bairro Providência.
El Golf e Nueva las Condes são bairros novos com prédios residenciais e comerciais de alto luxo, além de um grande número de bons restaurantes.

Parque Arauco é um ótimo shopping e o Parque Araucano tem grande área verde e atrativos para criancas.

Pátio Bellavista tem lojas de produtos de lápis lazuli, material originariamente encontrado apenas no Chile e no Afeganistão, inúmeros restaurantes e uma zona boêmia, além de um dos acessos ao Cerro San Cristóbal, através de um funicular de mais de 90 anos. Infelizmente naquele período o funicular estava em manutenção.

O centro histórico de Santiago tem muitos atrativos, como o Palácio do Governo La Moneda, a Plaza de Armas e o antigo Congresso (desde 1980 o atual foi migrado para Valparaíso por decisão do governo Pinochet, conforme já falamos). O Palácio do Governo La Moneda foi totalmente destruído por um bombardeio durante o golpe militar de 1973 que levou o General Pinochet ao poder – foram necessários 7 anos para a reconstrução. Em frente ao palácio fica uma linda praça e em seu subsolo uma galeria de arte.

Bem no centro fica também o Cerro Santa Lúcia, que só pode ser acessado a pé e que possui um mirante de onde se tem uma boa visão da área central de Santiago. Apesar de um pouco cansativo, em função das ladeiras e escadarias para se chegar ao topo, é um oásis bem no centro de Santiago.

Pra fechar o dia, uma subida no Cerro San Cristóbal através do teleférico de Santiago, dentro do Parque Metropolitano. A subida até o cume leva apenas 8 minutos, mas as filas para comprar e embarcar lembram um pouco as das atrações de Orlando. Portanto, se decidir subir em época de alta temporada ou finais de semana procure comprar os tickets com antecedência para eliminar pelo menos a fila da compra. Confesso que esperava mais do cerro. Há uma bela estátua e um santuário de N.Sra da Conceição que acabaram por ser o ponto alto da visita. A decepção ficou por conta de 2 pontos:

1) A dificuldade de encontrar um bom ponto de visualização do ícone da cidade, a Sky Costanera, torre mais alta da América do Sul, e do distrito financeiro, cujo pano de fundo é a cordilheira – tem tanto fio de alta tensão, árvores, torres de telefonia que foi difícil encontrar um ponto para fotografar…o ponto de melhor visualização é durante a subida ou descida do teleférico, mas são 6 pessoas em uma cabine bem pequena, e aí haja ginástica…

2) A baixa visibilidade nessa época, função do baixíssimo índice pluviométrico e dos ventos que vem da cordilheira, fazendo com que haja muitas partículas de poeira e poluição suspensas no ar. De fato o quadro deve ficar mais bonito no inverno, com a cordilheira coberta de neve…um bom pretexto para voltar!

Dica#6 – Troque mais dinheiro em Santiago: antes de deixar a capital chilena em direção ao Atacama, troque dinheiro. A melhor cotação de San Pedro ficará próxima da pior de Santiago, acredite! Portanto, já chegue em San Pedro com a uma quantidade de pesos chilenos próxima daquela que planeja utilizar.

Ainda algumas curiosidades sobre Santiago, antes de partirmos:

O Chile é o país com mais vulcões no mundo. Santiago tem em média 3 micro tremores diários que não chegam a ser percebidos pelas pessoas.
Por estar localizada em um vale, entre as cordilheiras dos Andes e do pacífico, uma lei municipal recente obriga os novos empreendimentos a terem uma área verde, de forma a melhorar sempre a qualidade do ar.

Além dos passeios que fiz, há muitos outros nos arredores de Santiago, inclusive de contato com a natureza. No inverno há ainda a opção de esquiar ou apenas de curtir a neve a pouca distância de Santiago. Para saber mais sobre os passeios, pacotes, preços e descontos acesse esse link.

Dia 5 – Voo Santiago – Calama e transfer para San Pedro de Atacama

O dia foi de descanso pela manhã para logo após o almoço esperar o transfer da Transvip e seguir para o aeroporto.

O voo entre Santiago e Calama durou 1:45h e durante quase todo o tempo sobre os Andes. A companhia escolhida foi a Sky Airlines, uma low cost que opera no Chile e que também tem voos para o Brasil em determinados dias da semana (quintas-feiras e sábados partindo do Rio). Achei muito boa, tudo funcionou bem: site fácil de usar, boa aeronave, pontual. Valeu a pena, principalmente porque as diferenças de preço são substanciais. O custo total incluindo as taxas de embarque, uma mala de 23 Kg despachada e escolha do assento ficou em 59 dólares! O único ponto negativo é que, a exemplo da Gol, eles vendem comida a bordo, mas não oferecem nem água…

De Calama é necessário pegar um transfer até San Pedro de Atacama, distantes pouco mais de 100 km. A estrada é ótima e quase toda plana, em um cenário daqueles de filmes: pedra, areia e mais nada. De vez em quando uma curva suave…

Novamente utilizei os serviços da Transvip. Dica#7 – Nesse caso sugiro fazer a reserva antecipadamente pelo site, porque diferentemente de Santiago aqui os voos são mais escassos e a disponibilidade de veículos é menor. O custo do transfer é de 12.000 CLP por pessoa e como reservei pelo site ganhei os 10% de desconto.

Vai começar a aventura de verdade.

Dias 6, 7, 8 e 9 – Deserto do Atacama

A cidade de San Pedro de Atacama é a base mais próxima do deserto do Atacama, e de onde saem praticamente todos os passeios. É uma babel, onde se escuta e vê um pouco de tudo o que há no mundo. A quantidade ótima de dias para ficar em San Pedro depende do roteiro de passeios. Como combinei o Atacama com o Salar de Uyuni, avaliei que 4 dias inteiros seriam suficientes para fazer passeios do ‘must see’ no Atacama. O local é bem simples e rústico, com casas de madeira e barro e ruas de terra, portanto é importante escolher bem o local onde ficará hospedado.

Existem hospedagens para todos os gostos e orçamentos – muitos albergues, alguns aparts e pousadas de categoria média e poucos resorts de luxo. A escolha foi por um apart de categoria média, pois os passeios são longos, por vezes ocupando dias inteiros, e é importante ter uma boa cama e um bom chuveiro, além do ar condicionado nessa época do ano. O hotel foi o Parina Atacama. Como pontos positivos destaco o fato de dispor de um filtro com um garrafão de 20 litros de água na cozinha do apartamento – fundamental, como já dissemos – e também o cuidado de receber à noite um kit com o café da manhã do dia seguinte sempre que os passeios iniciavam bem cedo, de forma que não saísse em jejum – muito legal isso. Por outro lado, ele fica um pouco afastado, demandando uma caminhada de 15 minutos até se chegar ao centrinho de San Pedro.

Tão importante quanto o local em que ficará hospedado é a escolha da agência com que fará os passeios. Existe uma infinidade delas em San Pedro. Basta caminhar pela principal rua, a Caracoles, que você vai observar. Assim como as hospedagens, existem pelo menos 3 tipos de agências com diferentes preços e isso influi diretamente na qualidade do serviço recebido. Dizem que se seu foco for financeiro, buscando o menor valor de cada passeio, vale a pena deixar para contratar aqui, em cima da hora, aproveitando promoções de veículos que ainda não estão totalmente ocupados – quase tipo um leilão. Minha opção foi outra. Resolvi buscar uma melhor experiência sempre de olho no custo benefício.

Assim sendo, busquei escolher uma única agência para fazer todos os passeios que queria (nem todas fazem todos os passeios) e negociei desconto por volume. Encontrei a Ayllu, que desde 2012 vem se especializando em atender brasileiros no Atacama. Hoje, além dos roteiros, também dispõe de um hostal e um restaurante. Em todos os passeios é servido algum tipo de refeição que é preparada no próprio restaurante deles. A preocupação com a saúde do turista é um diferencial e você precisa preencher um formulário com informações médicas e biológicas antes de iniciar os passeios.

Há vários brasileiros fazendo todo o contato de planejamento de reservas e programação de passeios. Os guias são chilenos mas falam e entendem bem o portunhol. Os preços são um pouco mais altos do que a média das agências em San Pedro, mas a experiência proporcionada e a qualidade dos serviços é bem mais elevada, e como contratei um pacote de passeios o desconto aplicado trouxe o preço total para próximo da média, aumentando muito o benefício. Outro ponto importante é o fato de o pagamento do sinal das reservas poder ser feito em reais através de conta bancária no Brasil.

O único passeio não contratado com a Ayllu foi o de observação astronômica, que reservei junto a uma especializada no assunto, a Space Obs. Sobre esse assunto vale lembrar que o Atacama é um dos melhores lugares do mundo para observação astronômica, em função da altitude e da grande visibilidade pela ausência de luz e do céu limpo. No entanto, no dia em que estava previsto o passeio o céu nublou e o programa foi cancelado. Destaco aqui também a seriedade deles – só fazem os passeios quando as condições atmosféricas e a luz da lua permitem de fato. Devolveram meu dinheiro, pois na próxima data disponível já não estaria mais em San Pedro… que pena!

Antes de falarmos dos passeios propriamente ditos é bom destacar que cada sítio no Atacama onde se encontram as atrações é gerido por uma etnia indígena, que cobra taxas de entrada não inclusas no valor de cada passeio e o dinheiro, além de ser utilizado para a manutenção do local, também reverte para a própria comunidade.

Dica#8 – Leve sempre pesos chilenos no dia dos passeios para pagar as taxas de entrada das atrações e qualquer outra despesa menor.

Dia 6 – Valles de La Luna e da Muerte

Distante 16 Km de San Pedro, o passeio do Valle de La Luna normalmente é o primeiro do pacote, pois sua altitude máxima é de quase 2.500 m, e serve de aclimatação. Apesar disso é o que te deixa mais exposto ao sol e que demanda maior esforço físico. Confesso que é pedreira… sem nenhum trocadilho.

Se não estiver preparado com roupas e calçados apropriados é quase impossível concluir o passeio. São 3 paradas em pontos de observação onde você tem que caminhar nas pedras e subir em dunas de areia vulcânica para alcançar os mirantes e ver a magnífica paisagem, além de um ingresso em uma caverna de sal. Ao final do passeio fomos levados ao Valle de la Muerte, no mirante Chakri para ver o pôr do sol onde foi servido um coquetel.

O passeio é feito à tarde, a partir das 15:30, com saída da agência e com retorno próximo das 20:30h. A taxa de entrada no vale foi de 4.000 CLP por pessoa.

Dia 7 – Termas de Puritama e Lagunas Escondidas

As Termas de Puritama ficam a 3.600 m de altitude e distantes 28 km de San Pedro por uma estrada boa com alguns pontos sem capa de asfalto. São 8 piscinas naturais onde a água vai passando de uma para a outra, e as temperaturas variam desde 38 graus na primeira até 28 na última. O local dispõe de estrutura para guarda de pertences e banheiros. Para aqueles que conhecem, é similar às piscinas termais de Rio Quente, mas com uma estrutura bem básica e sem nenhum tipo de hospedagem próxima. A realização desse passeio após o do Valle de la Luna foi ótimo para relaxar um pouco, pois as quedas de água através das pedras das termas funcionam muito bem como duchas e hidromassagem.

O passeio inicia às 8 h da manhã no seu hotel e é servido um brunch antes do retorno. Chegada em San Pedro às 14 h. A taxa de entrada nas termas foi de 15.000 CLP por pessoa (a mais cara de todas!).

As Lagunas Escondidas (ou Lagunas Baltinache) são o mais novo passeio do Atacama e por isso resolvi experimentar em substituição ao tradicional passeio à Laguna Cejar. E como em todas as coisas novas, existe uma certa dose de risco. As Lagunas Escondidas ficam a 1 hora de San Pedro por uma estrada de cascalho com muitas costelas e o carro sacode bastante. Na entrada do sítio há uma estrutura mínima com banheiros e um chuveiro de água doce para se lavar na saída – item vital em função da alta concentração de sal. São 7 lagoas das quais apenas a primeira e a última podem ser utilizadas para banho. As demais apenas para contemplação. Para se chegar até a última, que é a melhor para banho, são 25 minutos de caminhada por piso bem irregular, formado por pedras e placas de sal cristalizado.

O ponto de interesse do local é a grande concentração de sal na água, que faz com que você não afunde, similar ao que ocorre no mar morto. Mas ao sair da água prepare-se, pois você vai estar coberto de sal. Por essa razão inclusive é recomendado que não molhe a cabeça. Ou seja, o local me pareceu mais bonito de ver do que propriamente para curtir. Antes de irmos embora foi servida uma refeição, tipo almo-janta.

A saída para o passeio ocorre às 14:30 da agência, e o retorno é às 19:30.
A taxa de entrada nas Lagunas Escondidas foi de 5.000 CLP por pessoa.

Dia 8 – Gêiseres del Tatio

O complexo geotérmico de El Tatio está localizado a aproximadamente 90 Km de San Pedro, e a uma altitude de 4.250 m acima do nível do mar. É um dos programas mais famosos do Atacama. Apesar da curta distância, a estrada é bastante sinuosa e tem muitas subidas para levar dos 2.400 m de San Pedro até os 4.250 m do El Tatio. Em função disso, a viagem tem quase 2 horas de duração, e a partida de San Pedro ocorre bem cedo, às 6 da manhã. Isso porque os gêiseres estão mais ativos no início da manhã, quando é possível ver melhor os esguichos de água e as altas fumarolas que se formam. À medida que o dia vai avançando e a temperatura externa aumenta, a atividade diminui. O complexo é composto pelo campo dos gêiseres, o maior do hemisfério sul, e por uma piscina termal cujo uso também está incluso no valor da entrada.

No retorno para San Pedro há uma parada no povoado de Machuca, onde se pode provar a carne de lhama. Não é raro ver o animal nas redondezas, pois a criação de lhamas é a principal atividade econômica do povoado, que é um dos menores do Chile, com apenas 20 casas e uma igrejinha.

O ponto de atenção do passeio está relacionado aos cuidados que se deve ter em função da elevada radiação solar e da altitude, uma das maiores alcançadas nos passeios do Atacama.

Saídas às 6 h da manhã do seu hotel e retorno por volta de 13 h. É servido um café da manhã ao chegar no complexo geotérmico. A taxa de entrada do El Tatio foi de 10.000 CLP por pessoa.

Dia 9 – Lagunas Altiplânicas e Piedras Rojas

O passeio das Lagunas Altiplânicas, que também está no pacote básico do Atacama, foi focado em lagunas e salares localizados acima dos 4.000 m de altitude. O passeio também é o mais distante de San Pedro, chegando a levar 2 horas para se alcançar o primeiro ponto de observação, o Salar de Tuyacto. Em função da distância, a saída também ocorre perto de 6 horas da manhã, a exemplo dos gêiseres del Tatio. A partir de um mirante onde foi servido o café da manhã, pode-se ver ao longe o salar, que apesar de pequeno tem como atrativo o espelho que se forma em sua superfície e que reflete todo o relêvo ao redor.

Deixamos o Tuyacto para trás e fomos ver o Salar de Talar, onde ficam localizadas as Piedras Rojas. Atualmente a comunidade indígena que detém os direitos sobre aquele sítio não permite mais que ninguém se aproxime do salar, em função de um conflito gerado por uma filmagem feita naquele local pelo canal Off, segundo relatos dos locais. Dessa forma só pudemos apreciar o salar a partir de um mirante, o que não tira a beleza do local, de fato impressionante. Dali seguimos para as Lagunas Altiplânicas, localizadas entre os vulcões Menique e Miscanti, a 4.200 m de altitude.

As lagunas levam os mesmos nomes dos vulcões. A Menique é bem menor e é alimentada pela outra, a Miscanti. Esta última sim, de uma bela cor azul e de grande extensão é uma paisagem fascinante. As lagunas são formadas por água glacial, de degelo dos vulcões.

O passeio sai às 6 h da manhã do seu hotel e retorna a San Pedro às 14:30 h. É servido um café da manhã. A taxa de entrada nas Lagunas Altiplânicas foi de 3.000 CLP por pessoa.

Dias 10 e 11 – Reserva Eduardo Avaroa e Salar de Uyuni

Antes de deixar para trás San Pedro e entrar em uma nova etapa na aventura, deixo mais uma informação importante:

Dica#9 – Compre a moeda da Bolívia, chamada bolivianos (BOB), em San Pedro. Assim que você cruzar a fronteira já vai precisar deles para pagar a entrada na Reserva Nacional Eduardo Avaroa. Faça uma estimativa de quantos bolivianos irá precisar e os adquira em San Pedro. Se tiver pesos chilenos sobrando troque-os primeiro. A casa de câmbio onde consegui a melhor taxa foi a La LLamita, que fica na Calle Toconao, mesma rua onde fica a Ayllu, quase na esquina com a Caracoles (rua principal). Na Toconao ficam quase todas as casas de câmbio de San Pedro, caso queira fazer uma avaliação pontual.

A taxa de conversão estava em 1 BRL = 2 BOB ou, no caso dos pesos chilenos, 98 CLP = 1 BOB.

Dia 10 – Transfer San Pedro – Uyuni

Foi o dia de cruzar a fronteira do Chile com a Bolívia por terra e seguir pelo altiplano boliviano até o hotel de sal Luna Salada, que reservei por conta própria e que fica na borda do Salar de Uyuni.

Para fazer esse percurso fiz uma cotação com várias empresas bolivianas, já que era um trajeto customizado, que não se enquadrava nos pacotes tradicionais oferecidos. Acabei contratando a Senda Andina, que foi quem ofereceu as melhores condições gerais e ainda com a garantia de ser parceira da Ayllu.

O percurso é longo, de cerca de 480 Km desde a fronteira até Uyuni, dos quais apenas 130 Km são feitos em um asfalto sem sinalização horizontal nenhuma. Os outros 350 Km são feitos em trilhas de cascalho e areia, por muitas vezes esburacadas e com costelas, bem acidentadas. Por essa razão é importante que a empresa e os veículos sejam confiáveis porque ali só com telefone satelital. Os carros da Senda Andina também dispõem de cilindros de oxigênio, caso seja necessário. Não há nada, absolutamente nada por perto além de uns poucos vilarejos. Apesar de o transfer incluir almoço, que foi preparado e servido pelo próprio motorista-guia, leve bastante água. O dia é longo, e nele você passa quase todo o tempo em grande altitude, acima dos 4.500 m.

O dia começou com a fila da imigração para saída do Chile, que ficava em San Pedro. Nessa hora você vai ter que apresentar o cartão de imigração (PDI) que recebeu no aeroporto. Depois seguimos para a fronteira em Hito Cajón, onde então é feita a entrada na Bolívia. O escritório de imigração fica em uma pequena casa, sem estrutura nenhuma, nem banheiros. Você precisa preencher um formulário simples que será carimbado e devolvido. A exemplo do PDI no Chile, esse cartão de imigração também isenta você do imposto de 13% que é agregado aos valores de hospedagens na Bolívia. Ali ao lado do escritório estão estacionados os jipes 4×4 que aguardam os passageiros para prosseguir em território boliviano.

O transfer que contratei foi privado, mas existe também a possibilidade de fazer um compartilhado, mas cuidado, porque há empresas que levam até 6 pessoas por carro, o que deve tornar a viagem bastante desconfortável, dadas as condições do trajeto. No caso da Senda Andina eles limitam os compartilhados a 4 pessoas por veículo.

Após ingressar na Bolívia, passamos pela Reserva Nacional Eduardo Avaroa (REA), que tem vários pontos de interesse: as lagunas blanca, verde e colorada, sendo esta última uma paisagem fascinante e habitat dos flamingos; os gêiseres de Sol de la Mañana, onde se atinge o ponto mais alto do trajeto, a exatos 4.980 m; o deserto de Salvador Dalí e as Termas de Polques. Almoçamos em um refúgio dentro da REA. Assim são chamadas as instalações usadas pelos mochileiros para passar as noites nos tours compartilhados, pois muitas não tem nem água quente, e a energia elétrica, fornecida por baterias ou geradores, está disponível apenas poucas horas durante a noite. Com raras exceções, quartos e banheiros são quase sempre coletivos.

Partimos em direção a Uyuni passando pelas paisagens típicas de deserto, como formações rochosas escarpadas, pedras por todo lado e, pasmem, alguns vales verdes e riachos. No meio do caminho para Uyuni está o povoado de Villa Mar, bem pequeno, que também possui alguns albergues onde o pessoal costuma parar para seguir no dia seguinte em direção ao salar. Mas como em viagem tempo também é dinheiro, não fiz essa opção, então… adelante hasta Uyuni!

Informações de logística importantes para esse dia:

A taxa de entrada na REA foi de 150 BOB.

Depois que você deixa a reserva, perto das 15 h, são mais 4 horas de viagem até Uyuni, com mais ou menos 1 hora de duração para cada trecho até Villa Mar, Alota, San Cristóbal (onde fizemos uma parada para reabastecer o carro) e finalmente Uyuni. Banheiros estão disponíveis na entrada da reserva, no albergue onde almoçamos, em Villa Mar e em San Cristobal.

Dia 11 – Salar de Uyuni

O dia foi todo dedicado ao salar. Apenas no início do passeio passamos pelo povoado de Colchani, onde fica a porta de entrada para o salar. Comprei um saquinho de sal grosso para churrasco em uma pequena fábrica de beneficiamento do sal. Essa é a principal atividade do povo de Colchani, além de plantação de quinoa, artesanato e do próprio turismo.

Partimos então para o Salar, que é o maior do mundo, com 10,5 mil km² de área. Nos primórdios, quando da formação das cordilheiras, a água do mar ficou represada entre as montanhas, criando um lago gigantesco de água salgada que foi secando com o passar do tempo. Há pontos no salar onde a camada de sal atinge 120 metros de profundidade. Atualmente, além do turismo e da produção de sal, a Bolívia também tem se beneficiado com a extração de lítio.

Nessa época do ano, com maior concentração das chuvas, ocorre um fenômeno interessante, pois uma fina camada de água se mantém sobre as placas de sal, criando um efeito de espelhamento. Dentro do salar há 2 principais pontos de interesse: o primeiro hotel de sal da região, o Playa Blanca, hoje transformado em museu, depois da proibição de se estabelecer qualquer tipo de atividade dentro do salar; a Isla Incahuasi, onde pode-se observar os cactus gigantes.

Nessa época de chuvas, a ilha fica inacessível, pois é preciso rodar cerca de 90 km salar adentro para chegar até ela, e com a cheia não há tempo hábil para isso dado que os carros rodam em baixa velocidade para reduzir os danos causados pelo sal.

Restou então ver o pôr do sol no maior deserto de sal do mundo, agora inundado, se transformando no maior espelho do mundo.

Dia 12 – Voo Uyuni – Santa Cruz de La Sierra

A manhã foi de descanso no hotel Luna Salada, que fica às margens do Salar de Uyuni, porém em uma área isoldada e de difícil acesso – você precisa usar carro para tudo. Ele é um entre muitos aqui na área que são chamados hotéis de sal, pois as paredes e os móveis são construídos com blocos de sal cristalizados. Além disso, nas áreas comuns o piso é de grãos de sal. Nos quartos o sal fica apenas nas bordas e a parte central é de piso laminado com tapetes.

Não fiz uso do SPA do hotel, mas há uma série de pacotes que você pode contratar diretamente no front desk. Eles também oferecem serviço de transfer in & out para o aeroporto de Uyuni aos mesmos preços da cooperativa de taxistas que atua no aeroporto.

Para realizar o voo entre Uyuni e Santa Cruz a escolha foi pela companhia boliviana Amaszonas, isso mesmo, com um ‘s’ antes do ‘z’. Fiquei curioso e busquei o porquê do nome. Na verdade é uma frase em espanhol ‘A más zonas’, que foi idealizada quando a empresa estava expandindo suas operações para novas áreas. A Amaszonas voa dentro da Bolívia e também para algumas cidades do Brasil.

Um fato que acho legal divulgar sobre a empresa: quando estava comprando o bilhete não consegui pagar por cartão de crédito. Segundo eles, é um problema comum na Bolívia essa impossibilidade de concluir transações internacionais. Então perguntei se havia outra forma, tipo PayPal, ou Western Union… Para minha surpresa me mandaram um e-mail dizendo que ficasse tranqüilo, pois a minha reserva ficaria bloqueada no sistema e eu poderia pagar no balcão deles ao chegar no aeroporto de Uyuni, antes da partida. Me conquistaram! O bilhete custou 105 dólares com direito a despachar uma mala de 23 Kg e a toda a emoção que vou relatar a seguir.

O voo entre as duas cidades é direto e leva apenas 1:15 h mas, mal chego ao aeroporto, com alguma antecedência para efetuar o tal pagamento, recebo uma mensagem informando que o voo foi retardado em quase 2 horas! O aeroporto de Uyuni é muuuuito pequeno e simples. Nada pra fazer e um bando de moscas como companhia. Eu estava entregue às moscas (de fato). Pelo menos o wifi era free. Há uma única lanchonete no aeroporto e quando outros passageiros começaram a chegar iniciou a disputa por um lugar à mesa e por um lanchinho. Hay que tener paciencia…

E eu que achava que a aventura já tinha acabado no dia anterior! Duas horas e meia depois do horário previsto estava decolando de Uyuni em um avião turbo-hélice daqueles que a gente vê o cara pilotando lá na frente usando protetor de ouvidos, sem bagageiro interno e que você ainda tem que entrar e andar de cabeça abaixada… enfim, uma Kombi voadora! Como já havia feito outros voos em aviões desse porte não me preocupei, até porque sei que são bem seguros, mas alguns a bordo estavam visivelmente, digamos, apreensivos com a experiência. Como vocês estão lendo esse roteiro, significa que chegamos inteiros em Santa Cruz.

Dica#10 – Use táxis especiais em Santa Cruz: Para sair ou chegar ao aeroporto Viru-Viru (VVI) não há necessidade de contratar transfer. Há táxis especiais que são mais seguros e a tarifa é moderada. Cada trecho entre o aeroporto e o centro histórico da cidade sai por 60 BOB (70 BOB para horário noturno) e você não corre risco. Os hotéis podem também solicitar aqueles táxis a qualquer tempo.

Santa Cruz é a cidade mais populosa da Bolívia, e conta com áreas modernas com shoppings e avenidas largas. No entanto, minha opção foi ficar no coração da cidade, no centro histórico e conhecer um pouco de sua história. Escolhi o Cosmopolitano, um hotel boutique muito confortável, bem decorado e administrado, com um ótimo preço e a apenas 2 quadras da catedral e da praça central.

Dia 13 – Santa Cruz de La Sierra

Amanheceu chovendo!

Depois de 12 dias de altas temperaturas, baixíssima umidade, desertos de pedra, areia, pó e sal, a chuva! Pus a cara fora do hotel para tão somente respirar aquele ar úmido e encher de alegria minhas cavidades nasais e minha garganta! Nada mais de sorine spray ou rinossoro jet, que foram a salvação durante os dias secos.

Esperei a chuva passar e saí para conhecer um pouco do centro histórico de Santa Cruz. Fui conhecer o ponto central que é a praça 24 de Septiembre, ao redor da qual ficam localizadas as estruturas de governo, o museu da independência e a Catedral de Santa Cruz. Atrás da catedral está o parque Manzana Uno, com algumas esculturas interessantes, entre elas a figura de um porco todo feito de vergalhões retorcidos onde as pessoas prendem cadeados, a exemplo do que era feito antes na Pont des Arts em Paris, e uma bela figura de mulher Guarani, homenagem feita pelo escultor boliviano Juan Bustillos.

A maior parte do comércio que antes ficava no centro histórico de Santa Cruz tem migrado para novas e modernas áreas da cidade. Como consequência, muitas das lojas ficaram abandonadas e fechadas. É uma pena, pois as ruas estreitas, sem prédios e com marquises ou telhados que servem para proteger do sol e da chuva, tem todo um charme que tem sido deixado de lado.

8. Último dia

Hora de fazer as malas! Deu para fazer algum programa a mais ou apenas seguir para o aeroporto / pegar a estrada?

Bem, chegamos ao final dessa jornada. Na manhã do dia 30 de Janeiro houve apenas tempo de tomar o café e seguir para o aeroporto de Santa Cruz de La Sierra e tomar o caminho de casa. Retornei no voo Gol G3 7717 que decolou pontualmente às 12:05h, horário local.

O voo de Santa Cruz a São Paulo levou pouco mais de duas horas e meia. Após a imigração e alfândega em Guarulhos peguei o voo Gol G3 1096 para o Galeão. Apesar da chuva, ambos os voos transcorreram dentro da normalidade. Apenas um pequeno embaraço na liberação das bagagens despachadas em Guarulhos (quase 30 min de espera!) fez com que o procedimento de check-in de conexão tivesse que ser feito às pressas. Às 19:20h, hora local, estava pousando no Galeão.

Destaque da viagem

Sem dúvida, o ponto alto dessa viagem é a observação de paisagens únicas. Além disso, destaco também a cidade de Santiago, a qual confesso ter me surpreendido positivamente. Não tive nenhum tipo de receio ou incidentes relacionados à segurança ou hospitalidade, quer no Chile ou na Bolívia.

O que poderia ser melhor?

Conforme já citei ao longo do roteiro, acredito que o modelo adotado de entrar por Santiago e vir sempre andando em direção ao Brasil funcionou muito bem. Também gostei de ter unido as duas localidades, Atacama e Uyuni, em um único roteiro. Não são exatamente mudanças, mas sim variações possíveis que apresento a seguir:

a) Se você já conhece Santiago, uma opção pode ser fazer o voo do Brasil indo direto para Calama, e começar a partir de lá. Tanto a Latam quanto a Sky voam para Calama, mas sempre com uma conexão em Santiago;

b) O trecho mais complicado da viagem foram os 480 Km entre a fronteira em Hito Cajón e Uyuni. Se achar melhor fazer uma parada, sugiro que seja em Villa Mar – verifique a disponibilidade de hotéis na sua categoria de preferência e substitua pela primeira noite no hotel do salar. No entanto, ressalto que de Villa Mar até o Salar de Uyuni serão mais de 3 horas de viagem e não há nada muito interessante no caminho, além do Valle de las Rocas e muitas plantações de quinoa – não creio que valham uma parada.

Não pense em ir de outra forma até Uyuni (ônibus, por exemplo), pois as paisagens da Reserva Eduardo Avaroa são incríveis.

Raio X

Onde é melhor se hospedar: Santiago – bairro da Providência; San Pedro – a cidade é bem pequena mas acho que vale a pena ficar próximo do centrinho; Uyuni – hotéis de sal (há pelo menos mais 2 além daquele em que fiquei); Santa Cruz – no centro histórico.

Restaurantes e comidas: Viña del Mar – Delamar (prove o ceviche e as machas – tipo de marisco – ao permesão); Santiago – pastel de Jaiva (espécie de carangueijo) com queijo no Mercado Central; San Pedro – Ayllu (carne de lhama com risoto de quinoa), La Estaka e La Casona (estes 2 com menus turísticos completos), Pizzeria Abdala e Empório Andino (empanadas!). E atenção com o tamanho das porções em San Pedro – são todas muito fartas, inclusive as empanadas.

Passeios e atrações imperdíveis: Gostei de todos os passeios, mas vou destacar 4 pontos – Valle de La Luna, Gêiseres Sol de La Mañana, Laguna Colorada e, claro, o Salar de Uyuni.

Melhor forma de transporte: Para não se aborrecer, recomendo usar as agências em San Pedro para contratar os passeios e, principalmente, no transfer para Uyuni. Não recomendo alugar carro, pois os caminhos nem sempre são bons e muitas vezes com pouca ou nenhuma sinalização.

Como levar dinheiro: Pode levar Reais, Dólares ou Euros – todos são bem aceitos nas casas de câmbio que já citei ao longo do roteiro e estão nas dicas 4, 6 e 9 a seguir.

Conclusão

Para finalizar, gostaria de falar sobre a questão do custo benefício do Chile. Nunca havia estado por lá antes, mas sempre ouvia que “o Chile é um país caro”. Confesso que não tive esta impressão. Ou talvez dependa de contra que país ou região o Chile esteja sendo comparado. Consegui hotéis com relativo conforto por um valor médio de 100 USD por noite com café da manhã, e a despesa diária com alimentação estimo em torno de 80 USD considerando uma refeição completa e um lanche. Os valores são referência para 2 pessoas, pois muitas vezes o custo da hospedagem individual pouco reduz. Os passeios tem seu custo, mas não diferem muito por exemplo daqueles feitos na Patagônia Argentina, só para tomar como base os nossos vizinhos do cone sul.

Espero que tenham curtido, que eu tenha conseguido passar a cada um de vocês um pouco das sensações de estar em locais bastante inóspitos, mas de paisagens únicas que nos fazem sentir a força da natureza.

Um abraço e até a próxima!


Agradecemos ao Fernando pelo relato e dicas super úteis de viagem! E você, já fez uma viagem inesquecível e quer compartilhar sua experiência? Então entre em contato com a gente pelo e-mail convidado@melhoresdestinos.com.br, o próximo texto a ser publicado pode ser o seu!

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