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Como é voar na Air Uzbequistan

Marcel Bruzadin
31/03/2015 às 20:50

Como é voar na Air Uzbequistan

A Air Uzbequistan já foi considerada como uma das piores companhias aéreas do mundo, sendo citada inclusive em uma matéria de 2013 no Portal Exame. Mas será que a companhia aérea é realmente tão ruim assim? A Air Uzbequistan, fundada em 1992, hoje opera com voos regulares entre 40 cidades do mundo, principalmente nos países da Europa e Ásia. Sua frota de aeronaves consistem em Boeing (757 e 767), Airbus A320 e Ilyushin-114-100, turbo hélices de fabricação russa, e para o próximo ano a companhia aguarda a entrega de novíssimos Boeing 787 Dreamliner. O leitor Ernesto Lippmann fez uma avaliação muito boa da sobre o voo da Air Uzbequistan, no trecho Tashkent a Urgench. Confira o relato do nosso leitor, na íntegra:

Uzbe o que? Uzbequistão! Mas, você está bem? Enlouqueceu? Quer morrer?

Essa é a pergunta mais freqüente que ouvi quando disse que viajaria para o Uzbequistão, um país cheio de história, um dos principais pontos e entroncamentos da rota da Seda, que teve seu auge por volta do ano de 1500, quando ia da atual Turquia até a Índia, e de onde foram criadas as bases de várias ciências importantes, com a astronomia e a medicina.

País de povo simpático e cidades limpíssimas, um destino interessantíssimo para quem gosta de história, com cidades milenares muito bem conservadas, onde você pode tomar uma sauna num haram de 500 anos, conhecer monumentos tão bonitos quanto o famoso Taj Mahal, mas que já eram muito velhos quando o Brasil foi descoberto, e onde você vai descobrir as belezas daquele que no tempo da rota da seda, há quase 700 anos foi um dos principais centros de comércio e um dos mais ricos impérios da antiguidade.

Não deixe de provar novos sabores, como o barato e delicioso espeto de carneiro e as carnes locais, mais saborosas até mesmo do que as argentinas (para minha surpresa), pechinchar nos bazares e encantar seus olhos com as obras de arte dos antigos mercados, mesquitas e monumentos. Além de fazer compras de um dos mais bonitos artesanatos que vi até hoje, além dos inigualáveis tapetes da região. E, sobretudo, ter o prazer de conhecer um povo que preservou seus costumes, e está longe da globalização, e um dos poucos países onde você não vai achar um Mc Donald´s, nem milhares de turistas ao seu lado.

Um lugar tão seguro, que quando você precisa de transporte, basta  fazer sinal na rua. Um carro qualquer para, você combina o preço e vai, como num Uber pré-internet. Não há assaltos, e mesmo num país muçulmano é comum ver mulheres sozinhas usando este meio de transporte. Aliás, mesmo com 90% da população sendo muçulmana, é o pais mais tolerante que já vi, muitas mulheres locais circulam de saia e algumas de bermuda, e todos tomam sua cerveja na praça.

Em duas semanas não vi um drogado, e os raríssimos mendigos não são uzbeques, mas ciganos. As crianças são curiosas com estrangeiros, mas não para pedir esmolas ou assaltar, apenas uma curiosidade para saber de onde você é ou um pedido para tirar uma foto, o que aliás também ocorre com adultos, mas por mera curiosidade e cordialidade, sem qualquer outro objetivo como pedir dinheiro ou oferecer um serviço forçado.

Se por acaso, você der uma lembrancinha simples do Brasil, vai ouvir um “rahmat” (obrigado), e se a criança estiver acompanhada pelo pai, é possível que ele faça questão de cumprimentá-lo com uma reverência e a mão no coração, na típica saudação local. Por sinal, não vi um mendigo em duas semanas no pais e não me senti minimamente em perigo.

E, antes que você pergunte, este não é um “programa de rico exótico”. Uma excursão com hospedagem, meia pensão, traslados num carro particular, e uma guia que falava espanhol nos acompanhando, com quase tudo incluído – inclusive todos os passeios, entradas para lugares turísticos e o voo em questão, custa aproximadamente US$ 120  por dia na baixa temporada, ou seja, o preço de um cruzeiro ou resort de preço médio, no Brasil ou no exterior.

Se você tiver a paciência de romper a barreira da língua e enfrentar alguns perrengues e até mesmo perder algum tempo (devido à dificuldade de comunicação) é perfeitamente possível fazer o roteiro por conta própria, com ônibus e lotações. Assim, o valor provavelmente cairá pela metade ou menos, pois tudo o que não é turístico é muito mais barato.

Para se ter uma ideia de valores, uma corrida de táxi custa de US$ 1 a 3, e por entre US$ 10 a 15 se come maravilhosamente bem. Já a versão local do tradicional “prato-feito”, em self-service que incluem uma sopa, uma salada arroz e carne, chega ao preço médio de US$ 5.

O voo

Agora é chegada a hora de voar os 963 km que separam Tashkent a Urgench, aeroporto mais próximo da Cidade de Kiva, nosso primeiro destino na lendária rota da seda. Uma cidade que tem 2.500 anos e que foi um grande mercado de escravos até o Século XVIII, que te faz sentir-se num conto de fadas de Sherazade, com as incríveis obras de arte islâmicas dos séculos XII ao XIX, inclusive o bem preservado palácio onde o Sultão vivia com suas 4 esposas e 40 concubinas. Haja energia!

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Mas vamos ao voo. Chegamos ao moderno terminal de Tashkent, onde antes de entrarmos no terminal são conferidos nossos passaportes. Após uma pequena fila, peço para sentar-me na janela e assim recebemos nossos cartões de embarque. Mais um procedimento de segurança, onde conferem nossos passaportes, e vendo que somos brasileiros somos recebidos com um firme sorriso.

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A sala de espera do aeroporto é bem confortável, com uma boa vista de alguns aviões incomuns no Brasil como os turboélices russos Ilyushin. Um detalhe simpático é um galão de água mineral à disposição de todos. Chegando o horário fomos embarcados no ônibus que nos leva ao avião.

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Embora alguns voos desta rota sejam operados pelos turboélices Ilyushin, nosso voo foi num Airbus 320, que aparentava estar bem limpo e conservado. Não saberia avaliar a idade do avião, mas não me pareceu muito velho, talvez 10 anos aproximadamente. As poltronas são bem confortáveis, com um espaço bem melhor do que qualquer companhia brasileira. Um detalhe curioso é que ao entrar na aeronave, fomos recebidos com um copo de água. Os avisos de bordo são dados em uzbeque, russo e inglês.

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O serviço de bordo é simples, apenas água e refrigerantes, mas suficiente para uma viagem de pouco mais de uma hora. Não há entretenimento de bordo, mas a revista da empresa (em inglês e russo), tem reportagens incessantes sobre os destinos do pais, os hábitos e a festa do casamento uzbeque, incluído um hábito curioso, a noiva tem que fazer um test-drive. Ou seja, ela tem que cozinhar o piaf (prato o típico  do país) e o  arroz com carneiro, para ver se está aprovada e apta para o casamento. Segundo a sabedoria local, a fome da paixão passa, mas o prazer de matar a fome em casa com uma boa comida continua por muito tempo.

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Após cerca de uma hora de voo, a aeronave  se aproxima do chão, a paisagem desértica dá lugar ao verde da vegetação local. Após um pouso suave, chegamos. Em poucos minutos nossas malas são entregues em perfeito estado.

Enfim, um voo tranqüilo que não faz justiça a uma lista que vi, que mencionava a empresa como uma das piores para se voar em todo mundo. Já tive experiências bem piores com algumas empresas conhecidas de todos, tais como Iberia, e Aerolíneas Argentinas.

Agradecemos ao Ernesto por esse excelente relato, que certamente despertará a curiosidade de muitos leitores. E você? Já voou com a Uzbequistan? Conte como foi dua experiência nos comentários!

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