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Como é voar na Air Koryo – segunda avaliação

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27/11/2016 às 23:15

Como é voar na Air Koryo – segunda avaliação

Você já imaginou viajar até a Coréia do Norte (também conhecido como um dos países mais inacessíveis no mundo)? O Melhores Destinos apresenta hoje a segunda avaliação de voo com a Air Koryo, companhia aérea estatal da Coréia do Norte.

Na primeira publicação da avaliação, publicada pelo Melhores Destinos em 2012, utilizamos o adjetivo de pior companhia aérea do mundo. Será que a qualidade continua assim tão ruim, mesmo após 4 anos? Confira o relato na íntegra, enviado pelo leitor Rodrigo Ramos Margon Vaz.

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E lembre-se, caso você também tenha tido a oportunidade de voar com a Air Koryo, deixe suas impressões e comentários ao final do post.

Boa leitura!


Introdução

Na verdade, não tive a oportunidade de escolher viajar pela Air Koryo. Para se visitar a Coréia do Norte, deve-se contratar um tour com tudo incluso, hospedagem, comida, entradas nas atrações, guias e, claro, passagens de ida e volta.

A única outra companhia que voa pra Pyongyang, capital do país, é a Air China. No meu caso, “dei a sorte” de minha operadora ter escolhido a companhia estatal da República Democrática Popular da Coréia…

Eu optei por sair do país de trem, via fronteira com a China, por isso só fiz um trecho com a Air Koryo.

Dados do voo:

Pequim – Pyongyang (Voo JS 222)

Compra

Como disse, não participei da compra de qualquer maneira, paguei pelo tour e o voo estava incluído. Não me foi dito o preço do voo em separado, mas tive curiosidade e procurei na internet, achei por cerca de R$ 1.400 na época, mas acho esse valor irreal, como a operadora de turismo fechou quase o avião todo, deve ter tido um preço bem melhor.

Check-in e embarque

Parti para o Aeroporto Internacional de Pequim e cheguei bem cedo, já que o voo era às 7:30 da manhã. Durante o check-in achei que a fila andou meio devagar, uma vez que todos estavam com pouca bagagem e os vistos de entrada no país já em mãos.

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Havia uma fila pra classe executiva e nesta vi alguns senhores engravatados (nenhum deles me parecendo turistas) despachando enormes caixas, que lembravam aquelas de gêneros alimentícios, algo bem escasso na Coréia do Norte.

Aeronave

O avião que voei é de fabricação russa, um Tupolev 204-300. O avião estava bem limpo e fomos recebidos por quatro comissárias de bordo e um comissário chefe.

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O avião parecia bem antigo, muito pelo layout, com poltronas grossas e com o banheiro sem qualquer cor, inteiro de aço. Na classe executiva a configuração era 2 x 2 e na econômica 3 x 3. Pelo o que observei ao passar pela executiva, além da cor das poltronas (rosa x azul), a diferença para com a econômica é que estas eram mais largas, mas não havia qualquer tela individual  e não me parecia que estas reclinavam totalmente.

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Serviço

Como o voo era curto, de apenas 2 horas, não houve muita oportunidade de testar o serviço de bordo. Somente foi servido um lanche e pronto. Antes disso, os anúncios foram feitos em coreano, chinês e inglês (bem difícil de entender, por sinal).

As comissárias eram bem jovens, algo como 20 e poucos e destoavam do único comissário, que aparentava ter pouco mais de 50 e passava o tempo todo fiscalizando o serviço. Não houve distribuição de qualquer item de conforto ou fones de ouvido.

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Algo inusitado que aconteceu foi que atrás do meu assento havia um vago e faltando cerca de meia hora pro fim do voo, uma das comissárias se sentou lá e começou a puxar papo com um australiano que estava ao lado. Perguntou coisas do tipo: “o que você espera da sua vista à Coreia do Norte?”, “O que pretende fazer lá?”, “Qual sua profissão?”, e disse também que era estudante e gostava de praticar inglês. Isso durou uns 15 minutos. Não foi além disso e depois até brincamos com a situação, bem banal em qualquer outro lugar, mas já em um país como a Coréia do Norte, no qual o governo controla tudo e as liberdades individuais são limitadíssimas, acabamos ficando com a pulga atrás da orelha.

Refeições

Cerca de 30 minutos após a decolagem começou o serviço de bordo, que consistia unicamente de um hambúrguer (de frango, acho), não havia qualquer outra opção de comida e para beber havia cerveja do Coréia do Norte, suco de maçã e água. Fiquei na opção da água mesmo.

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O sanduíche estava bem frio, com pão massudo e esfarelando, e bem gorduroso, a ponto de molhar o papel.

Depois da refeição os comissários serviram café e chá aos passageiros.

Entretenimento

Apesar de haver a opção de mudar canais de áudio no braço das poltronas, como não distribuíram fones de ouvido, não sei dizer se havia algo sendo transmitido. O único “entretenimento” que houve foi a transmissão (nas telas situadas a cada três fileiras de poltronas) da gravação de um show com algumas mulheres cantando e tocando violino em um grande estádio da Coréia do Norte, tudo intercalado com imagens do ex-líder Kim Jong-il.

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Esse show foi transmitido pelas duas horas do voo e com volume bem forte nos alto-falantes.

Incidentes

Antes de embarcar na aeronave já havíamos sido avisados por nossos guias que não se podia tirar fotos dentro do voo. Claro que todos tiraram, mas disfarçadamente, longe da tripulação. O passageiro à minha frente estava com uma câmera na mão e o comissário foi bem duro com ele, dizendo que era pra guardar a câmera e até pediu pra ver as fotos, por sorte ele não havia tirado alguma ainda.

Chegada

A chegada no aeroporto de Pyongyang é um capítulo à parte. Bem pequeno (havia um maior sendo construído ao lado), fomos avisados que lá também não se podia tirar fotos.

Todos os funcionários usavam uniformes militares. A conferência de passaportes foi bem rápida, com os oficiais usando aqueles computadores monocromáticos de trinta anos atrás. Após isso, pegamos as bagagens na única esteira que havia e todos os passageiros passam por uma fila na qual são perguntados sobre o que possuem de aparelhos eletrônicos. Eu tinha meu celular, uma câmera GoPro e um netbook , os quais declarei e separei pra averiguação.

Viram (manusearam) minha câmera e o celular e nada disseram, sobre o netbook, perguntaram se tinha algum filme, disse que não (o que era verdade) e me deixaram passar. Porém, outros passageiros do voo tiveram a mesma GoPro confiscada. Aí vale uma melhor explicação, eles colocam seus pertences em um armário e te entregam um ticket, pra você recuperar na sua saída do país. E uma coisa que estavam particularmente preocupados em achar eram os GPS. Como nosso grupo estava lá focado em correr a maratona de Pyongyang, havia vários levando frequencímetros com GPS e a maior parte ficou sem eles.

Conclusão

É difícil dar um parecer sobre a Air Koryo, muito pelo fato dela ser única, não pela qualidade dos serviços, mas por já ser uma antecipação da entrada no país mais fechado do mundo.

Em circunstâncias normais, eu jamais me aventuraria naquela considerada a “pior companhia aérea do mundo”, mas como a ideia desde início era imergir neste país tão peculiar, eu embarquei sem titubear e caso volte ao país, farei questão de voar novamente na Air Koryo. E sinceramente, fazendo uma análise fria, já voei em companhias aéreas bem piores (ou pelo menos tive experiências piores) que a Air Koryo.

Agradecemos ao Rodrigo por relatar sua experiência!

Alguém já voou ou pensa em voar com a Air Koryo? Comente e participe!

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