Aeroportos fantasmas: confira o que aconteceu com cinco importantes terminais que não recebem mais voos

O que acontece com os aeroportos depois que aviões param de voar até eles? Neste post listamos terminais que já tiveram grande importância histórica, foram duramente bombardeados ou que receberam apenas poucos voos na vida sendo logo desativados. De ruínas a museus e cenários de filmes recentes, todos eles têm uma característica em comum: em algum momento puderam ser chamados de aeroportos fantasmas.

Conheça as curiosas históricas de cinco ex-aeroportos (alguns dão até medinho):

Aeroporto Tempelhof (Berlim):
De aeroporto nazista a abrigo de refugiados

Uma das áreas verdes preferidas dos berlinenses não surgiu com a ideia de ser um parque, nem abrigo de refugiados, muito menos cenário de filme com direção brasileira. Os campos que hoje recebem alemães para piqueniques, prática de esporte e banhos de sol era, na verdade, todo um complexo parte do Aeroporto Tempelhof, inaugurado em 1923. Sete anos depois, o aeroporto já era o maior de toda a Europa em número de passageiros, com voos para 71 cidades, sendo 25 delas para fora da Alemanha. Naquela época, no entanto, o Tempelhof era bem diferente.

O prédio que hoje simboliza o aeroporto foi erguido durante o regime nazista e utilizado como base militar, sendo ocupado pelo exército soviético depois da II Guerra Mundial e, mais tarde, entregue à administração norte-americana. Com a separação da Alemanha em Oriental e Ocidental, o Tempelhof se tornou uma das principais portas de entrada de Berlim Ocidental, com voos das companhias aéreas Pan American e Air France.

Em 1993 a Força Aérea americana devolveu o aeroporto para Berlim, que o tombou como patrimônio histórico da cidade dois anos mais tarde. Com a construção de um novo aeroporto na capital alemã, o Tempelhof foi fechado em 2008 e abriu como parque em 2010. Em 2015, no auge da crise migratória na Europa, os antigos hangares passaram a abrigar refugiados vindos de diversos países — cujas histórias entraram no roteiro do recém-lançado filme Aeroporto central, do cineasta brasileiro radicado na Alemanha Karim Aïnouz.

Cena do filme Aeroporto Central, do cineasta brasileiro Karim Aïnouz. Foto: Reprodução

Aeroporto de Nicosia (Chipre):
abandonado após bombardeio

O Aeroporto Internacional de Nicosia (NIC), no Chipre, foi concluído em 1968 com capacidade para 800 passageiros e pátio capaz de abrigar até 11 aeronaves de uma vez. Erguido aos moldes de um moderno projeto alemão, o terminal deveria ser o principal do país e já tinha até planos de expansão — que nunca chegou a acontecer. Em 20 de julho de 1974 o exército turco invadiu o Chipre, bombardeando o aeroporto e determinando o seu fechamento. Meses depois à invasão, com a assinatura de um cessar-fogo entre os dois países, a área do aeroporto passou a ser controlada pela ONU.

Os planos de reabertura do terminal foram definitivamente enterrados em 2013, quando autoridades do Chipre decidiram que, com outros três aeroportos funcionando no país, não havia a necessidade de ressuscitar o Aeroporto de Nicosia. Hoje, o que restam são espaços abandonados, em que é possível ver a deterioração provocada pelos bombardeios e também pelo tempo.

Aeroporto Yasser Arafat (Faixa de Gaza):
De símbolo dos palestinos às ruínas

História parecida com a do Aeroporto de Nicosia aconteceu com o Aeroporto da Faixa de Gaza, que já foi símbolo de orgulho para palestinos, mas desde 2002 está em ruínas. Situado na parte da Faixa de Gaza controlada pelo Hamas, o aeroporto foi aberto em 1998, na presença dos então líderes palestino e norte-americano, Yasser Arafat e Bill Clinton. Quatro anos mais tarde, no entanto, em resposta à Segunda Intifada, o exército de Israel bombardeou sua torre de controle, deixando-o em ruínas.

Fotos: Gisha.org/Reprodução

Aeroporto Ciudad Real (Espanha):
Do projeto promissor ao desinteresse

O otimismo não foi pouco em relação ao Aeroporto Ciudad Real, na Espanha. Também conhecido como Aeroporto Dom Quixote, o terminal estaria conectado com o sistema ferroviário espanhol, sendo acessível desde Madri e Córdoba em menos de uma hora e Sevilha e Málaga em menos de duas horas. Ao custo de 1 bilhão de euros, o aeroporto abriu suas portas em 2009 com capacidade para receber voos domésticos e internacionais.

Só houve um problema: uma única companhia aérea se mostrou interessada. Além disso, as linhas ferroviárias que conectariam o aeroporto aos grandes centros do país nunca ficaram prontas, dificultando o acesso dos passageiros. Assim, após apenas poucas aeronaves terem pousado e decolado de sua pista, o aeroporto foi à falência, encerrando as atividades em 2012. O Aeroporto Ciudad Real virou um símbolo do desperdício para os espanhóis.

Aeroporto de Croydon (Londres):
Inovações históricas e museu

O Croydon já foi o maior aeroporto internacional da Inglaterra e teve grande importância no desenvolvimento da aviação mundial após a I Guerra Mundial. Com as operações iniciadas em 1920, o Aeroporto de Croydon foi responsável por introduzir à estrutura aeroportuária do mundo inteiro dois edifícios: o terminal e a torre de controle de tráfego aéreo, inexistentes até então. Na II Guerra Mundial, foi utilizado exclusivamente para fins bélicos, voltando a atender a aviação civil somente anos depois.

Tarde demais. O papel de maior aeroporto internacional de Londres já havia sido assumido pelo Heathrow. Em 1958, o Aeroporto Gatwick iniciou as operações tomou a posição de segundo aeroporto mais importante de Londres, fazendo com que o Croydon encerrasse suas atividades em 1959. Além da estrutura ainda bem preservada, o que sobrou é seu legado histórico, mantido vivo pelo Centro de Visitantes do Aeroporto de Croydon, inaugurado em 2000.

Foto: Matt Brown/Flickr

Sabemos que, como esses, existem outros tantos aeroportos abandonados pelo mundo ou então que deixaram de receber aviões e hoje têm outras funções. Conhece mais algum? Participe nos comentários!

Leia mais:
Descubra diferentes curiosidades sobre os aeroportos e voos pelo mundo