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Como é voar na Air Mandalay

Marcel Bruzadin
09/10/2015 às 6:12

Como é voar na Air Mandalay

Hoje o Melhores Destinos publica a primeira avaliação de voo da Air Mandalay, uma pequena empresa aérea regional de Myanmar, um país do sul da Ásia. Fundada em 1994, a Air Mandalay tem se fortalecido nos últimos anos com o aumento do turismo em Myanmar, sustentado basicamente por suas atrações religiosas.

Hoje a companhia atua com voos regionais entre 11 destinos do país e uma frota restrita de apenas 3 aeronaves, sendo 2 unidades do ERJ-145 da brasileiríssima Embraer e 1 unidade do ATR 42.

Essa avaliação de voo da Air Mandalay foi enviada pelo leitor Márcio Antônio Estrela, que fez o voo entre Yangon e Nyaung, ambos destinos em Myanmar. Confira o relato na íntegra, com todas as fotos e detalhes dos voos.

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Boa leitura!

Em junho e julho de 2014 fiz uma viagem com a família, esposa e dois filhos, de 12 e 10 anos, para o Sudeste Asiático.

A viagem foi para Tailândia, Myanmar, Laos, Camboja e Vietnã. Sendo assim, a primeira coisa que fiz foi emitir as passagens com milhas do Smiles para a Ásia. Depois de desistir de tentar voos diretos para a Ásia, consegui emitir trechos separados (Brasil – Europa – Ásia) e consegui! Emiti Brasília – Barcelona na Iberia; Barcelona – Bancock na KLM; Ho-Chi-Min – Madrid na Qatar; Madrid – Brasília na Iberia, sempre os 4 passageiros juntos.

Após emitidas as chegadas e partidas para o Sudeste Asiático e definidos os destinos na Ásia (Tailândia: Bangkok e Koh Tao; Myanmar: Bagan; Laos: Luang Prabang; Camboja: Siem Reap; Vietnã: Ho-Chi-Min), começou a parte mais difícil, ou seja, emitir as passagens internas entre os países, distâncias muitas vezes superiores a 1.000 km.

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Uma dica importante: para comprar passagens em empresas aéreas que não conheço, sempre consulto o Rating de Segurança de cias aéreas. Meu piso é o Rating 3, sendo o rating máximo 7. Como parâmetro de comparação, a KLM e Iberia têm rating 7, Gol tem 6.

A etapa seguinte foi a de hotéis, escolhidos facilmente com base em avaliações no TripAdvisor e reservados via Booking, parceiro do Melhores Destinos.

Aproveitei e fui atrás de um serviço do Governo Federal excelente, mas pouco conhecido: o “Laboratório do Viajante”. Serviço que orienta e dá as vacinas necessárias para o local de destino. No nosso caso, não estaríamos em área endêmica de malária e já tínhamos a vacina contra febre amarela, meningite, hepatite A-B, portanto, só foi necessária a vacina de Febre tifoide. Outras recomendações eram derivadas da condição sanitária da região: água só mineral – com gás para ter certeza de que seria industrializada – evitar alimentos crus etc. e, para a proteção contra insetos, repelentes à base de Icaridina ou de DEET.

O Golpe na Tailândia pôs um tanto de estresse na viagem, já que passaríamos três vezes por Bangkok. Acompanhei a página da Embaixada Brasileira em Bangkok e, com uma dica no Melhores Destinos, encontrei um Twitter da CNN sobre o país e me tranquilizei (o golpe ferrava a população mais pobre do país, mas deixou tudo “mais tranquilo para os turistas”). Consultei meu seguro para verificar como ficava a cobertura na Tailândia, com golpe militar e toque de recolher.

Antes de embarcar, anotei o telefone de emergência para brasileiros da Embaixada Brasileira em Bangkok e nos outros países por onde passaria.

A compra

Precisávamos ir da ilha de Koh Tao, na Tailândia, para o sítio arqueológico de Bagan, na região de Mandalay em Mianmar (simplesmente maravilhoso, é o lugar mais fantástico do mundo, com mais de 4.400 templos e pagodes de todos os tamanhos – alguns pequenos, outros de tamanho de pirâmides – espalhados em uma área de 41 km quadrados).

Não teve jeito. Tive de voltar a Bangkok (barco + ônibus da Lomprayah High Speed Ferries), dormir em Bangkok, pegar um voo para Yangon, capital de Mianmar (voado com a Air Asia) e outro voo de Yangon para Bagan – na verdade para a cidade ao lado, Nyaung U (voado com a Air Mandalay)

Apenas empresas locais operam em Bagan e nenhuma tem acordo interline. Ou seja, tinha de comprar passagem para Yangon ou Mandalay, e passagens separadas dessas cidades para Bagan. Encontrei as empresas que voavam até Bagan, mas nenhuma vendia passagens por internet.

Escolhi a Air Mandalay (rating de segurança de cias aéreas: 3). Na verdade, eu cheguei a selecionar outra também, mas esta nem respondeu à “solicitação de reserva” do site.

O processo de “compra” das passagens era diferente: entra-se no site da empresa, faz-se a escolha da data em que se pretende viajar e do número de passageiros. A empresa depois te manda um e-mail com um código e uma estimativa de preço.

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O sistema parece funcionar mais para a empresa decidir se operará ou não o voo (se tiver passageiros suficientes, o voo pode ocorrer). Ou seja, não há garantias se o voo ocorrerá, e o preço varia entre a “reserva” e a data do voo.

A passagem deve ser paga em dinheiro, no escritório da empresa, no dia do embarque. Meu preço estimado era de US$ 886, incluindo taxas (3 adultos e 1 criança – paga como criança quem tem menos de 12 anos).

Na época das férias, a Air Mandalay opera 2 voos circulares por dia para Bagan:

– Pela manhã: Yangon (RGN) – Nyaung U/Bagan (NYU) – Mandalay (MDY) – Heho (HUE) – Yangon (RGN).

– Pela tarde: Yangon (RGN) – Heho (HUE) – Mandalay (MDY) – Nyaung U/Bagan (NYU) – Yangon (RGN).

Como teria de chegar em uma empresa e voar em outra com passagens separadas, não pude escolher o voo direto da manhã e escolhi o voo da tarde (o voo com 2 escalas). Com o tempo de espera, poderia passear e conhecer o monumental Pagode de Shwedagon, em Yangon. Na volta, o inverso, o voo da manhã (mais uma vez, o com 2 escalas).

O aeroporto de Yangon, Mianmar (RGN) – Terminal Internacional

Cheguei em Yangon no voo da Air Asia às 08 horas locais O Terminal internacional é moderno e adequado para o movimento.

No desembarque, há a fila para quem vai contratar o “visto na chegada”. Como eu tinha emitido o visto no Brasil, fui direto para a imigração e passei sem problemas (não deixam mais de um na imigração – nem mesmo família – tendo de passar um por vez, até mesmo as crianças). As malas chegaram rapidamente.

Há ATMs, na sala de malas e na área externa, que permitem saque em moeda local. Há também balcão de câmbio manual. Apenas fiz conexões no aeroporto de Yangon, mas, como consegui fazer um passeio entre os voos, pude constatar que o acesso é limitado quanto a transporte coletivo (não há trem nem metrô, tampouco vi ônibus). Mas táxi é bem barato, no entanto, um problema é o trânsito! Yangon é uma cidade com muitos congestionamentos e um trânsito confuso, o que se reflete no tempo necessário para se chegar ao aeroporto.

No embarque do terminal internacional existe uma barreira com Raio-X antes da sala de check-in. Só quem vai embarcar tem acesso aos balcões de check-in (que não são fixos para uma empresa, sendo ocupados pelas cias. que terão embarque naquele momento – o logotipo da empresa aparece no painel acima).

Saindo do desembarque, o assédio começa! Taxistas, carregadores etc.

O aeroporto de Yangon, Mianmar (RGN) – Terminal Doméstico

Para embarcar na Air Mandalay às 14h30 tivemos que mudar para o terminal nacional, ao lado do internacional, mas tendo de passar pelo lado de fora, pelo estacionamento (não há conexão por dentro). Não teve jeito! Nossas malas foram levadas pelos carregadores (ao nosso lado, claro).

O terminal nacional é totalmente diferente! Um prédio antigo, mas muito belo! Mais ao “estilo rodoviária” (coisa comum pelo mundo, já que avião não passa de um meio de transporte – só no Brasil é que o pessoal quer “coisa chique” para avião e popular para trens e ônibus). Nada de fingers.

Os balcões de check-in são como guichês de compensado, fixos para cada empresa que opera.

Pagamento e check-in

Chegando ao balcão da Air Mandalay, ninguém! Eram 9 horas e faltavam 5:30 para meu voo partir. Como estávamos com todas as malas e tendo que esperar por todo esse tempo, nosso passeio ao Pagode de Shwedagon estava ameaçado.

Bem, aí veio a vantagem dos carregadores! Um deles nos levou ao escritório da Air Mandalay, na área reservada, interna ao aeroporto. No escritório da Air Mandalay confirmei minha “reserva”. Tudo muito rústico, nada eletrônico.

A princípio iriam emitir somente a ida, mas, como eu tinha a impressão do e-mail com os voos de ida e volta, emitiram ambas.

O preço era diferente (no meu caso, foi benéfico, porque caiu), mas quiseram cobrar tarifa de adulto de uma criança. Tive de mostrar o passaporte para que cobrassem tarifa infantil. No final, ao invés de U$ 886, caiu para U$ 802, incluindo taxas (3 adultos e 1 criança), ida e volta. Para pagar em dólar me cobraram 5% a mais (nada de cartão ou euro).

Emitiram meus bilhetes! Um por passageiro, escritos à mão. Alertaram-me que, se perdesse o bilhete ou até mesmo uma das vias internas, teria que comprar outro. Perguntei se poderia despachar a bagagem e a resposta foi: não. Nosso passeio ao Pagode de Shwedagon mais uma vez ameaçado. Insisti, e eles aceitaram guardar minhas bagagens, mas deveríamos estar de volta a tempo para fazer o check-in e despachar a bagagem. Desceram comigo e “guardaram a bagagem” (na verdade apenas as colocaram do lado de dentro do balcão, mesmo sem ninguém da empresa e com gente de todas as empresas transitando por elas). O passeio ao Pagode de Shwedagon estava salvo!

Discutimos muito e aceitamos um dos diversos taxistas que se ofereciam, combinamos preço fixo para nos levar, esperar e trazer de volta ao aeroporto. Fomos. Valeu a pena.

Voltamos antes mesmo de o check-in abrir e esperamos. Quando abriu, “recuperamos” nossas bagagens, fizemos check-in, despachamos as malas e recebemos os cartões manuais, com etiquetinha de assento.

Conferência de documentos, Raio-X e espera

Para entrar no salão de embarque, passa-se por uma conferência do bilhete de embarque e por um Raio-X das malas de mão (sem ter de retirar laptop).

Sala simples, com cadeiras que no Brasil seriam de rodoviária. Há livraria/lanchonete e restaurante no piso superior.

Embarques no terminal doméstico são feitos sem fingers, realizado através de ônibus.

Embarque

Telas mostram os voos que partirão. Os embarques são chamados em sistema de som, em língua local e inglesa. Como os voos das diversas cias partem para os mesmos destinos com diferenças de minutos, é meio difícil entender se o voo é o seu.

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Embarca-se em ônibus muito velho, com degraus muito altos.

O embarque, como em todo ATR, é feito pela porta de trás, na escada do próprio avião.

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O Voo

Ida: Quinta-feira
Horário: 14h30min – [Escalas em Heho (HUE) e Mandalay (MDY)] – 17h20min.
Duração: 02h50min
Voo: AirMandalay6T-501. Rating: 3/7.
Equipamento: ATR-42-320

Volta: Segunda-feira
Horário: 07h55min – [Escalas em Mandalay (MDY) e Heho (HUE)] – 10h46min.
Duração: 02h51min
Voo: AirMandalay6T-401. Rating: 3/7.
Equipamento: ATR-42-320

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O avião que fez os voos de ida e volta, um ATR-42-320 da Air Mandalay Matrícula XY-AIJ

O Avião e o atendimento

O avião era um tanto surrado, mostrando já ter sido muito usado. Como todo ATR, a configuração era 2-2.

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O espaçamento entre as poltronas era bom, classificaria como um Anac C:

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Dado o embarque ser pela traseira, os assentos mais procurados eram os da parte traseira, no entanto, o avião operou bem cheio em todos os trechos. Como é um avião pequeno, o balanceamento é importante e a tripulação pede a alguns passageiros para trocarem de lado, bem como entre frente e atrás.

O voo opera com 2 comissários de bordo, muito gentis (a roupa das comissárias era muito bonita, tradicional).

Serviço de bordo

– No trecho longo (RGN –> HUE) era distribuída uma caixa com muffin, torta e outro petisco. Acompanhando, Coca-Cola, água, café e chá.

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– Nos trechos curtos (HUE –> MDY e MDY –> NYU) eram servidas água e Coca-Cola:

Entretenimento

Uma revista de bordo trimestral (bem legal) e jornais diários, com opção de jornais locais, em inglês.

As escalas eram realmente muito rápidas, durando cerca de 10 minutos parado em HUE e 15 minutos parado em MDY. As pessoas desembarcavam e embarcavam realmente muito rapidamente.

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Vista do aeroporto HUE, desde a janela do ATR

Chamou-me atenção a alta velocidade no taxiamento do ATR-42. O piloto fazia o taxiamento em velocidade igual à da decolagem, bem mais rápido que os taxiamentos em jatos maiores.

O aeroporto de Nyaung U/Bagan (NYU)

Bem pequeno, um aeroporto bem simples, mas totalmente funcional e adequado. Desembarca-se caminhando, ou em ônibus (a depender de onde o avião parou).

As malas são entregues rapidamente, praticamente na mão do passageiro – avião pequeno tem essa vantagem.

Depois de recuperar a bagagem, não se pode sair do aeroporto sem pagar a “Taxa de Visitação ao Sítio Arqueológico de Bagan”. É uma taxa por cabeça que permite visitar os mais de 4.400 templos locais (leve com você o bilhete, porque em alguns templos há fiscais que verificam se os turistas estão de posse do bilhete).

O acesso ao terminal é muito tranquilo, por uma avenida pavimentada e totalmente sem trânsito (Bagan é uma cidade pequena).

Não há transporte público para o aeroporto. Tem-se de ir de táxi, transfer ou charrete (esta tem de parar fora do estacionamento).

Regresso a Yangon

Na chegada de volta a Yangon desembarcamos no terminal doméstico e tínhamos de ir ao terminal internacional. No doméstico, os carregadores pegaram nossas malas já dentro da sala de espera da mala e as levaram ao terminal internacional.

No terminal internacional, a barreira com Raio-X existe antes da sala de check-in (há outro para embarcar). Chegamos antes das 11h e nosso voo era apenas às 18h, portanto, 7 horas de espera.

Infelizmente o plano de passear por Yangon foi por água abaixo por não termos conseguido despachar bagagens e a Air Asia não ter aceitado guardar as malas. O máximo que fizemos foi deixar a patroa com as malas, enquanto eu e as crianças saímos para almoçar em um restaurante e voltar rápido.

Conclusão

  • Adequado, dada a realidade de Mianmar.
  • Empresa boa, tratamento carinhoso.
  • Avião surrado, mas aparentemente seguro.
  • Processo de compra complicado, check-in “rústico” – mas é a realidade de Myanmar (é assim com todas). Ou aceita, ou não voa.

O preço foi “salgado”, mas era semelhante às outras de Myanmar

Agradecemos ao Márcio que nos enviou esse relato bastante completo sobre como é voar com a Air Mandalay. Se você também já teve a oportunidade de voar com a companhia aérea, não esqueça de deixar suas impressões nos comentários abaixo, como sempre dizemos, elas serão muito úteis para outros viajantes.

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